風邪

Essa missão... Ela tinha sido escolhida a dedo? Nesta tarde quando recebi do mensageiro o pergaminho que continha a descrição do que precisava fazer me assustava imediatamente em saber sobre a habilidade usada para realizar os ataques, manipular os corpos alheios à ponto de suicidarem, isso era exatamente o que meu hijutsu fazia, Rukia estava por trás disso? A pouco tempo ela tinha dito que fora sensei de meus pais, logo ela conhecia as habilidades de minha mãe, sabia do que se tratava isso tudo e escolhia a mim para realizar a proteção da testemunha... Agora a grande questão era... Quem estava por trás dos assassinatos?

Agora, passava pelas vielas de suna a caminho do hospital, nada parecia fora do comum, algumas pessoas fazendo seus trabalhos e crianças cheias de vida correndo soltas por aí. Alguns minutos de uma caminhada lenta e estava na recepção, apenas ergui meu braço e entreguei o pergaminho para a jovem trabalhando ali.

- Ele está no leito 302, nós precisamos do seu nome para a entrada. - A voz da mulher era pacifica que comungava com sua aparência angelical, digna de alguém que trabalhava em uma situação tão delicada quanto salvar vidas.

- Noira Shikatsu. - Continuei em direção ao leito designado.

風邪

Uma situação triste era encontrada por mim quando chegava até a sala onde o rapaz se encontrava, em coma, com tubos enfiados por sua garganta e um aparelho que parecia ser usado para forçar uma respiração. Toquei Nagini, quase como se tentando sentir a respiração da serpente e por um breve segundo me lembrava da jovem desconhecida que me mostrava o quão importante apenas puxar e soltar ar era, o quão grandioso podia ser. Realmente não tinha como não achar aquela situação triste, se estivesse eu no lugar do jovem, optaria por me deixarem morrer? O que será que se passa com ele?

- Você chegou! Que bom, a família dele acabou de sair daqui. - O doutor aparecia e se não fosse minha audição aguçada que ouvia seus passos se aproximando pelas minhas costas,  teria me assustado.

- Quais são as chances dele? -

- Verdadeiramente boas, talvez em um ou dois dias, estaremos dando o nosso melhor... E obrigado por estar aqui, rapaz.

Confirmei com a cabeça e enfim entrei na sala me sentando logo ao lado da cama e cruzando as pernas, Nagini escorregava do meu pescoço até meu colo se enrolando como sempre fazia para descansar e o silencio do leito era quebrado apenas pelos sons de bip do aparelho de respiração.

風邪

Os minutos se passavam, a luz do sol ainda se fazia presente e as coisas pareciam calmas, retirei de dentro de meu kimono um livro famoso, Arte da Guerra, a bibliotecária tinha dito que fora escrito por um senhor chamado Sun Tzu, que morava próximo à vila da pedra, em alguma montanha mais afastada das pessoas e que muito tempo atrás esse homem tinha realizado feitos monstruosos. Como esse livro tinha parado em Suna? Algum outro registro sobre esses tais feitos de guerra? Foram as primeiras coisas que passaram pela minha cabeça ao ouvir as palavras da mulher, mesmo sem acreditar muito, levei o livro para casa e estava lendo até com certa empolgação as palavras de Sun Tzu.

Continuei minha leitura, enquanto em alguns momentos que o paciente/testemunha piscava os olhos eu me virava para checar se o estado tinha mudado, mas nada parecia acontecer por hora, com o passar do tempo, a iluminação natural do céu começava a nos abandonar para dar lugar à lua e sabia que não poderia continuar lendo por muito mais tempo. “Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível.”

風邪

- Para ser vitorioso... Você precisa ver o que não está visivel. - A frase me atingia, conseguia puxá-la para diversos aspectos de minha vida, talvez... Só talvez, aquele homem enfermo pudesse tirar algo disso também. Me levantei e aproximei do leito analisando as bandagens na barriga do paciente, mais que muitas pessoas eu sabia exatamente como era ficar a beira da morte, como era passar por um estado de coma, lutar para sobreviver e em minha época eu não tinha razão alguma para continuar vivo, mesmo assim lutei.

