Contrato feito: A dança dos dragões gêmeos (x2).
--

Por alguma razão, um sem número de caçadas em série aos criminosos da região começaram a acontecer subitamente. Na noite invernal, enquanto bebia num bar, numa vila que tinha chegado recentemente, no extremo sul do País do Vento, Shizue ficou sabendo das notícias. Uma vez que tinha ciência dos fatos, aquele o era o pior lugar possível para se estar: as fronteiras, ou seja, quanto mais longe do centro, conhecido por ser um covil para os criminosos e uma terra sem lei, mais próximo se estava de forças estrangeiras, pois a Areia não se importava muito com o que acontecia além de seus paredões de arenito. Era lógico que, acima de tudo naquele período, inverno, que costumava ser cruel mesmo num cenário associado ao calor como o deserto, uma grande vila como Sunagakure optasse por hibernar.

Shizue entendia a gravidade da situação, porém existia uma linha tênue entre prezar por si mesma e se arriscar por um bando de desconhecidos que a trocariam por um pedaço de pão. Sua única escolha era descobrir o que podia por conta própria antes que o conflito estourasse e tomasse proporções incontroláveis; depois disso, seria questão de tempo ter o esquadrão de assassinato da Areia rondando o deserto, afinal, apesar de tudo Sunagakure ainda era considerada verdadeira dona e patrona do deserto.

218 palavras de 200 necessárias. 1/8.

Status:
Hp: 320; Ck: 320; Estamina: 0/4; Sanidade: 190.

Até o momento, não havia pelo que temer. Racionalmente isso era muito simples de visualizar, embora não conseguisse afastar a sensação gélida do medo, o aperto no peito a dizendo que em breve algo de muito ruim poderia acontecer. E por mais irrelevante que imaginasse ser, Shizue tinha acumulado um bom número de atos criminosos em suas costas, desde o sequestro de um bebê para o mercado negro até o roubo planejado de parte considerável das riquezas de um homem muito rico que vivia num dos vilarejos por onde tinha passado, o mesmo homem que matou posteriormente. Em algum momento, sua fama seria inescapável, atos em série como aqueles eventualmente precisariam de um nome e um rosto ao qual seriam atribuídos. A ideia de agir sozinha se tornava mais e mais inviável, dia após dia.

Terminou de beber, pagou a conta e saiu do bar em direção a rua. O inverno só fazia aplacar o calor do deserto, mais ainda mostrava suas frias garras. Ela tinha escutado a respeito de renegados da Areia que já tinham sido capturados e outros mais que estavam por serem presos, embora a perseguição se desse por mercenários contratados e não por membros da grande nação. Com as pistas que tinha, se aprontou e partiu.

210 palavras de 200 necessárias. 2/8.

Status:
Hp: 320; Ck: 320; Estamina: 0/4; Sanidade: 190.

Uma torrente de urubus surgiu por sobre seus ombros, voando apressados acima da cabeça de Shizue, decerto estavam no rastro de um animal moribundo. Ela experimentou seguir o mesmo rastro das aves, fazendo seu trajeto por terra, sem apressar o passo, mantendo eles sempre no limite do horizonte. Parecia ilógico distrair-se por sua curiosidade, seguindo pistas avulsas no deserto enquanto estava num lugar perigoso e desconhecido do país. Mesmo assim, não desistiu da busca — parte dela imaginava se a carcaça que os urubus tinham encontrado na verdade não era o corpo moribundo de alguém no deserto.

Sua caminhada culminou numa faixa de terra plana, onde as dunas sumiram e a areia, compactada tão duramente pela ação do tempo, se transformara em rocha.

Não tardou para que vislumbrasse o grupo de urubus parando o voo apressando e descendo, convergindo todos para um único ponto distante do solo, assemelhando-se a imagem de um tornado negro que ia se afunilando em direção ao chão.

