As condições neurais da ansiedade eram péssimas. O nervosismo o conduzia lentamente, divagando nos pensamentos, a ausência de paciência — ou, simplesmente, impaciência. Os ruídos de baixa proporção dos dedos em constante atrito a superfície, tilintando. E, neste ínterim, respiração longe do compasso comum. Aguardava no cômodo de espera, nada distante do gabinete central do mural de missões.
Pouco tempo depois do raiar do astro-rei, um superior o chamou em porta, anunciando uma nova missão ao genin. Naturalmente, foi-se de encontro ao local designado.
Os minutos parados soavam como uma silenciosa eternidade, mesmo que o ambiente se preenchesse com vozes de conversas alheias. Sequer prestou atenção em alguma, exceto naquela familiar que o clamava. Acompanhado ao interior do salão, enquanto passava a língua entre os beiços secos, o profissional o atendeu.
No instante em que recebeu o pergaminho nas mãos receptoras, no posterior já abria. Os olhos de âmbar corriam pela grafia transcrita no papel, orientado pela ordem vertical da escrita. Unificando as sobrancelhas, o conteúdo trouxe certa estranheza. Ao mesmo tempo em que findava a rápida leitura, o designado especulou informações das quais Seiji pensou em conjunto.
— Isso é uma tentativa de acabar com a comunicação do vilarejo. — Fez o pensamento. Enrolou o objeto no estado natural no qual lhe deram. O fixou com a corda ao centro novamente.
— Trarei respostas a respeito disso. Obrigado! — Falou. Todavia, a voz ressoava sem a baixa energia proeminente da timidez.
Despediu-se diante da curvatura da coluna para frente, um gesto de respeito.
Nome: A morte dos pássaros
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Descrição: Alguém ou algo está matando os pássaros mensageiros da vila, seu dever é investigar o ocorrido.
Total de palavras no texto acima: 266.
Última edição por Seiji em Sáb Mar 05, 2022 10:55 pm, editado 1 vez(es)
Os costumeiros passos lentos tomaram a velocidade. Aprumados, rumaram em uma direção. Conhecia relativamente boa parte da geografia de Kirigakure, como localizações de estabelecimentos, e dentre os quais, conhecia o caminho ao aviário. O local era próximo ao ponto de partida, o alcançando em pouco tempo. Nada mais justo iniciar as investigações por lá, visto que tratava-se do início e fim do trajeto dos mensageiros de asas.
Nele, foi recebido por um homem pouco mais velho — por volta de 20, no máximo 30 anos. Apenas um dos subordinados do responsável. O apresentou a carta da missão em resposta à razão da visita supostamente aleatória. Aquele o leu tão velozmente como o Juugo quando o recebeu. No movimento da cabeça, o convidou para ver o interior.
Passeando entremeio aos corredores estreitos, pelos cantos da visão avistava inúmeras salas laterais repletas de aves engaioladas. No entanto, numa análise rápida, os animais domesticados possuíam aparência bem cuidada. Ao fim do corredor, uma porta se abriu pela metade e revelou a passagem. O menino seguiu a sós desde então, somente na companhia da própria sombra.
A vista privilegiada de Kirigakure, no topo da sala mais alta do grande prédio dos pássaros mensageiros. Uma figura o aguardava de costas, fitando o céu profundo ocultado no denso nevoeiro presente pelas redondezas.
— Com licença? — Pretendia dizer, mas a voz gutural o veio a interromper.
— Enfim, o Mizukage compreendeu a gravidade da situação. Mas, um garoto? Não sei se será o suficiente para tal tarefa. — O desconhecido soava seguro de suas palavras. Tanta força que colocava pressão sobre os ombros fartos de Seiji.
Nome: A morte dos pássaros
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Descrição: Alguém ou algo está matando os pássaros mensageiros da vila, seu dever é investigar o ocorrido.
Total de palavras no texto acima: 267.
— Bom… — Coçando os fios presentes na cervical, mais uma vez teve a fala cortada.
— Não precisa pedir desculpas, jovem. A culpa não é de ninguém, além de minha. — O giro de 180º nos próprios calcanhares proporcionou vislumbrá-lo. Desconhecia o semblante enrugado do mais velho.
— Aliás, devo me apresentar. Sou o mestre deste aviário, portanto, controlo boa parte da saída e entrada de informações desta cidade.
— Eu suspeitei. — Evitou o comentário falado, mas não nos pensamentos.
— O incidente que o traz aqui vem ocorrendo há tempos. Não, certamente há cerca de um mês. Inúmeras vezes reportei às forças para receber uma assistência, mas aparentemente somente agora enviaram um indivíduo para me ajudar.
— Poderia me falar mais da ocorrência? — Recolhendo os braços rente ao tronco, fez a indagação.
— Nossos pássaros têm sido mortos misteriosamente e aleatoriamente em suas viagens. Encontramos alguns dos corpos nos arredores da cidade, quando desconfiamos do sumiço repentino. Eles possuem machucados gravíssimos até mesmo para um ser humano, alguns até desfigurados inclusive. Embora os gaviões sejam criaturas predadoras da natureza, acredito eu que estamos a lidar com algo maior.
