A euforia tomava conta do povo do bar. Gritos de felicidade eclodiram sobre as fortes e grossas madeiras e pedras rústicas do local.  Não havia espaços para a tristeza, muito menos com a companhia da princesa da agua, que mais uma vez encheu um gigantesco caneco de cedro e o virou em apenas uma unica golada.
Eram poucos que acreditavam que uma mulher pudesse beber tanto sem tibuntear.

— Traga mais para mim e para o meu mais novo amigo— Gritou.

O homem se ruborizou quando a linda mulher de seios fartos e cabelos que cheirava a jasmim o abraçou, ele estava noivo e deveria repelir a jovem, mas ela o induzia a tamanho estopor que ele mal tinha tempo de compreender ou hesitar, alem disso, não queria terminar com a felicidade de todos no recinto mostrando se adverso as brincadeiras e as bebedeiras.

Tomou para si mais um copo e sentiu que o álcool dessa vez subiu mais rápido do que deveria. O amargor da cerveja dos tonéis da casa da pele de raposa era único, cítrico e levemente amargo com uma pitada secreta de menta, o que trazia certa refrescância e aquecia os corpos gelados dos que viviam no pais mais frio do mundo civilizado.

A terceira e quarta rodada chegavam e por um breve momento ele recusou-se a beber, ja que sentia que mais do que aquilo e ele poderia facilmente perder a consciencia, quando sentiu que a jovem e misteriosa mulher pos a mão no bolso de sua jaqueta, a principio pensou se tratar de um bilhete, mas logo sentiu que algo pontiagudo o espetava.

Quando deu por si a mulher havia desaparecido, quando os guardas da cidade chegaram no recinto exigindo que este explicasse o motivo de estar com uma reliquia roubada, ele não soube explicar e os que estavam presente, foram pagos antecipadamente para fingir que tal mulher nunca esteve no salão, o que dificultou ainda mais sua vida diante dos outros da cidade.

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A vela da lamparina se agitava sobre as sombras emergentes daquele celeiro fétido e se agitavam como uma prostituta cavalgando sobre seu amante.
Ela ainda estava ali, parada, esperando os raios de sol brilharem sobre o céu tingido pelas trevas, sabia o motivo dos animais estarem estressados diante de sua presença, ou melhor dizendo, diante da presença daquela coisa que habitava seu ser, seu sangue.
Eram poucas pessoas que realmente conheciam a princesa da agua e sua história, menos ainda aquelas que conheciam seu outro lado. Além daquela superfície de águas transparentes abaixo de onde os raios ultravioletas podia tocar, no abismo insondável de sua alma, havia uma criatura que adormecia dentro de si, uma aberração que poderia fazer até os mais valentes dos homens fraquejarem, algo monstruoso, distorcido e abominável, cuja a entidade ainda era um mistério para Yuyuko, mas que nem por isso, deixava de temê-la.

— Se acalmem, logo eu irei embora.—

A sombra novamente dançou, por um fugaz momento pareceu que suas garras se estendiam na direção dos animais, que presos, tentaram de toda forma escapar, daquela coisa inominável.

Yuyuko se levantou e espreguiçou-se, podia escutar dentro de si um som baixo, um rosnado ou quem sabe fosse apenas a respiração, ecoando, abaixo do abismo, dentro de suas células e sangue, quando os raios do sol aos poucos alcançou a iris violetas da princesa, havia passado a noite ali para proteger os animais, por sorte, nenhum animal perigoso rondou o lugar, e ela poderia finalmente buscar sua recompensa.

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O mundo é deveras cômico, mas a piada está na raça humana.

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A neve descia em pequenos flocos brancos e pálidos que se desbotavam à medida que caíam sobre o chapéu de palha da jovem  princesa. O ar em contato com seu hálito aquecido formava pequenos bolsões de fumaça que Yuyuko se via na obrigação de se divertir, todos os dias eram assim, cheios de diversão, principalmente advindos dos lugares mais estranhos e insólitos. A estrada daquele ponto se dividia em suas outras, a primeira iria em direção ao vilarejo em que estava de hospedando, a outra ia em direção a capital do pais, e Yuyuko por enquanto queria manter distancia de qualquer soldado que pudesse minimamente reconhece-la, por isso, preferia ficar principalmente em vilarejos ou cidades mais isoladas do resto do mundo.

Quando percebeu que havia estado de frente com um homem que impedia o acesso de todas pessoas que transitavam na região, seu principal desejo era de ter uma luta com alguém para mostrar que era realmente forte. Ele parecia ser um samurai ou algo do tipo, suas roupas eram de cor marrom desbotado, seus olhos eram esverdeados acompanhado de sobrancelhas grossas e barba por fazer, ela julgou que ele deveria ter seus cinquenta ou sessenta anos, visto que havia pequenas rugas entre seus olhos claros.

— Pare aí mesmo— Disse o samurai.