Então, Shizue se apressou, saltando entre pedras e avançando o mais rápido que pode até um ponto de vantagem no terreno, onde pôde ver, ao longe, pelo que os urubus tanto ansiavam. Manchas rubras respingadas na pedra formavam um rastro comprido que terminava no corpo que se arrastava em direção à proteção de um paredão de rocha. No outro lado do paredão, Shizue podia ver um grupo de homens o procurando.

233 palavras de 200 necessárias. 3/8.

Status:
Hp: 320; Ck: 320; Estamina: 0/4; Sanidade: 190.

Quando percebeu que o grupo de mercenários e os urubus estavam à procura da mesma pessoa, Shizue se abaixou e tentou se camuflar na paisagem o melhor que pode, aproveitando as roupas manchadas de areia e o tom pastel do deserto que estava impregnado nestas. O rastro de sangue contínuo, formando um longo rastro no chão, era indicativo que a vida do fugitivo devia estar muito próximo do fim. Enquanto as aves negras apenas esperavam o último sopro de vida para avançar pelo corpo, os mercenários do outro lado do paredão queriam dar eles mesmos o último golpe. A decisão que Shizue tomou foi impulsiva, mas posteriormente ela perceberia que foi, mesmo assim, sábia.

Shizue saltou das sombras onde se escondia, surgindo da fenda em que havia se abrigado, revelando-se por completo, tendo preparado as armas previamente dentro da bolsa de modo que seu ruído fosse facilmente audível, também removendo o capuz do rosto. A altura de sua posição até o solo mais baixo, onde o homem agonizava, era pouca. Saltou, aproveitando do movimento, enquanto ainda estava no ar, para sacar e atirar a arma laminada que tirou a vida do moribundo. Depois de matá-lo, mostrou as mãos vazias, se fazendo vista aos mercenários.

204 palavras de 200 necessárias. 4/8.

Status:
Hp: 320; Ck: 320; Estamina: 0/4; Sanidade: 190.

A reação que eles esboçaram a princípio, foi de manter a guarda alta. Armas que ela não tinha enxergado antes começaram a surgir em bainhas ou empunhadas, prontas para o uso. Levou quase um minuto inteiro entre Shizue e os mercenários se encarando para que percebessem que ela havia matado a presa que tanto procuravam. Ela arrastou o corpo até onde pudessem vê-lo, depois o puxou e deixou ele parcialmente erguido, como uma marionete, mas controlado à muito custo com sua força débil. Depois que viu a postura da maioria deles se tornar mais relaxada, sentiu-se segura o suficiente para ir ter com eles. Puxou o corpo junto de si até chegar junto dos mercenários, sem ter como disfarçar sua fraqueza física enquanto o fazia. Deixou o corpo aos pés deles, batendo a areia das mãos e da roupa e se apresentando sem dizer seu verdadeiro nome, oferecendo apenas o apelido que Yuta tinha lhe dado: quatro-olhos.

Na breve conversa que tiveram, Shizue pode perceber que os mais experientes estavam aliviados; os mais novos, por outro lado, pareciam irritados por ela ter lhes roubado a excitação. Deu de ombros. Um veterano, de barba e cabelo grisalhos e ralos, com o rosto marcado pelo sol, tomou a frente e ofereceu um acordo a ela.

213 palavras de 200 necessárias. 5/8.

Status:
Hp: 320; Ck: 320; Estamina: 0/4; Sanidade: 190.

Como temia, não terminava ali. O mercenário veterano, que agora confirmava ser o líder do pequeno grupo, disse que havia um outro contrato que deveria ser feito para que encerrasse o dia, mas estava disposto a dar ele a Shizue em troca de um pagamento justo. Quando ela ouviu a quantia de dinheiro que seria oferecida, não pode recusar, embora soubesse que mesmo recebendo aquela soma considerável o mercenário ainda lucraria como se fosse ele mesmo a executar o serviço. Parecia que esse outro estava na mesma situação que o moribundo morto por ela instantes atrás. Eles tinham perseguido o homem desde o dia anterior, acertado ele algumas vezes com flechas envenenadas, que a essa altura estavam fazendo efeito. Porém, seu instinto de sobrevivência era mais afiado em relação ao último e ele tinha conseguido ganhar distância dos mercenários e agora estava mais ao norte do deserto. Os urubus — Shizue sabia que bastava segui-los. No deserto, as aves negras eram arautos da morte. Bons presságios para quem dependia disso, maus para quem estava tentando sobreviver sob o sol escaldante. Fitou o céu sem encontrar nenhum, encontrando somente o tom arroxeado que anunciava a queda do sol, o fim da tarde e o início da noite. A ordem natural das coisas no deserto. Ela aceitou e antes de partir, aproveitou para comer junto deles num acampamento improvisado.

