Contrato feito: Alibaba e os 40 nukenins

"Um dos nossos traiu a organização e pretende denunciar nossos membros para rivais/governo, acabe com a raça dele"

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Shizue estava no topo da duna, na segunda hora de travessia, quando vislumbrou no horizonte distante as primeiras linhas, ainda esparsas, que apontavam o sinal de um vilarejo. Ela sabia da possibilidade de que o homem a quem havia roubado anteriormente pudesse vir atrás dela, afinal, apesar de tudo tinha sido Shizue a primeira a saber dos carregamentos de especiaria que chegavam e também de todo o dinheiro que ele mantinha guardado dentro da casa, escondido. O guarda costas também devia ter confessado ao patrão sobre sua língua solta, o que fazia ser questão de tempo até que alguém colocasse uma recompensa em sua cabeça. Era a forma mais fácil e lógica deixar que outro renegado sujasse as mãos no lugar dele.

Enquanto cruzava a imensidão arenosa de terras ermas, Shizue mesclava seus passos ao ritmo com que a areia escorria das dunas, misturando seus sons com os do vento, coberta pelo manto negro manchado de bege e tão infestado de areia que a cor escura tinha se desfeito em tons de pastel.

Quando enfim alcançou o chão de pedra na entrada da vila, suspirou aliviada. Poderia ao menos planejar como resolver o problema criado por ela mesma sem que perdesse a vida ou então arriscasse ainda mais a estabilidade de sua sobrevivência. Alugou um quarto numa pousada e ficou observando a rua.

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Ela tinha a quem recorria sempre que precisava encontrar trabalhos com dinheiro seguro, para que não precisasse correr riscos sempre cruzando o deserto e explorando cada vez mais as vilas esquecidas nos extremos, muito próximas das fronteiras com países vizinhos. Através dele Shizue soube que por milagre ou coisa que o valha, o homem não tinha ainda colocado a recompensa pela cabeça de Shizue e estava indo naquela mesma direção, àquele vilarejo, para negociar a captura dela com mercenários da vila. Ele deu a notícia para ela rindo, percebendo a ironia. Shizue tinha a chance não somente de livrar-se do enorme problema que poderia se tornar aquilo, como também de matá-lo de vez por todas, como deveria ter feito durante o roubo.

A noite fria de inverno tomou conta do dia. Com as cortinas puxadas, ela observou a rua por uma pequena fresta, esperando, cautelosa enquanto analisava cada um que passava pelos limites do vilarejo, buscando pelas silhuetas enormes dos guardas que decerto estariam o acompanhando, especialmente por imaginarem, talvez, que seriam capazes de pegá-la com o que ela mesma tinha ensinado. Teve de esperar até noite avançada, intercalando sua vigia com caminhadas pelo quarto, indo até a cozinha, bebendo água e voltando a espreitar pela janela. Quando estava prestes a desistir, viu o trio chegar.

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Quando o homem acompanhado de seus dois guarda costas chegou na vila, eles não carregavam nenhuma bagagem e tampouco eram acompanhados por força extra. Apesar de tudo, Shizue conhecia os riscos. Ainda estava sozinha numa área desconhecida que, senão pela vez atual, nunca tinha frequentado antes; não sabia a tolerância dos locais com a criminalidade, como era em outras vilas mais ao norte e ao centro do deserto, onde as terras beiravam ser sem lei alguma. Teria de ser cautelosa mesmo para se defender, para que suas ações não acabassem criando novos inimigos num lugar desconhecido. Ainda observando da janela, calculou a distância da janela até o solo, um salto que poderia fazer sem se preocupar com o impacto que a queda provocaria em seus joelhos. Um cálculo mental rápido disse a ela que seria possível.

Shizue estava decidida a terminar com aquilo naquela mesma noite. Não deixaria passar uma segunda vez a chance. Nunca mais. Não quando sua sobrevivência estava em jogo. Conferiu as armas que carregava na bolsa presa à cintura, puxando o capuz sobre o rosto. Agora que pensava, teria de atacá-los de frente, ali mesmo, portanto precisava preservar sua idade tanto quanto fosse possível, mesmo que somente para o momento do ataque e depois abandonar o lugar. Sim, provavelmente faria isso.

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Olhou por sobre seus ombros, procurando no quarto pequeno alguma coisa que poderia ser de ajuda. Tirou o lençol da cama e enrolou ele ao redor de ambas as mãos, lembrando-se de estilos de luta com fios que seguiam a mesma filosofia. A técnica aparentava ser o melhor caminho para lidar com dois homens mais fortes: os estrangularia rapidamente e depois mataria o homem, saindo dali o mais rápido possível.

Ainda com as extremidades do lençol em suas mãos, foi até a janela. O trio agora estava ainda mais próximo, quase abaixo de sua janela. Shizue pulou, contando com a sorte. Caiu exatamente onde precisava cair, conseguindo envolver o tecido no pescoço do primeiro guarda e puxando ele violentamente contra o chão. O peso de Shizue, o lençol, somados a força criada pela queda — ele morreu rapidamente. Restavam dois.

Mesmo coberta pelo capuz, ela pode perceber que tinha sido reconhecida pelo guarda. Era o que ela havia treinado. Enquanto ele observava e tentava prever o que ela faria, Shizue apenas jogou o lençol no rosto dele e acertou sua barriga rapidamente múltiplas vezes com a kunai, deixando ele agonizando em seus momentos finais. O homem rico, diante da morte de seus protetores, estava paralisado. “Muito mais fácil assim, obrigado”, disse Shizue, cortando sua jugular, limpando a kunai nas vestes do morto e fugindo noite adentro.

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