[Prólogo] Arco 4 - Os Remanescentes

Tempo
Você sabe o que corre sem pernas, voa sem asas e alguns chamam de dinheiro?

Um grão de areia caindo numa ampulheta marca sua passagem. Sempre tão demorado, mas, às vezes, estranhamente depressa. Para alguns, a resposta é uma verdadeira dor de cabeça. Seja por tê-lo demais, seja por tê-lo de menos.

Ai não sabia se era experiente suficiente para aquilo. Quando o velho herói debruçou-se sobre a janela tossindo e empalideceu, ele soube que a areia estava se esgotando sobre a cabeça de Kagushiki. E, ainda assim, não esperava que ele fosse simplesmente aceitar aquilo. O velho encarou-o profundamente, os olhos pálidos mesclados a pele estranhamente branca. Tinha olheiras doentes, uma expressão abatida indigna de uma lenda.

— Cuide de tudo, Ai-san.
— Senhor? — foi a primeira reação do soldado, não acostumado em vê-lo daquele jeito. — Do que está falando?
— Você sabe o que corre sem pernas, voa sem asas e alguns chamam de dinheiro?

Ele não entendeu a charada. Kagushiki sorriu segurando firme no encosto da poltrona onde ficava todos os dias analisando as possibilidades. Lugar que, depois de longos dias, semanas e meses, Ai começava a se acostumar. O velho andou até ele encostando a mão no seu ombro. Olharam-se rapidamente, um senso de confiança circundou ambos. Uma energia penetrou no coração do soldado que balançou a cabeça, assentindo.

— Sim, senhor.

Então… a lenda se foi.
Tudo tem um começo, um meio e um…

Aos poucos as terras antes tão limpas foram sendo manchadas de vermelho, cada vez mais vermelho. Denso, numeroso. Os corpos foram se acumulando em pilhas espalhadas pelo extenso mapa chamado Mundo. O primeiro foi algo pequeno, quase imperceptível. Feito numa das estradas mais conhecidas pelos comerciantes. Uma completa carnificina em que nenhuma pessoa sobreviveu durante uma entrega de armamentos ninja.
Depois, algo maior. Mais próximo aos portões da Folha. Mais sangue derramado, espalhado em corpos deixados de maneira quase teatral. Um aviso foi dado ao resto das nações, mas elas mesmas já sabiam do que estava acontecendo na Folha. O mesmo acontecia também perto delas. Na mesma semana, da mesma forma, perto dos portões de todas as outras vilas. A mesma quantidade de corpos, a mesma disposição, e um mesmo aviso.

[/size]

終わり

Nas duas primeiras vezes, a mensagem não foi completamente entendida. Mas as coisas não acabaram. Aquele não era o fim dos atentados, pelo contrário, eles foram acontecendo mais e mais. Porque se tem uma coisa que nunca é afetada pela charada de Kagushiki, isso é a maldade humana. O desprezo que os homens possuem por eles mesmos. Onde uns acham-se tão superiores aos outros que acreditam terem o direito de roubarem-lhe as vidas.

— Tudo tem um começo, um meio e um fim. Essa noite é o fim de vocês.

A sombra coberta por um longo e grosso manto escuro disse na frente de uma carga de ervas e medicamentos vindos de longe. Os ninjas contratados avançaram. Depois de vários meses de ataques, as vilas não deixavam mais comerciantes viajarem sem guarnição. Eram ágeis, os dois de patente chunin. Deveriam ser fortes suficiente para enfrentar bandidos psicopatas comuns.

Só que eles não estavam enfrentando alguém comum.

Lâminas de vento rasgaram as cabeças dos guardas antes mesmo de eles cruzarem metade do caminho até o inimigo. O sangue espirrou sujando as flores primaveris. Os civis correram naqueles poucos segundos. Um sorriso se iluminou dentro do capuz escondendo o rosto do assassino.

— Isso, se afastem, permitam-me criar uma obra-prima.

Ambas as mãos do assassino se esticaram e moveram-se, como se manipulasse fios invisíveis. Todos os civis sentiram os corpos sendo amarrados e rasgados, fios vermelhos escorreram de pontos variados em cada pessoa. Elas se debateram e aquilo apenas fez o sorriso crescer.

— Oops.

Os dedos fecharam nas mãos.

Sangue voou em todas as direções juntos dos membros e partes de troncos mutilados num piscar de olhos.
Gargalhou vendo a cena acontecer; como se a morte fosse cômica. Recolheu um dos braços desmembrados e esfregou-o no chão deixando a mesma marca que se espalhava no mundo inteiro. Um aviso silencioso de que o fim estava chegando no mundo.

Porque alguns já perderam demais…

O sangue derramado, a marca deixada, os gritos, as gargalhadas. Cada detalhe misturava-se a uma energia ainda mais anciã, mesclada a uma existência desconhecida pelas pessoas comuns. Mas, por trás daquela máscara, não havia uma pessoa comum. Longe disso, atrás da porcelana residia uma existência tão lendária quanto perigosa.

Sempre de olho no horizonte, a máscara assistia enquanto o mundo queimava. Distante, dentro de um templo no meio de algum lugar daquele extenso mundo, o vazio preenchendo o espaço dos olhos até parecia refletir sobre a desgraça derramada.

— Os planos estão andando como o esperado — disse uma voz se aproximando, vinda de um homem em roupas pomposas e religiosas, uma longa batina branca com traços dourados. — As caixas estão cada dia mais alimentadas.
— Precisamos ser mais rápidos — explicou a pessoa por trás da máscara.
— Ainda temos tempo.
— Não, alguns de nós já perderam tempo demais.

O silêncio pairou entre os dois como faíscas prestes a entrar em combustão.

— Teremos de convocar os escolhidos então — o Sacerdote informou.
— Que assim seja. Usaremos as marcas se assim for preciso. Meus homens estarão dando todo suporte para que o despertar ocorra em breve. Esteja pronto.
— Estarei, senhor.

Lentamente, no meio de uma lufada de ar, o corpo da pessoa mascarada foi desaparecendo como se nunca estivesse ali. O sacerdote respirou mais aliviado, olhando na mesma direção que aquela pessoa. O que ela via de diferente dos outros? Um enorme peso amarrou o coração do religioso. Ele não sabia quanto tempo havia sido tirado dele aceitando aliar-se com alguém como o mascarado. Apenas sabia que o mundo não possuía mais tempo a perder.

— Mande todos os Santos se prepararem em seus respectivos Templos, muito em breve o Altar Final será o alvo desses ninjas loucos. Temos de mantê-lo seguro, assim como as Fontes Termais. Inocentes demais já morreram por causa dessas guerras estupidas.

Um homem coberto por um fino manto branco ajoelhou-se assentindo e desapareceu num vulto.

— O tempo está acabando, não é?

A reflexão do sacerdote se perdeu no vento como as areias do tempo.

Considerações:

Regras TimeSkip:

Aparências:

Ficha de Personagem :

https://narutoshinobiworld.forumeiros.com

Criações do Personagem :

Shinobi World :: Índice do Fórum :: Tramas :: Tramas Mundiais :: Arco 4 - Os remanescentes

Resposta Rápida