- Já ouvi dizer que pacientes em coma conseguem ouvir o que dizem á eles... Quando eu estive em coma, não tinha muitas visitas, não me lembro de escutar alguma voz. Você não me conhece, estou aqui para garantir a sua segurança, parece que sua família veio aqui hoje... Escuta cara, você tem pessoas esperando por você, não demore para acordar... Para ser vitorioso, você precisa vvr o que não está visível.

Minhas palavras eram pesadas e por um segundo me questionei sobre o que estava fazendo ali, dando aquela palestra para um desconhecido, mas aquele homem era Sunense, e eu protegeria cada um daqueles em minha vila, assim devia ser, em um dos raros momentos em que eu falava muito era justamente para alguém incapaz de responder.

風邪

Caminhei até uma das janelas fechadas, a noite já tinha caído depois de algumas horas dentro do leito, até finalmente perceber um grande problema em minha presença ali... Se o assassino estivesse evitando entrar no quarto por sentir a minha presença de chakra? Era uma grande possibilidade, uma vez que a vida daquele homem poderia definir se descobririam ou não a sua identidade, era claro que ele invadiria o quarto na melhor oportunidade... Eu precisava criar isso.

Puxei a cadeira para um canto, onde a luz da lua não conseguia iluminar e já dominando perfeitamente a habilidade de supressão de chakra, eu apagava a minha assinatura de energia, apenas olhos muito treinados conseguiria me enxergar na sombra, faria da morte na sombra a minha pessoa aguardando a chegada do algoz, cujo viraria a minha vitima, com um bom interrogatório sobre esse tal controle de corpos.

Assim a noite passava, comigo precisando ter bastante paciência para conseguir concluir a missão, precisava apenas aguardar dando uma pequena brecha para que alguém aparecesse tentando finalizar o trabalho, e nessa hora eu poderia finalmente agir. Nagini por outro lado, parecia estar muito mais confortável que a mim, deitada logo abaixo da cama a serpente ficava quieta esperando a ação começar.

風邪

Bip... Bip... Bip...

Constante as maquinas que mantinham o homem vivo apitavam, a verdadeira canção da vida.

Bip... Bip... Bip...

Enquanto meus olhos estavam fechados diante daquela escuridão.

Bip... Bip... Bip...

Minha audição era o meu melhor sentido e nesta ocasião era a arma que tinha contra a falta de luz.

Bip... Bip... Bip..

Conseguia escutar nos quartos vizinhos pacientes que tossiam, se contorciam de dor ou resmungavam sozinho, dentre todos esses sons, passos se destacavam, vindo pelo corredor calmamente eram como se dançassem com os sons do aparelho, toda a situação ficava extremamente tensa enquanto me mantinha concentrado em ouvir os sapatos tocando o chão, pelo horário dificilmente seria um médico, ou um paciente.

Finalmente a figura aparecia contornada em sombra na claridade do corredor, com passos delicados adentrava no leito 302 e avançava lentamente contra a vitima.

Te peguei! Pensei, movendo-me em alta velocidade para sacar a espada e posicioná-la bem a frente do pescoço daquela figura.

- Se você se mexer um músculo está morto. -

Minhas palavras saíam calmamente, mostrando todo o meu controle sobre a situação, estiquei meu braço e acendi a luz vendo uma figura de jaleco branco que me confundia imediatamente.

- Éerr... Eu só vim checar o paciente. -

風邪

Abaixei minha espada e voltei lentamente para o lugar onde eu estava antes, quando estava perto de chegar ouvi passos rápidos pelo corredor.

- Merd- Me virei apenas para confirmar que o tal médico não estava mais no quarto, era claro que o assassino não entraria em um hospital sem disfarce. Maldito.

