Contrato feito: Alibaba e os 40 nukenins

"Um dos nossos traiu a organização e pretende denunciar nossos membros para rivais/governo, acabe com a raça dele"

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Parte do conforto de Shizue e todos os demais criminosos que viviam no deserto se dava pelo fato de que Sunagakure ou qualquer outra grande nação residente próxima às fronteiras não se importava com a existência de vagabundos tão pequenos e irrelevantes. Todos os feitos, mesmo os que ela mesma considerava grandiosos, nunca eram grande o suficientes para escaparem dos ouvidos de vilarejos nas redondezas e isso muitas vezes acontecia somente entre os mesmos moradores e transeuntes do deserto, assim como os comerciantes que prosperavam naquela aridez, os quais também iam frequentemente de um canto ao outro, de vilas em vilas comprando ou vendendo as mercadorias que o deserto os permitia.

Tudo isso parecia ter sido ameaçado quando Shizue ficou sabendo que alguém pretendia denunciar todos os renegadores e pequenos criminosos da região em troca de uma gorda recompensa. Embora não fosse de se espantar que houvesse quem gostaria de ver ela e outros presos ou mortos, parte de suas atividades ilegais e tantas outras estavam tão arraigadas no deserto que à essa altura os contratos oferecidos por pessoas estranhas de índoles estranhas era tão natural quanto as tempestades de areia ou a aridez do trajeto entre as dunas. Para Shizue, não parecia existir outra saída senão descobrir ela mesma quem pretendia delatar.

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Os bares de sempre tinham o movimento de sempre, os mesmos rostos conhecidos, a mesma gritaria que ia e vinha como a brisa de fim de tarde. Ela se sentou no balcão, pediu por água e bebeu a longos goles vagarosos, com os ouvidos atentos para tentar captar uma conversa que oferecesse alguma pista sobre o problema enfrentado. Mesmo com todo seu vagar, bebeu toda a água sem ter nada com que trabalhar, então deixou o dia correr e morrer, a noite surgir. Protegeu-se bem do frio e foi até os limites do vilarejo, duas dunas de distância ao norte, subindo até o topo e parando para observar o horizonte. De sua posição não deveria estar a mais de dois quilômetros da linha imaginária que marcava o fim do País do Vento. O ditado era máxima: o dia para marchar e a noite para descansar. Portanto, nada mais natural que direcionasse suas suspeitas para horas noturnas, embora o local em si fosse um palpite. Shizue imagino que se alguém fosse tentar vender as informações sobre os renegados das redondezas, o faria ali, onde era mais seguro fugir das garras do deserto e buscar refúgio numa outra vila ou país além do Vento. Estreitou bem os olhos, se esquivando da luz lunar e usando a camuflagem natural que suas vestes sujas de areia oferecia.

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Encontrou um par de figuras sombrias à distância. O ângulo sob o qual a luz incidia sob as dunas ao redor a deixava invisível, somente mais uma das infinitas sombras que se abrigavam durante a noite. Pensou em aproximar-se para escutar mais perto o que estavam conversando, tentar descobrir se o que presenciava era o fato de que tinha escutado. Respirou fundo e tentou se acalmar, fugindo da sensação de que era iminente algo dar errado; recuperando o controle de si mesma, desceu a duna com cautela, tomando cuidado para que o som e o ritmo de suas passadas não se tornasse diferente do som e do ritmo dos grãos de areia que iam escorregando duna abaixo em razão da gravidade.

A dupla estava se reunindo no terreno plano, atrás de uma duna, onde o campo se tornava uniformemente plano adiante, virando um deserto de rocha dura e seca ao invés de montes intermináveis de areia. Colocou suas costas contra a duna e ficou escutando por alguns minutos. Depois disso, tinha tudo de que precisava. Uma das figuras provavelmente não representaria perigo, enquanto a outra era um criminoso quanto ela, ao passo que deveria ao menos esperar resistência. Mas a noite estava ao seu favor e ela decerto não iria querer uma luta justa — aquilo era muito mais que o contrato, muito mais que o dinheiro oferecido em diversos cartazes e a recompensa anunciada de boca em boca para quem cessasse os rumores e, consequentemente, o perigo representado pela ameaça. Escutou um pouco mais, tempo suficiente para saber que uma das figuras tinha partido. Era chegado o momento.

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O medo maior não era o de falhar ou de morrer. O medo maior era que sua falha traria uma urgência ao delator, que decerto correria, apressando planos que antes talvez não tivessem a mesma pressa ao anunciar para quem quer que fosse sobre o paradeiro de cada um dos mais sórdidos criminosos do deserto. Mesmo através da noite, era como se pudesse sentir os abutres sobrevoando sobre ela, esperando pela queda de sua carcaça.

Shizue fez o melhor para deslizar da bolsa marrom que levava na cintura uma arma de metal laminada, sem fazer ruído ou deixar o metal tilintar. Como toda boa ladra, parte das armas que levava na bolsa ficava embrulhada em tiras de pano, para evitar o tilintar.

Limpou o suor que brotava na palma da mão, puxando fôlego e armando seu bote. Tinha preparado o movimento muitas vezes na sua cabeça, ensaiando. Quando saltou sobre a duna, caiu sobre a figura e pressionou a kunai rapidamente contra as omoplatas de sua vítima exposta. Sangue jorrou manchando o manto vermelho, enquanto Shizue virava o corpo para cima, oferecendo um olhar frio como a última imagem gravada no rosto do traidor.

Limpou sua kunai nas vestes dele e arrastou o corpo de volta ao vilarejo num esforço agoniante, mas que valeu a pena para levantar os ânimos de seus colegas criminosos.

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