O movimento da cidade lá em baixo era relativamente acima da média naquela noite. junto com as várias pessoas que observava caminharem, como formiguinhas em uma floresta de concreto, as luzes dos ambientes mais desenvolvidos da cidade criavam a paisagem de uma cidade viva.

Desci do telhado me apoiando onde era possível me apoiar e comecei a me locomover pelos becos do vilarejo. Para quem não conhece o lugar,poderia muito facilmente parece que eu caminhava por um labirinto, entrando em lugares aleatórios sem realmente saber onde estava indo, mas não se engane, eu tinha um local exato em mente.

Algum tempo depois, uma das ruelas deu em uma rua deserta em uma parte pouco iluminada da cidade, era como se fosse uma mini cidade fantasma dentro da vila da nuvem. Na minha frente estava uma casa, ela era  bastante grande e parecia ter pertencido a donos ricos.

Todo o clima que aquela porção da cidade criava, junto com a casa grande com todas as luzes apagadas me deu medo de entrar, mas não querendo machucar meu orgulho e desistir por ter medo, me dirigi até a porta da frente e a abri, me surpreendendo de ver que estava meio aberta.

Quando entrei me deparei com o ambiente totalmente escuro, precisei tatear as paredes por um bom tempo pra encontrar algum interruptor, e quando o achei, me vi de frente para dois caminhos óbvios: Um me levaria até a cozinha, o outro até o andar de cima.

Fazendo o mais simples primeiro, me dirigi até a cozinha. Quando cheguei me deparei com uma cena horripilante, mas já esperada: O chão banhado em uma poça de sangue na qual flutuava o corpo de um homem adulto. Não parecia ser um ninja ou alguém da força polícial, aquele podia muito bem ser um homem comum.

Já acostumado com sangue nesse ponto mas evitando pisar nele e deixar pegadas minhas na cena do crime, caminhei até o homem e busquei por algum sinal que pudesse indicar a causa da morte.

Vou lhes poupar de mais detalhes grotescos dos quais vocês não precisam saber. Mas basta dizer que fora um crime cruel, nem de longe o tipo que eu cometeria. Aquilo foi um julgamento pesado demais para pessoas que, até onde meu entendimento ia, eram inocentes.

Quando cheguei no andar de cima, deparei-me com a mesma cena em um dos quartos, mas dessa vez se tratava de uma mulher, esposa do homem lá de baixo? Irmã? Ambos tinham alianças no dedo então era de se esperar que fossem cônjugues.

Contudo, um detalhe era interessante de se notar no ambiente. A janela do quarto estava aberta, uma forte ventania fazia as cortinas balançarem dentro do quarto, mas... Tinha mais do que isso. Um pequeno bilhete preso no vão pelo qual deslizava a janela também balançava, chamando minha atenção.

Passei pelo corpo no chão e me aproximei do papel, tratava-se de um cartão, estilizado com um estilo preto e branco e uma escrita moldada a partir de recortes de letras de um jornal.

O que diabos aquilo significava, eu não saberia dizer, mas com certeza era material o suficiente para dar minha busca como produtiva. Mesmo assim, dei mais uma olhada pela casa só pra ter certeza de que não encontraria nada relevante. Seja lá quem fez isso tomou bastante cuidado para não deixar rastros, apesar de ter deixado até mesmo um cartão de visita.

Enfim, minha missão que eu havia recebido de fazer uma busca provisória pela cena do crime havia sido concluída. Aquele papel com certeza seria de interesse do pessoal por trás da investigação, e pra ser sincero, até o meu interesse conseguiu ser capturado. Enquanto ia até o departamento de polícia falar sobre minhas descobertas, algo me falava que isso aconteceria mais vezes.

Quem será que havia feito aquilo?