Soberba Lapidada.

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Um ancião, aparentemente acanhado, adentrava o Departamento de Delegação de Missões, se dirigindo a bancada da recepção, onde se encontraria com Kuromi e Ashitaka. Ele havia solicitado encontrar pessoalmente a Genin designada para o trabalho que contrataria.  O senhor Miyage era um relojoeiro conhecido em Sunagakure, um trabalhador caprichoso. Levanta-se antes das luzes matutinas e, exercia seu ofício até o escurecer do firmamento. Com timidez, o idoso retirava de uma pequena bolsa que portava nas mãos de artesão certo valor de Ryous, e entregaria em direção a Nara.

– Espero que esta quantia seja suficiente. – Lhe anunciaria, notavelmente constrangido, antes de detalhar o seu empecilho que carecia de auxílio.

A incumbência tratava-se da recuperação de um colar de safira, este penduricalho outrora jazia em exposição na loja do mais velho, porém não estaria disponível para venda. Na juventude, Miyage havia feito a joia para sua esposa como prova de seu amor. A antiga portadora já havia falecido, e o homem manteria o tesouro na construção para permanecer perto de si enquanto trabalhava, matando a saudade da mencionada e honrando sua memória. A joia de fama etérea era conhecida como Fragmento Azul. Mesmo Kuromi e a mãe já haviam se esgueirando até a relojoaria para namorar o requintado berloque pela vitrine, tamanha era o seu prestigio. Segundo Miyage, uma mulher de aparente riqueza e igualmente desmensurada soberba ficara sabendo da famosa joia que encantara a todos na Areia. A autointitulada Sorano-sama não arredaria os pés da pequena boutique enquanto não levasse consigo o enfeite. Compelido pela arrogância da mulher, o idoso cedera.

– Que piranha! – A kunoichi praguejaria, levando Ashitaka a se sobressaltar pela reação da dona de madeixas róseas, engasgando-se com o líquido que consumia ao reprimir uma gargalhada. – Não se preocupe Miyage-san, vou recuperar sua obra-prima para o senhor. – Kuromi lhe dirigiria um sorriso gentil, segurando as mãos do desfalcado entre as suas. O senhor lhe retribuiria com um sincero alivio na alma.

A Genin receberia as informações sobre a área de habitação da gatuna através do coitado, que com as mãos tremulas oriundas da idade avançada, lhe entregaria a nota com os poucos dados que tinha da caluniadora. A ninja fora recebida no domicílio da mulher por um empregado. Ao se encontrar com a citada, se espantaria ao perceber que a ricaça usava o Fragmento, admirando-se na frente de um suntuoso espelho. Ao ter a atenção da adulta, lhe cobraria educadamente a devolução da peça.

– Quem seria você para me demandar alguma coisa? – Sorano bradaria de forma áspera. – Uma mera cadelinha da Rukia. – Ela miraria as irises cobalto de cima a baixo sobre Kuromi, o nojo personificado em suas feições. – As pessoas deveriam aprender a se pôr em seus devidos lugares.

A mulher viraria de costas, pronta para ignorar a kunoichi, porém na tentativa de dar um passo adiante, sentiria uma dormência a acometer. Por mais que tentasse caminhar, seu corpo não se moveria. O pânico se apresentaria agora em seu rosto, incapaz de entender o que se sucederia consigo. Como seus olhos miravam de maneira interrupta a gema azulada incrustada na delicada corrente de ouro branco em seu pescoço, não havia percebido o rastejar sorrateiro da silhueta de Kuromi até a dela. A presunçosa criatura seria dominada pela técnica de imobilização sombria.

– Eu já me encontro no posto que me é devido, madame. – A Nara debocharia. – Permita-me orientá-la, Sorano-sama. – Através da capacidade fornecida pelo jutsu que executaria, forçaria a mulher a mimetizar os seus movimentos. Kuromi faria a ladra retirar o colar de si, o repousando na delicada caixa de cristal ao qual este era guardado. Daria então alguns passos, fazendo a detestável mulher avançar pelo corredor conforme e a menina se deslocava até o enfeite. Com o porta-joias em mãos, Kuromi realocaria a preciosidade até seu verdadeiro dono.

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