破滅

Hametsu

Depois da falha catastrófica de Gorgon em recuperar um tesouro em ouro, não havia muito o que fazer naquele dia, a não ser aproveitar a bela brisa do inverno para descer as ruas de pedra que levavam ao Bar dos Afogados. Localizado no primeiro andar de um prédio, todos poderiam facilmente encontrar a bodega em Konoha assim que avistassem uma placa de madeira pendura na estrutura, talhada com o desenho de um peixe, uma garrafa de sake e um cigarro em sua boca. Sai de casa sem compromissos, vesti meu quimono e o cobri com um manto escuro, que escondia as cores chamativas das vestes. A porta de correr da bodega era acompanhada de um sino em seu topo, que alertava todos dentro do lugar, e principalmente o dono, que alguém entrava. Sempre que a sineta tocava, todos olhavam para ver quem era, afinal, o bairro afastado era conhecido por ser o lar dos ‘’piores’’ homens e mulheres da Aldeia Oculta da Folha. — Cheguei, Sirus. — Avisei, retirando o banco e o deixando apoiado em uma das cadeiras do canto, escolhendo a mesa mais afastada para me sentar. O homem de cabelos grisalhos e barriga avantajada me servia uma dose de sake e deixava um cigarro especial por cima do cinzeiro. — Alguma novidade, Sirus? — Olhei discretamente para cima. — Bom, você lembra da menina de cabelos prateados que mora lá na ricaiada? Ta uma correria para encontrar o médico dela, andam dizendo que ela é quase uma ‘’bomba viva’’ e que vai explodir se não for tratada. — Respondeu rapidamente, me deixando sozinho. — Uma bomba é? Interessante... — Terminei a dose de sake e sai da bodega.

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Hametsu

Eu e a garota de cabelos prateados tínhamos um passado breve, quando havia a necessidade de ajuda-la, sempre doente ou com inseguranças da sua vida, eu estava ali para auxilia-la, mesmo com meu coração consumido pelas trevas. — Uma bomba? Se eu conseguir conquistar sua confiança e controlar esse risco de morte... hmmm... ela pode vir a ser útil no futuro, talvez faze-la perder o controle no momento certo dentro do vilarejo... — Durante o caminho, idealizei todos os possíveis planos para usar aquela garota ao meu favor. Amizade? Paixão? Me tornar o herói que ela precisa para sobreviver? E depois sacrificar sua vida em prol da melhoria no mundo. Acendi um cigarro, deixando a nicotina intensificar meus pensamentos, aliviar as tensões que travavam o ‘’brainstorm’’ pessoal. — Mas para dar certo preciso evitar que ela morra... vamos ver o que posso fazer. — Cruzei grande parte do vilarejo até me aproximar da área nobre, na grande casa onde a dançarina de cabelos prateados morava. Com as costas da mão direita, deixei algumas batidas fracas para anunciar a minha chegada. Havia uma grande movimentação dentro da residência, ao abrirem a porta pude confirmar. — Benimaru? O que veio fazer aqui? — A mulher mais velha, com os cabelos igualmente prata, me recebia com surpresa. — Vim ajudar... — Completei jogando a bituca na rua.

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Hametsu

— Ajudar? E-eu não sei como posso te agradecer por isso. Mas, nós temos um grande problema pela frente. Um dos médicos que estava cuidando do caso dela desenvolveu este anel... ele possuía um selo que foi enfraquecendo com o tempo e agora precisar ser recolocado, mas o médico não está no vilarejo, ele viajou para tratar uma vila, ou algo assim, e não voltou faz um tempo. Eu não sei quanto mais ela vai conseguir aguentar, Beni, talvez um dia, uma hora. Eu fiquei sabendo que o vilarejo fica ao sul... onde aquela cantora Hanitta mora, sabe? — Um problema enorme em minhas mãos. O único capaz de restaurar o selo que continha a força da garota não estava no vilarejo, mas sim no pequeno vilarejo de Hanitta, a atriz de tempos atrás que me contratou como segurança. Suspirei, tomando o anel das mãos daquela mulher, virando as costas prestes a deixar o local. — Tudo bem, façam o que for preciso para conter ela por mais algum tempo. Eu vou voltar o quanto antes com aquele médico. — Sai um pouco mais apressado do que antes, não poderia me dar ao luxo de perder uma importante arma contra o Vilarejo Oculto da Folha, ainda mais pelo sumiço de um médico. Rumei para os portões da vila.