Em primeiro momento a jovem acreditou que ele havia reconhecido seu disfarce, mas visto que ele não a atacou de imediato, ela logo se desarmou e sorriu.

— Eu preciso ir embora senhor, hoje haverá uma festa no bar, e não posso perder— Murmurou tentando dar mais um passo em direção ao vilarejo.

O homem removeu a espada e a interpos no caminho, acendendo assim o sinal de alerta na jovem.

— Estou desafiando a todos que passam por aqui, e mulheres não são excessão.—

A princesa suspirou, e jogou sua moeda da sorte algumas vezes no ar, até que estendeu seu sorriso gentil e mostrou a moeda de duas faces.

— Estou com pressa e você provavelmente quer enfrentar oponentes mais fortes que uma mulher, por isso vamos tirar no cara ou coroa, se você vencer, você pode me atacar se eu vencer vou te bater.—

O homem apertou a lamina e por fim guardou a espada, aquela mulher apesar de carregar um arco nas mãos não parecia ser uma lutadora a altura.

Percebendo o olhar de aprovação do samurai a mesma jogou a moeda que girou em pleno ar e finalmente parou nas costas de sua mão, escondendo-a com a outra perguntou ao samurai qual lado ele iria desejar.

— Coroa.—

Ela então retirou a mão e mostrou que ele havia ganhado a primeira rodada, fechou os olhos e se encolheu de medo esperando o golpe certo, que veio na forma de um tapa leve em seu rosto, aparentemente ele ficou com dó de Yuyuko.

A jovem Yuyuko jogou a moeda e novamente iniciou o rito com ele perdendo nessa rodada. Como tal o samurai fechou os olhos e esperou que uma mulher fragil como aquela fosse lhe dar um tapa como ele havia feito, no entanto, para o seu azar, Yuyuko não se focava em um tapa no rosto, e sim em inclinar seu corpo para tras e com todas as forças chutar as bolas do pobre samurai.

Sem ar, o samurai caiu de joelhos, agonizando em dor pelo dano causado pela mulher de cabelos roxos.

Ela então aproveitou-se, pegou o dinheiro do homem e saiu correndo, cantarolando feliz da vida por ter feito uma grana facil.

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Yuyuko não escondia nem por um instante seu odio por ter que trabalhar, ela simplesmente não gostava de ter que o faze-lo, e sempre quando fazia era com um olhar apatico e frio, como se a pessoa que a contratou erstivesse torturando a jovem, nesse caso em especifico poderia até ser um pouco de verdade.
Parte disso porque estava roubando as galinhas e porcos de um fazendeiro, e mesmo que isso não a agradece de forma alguma, era necessário para poder suprir as grandes demandas por alcool e jogatinas que a menina fazia. Para tal primeiro a mesma tratou de se fingir ser uma pobre coitada e então enquanto aproveitava-se de seu disfarce embebedou o homem até que ninguem da casa pudesse andar sem tropeçar sobre suas proprias pernas o resto havia sido facil de mais, com cuidado pegou uma das carruagens e começou a adicionar todos os animais que podia, tinha que se mandar dali antes que mais alguem acordasse, principalmente algum que fosse vitima da embriaguez e acordasse com um pessimo humor.

Deu de ombros e saiu extremamente feliz, pois havia feito mais uma vitima e novamente ensinado que nunca se deve beber mais do que o dono do bar, e nem deixar raposas perto de galinheiros, principalmente as beberronas

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Tudo que é anormal insulta sempre aversão, terror e medo.

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Yuyuko não poderia ficar na casa daquele pobre casal, apenas se alimentando como uma sanguessuga, eles tinham oito crianças para tomar conta e a mulher confidenciou que já havia alguns dias que desconfiava das chances de ter o nono em seu ventre. Por isso, ao ouvir os relatos de um possível javali na região ao lado que estava além das colinas brancas e pálidas. Naturalmente Yuyuko não estava nem um pouco interessada na recompensa, mas queria fornecer aqueles que lhe ajudassem alguma ajuda alimentícia que fornecesse mais alimentos que um ou dois coelhos caçados pelo dono da família.
Armou-se de seu arco e flecha e se certificou que não estava nas vistas da família para poder finalmente saltar por entre as árvores cobertas de neve e desaparecer com os primeiros raios de sol.

A viagem durou cerca de meio dia até as florestas primordiais, um local coberto por uma neve rala, cuja os sinais promissores indicavam que o terreno havia sido mexido por algum tipo de animal atras de raizes. Yuyuko continuou sua caminhada até uma pequena bifurcação aonde pudesse armar uma armadilha simples, um buraco medio com algumas de suas flechas na parte interna e algumas folhas secas em cima para encobrir o buraco e esperou até que a criatura aparecesse e caisse la dentro, com seu corpo ferido, foi facil alveja-la até que por sorte uma delas acertou o olho esquerdo do animal.

Naquela noite eles teriam mais carne para comer do que tiveram em toda sua vida.

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