— Tipo o quê exatamente? — Tornou a perguntar. Franziu a tez.
— Difícil dizer, são infinitas possibilidades. Talvez um animal faminto. Talvez uma atividade sobrenatural. Talvez um inimigo interceptando.
— Poderia ser este último? — O mirava com seriedade.
— Possivelmente não. Os mortos foram localizados com as mensagens intactas. Se fosse o caso, além de matar as pobres aves, acredito que gostariam de saber o conteúdo presentes.
— Ele tem um ponto. — Desviou o olhar, pensativo.
— Agora vá e me traga respostas. — O tom de ordem e autoridade fez posse da fala dele.
— Só um instante. Consegue me mostrar a rota que as aves tomavam? As que morreram, isto é.
A informação em questão o traria um rumo a seguir adiante. Esgueirando até a janela mais próxima, o operador do estabelecimento apontou o indicador ao norte. Tomando essa visão, Seiji assentiu e sumiu do campo de visão daquele, deixando-o só.
Nome: A morte dos pássaros
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Descrição: Alguém ou algo está matando os pássaros mensageiros da vila, seu dever é investigar o ocorrido.
Total de palavras no texto acima: 370.
Parte dos vestígios do problema resolviam-se aos poucos, exceto pelo problema em si. Um grande problema, dizia-se de passagem. Largo. Troncudo. Com pares e pares de presas afiadas, além dos membros rijos.
Ao norte, seguiu o percurso aos portões exteriores. Informou a saída aos guardas. Como previa sempre o pior, dado o pessimismo de seu ser, alertou que se não voltasse dentro de algumas horas, era um caso perdido.
E, possivelmente, mais um corpo morto.
A trilha de terra batida levantava um pouco de poeira conforme depositava os pés ao solo em cada pernada. Diminuía os passos na tentativa de reduzir ruídos possíveis. Enquanto se distanciava da vila, adentrava mais o desconhecido do mundo exterior. Uma mata cerrada de árvores colossais se formava, e a trilha desviava por outro caminho.
Ao invés de segui-la, persistiu em invadir território ameaçador. Longe da segurança da vida cotidiana, escondia a forma da silhueta detrás das plantas alongadas. Eram tão velhas como o tempo, as rugas na superfície denunciavam a idade.
A audição captava unicamente as vozes dos nativos — animais de diversas espécies. Acreditava que a sua presença mesclava-se ao meio ambiente, embora não houvesse provas táteis para tais alegações de pensamento. Prosseguiu em cuidado e alerta. A visão tentava acobertar o perímetro em torno de si, caso fosse imaginável.
A luz se tornava cada vez mais escassa, as folhas das árvores criavam um manto protetor. Do mesmo modo, sentia uma friagem eriçar os pelos. Adentrando, em seu pé, recebeu um tato.
Secou e pouco ciente do que veria logo em seguida, desceu o olhar. Entalou o seco no meio da garganta. Uma gota de suor frio escorreu nos cantos da face. O frio subiu pela espinha ao reparar no bico quebrado. Nos olhos estáticos, sem vida. Um pequeno ser alado.
Melhor dizendo, apenas a cabeça dele.
Segurou a palavra de baixo calão, as mãos repousavam acima dos lábios curtos. Pensou em recuar para trás, mas não era dever digno de um shinobi. Cursou os olhos para outro momento, enquanto respirava fundo e expirava. Pôde reparar numa trilha criada no rastro vermelho do membro separado até encontrar Seiji.
A vontade de desistir era insistente, entretanto, continuou. Continuou naquela nova direção.
Depois de mais metros de caminhada, uma clareira tinha sua existência no centro da região florestada. Nela, repousava uma besta fera. Um animal que o Juugo sequer sabia distingui-lo. Repousava sobre uma pilha de cadáveres de outros animais, restos que não serviam mais para saciar a fome. A certa distância segura, escondido nas árvores, localizou algumas das aves perdidas — e, consequentemente, falecidas.
Analisando as circunstância ao redor, haviam marcas por todo comprimento das árvores. Aparentemente, o demônio encarnado era bom em escalada. E por isso conseguia capturar seres viajantes pelo céu. Em seu tamanho assustador, Seiji sabia que não tinha condições nenhuma de enfrentá-lo. Seus ossos seriam utilizados exclusivamente para limpar os restos de carne nos dentes.
Sem pensar duas vezes, deu meia-volta. Retornou nos mesmos passos, no entanto, mais frenéticos.
Assim como reportou às autoridades, fez o mesmo ao líder do aviário. Lidar com aquilo já não era mais responsabilidade sua.
Nome: A morte dos pássaros
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Descrição: Alguém ou algo está matando os pássaros mensageiros da vila, seu dever é investigar o ocorrido.
Total de palavras no texto acima: 518.