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Hametsu

Outro degrau alcançado para que a ascensão da Hametsu se torna-se realidade, um falso alívio para a casta ninja que me enviava na busca pelo médico e permitia de braços abertos a saída do vilão de cabelos ruivos. Com um sorriso em meu rosto, envolvi minhas costas com o manto negro, deixando apenas pequenas frestas abertas, permitindo uma breve visão dos detalhes nobres que o tecido branco e vermelho do quimono. Aguardando a minha chegada nos portões do vilarejo. Eu não poderia esconder que a escolha me agradava, a floresta se tornou a única parte digna de Konohagakure, a única beleza que a aldeia tinha em seus arredores. Me aproximei dos portões, emitindo um rastro de fumaça, espalhando o aroma do fumo mais amadeirado a cada passo até a saída do Vilarejo da Folha. Mal tive tempo de me acostumar com a ideia, mas por algum motivo manipular aquelas pessoas era algo prazeroso. Me virei ao guarda do portão e soprei a fumaça próxima de seu corpo, como sempre fazia quando nos encontrávamos. Conhecia o caminho até o pequeno vilarejo de Hanitta, e assim o fiz, seguindo pelas estradas que cortavam a floresta, bastando algumas horas de caminhada para finalmente chegar.

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Hametsu

Dentro do pequeno vilarejo, local natal de Hanitta, segui pela entrada principal até o centro do mesmo, procurando em vendas locais alguma informação sobre um médico estrangeiro. Preferi os mais velhos para as perguntas, na esperança que tivessem mais informações a respeito dos médicos que atendiam a comunidade. Parei na primeira loja de ervas e temperos que encontrei, encostando meu corpo no balcão. – Posso ajudar, meu jovem? – A voz de senhora que atendia a venda era calma. Por algum motivo, o vilarejo me trazia paz, diferente de Konoha que me remoia os sentimentos mais ruins. – Estou procurando um médico, ele veio de Konoha para atender alguns casos especiais por aqui, sabe me informar de algo? – Respeitosamente, mas apressado, perguntei para a mulher. Demorou alguns segundos, um olhar de dúvida e por fim um estalo em sua memória. – Sim! Eu o conheço. O Doutor Marco está hospedado no hotel vermelho perto da saída, meu jovem. Ele está ajudando muito nosso povo. – Marco fazia bem a população local, mas outros também necessitavam de suas habilidades. Me despedi rapidamente, acendo um cigarro na caminhada de volta aos portões. Felizmente, o vermelho chamativo era verdadeiro, e não tive dificuldades para achar o hotel. Com uma pitada a mais de sorte, o velho vestindo jaleco tomava seu café na área aberta. – Ta boa a comida ai, caralho? Vem cá, você se esqueceu da menina da Folha? Aqui, refaz o selo nesse anel antes que outro anel perca o selo.. Pelo olhar de surpresa do homem, com certeza teria esquecido do compromisso. Tomando o anel em suas mãos, o cobriu com as palmas, logo toda a estrutura do objeto estava tomada pelo Fuinjutsu. Ele se levantou. – Precisamos voltar logo. Não temos tempo nenhum a perder, vamos – Ao menos o homem era rápido. Sairíamos para retornar a folha

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Hametsu

– Ei, tomem cuidado na estrada, andam dizendo que por esse horário alguns bandidos estão roubando quem passa. Dois dos nossos mercadores já foram assaltados atravessando para Konoha. Cuidado rapazes. – Olhei para trás com aquele aviso vindo até mim. A mesma senhora que me ajudou a encontrar o médico, também avisava da condição atual das estradas de seu vilarejo, tomadas por saqueadores que agiam logo no início da noite, quando o alaranjado ainda tocava a terra. Levei um cigarro até meus lábios, puxando o ar aquecido até meus pulmões e por fim realizando a queima do papel, trazendo o alívio ao meu corpo quando a nicotina o invadia a cada nova tragada. – Você está com medo velhote? Bom que eu posso pegar o anel e te deixar para os ladrões, que tal? Eu acho muito justo.. – Tirando sarro da situação, Doutor Marco mantinha um olhar preocupado durante o trajeto, mas era difícil saber se estava preocupado com a presença de bandidos ou com a vida de uma das mais importantes pacientes de toda a sua carreira. – Ta achando engraçado? Se não a garota não receber esse anel a tempo, eu não consigo imaginar o que vai acontecer... mas pode ter certeza que é algo horrível. Preocupado, mal conseguia suspeitar em meu interesse nos efeitos colaterais da doença que a prateada estava acometida

