[Jin]: — Nada como um treinamento não é mesmo, mamãe?

Disse para Rukia, enquanto estávamos fronte um com o outro, respirava firme e calmo, enquanto olhei fixamente para ela. Não era como se Rukia soubesse muito de tudo, mas sua imensidão de conhecimentos se deu também pela sua idade, durante tantos anos como shinobi, havia vivenciado inúmeras técnicas, e tudo o que sabia, foi ela quem havia me ensinado.

A marca em minha mão, brilhava e estremecia minha pele, parecia andar da minha mão até minha testa, acima do meu olho direito. E mesmo que tentasse contar sobre ela, não conseguia, afinal, todo esse processo, deveria ser coisa da minha cabeça.


Levei instintivamente a mão até em cima da marca, e decorrente de tudo o que havia acontecido comigo, não consegui demonstrar a dor que senti enquanto tudo isso ocorreu, e por isso, foi estranho o suficiente,  e perigoso, para fazer com que meu sharingan se ativasse sozinho, levando estranheza para minha mãe adotiva. A kazekage me abordou, mantendo seus olhos diretamente nos meus, o que demonstrava imensa confiança, afinal, éramos íntimos o suficiente para que ela ousasse me olhar nos olhos, mesmo com meu doujutsu, o rei deles, ativo.

[Kazekage, Rukia]: — Você está bem? Tenho lhe sentido estranho, não faz muito tempo. Tudo bem se não quiser falar, jovens são confusos as vezes, na minha época não era tudo que contava aos meus pais. e tudo bem - riu discretamente - Você havia pedido para que eu lhe apresentasse o contrato com kuchiyose. Você deve entender, que todos que usam esse tipo de jutsu, não sabem o que podem invocar, seu chakra lhe mandará para o que achar apropriado, e o animal, escolherá se irá querer ou não. Entenda, não é você quem diz se quer ou não, sua tarefa é convencer que merece confiança para esses bixinhos. Ou através de conversa, ou através de força.

Começou a falar, enquanto começou a andar de um lado ao outro, mantendo o seu braço esquerdo reservado, colado em seu peito.

[Kazekage, Rukia]: — Dito isso, leia esse pergaminho, e quando entender, podemos continuar o treinamento, não deve ser difícil pra você. Afinal, lhe tornei Jounnin não por acaso, e que Jounnin não consegue ler um simples pergaminho?

[Jin]: — Tudo bem! Não deve ser difícil, acho que inclusive, já deveria ter passado a próxima parte.

Não foi difícil ler o pergaminho, que provavelmente deveria ter sido pego de uma biblioteca particular, sua riqueza em detalhes e ditando inclusive a quantidade de chakra exata que deveria ser usada, não eram coisas que se encontrava em arquivos comuns. O tipo do papel, também era diferente, e parecia corresponder ao chakra nos meus olhos atraves do sharingan, provavelmente, era um tipo condutor, enxerguei chakra através dele.

[Kazekage, Rukia]: Espero que tenha entendido, pois agora, seu chakra precisa aquecer para que possamos continuar, não é uma quantidade exorbitante, mas podem haver incompatibilidades e mudanças conforme quão fiel sua própria rede de chakra está a você. Sendo assim, faça seu chakra passar por todo o seu corpo, recolher informações, e quando achar que deve, rague o dedo e bata a mão no chão. Cuidado, se você obter sucesso, e eu confio na sua competência, não há como saber o que virá a tona, se prepare inclusive para comportamentos agressivos dos animais.

E assim o fiz, fazendo passear o chakra em meu corpo com um grande controle de chakra, todos os musculos, ossos, tendões e órgãos respondiam enquanto meu chakra passeava por dentro de mim. Sua quietitude, aquecia-me e minha natureza elemental, agitava-o tornando aquela sensação única, e provavelmente algo que deveria ser percebido por Rukia, pelas vibrações e arrepios que um ninja médico com aquela experiência, não deixaria passar. E quando estive pronto rasguei meu dedo, batendo a mão contra o solo, aonde criou-se um selo, e saiu uma fumaça muito grande, que cobriu tudo em um raio de vinte metros, revelando o ser invocado.

