Reencontro

Este é um dia que merece ser lembrado, depois de uma aula desgastante na academia ninja de Suna, resolvi passar em um comércio que de tradições em tradições, alimentava todos nós do orfanato a pelo menos dez anos, pela minha humilde memória. Quando cheguei, pedi por pasteizinhos que estava acostumado a comer, não, era minha comida favorita no mundo: o gosto do divino. Eram doces, redondos e cobertos por farinha de arroz, importada de um país um pouco longe. Todas as minhas economias, feitas em alguns trabalhos pequenos ao irrigar as poucas casas que ainda tinham plantas, afinal, o clima árido local era implacável e permitia apenas as mais fortes plantas sobreviverem. Não era tão diferente do que acontecia com as pessoas, em um país como Suna, num papo sincero, os fracos não tem vez.

— Lá vem quem não devia! Volte para o circo dos horrores! Aberração! - Meus olhos rapidamente se focaram na razão do alvoroço, Kon, um estudante da academia ninja, que parecia ter prazer em me fazer sentir mal, um dos motivos que inclusive, fizeram com que machucasse a Irmã Teresa, um dos chefes da trupe. Minha face, outrora escondida pela minha máscara, agora fazia questão de mostrar, e dando-lhe um sorriso comecei a falar: — Kon! Tudo bem? Como você vai?  Espero que bem. Não precisa disso, vamos comer juntos! Só quero aproveitar meu doce. - com um sorriso no rosto, esperei quebrar aquela maldade em seu coração, com o princípio que era o maior de todos: O Amor. Teresa, com certeza, arrepiou-se naquele momento, ela ficava tão feliz quando me via sendo bom para o próximo, não que fosse um esforço fazer isso.

A situação no entanto, tendia a piorar, e antes que pudesse pegar meu doce, o próprio senhor do estabelecimento, ao ver-me sem máscara falou: — Amigo, você vai espantar a clientela, peço que se retire, por favor. - Sem questionar, sai do lugar. E mais uma vez, fui vítima de discriminação. Infelizmente, em lugar nenhum, poderia realmente mostrar-me como era. No caminho do orfanato, fui puxado de forma brusca para um beco, escuro como era, mal pude reagir, a não ser tentar pressionar o agressor com uma quantidade e densidade enorme de chakra, manipulando as partículas de água - ainda que poucas - do ar para formar, através de selos de mão e chakra puro, estacas de água que miravam o agressor.

 

— Calma Yuno! O que você está fazendo! Estava com saudades já. HAHAHA - Quando olhei para a face de alegria de Naomi, tudo o que tinha passado, e pouco da raiva que havia sentido naquele comércio havia cessado. Era minha melhor amiga, conheci no orfanato e ela me ajudou a superar todas as situações da academia ninja, calhou de termos a mesma idade, inclusive. — O que aconteceu Yuno? Aquele maldito do Kon andou mexendo com você de novo? Você tem que começar a revidar! Até quando você vai ficar com esse sorrisinho bobo no rosto enquanto eles te zoam? Isso já está saindo do controle, caia na real! - Naomi já me conhecia o mínimo para conhecer-me melhor do que qualquer um, e mesmo que, não demonstrasse ou falasse absolutamente nada, ela parecia saber de certo o que havia acontecido. Pegou em minha mão, e quando realmente relaxei, a água que havia condensado outrora e formado armas, caiu por terra. Molhou o solo, e olhando para baixo, pude ver algumas larvas deleitando-se no que parecia a primeira gota de água em muito tempo.

— Aonde vamos? - Ela calou minha boca com uma das mãos que estava livre, e me arrastou por becos e vielas, sua força era de certo representativa, seu talento inato em Taijutsu, era uma das coisas que colocava-a em pé de igualdade comigo no que se dizia respeito em capacidade de combate. Quando me dei conta, estava literalmente sentado em uma casa abandonada, ela havia preparado tudo. E no cair da noite, sentados em meio a uma casa destruída, sem teto nem chão. Mas estávamos juntos, em duas cadeiras de madeira, e apoiados em uma mesa decorada por velas, e dois bolinhos doces, que tanto gostava.

— Yuno, eu já queria ter te falado isso um tempo. Mas eu gosto de você, sabe? - Olhou no fundo da minha alma, direta e reta, havia achado o momento ideal, e mesmo que não percebi naquele momento, eu não precisava falar nada, talvez isso tenha estragado o momento, ou sei la. — Eu também gosto de você, somos amigos, não é mesmo! Por que não gostaria de você? - Não sei direito o motivo, mas depois de falar, ela simplesmente sumiu, sem nem comer seu doce. Em uma velocidade, devo dizer, impressionante.

Apaguei a vela, e voltei tarde da noite para o orfanato, torcendo para encontrar Naomi no meio do caminho, queria pedir desculpas, mesmo sem entender, parecia ter lhe machucado. Encontrei Kon novamente, na rua, também parecia voltar para casa. — Aberração, volte para o orfanato, nem sua mãe te quis! Fracassado! - Kon, agraciado pelas risadas dos seus amigos, se surpreendeu com minha resposta, pouco ríspida, menos do que Naomi queria que eu fizesse, fiz o meu melhor. — Kon, não tenho culpa do teu ódio. Peça por mais amor dos seus pais, pode ser? - Dei-lhe um sorriso real, enquanto que guiei-me por dentre os lugares, até o dito orfanato.

Chegando no lugar, fui rapidamente até o quarto feminino e tentei bater na porta, e para minha surpresa, silêncio. Nem Naomi, nem nenhuma das outras meninas respondeu meu chamado, mas mesmo que baixinho, quase imperceptível, parecia ter alguém chorando ali dentro, então, me retirei, dizendo: — O que devo ter feito? Eu realmente não sei! Mas, amanhã o seu mal. Vou dar um jeito de conversar com ela, e entender o que realmente aconteceu! Ela vai ficar feliz que respondi o Kon, apesar de que ... Talvez ele realmente tenha ficado mal com isso, deveria ter medido melhor minhas palavras. Bom, palavras lançadas não voltam mais, e infelizmente, não era mais importante. - logo chegariam os exames de graduação, e deveria estar pronto para que pudesse mostrar tudo o que aprendi, e conquistar minha bandana Shinobi!

 

#Tentativa de melhoras as condições da desvantagem Passivo.