Saí do quarto em alta velocidade, não podia deixar que ele escapasse. Assim que pisava fora do quarto e olhava para o corredor escuro já não conseguia mais enxergá-lo graças a minha visão prejudicada, felizmente, podia contar com meus ouvidos para escutar sua respiração ofegante e passos apressados, mesmo que parasse de correr eu ainda iria encontrá-lo.

Continuei minha corrida guiado pelos meus ouvidos até quebrar em uma esquina e ver o homem para frente a uma porta dupla com um olhar malicioso no rosto. Ele juntava as mãos em um único instante enquanto meus passos seguiam em sua direção, mas nenhum jutsu parecia vir em minha direção, e no último segundo vi um jovem parando na frente do homem com uma expressão de pouca vida. Minha espada já estava em mãos, prestes a desferir um golpe e aquela cena me forçava a recuar. Não conseguiria parar minha velocidade com tanta facilidade e não podia ferir um inocente, meus pensamentos passavam como se tudo estivesse em camera lenta, sem outra alternativa impulsionei meu corpo para o lado chutando uma parede, o que me fazia bater no outro lado do corredor com força.

風邪

Havia batido com força na parede, o suficiente para me desnortear, porém, estava em combate e não tinha tempo para deixar a dor me vencer, me levantei com calma encarando o sorriso malicioso que o homem retribuía ao meu olhar afiado enquanto mais pacientes chegavam até ali saindo pela porta dupla ao seu lado, quase se arrastando eles tomavam a frente do assassino feio um escudo de carne e eu não podia simplesmente fatiá-los até chegar em meu alvo. Meus olhos fitaram o chão naquele corredor pouco iluminado, afim de ver a marca das sombras embaixo dos corpos controlados, mas nada... Ele não possuía o mesmo Hijutsu que a mim.

- Se entregue e eu evito te matar. - Friamente me direcionava ao assassino que possuía cinco pessoas claramente doentes servindo como escudo, minha cabeça, outra herança herdada de minha mãe cintilava, como se o tempo estivesse parado conseguia pensar em diversas estratégias para alcança-lo, mas o estado daquelas pessoas dificultavam muito, qualquer movimento falho meu e eles poderiam acabar condenados pelas próprias enfermidades, tinha que remover o controle, como? Cortar o mal pela raiz podia ser a solução.

- Vai precisar passar por cima deles primeiro! kikikiki..

Outra frase de Sun Tzu corria meus pensamentos: " Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar."

風邪

O corredor era pequeno, com uma iluminação precária e os pacientes controlados a frente do inimigo tornando difícil o acesso até ele, precisava de uma brecha... Saí de minha posição de guarda e vagarosamente enfiei a espada para dentro da bainha.

- Você está certo, o que quer? - Mesmo que minhas palavras não fossem as mais gentis, muito menos o meu olhar aconchegante, precisava fazer com que ele se acalmasse e quem sabe assim pudesse conseguir alguma brecha para meu ataque.

- Joga sua espada para mim. - Me desarmar era realmente uma opção válida, mas era nesse momento em que minha calma reinava. - Não jogarei a espada para cima de civis. - Lentamente um pequeno corredor humano se formava, deixando o assassino com o peito aberto para mim, mas as chances dele ver algum movimento brusco meu e se defender com os pacientes não era nula, tinha que agir rápido.

Desamarrei o fio da bainha de meu peito e a segurei, logo lançando-a para cima do homem de olhar debochado, agora era hora de agir. Quando a espada saía de minhas mãos, contava apenas um segundo e com um salto colava meus pés no teto através da manipulação simples de chakra e corri em toda a minha velocidade na direção do inimigo, com a espada embanhada ainda no ar, agarrei em seu cabo e com o auxilio da gravidade para exibir a lamina da arma apenas dei o meu golpe, direcionado ao pescoço do homem..

