Era oficial, estava deixando Yugakure. Ao alcançar a estrada principal, uma leve brisa lambeu sua silhueta, fazendo várias mechas rosadas balançarem; Momo pegou um punhado de cabelo entre o dedo indicador e o médio para arrumá-lo atrás das orelhas e, no processo, levou os fios até o nariz, cheirando-os. Torceu os lábios numa careta mal-humorada. Essa cidadezinha de merda, estou fedendo à bicho até agora.

Apesar de todo o trabalho — e, principalmente, apesar de todo o tédio, sua estadia em Yugakure havia rendido frutos. Tinha dinheiro o suficiente para uma viagem até Uzushiogakure e, mesmo que acabasse lhe faltando durante o percurso, tinha certeza de que conseguiria um trabalho. As pessoas cochichavam já nas ruas da vila, falando a respeito do demônio-cor-de-rosa. Ao menos, nem que fosse para roubar galinhas, alguém iria confiar em seu potencial.

Ao caminhar, observou, um pouco à frente de sua posição, um homem que parecia pedir por algo, a outro que era acompanhado por uma dama. O casal não lhe deu ouvidos, de modo que a Uzumaki pensou se tratar de um pedinte qualquer. Contudo, quando se aproximou o suficiente e ele a viu, as palavras proferidas contra ela não diziam respeito a um pedinte — ou, caso se assim fosse, era, de fato, um pedinte exótico.

“Você, criatura cor de rosa! Duele comigo! Se existe honra dentro de você, mostre-me! Ou viva como uma criatura insignifcante!”

Momo tombou a cabeça ligeiramente para o lado, encarando-o curiosa. Não imaginava que existissem pessoas assim; que provocassem outras de tal forma. O que ele ganhará se eu duelar com ele, afinal? Além de uma surra, é claro. Acabou concluindo que, aquele homem era um lunático. E, assim como o casal momentos antes, decidiu apenas ignorá-lo.

O homem, entretanto, não parecia feliz em não ter a atenção sobre si mais uma vez. Segurou na manga de Momo, impedindo que ela continuasse sua caminhada. O gesto fez a garota se irritar e, com movimentos rápidos de um ninja, ela sacou uma kunai de sua bolsa, virando-se e mirando acertar o peito masculino. Conseguiu rasgar o traje alheio, mas o homem também era bom, e acertou sua espada na mão de Momo, na intenção de desarmá-la e lhe dar um último golpe.

Provavelmente, ele pensou que a dor seria o suficiente para pará-la. Mas, Momo não sentia nada. Nem dor do ferimento talhado em sua mão, nem piedade em mirar a kunai novamente no peito masculino. Dessa vez, sua intenção não foi rasgar, mas, sim perfurar, e foi o que ela fez. Cravou sua faca contra o homem, e a retirou logo em seguida, para que o sangue fluísse para fora.

Ele ainda estava vivo enquanto a nukenin remexia em seus pertences, procurando por dinheiro e outras coisas de valor. — Que diabos! — Resmungou, mais para si mesma do que para o homem que desfalecia em sua frente. — Agora, não vou poder sair dessa porcaria de vila, não até um médico me atender. Maldito seja, e espero que arda no fogo do inferno.