Respirava fundo quando começei a descer o abismo, era uma queda extremamente alta, e não havia formas de cair dali sem que realmente morresse, não existiam formas de amenizar a queda ou permitir-me voar. O cientista que havia requisitado meus serviços, me rendeu um dispositivo que conseguiria iluminar o entorno em até cinco metros a partir do ponto que fosse usado, e a missão era buscar por um minério no fundo do abismo, não era uma tarefa fácil, mas valia o preço pago.

[Nox]: — Sou um ninja, não é como se eu realmente precisasse descer isso aqui escalando. Vou correndo.

Cheguei a beira do precipício, depois de uma caminhada extremamente rígida até o local, enfrentando o que quer que fosse, e sentaria-me na beirada, lançando-me enquanto deixava os pés rentes as paredes do penhasco, a boda do diabo, a ruptura do inferno. Coloquei uma quantidade surpefua de chakra na planta dos meus pés e comecei a correr em direção ao fundo do abismo, de primeira mão, não esperei ter que usar o dispositivo, mesmo que minhas mãos coçassem para o ver em ação.

A medida que descia, percebia como a escuridão me engolia, e toda a vez que passei, tinha a impressão de que algo me olhava, ficar sozinho no escuro era algo que realmente mexia com nossas cabeças, e descer aquele penhasco, com a sensação de que algo poderia te atacar, ou que o próprio lugar poderia lhe engolir, era algo que realmente poderia acabar com a concentração e derrubar quem quer que fosse descer o penhasco. Mas não deveria acontecer comigo, como um mestre em controle de chakra, era simplesmente impossível me fazer perder o fluxo de chakra, apesar de que, tudo podia acontecer, na escuridão completa.

Muito melhor do que a subida, o auge, é assistir a queda. Afinal, é quando tudo pode vir abaixo que enxergamos quem realmente tinha medo da morte, e quem estava por se divertir naquela vida. Escorreguei, era o que na minha concepção havia acontecido, mesmo sentindo que algo estava possuindo o chakra que havia colocado em meus pés. Confiança ... este havia sido o meu maior erro ao tentar descer sobre aquele abismo.

Quando percebi o que estava acontecendo, tudo girou e era como se eu estivesse caindo em câmera lenta. E a queda, antes esperada, agora acontecia. Minha única reação for rir daquilo tudo, como um verdadeiro psicopata. Uma risada sádica, colocando em prova o quanto minha sorte estava afiada. Bati por vezes contra a parede de rochas, alguns pedregulhos pontiagudos, diversos lugares que agora estavam doloridos, e felizmente, não havia tido nenhum machucado mais grave. Quando percebi ter parado quando minha espada abençoada havia se enganchado em um ramo de árvore dentro do abismo automaticamente coloquei os dois pés novamente em contato com a rocha, dessa vez também segurando com ambas as mãos, tomando o cuidado necessário para que não despencasse.

Respirei fundo e parei de sorrir, descendo calmamente, um pé, uma mão, outro pé, outra mão, lentamente, como um escalador profissional começando pela pedra da direita. Com o auxilio do chakra nos pés e a segurança de sempre se apoiar com as mãos, não deveria ser uma tarefa difícil conseguir prosseguir a travessia. Se novamente caísse do abismo, usaria minha espada para fincar-me na rocha e continuar, seguro. Caso nada ocorresse e mantivesse constante a escalada, procuraria um próximo ponto de descanso, para que pudesse descansar os músculos e tendões.

Quando meus pés encostaram o chão tive a paz que realmente faltava. Sobre aquele abismo escuro e horripilante, a quietude e solidão, eram coisas que me deixavam extremamente confortável comigo mesmo. Respirei fundo depois da descida, e felizmente não havia caído novamente, o que por sí só já era uma conquista.

Já em baixo, nada conseguia enxergar, estava imerso num completo breu e escuridão. Resolvi ligar o dispositivo que o cientista havia me entregado para que pudesse iluminar uma área ao meu redor, não queria por acidente pisar num buraco que me jogaria ainda mais pra baixo, se aquele realmente não fosse o fundo do lugar. Ao ligar, é que veio a surpresa.

As escritas hieroglíficas eram algo que provavelmente corroboraria muito para entender o desenvolvimento de uma raça que provavelmente já foi a nossa, as estruturas gigantescas tinham um metal que respondia em brilho semelhante a minha espada, assim, era de se entender que se tratavam de metais semelhantes, e talvez, até mesmo iguais. Era algo que se fosse um minerador, ou algo do tipo, poderia me render dinheiro e materiais para forja que seriam completamente diferenciados e valeriam uma boa quantia no mercado.

Era como uma ponte, quando comecei a atravessar percebi pontos luminosos a frente, era o caminho que deveria seguir. E provavelmente o que faria, caso não fosse surpreendido por um urro amedrontador, que fez meu sangue ferver instantaneamente, preparando-me instintivamente para lutar com aquilo. Um animal gigantesco e exótico, estava a pouco mais de trinta metros de mim, numa ponte, condensou de uma de suas bocas uma esfera massiva de chakra que veio em minha direção.