風邪

O som do metal batendo contra metal ecoava pelos corredores e me deixava espantado, após meu golpe tinha parado alguns metros pelas costas do inimigo e me virava para verificar se sua cabeça tinha caído, quando então ele se virou com um sorriso ainda maior em seu rosto feito um verdadeiro psicopata exibindo uma lamina que escorregava de dentro de sua manga.

- É tão maravilhoso olhar seus olhos quando estão tirando a própria vida, uma sensação magnifica! Eu tenho muitas cartas na manga senhor cãozinho da areia, você é rápido, mas eu também sou kikiki.

Ao menos agora ele não tinha mais o escudo humano, mesmo que os pacientes feito zumbis começassem a se locomover para protegê-lo, o psicopata avançava em minha direção prazeroso em exibir seus dotes no kenjutsu e era realmente muito bom, um combo de golpes vinha em minha direção , cortes desordenados e desengonçados, mas com uma velocidade espantosa que me forçavam recuar para conseguir bloqueá-los, precisava agir rápido, antes que os enfermos chegassem próximos de mais e fossem feridos até mesmo pelos golpes bagunçados do louco.

Precisava tomar alguma atitude e partir para o ataque quando ainda havia tempo, por sorte, ele não era o único com uma carta na manga.

風邪

Era certo de que eu não poderia fazer muitas ofensivas, afinal, ele recuaria e colocaria os pacientes à sua frente, esse jutsu não era igual ao meu, alguma variação? Infelizmente todas as minhas chances de saber mais sobre meu clã caíam por terra, não que me fosse algo muito importante de qualquer forma.

Fincava a espada no chão e começava com meus selos, claramente meu oponente não permitiria que eu realizasse algum ataque contra ele e assim voltava a vir em minha direção aproveitando o meu desarme, por baixo de minhas bandagens um sorriso surgia quando sabia exatamente como acabar aquela luta, premeditado, calculista, o ar saía de minha boca vagarosamente enquanto eu pegava a espada com meu saque rápido, iaido era uma técnica simplesmente magnifica e assustadora.

Tudo acontecia rápido demais, o golpe de cima para baixo do assassino era parado com um bloqueio de minha espada que guiava a dele rumo ao chão, onde ambas seriam cravadas, com a minha lamina atravessando sua sombra.

Soltei a arma vendo o homem com o corpo travado, era o fim da linha. porém, meus problemas ainda não tinha terminado, o grupo controlado continuava a caminhar em minha direção feito zumbis, eu podia parar os movimentos do assassino, mas não impedi-lo de utilizar chakra.

- Liberte-os. - Não precisava explicar nada além, meu olhar já dizia por mim que se ele não fizesse, morreria ali.

風邪

Encarava o sujeito que eu sequer sabia o nome e nem me importava em saber, aguardava que ele liberasse os enfermos de seu controle para que eu pudesse apenas prendê-lo, mas ele não fazia, eu não sabia dizer se era apenas insanidade ou se não acreditava que eu teria sangue frio o suficiente para findar sua vida, seja lá qual fosse, o resultado parecia já definido. Puxei uma kunai de minha cintura e de um olhar olhar em seus olhos, antes de crava a kunai em seu peito.

Quando o corpo caía para trás, os pacientes controlados desmontavam no chão, não tinha como realizar os socorros necessários, então desci rapidamente as escadas em busca da recepção, devia ter escutado toda a confusão e como civis, apenas aguardado para ver que fim teria.

- Feridos no terceiro andar. - Falei curto aguardando que a equipe do hospital subisse para realizar o tratamento; - O assassino está morto, reportarei isso. - Subi outra vez indo em direção ao quarto do homem em coma, que ao menos agora não precisava mais reviver seu trauma testemunhando. Entrei no quarto apenas para resgatar Nagini que parecia em sono profundo, à segurei em meus braços e caminhei rumo à saída.