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Hametsu

— Relaxa, velhote, vai acabar tudo certo. E outra, se ela morrer o problema vai ser todo seu por ter esquecido seu papel como médico. Não seja um covarde agora, só porque tem uns caras se achando os bandidos do pedaço. — Traguei o cigarro olhando por cima dos ombros para vê-lo, rindo de suas caras assustadas e preocupadas com os arredores da estrada que tomávamos na viagem de volta. A luz alaranjada dos últimos feixes solares tocava minha roupa e aquecia todo o meu corpo no clima de inverno do país, conforme andávamos e tínhamos o privilégio de olhar a paisagem, as flores, podia ouvir uma música da floresta tocar em meus ouvidos. — Benimaru... você acha que ninguém pode ver através de seus olhos, mas eu não pude deixar de notar um interesse especial por essa garota... mas me preocupo com essa escuridão que assombra seu olhar. O que tem em mente, garoto ruivo? — A indagação de Marco veio no momento mais inoportuno, durante minha apreciação da paz. Parei meus passos enquanto virei o corpo aos poucos, bastando o suficiente para poder olhar o outro. — Está tão preocupado assim, Marco? Não se preocupe, talvez eu poupe você. — Deixei a bituca cair próxima de seus sapatos e voltei a andar rumo a Konohagakure no Sato.                                      

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Hametsu

Marco era o primeiro que havia notado e tido a coragem de falar algo, nunca ninguém chegava a abrir a boca sobre tal escuridão, muito menos que ela se transpassava em meu olhar. Dada as circunstâncias, Marco deveria ser eliminado nesse exato momento, mas acabaria perdendo o controle sobre a possível arma viva que me aguardava dentro do vilarejo. Uma situação inesperada que me tirava a paz. Meu corpo já pedia por mais fumo, um atrás do outro com o vício a me degradar sem pausas. Acendi outro cigarro, tragando com mais intensidade que o primeiro, tentando conter a ansiedade que se formava em mim. De repente, os avisos que a mulher deixava antes de nossa saída se fizeram necessários e corretos. O som das arvores mudavam repentinamente, deixavam de soar como uma agradável música para parecerem uma sinfonia de alertas, galhos que se quebravam, arbustos que balançavam de forma agressiva. — Algo se aproxima, Marco. Vê se não atrapalha agora, beleza? Mantenha o anel seguro. — Parei de andar, observando os arredores. Rapidamente, uma sombra saltava da árvore com a ascensão do luar nos céus. — Os adultos não contaram que é perigoso andarem a noite por aí? — Outro surgiu da floresta, a dupla parava a metros na nossa frente.                                      

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Hametsu

Independente da situação, Dr. Marco era crucial para o sucesso da missão, mesmo com os selos do anel restaurado. O médico deveria estar vivo para prestar atendimento a prateada sempre que houver necessidade, e essa era a minha função para garantir que minha arma viva continuasse viva e pronto para ser detonada. A dupla de ladrões exalava toda a arrogância que tinham, nos tratando como meros humanos comuns. Marco, apesar das aparências, também era possuidor de habilidades ninjas, então eu não precisaria lutar sozinho contra os inimigos. – Até que avisaram, mas eu fiquei curioso pra saber se era verdade. Deixei o fim da fala no ar, gerando a dúvida no ego dos bandidos. – Verdade o que, ruivinho? – Indagou um deles. – Se é verdade que tem dois baitola se comendo no meio do mato, hahahahahahahahah – Gargalhei, a risada era tanta que me faltava o ar, com ambas as mãos apoiadas em meus joelhos durante os segundos rindo. – Ora seu moleque, você vai aprender a ter um pouco mais de respeito! Vamos acabar com ele!! – O gatilho para ambos avançarem e nossa batalha de iniciar. Deixei um sorriso travesso aparecer no meu riso, pronto para mostrar o lugar daqueles dois seres podres                                   

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Hametsu

Os primeiros avanços dos ladrões era de certa forma harmonioso, de dividiam para os dois lados na intenção de fechar as rotas de fuga. Mas a forma que agiam explicava os motivos para atacarem somente os mercadores locais, só aparecendo ali por não estarmos claramente exibindo nossas marcas de membros do Vilarejo Oculto da Folha. Marco se posicionou a poucos centímetros ao meu lado, e eu os aguardei de bom grado. O da direita me escolhia como seu alvo, elevou o punho direito para me atingir no rosto, mas sua velocidade não era suficiente para que transformasse o ataque em algo inevitável. Aguardei o instante correto para agir, abaixando o corpo e juntando minhas mãos em um selo. – Kanashibari! Utilizei da técnica de paralisia para travar seus movimentos e consequentemente agindo contra o segundo bandido, dando toda a abertura que Marco precisava para finalizar o oponente. O médico mostrava superioridade em Taijutsu, desmaiando o ladrão sem sofrimento. Minha escolha diferia, sacando a kunai e fincando contra o peito do inimigo, que sangrou e caiu em poucos segundos. Qual a necessidade, Benimaru? Poderíamos levá-los vivos para prisão. Revoltado, o médico parecia ter pena. Leve esse então e agradeça por eu não matar os dois... Sai, acendendo um cigarro e voltando ao vilarejo. Marco arrastou o homem vivo até a vila, deixando aos cuidados da guarda dos portões. Foi imediatamente tratar da garota, enquanto pude retornar com a missão completa                                   

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