Com a fumaça um bando enorme de corvos saiu e foi teletransportado para ali, quando dei por conta, existiam centenas de corvos, cobrindo uma área de vinte metros, voando em forma de domo comigo como centro. Tudo tornou-se trevas, e tive que usar do meu sharingan para notar a diferença de chakra, e descobrir que todos eles, individualmente tornavam-se uma unidade no coletivo.

Coberto por escuridão, olhei não para um ponto específico, mas começei a rodar olhando para todos eles. Olhando-me pareciam me reconhecer, de alguma forma, seus olhos outrora pretos, tomavam a aparência do meu sharingan, tornando o domo, antes escuro, em um tom rubro sangue, que clareava - ainda que pouco - o domo em que estava preso. Esperei com que falassem qualquer coisa, afinal, deveria ser um porre estar vivendo suas próprias vidas e ser invocado, do nada, literalmente.

[Bando de Corvos]: Humano. Crow. Por quê você acha que tem liberdade para nos invocar. Mas. Crow. Eu gosto dele. Quieto, estamos tratando de novo, com esses olhos maliciosos. Mas, perto dele, consigo notar que talvez ele consiga se juntar a nós. De qualquer forma, você precisa ser testado.

A escuridão parecia me engolir, pouco a pouco, diminuindo o domo que me envolvia.

Quando dei-me por conta, estava numa floresta extremamente escura, e depois de um tempo sobre o luar, acostumei-me com a claridade, e tudo que antes parecia extremamente escuro, agora era claro como a luz do dia. Respirei fundo, e percebi diversos corvos nas árvores, e um corredor extremamente extenso de árvores mortas, aonde os corvos pareciam cantar algo fúnebre.

[Ooiji]: Aqui deve ser a casa de vocês, agradeço por me trazerem aqui - curvei-me em sinal de respeito, com ambas as mãos coladas ao corpo, levantando-me na sequência - Vocês disseram que vão me testar. Como planejam fazer isso?

[Karasu]: Você irá passar por três testes, onde vai ser submetido a diferentes graus de perigo e vamos observar suas estratégias e expertise para sair dessas situações. Com esses olhos vermelho-sangue, você já deve ter notado, a floresta deve ser estranha, uma mescla de lugares ilusórios e reais. Sendo assim, a primeira tarefa deve ser fácil, recolha um galho de uma das árvores dessa floresta. O detalhe é, não deve tirar nenhum corvo dos galhos ao fazer isso. Divirta-se procurando galhos reais, e dentre estes, galhos vazios para que possa empuleirar.

Quando notei, os corvos haviam sumido, e olhando para cima, pude ver alguns em diversos galhos, e aqueles vazios, tinham uma circulação estranha de chakra: ilusão. Considerei o tempo livre para pegar nos meus bolsos os remédios que me ajudavam a ficar bem, com minha depressão, e toma-los antes que os efeitos da falta daquilo começarem a agir.

Depois de tomar os remédios, senti-me anestesiado, como se aquilo que apertava meu peito desaparecesse completamente. Me dava ânimo para que pudesse procurar e realizar a tarefa que fora proposta. Provavelmente, não conseguiria concluir aquela missão, mesmo que tentasse. Mas aquilo não me impediu de tentar, pensando em falhar miseravelmente.

Começei a mover-me em velocidade máxima de nove metro por segundo, procurando por um galho específico em uma floresta de árvores mortas. Aquele local era estranhamente melancólico, e me deixava ainda mais deprimido, mas, felizmente, não existia ninguém para que minha infelicidade pudesse contagiar. Isso me deixava estranhamente feliz, de certa forma, era responsável por influenciar as pessoas a minha volta, e foi isso, talvez, que ativou minha marca.



Enquanto estava em alta velocidade, senti como se meu corpo quisesse explodir. Um sentimento de misericórdia caia sobre mim, e uma vontade de amar, todos, independente de qualquer coisa, a minha própria maneira. Um dom divino sobre uma marca maldita.