227 palavras de 200 necessárias. 6/8.

Status:
Hp: 320; Ck: 320; Estamina: 0/4; Sanidade: 190.

A refeição não durou muito tempo. Shizue queria aproveitar cada segundo de sua caçada, sem desperdiçar tempo para que depois pudesse partir definitivamente para algum canto. Enquanto comia com os mercenários aproveitou para jogar conversa fora, tentando adquirir o máximo de pistas possíveis a respeito daqueles trabalhos, interessada em saber se poderia ser ela a próxima criminosa a se arrastar ensanguentada no deserto sob o olhar de urubus. Aparentemente, não. Contratos individuais, recompensa colocada individualmente sobre a cabeça de quem tinha irritado muita gente, inclusive gente importante naquele fim de mundo. Ela disfarçou seu alívio enquanto comia um pedaço de pão, deixando para finalizar a comida assim que o mercenário que conversava com ela terminou sua fala.

Quando partiu o crepúsculo ainda não tinha chegado, mas já era possível ver o sol se fundir com as dunas no horizonte distante, como se fosse uma montanha adicionada artificialmente à paisagem. Caminhou na direção indicada, sem precisar de muito tempo para encontrar rastros na areia — marcas de passagem humana, depois gotas de sangue, depois pertences que provavelmente tinham sido deixados no meio do caminho para se livrar do esforço que era carregá-los. Shizue cobriu parcialmente os olhos com as mãos, mirou a passagem adiante e vasculhou seu campo de visão. Quando baixou o olhar novamente, encontrou enfim o renegado agonizante.

218 palavras de 200 necessárias. 7/8.

Status:
Hp: 320; Ck: 320; Estamina: 0/4; Sanidade: 190.

Ao caminhar na direção do criminoso moribundo, Shizue tentou encontrar dentro dela empatia por ele. Porém, ao mesmo tempo tentava lidar com o aperto e a apreensão que sentia no peito, se recordando de que apesar de tudo aquilo era mais um contrato como qualquer outro. Mesmo que as caçadas no fim tivessem sido eventos aleatórios dos quais ficou sabendo, nada impedia que uma recompensa eventualmente fosse emitida por sua cabeça. Ela estava confusa, contrariada — sabendo tudo aquilo, estava partindo para matar um dos seus. Mas era realmente um aliado? Não era nem mesmo um colega de profissão. Sequer sabia o que ele tinha feito. Sacudiu a cabeça, como se o ato em si pudesse limpar toda a dúvida, colocando a mão na bolsa sobre a coxa e tateando seu caminho até encontrar o que queria. Tirou uma kunai e a segurou com firmeza entre as duas mãos, se aproximando do moribundo enquanto seguia seu rastro de sangue.

A melhor forma de fazer aquilo era não pensar. Continuava repetindo para si mesma que tentar controlar circunstâncias adversas era estupidez e que eventualmente as coisas saíam de controle, quisesse ela ou não. Mesmo assim não tornava isso menos angustiante.

Mirou e lançou a arma contra sua coxa, para que ele parasse de tentar fugir. Depois se aproximou e deu o golpe de misericórdia. A sujeira em seu rastro mostrava que ele tinha sofrido por muito tempo e não havia porque prolongar essa dor. Shizue armou acampamento para enfrentar a noite e, depois, encontrou os mercenários.

255 palavras de 200 necessárias. 8/8.

Status:
Hp: 320; Ck: 320; Estamina: 0/4; Sanidade: 190.

Aprovado