Em seu segundo dia naquela vila, Momo concluiu que eram pessoas muito singelas. Queriam apenas saber de passar as pernas em vizinhos e roubar animais. Imaginou se conseguiria ficar ali por muito tempo; não parecia ser o tipo de lugar em que seria procurada, mas, também, não havia muito o que fazer. E Momo era uma pessoa hiperativa, tinha a necessidade de se manter ocupada.

Conseguiu um trabalho mais fácil do que no dia seguinte; aparentemente, o ladrão de galinhas tinha cochichado seus feitos para um ladrão de porcos e, agora, tinha sido incumbida de roubar mais animais. Empoleirada em cima de uma árvore próxima do curral dos porquinhos, a rosada avaliou o ambiente e a sua proteção — ou falta dela.

Seu plano de soltar as galinhas no dia anterior parecia ter não apenas servido como distração, como sequer perceberam que algumas aves tinham sido roubadas. Talvez, dessa vez, Momo deixasse claro que alguém estava por trás do desaparecimento dos baconzinhos. Ela gostava de ver a curiosidade, especulação e desconfiança das pessoas. Deixava as coisas mais divertidas.

Saltou da árvore, utilizando as estruturas que encontrava pelo caminho para chegar até o curral sem ser vista. Não havia nenhum civil por ali, porém, a nukenin percebeu que sua maior dificuldade seria transportar os porcos. — Vocês são tão barulhentos, tsc, tsc. Pena para vocês! — Resmungou, chegando a conclusão que teria que matá-los, para que sua presença não fosse notada.

Eram quatro porcos, de tamanho médio. Um por um, Momo se aproximou, acariciando suas orelhas cheias de pele até que eles se tornassem mansos e, ao ficarem quietos, passava a lâmina da kunai em seus pescoços. Deixava-os sangrando e ia para o próximo, utilizando a mesma técnica. Ao fim, quando todos estavam mortos, os enfiou dentro de um saco oferecido pelo seu empregador, e o jogou nas costas.

O peso dos animais dificultou sua corrida, porém, como não havia maneira plausível de explicar o motivo de carregar um saco sangrando pela vila, Momo se esforçou para correr sobre os telhados das casas. Ao findar o serviço e entregar o saco ao açougueiro, este percebeu o sangue e se recusou a realizar o pagamento. — Ora, você pediu para eu trazer os animais, não para trazê-los vivos. Acho melhor que você pare de reclamar, a não ser que queira que eu corte seu pescoço, também.