Os corvos, repararam na cena e começavam a gritar, sentiam o medo e o poder ecoando dentro de mim, fazendo-os voar em diversas direções. As imagens de ilusão também se tornavam oscilantes na presença daquela marca que começava a brilhar em um tom roxo. Meus olhos, pareciam ainda mais vivos, e a depressão e quietude, eram preenchidas com amor. Quando levantei-me, a marca estava exposta. E a maioria das árvores haviam sumido, restando apenas galhos vazios perto de mim. Os corvos, haviam se reunido longe daquele poder avassalador, o que me permitiu cumprir a tarefa com êxito.

Com o galho em mãos, aproximei-me do bando de corvos, e joguei no chão. Olhei para todos com uma face de paz e tranquilidade, eu agora, sentia algo tão especial para com os corvos, e a influência da marca era tão recompensadora que pouco pensei em dizer qualquer coisa, senão:

[Ooiji]: Vocês meus amiguinhos, vocês não me odeiam não é? Pois eu os amo, tomem o que pediram, trouxe especialmente para vocês.

Sorri de uma forma sugestiva, e enquanto os olhei, a postura de antes estava completamente diferente, estavam arrepiados e empuleirados na mesma árvore, todos eles. Pareciam ter medo, mas mesmo assim, o chakra avassalador não foi suficiente para que interrompessem a avaliação.

[Karasu]: Medo. Crow. Sua próxima missão, vai ser matar uma águia que vem nos importunar todos os dias pela noite. Crow. E depois, vamos firmar contrato, pode ser assim? Crow.

Respondi afirmativamente e passei a esperar na mais alta árvore do legal, quando a maldita ave aparecesse.

Em cima de um galho alto e firme, pude ver quando o enorme animal se aproximou, era uma ave gigantesca, e provavelmente teria problemas para lhe enfrentar, isto é, se eu realmente não lhe amasse. E quem ama, não pode ter medo do seu amor. Tomei os remédios novamente, não me sentia deprimido, no entanto, acreditava fielmente que este amor, seria passageiro e seu efeito já estava passando. Restaria, quando terminasse, medo, solidão e quietitude, novamente.

Quando o animal chegou perto o suficiente, parei-lhe ativando meu sharingan e fazendo-o constringir seus movimentos.

[Ooiji]: Excrucio.

Provocar dor era uma sensação maravilhosa para mim, subi em cima do animal que se contorcia com o efeito do sharingan que lhe apertava a garganta e dava uma sensação semelhante a um enforcamento através de garras ou dentes. Para o animal, era como se um outro houvesse lhe pegado pelo pescoço, e agora estivesse apertando, até que sua vida terminasse. Aproximei-me da sua garganta e lhe cortei com uma espada de chamas, que além do corte, fez com que todo o seu corpo incinerasse. Acabando com seu sofrimento.


Depois disto, aproximei-me dos corvos e novamente, prestei minha humilde solidariedade, demonstrando uma pena do animal gigante.

Não demorou muito e os corvos desceram para perto de mim, transformando-se numa cópia perfeita de mim mesmo. Eles carregavam um pergaminho muito extenso com diversos nomes e coisas do tipo. Assinado com sangue e com a digital de todos os usuários. Alguns nomes estavam escuros e ilegíveis, julgava que eles deveriam estar mortos, talvez.

[Karasu]: Assine aqui. Crow. Seu nome e digital e o contrato vai ser firmado.

Assim o fiz, rasgando meu dedo e assinando aquele papel em sangue, sendo teletransportado de volta para Sunagakure no Sato quando os corvos novamente me cercaram e num vórtice senti-me deslocado. Rukia estava me esperando sentada em forma de lotus no chão, parecia cochilar como a boa coroa que era. Quando voltei no entanto ela se levantou e disse

[Kazekage, Rukia]: Você conseguiu então?

[Ooiji]: Ainda não sei como fiz, mas agora os corvos me servem.

Olhei para o meu dedo e lembraria frequentemente do chakra que havia investido para que pudesse firmar o contrato, assim como aquela maldita marca, como conseguia controlar meus sentimentos e por quê ... eu gostava tanto daquela situação. E assim, fui até o gabinete da Kazekage, aonde no meu quartinho nos fundos do seu escritório, comecei a dormir, afinal, tempos difíceis estavam chegando, e precisava estar no meu máximo para que pudesse dar o meu melhor, e salvar minha vila, arriscando tudo o que fosse preciso para que isso acontecesse, inclusive.