[Nox]: — Seria imaturo tentar rivalizar sua força, criatura primordial. Eu lhe respeito, Deus do Abismo.

Respirei fundo, e liberando pouco o ar, na respiração dos samurais esperaria o timming perfeito, pulando por cima da esfera, e aterrissando depois que a mesma passasse do ponto onde outrora meu corpo estava, dando a impressão, a julgar pela percepção do animal de teleporte. Sendo assim, observá-lo-ia tudo que pudesse aprender sobre o animal, antes que minha lâmina encontrasse o fim que tal criatura merecia, depois de ser incomodada em seu próprio ambiênte.

Minhas esquivas haviam sido efetivas, mas as movimentações do enorme monstro primordial eram imperceptíveis a minha concepção, não conseguia descobrir algum ponto fraco daquela enorme massa de carne. Equilibrei-me sobre a ponte que rangendo, ia de um lado para o outro e cada vez mais ficava mais instável, mais dois golpes, um em cada base e aquela ponte sucumbiria. O animal parecia querer derrubar a ponte, me matar a todo custo, sendo assim, o ajudaria.

Em meio segundo acumulei chakra brutalmente sobre minha katana, e a empunhei depressa mudando minha feição para um ar de superioridade sobre a criatura. Rapidamente, mandei voando dois arcos pequenos de chakra, um sobre a base mais distante, e outro sobre a base que daria continuidade ao caminho em direção aquelas luzes de outrora. Os arcos de chakra massivo buscavam cortar as bases e fazer a ponte despencar, no entanto, minha movimentação seria a favor do meu plano, deslocando-me em uma investida para fora da ponte, em terra firme num deslocamento de 40 metros em investida.

A ideia era derrubar a ponte, mas se por acaso a criatura ousasse tentar sair da ponte para evitar sair, mandaria voando mais um único arco de chakra, buscando o meio simétrico do seu corpo para que impedisse sua saída, tais como deslocamento da besta fera.

Caso tudo tivesse sido fantasiosamente perfeito e estivesse tranquilo, andaria em direção às luzes com minha lamparina acesa. Procurando pela tal pedra maravilhosa e tão.perigosa, que havia sido o motivo de entrar naquele abismo maldito.

Caindo na escuridão completa só conseguia pensar no agora e como iria destruir aquela aberração que havia me jogado para o abismo junto com ela mesmo. Rapidamente, quando consegui me desvencilhar  me afastei rapidamente, acumulando chakra na minha espada e eventualmente, enquanto me distânciava, lançar voando um corte extremamente poderoso, que seria responsável por literalmente, partir a criatura no meio, enquanto me afastava a favor do seu agarrão, para que tornasse mais lento sua ação e evitar-me ser pego antes que pudesse concluir o jutsu.

Caso conseguisse partir a criatura, e uma área gigantesca, seguiria até o lugar brilhoso, que talvez conseguiria perceber, procurando pela tal joia que tinha descido o abismo para procurar, respiraria fundo no entanto se a criatura, mesmo assim conseguisse acompanhar meu movimento, interromperia o ataque, tentando me esquivar desse agarrão em velocidade, enquanto observaria a criatura morrer no processo, continuando a execução do golpe e cortando-o ao meio.

Sendo assim, pegaria a pedra e guardaria em uma das minhas bolsas começando a subir o abismo novamente, escalando com o auxilio de todo o meu corpo para começar a subir a superficie. Pensei também, sobre como deveria ter arrebentado o monstro na porrada antes, e evitaria aquela queda, afinal, se lutasse a sério conseguiria bem mais fácilmente cortar aquele animal ao meio. Sua força e técnica com fuuton, com certeza era algo que deveria ser louvável, e ninjas antigos com certeza deveriam ter tido trabalho em derrotar sua espécie, isso é, se aquele monstro realmente fosse algo que já havia existido, e não algo que o próprio abismo havia criado.

O caminho para sair do abismo foi tão árduo, se não mais do que a descida. Os uivos, ventos e a própria pedra parecia querer ficar naquele lugar escuro e temível. E algo me dizia que seria bom, que realmente ficasse ali. Seu peso aumentava realmente quando escalávamos, e cada vez mais, parecia que iria cair novamente no meio daquela escuridão, e encontrar o fundo, junto aquele ser esquisito e besta primordial, que outrora matei em estalagmites que perfuraram-no inteiro.

Depois de subir, o cientista maluco que havia me dado a missão me encontrou, e com isso, lhe entreguei a maldita pedra que após sair do meu bolso, me tirava um peso das costas. No mais, manter-me-ia perto do homem, era estranho, a forma que ele sabia por onde iria subir, e que provavelmente o serviço havia sido concluído com êxito. Qualquer sinal de gracinha, e partiria sua cabeça em duas, sem nem pensar nas consequências, na realidade, no primeiro momento, era só um contratante que havia pego o que buscava com o contrato.

[Nox]: Espero que seja essa belezinha que você estava procurando. Me sacrifiquei muito para pegar, espero que o dinheiro valha a pena. Pois então me pague, que eu vou embora, tranquilo. Não aceitei dinheiro adiantado, mas foi tão maldita essa missão que quero à vista, agora mesmo.