— É algo que realmente pode vir a calhar eventualmente, que bom que encontrei esse pergaminho! - Kuro, pode ir pra casa, já vou na sequência, preciso me livrar dos corpos desses rapazes aqui. Diria para o meu gato com duas caldas, sobre estar em cima de uma pilha de cadáveres. Respirei fundo e com os ninjas que havia tomado controle usei uma técnica Katon para os pulverizar em um único instante, fazendo que inclusive, o próprio ninja entrasse na fornalha improvisada. A cena não foi nada bonita, vê-lo suicidando-se sem nem ao menos sentir dor, ou ódio por mim.

Em um instante, todos carbonizados. Peguei o pergaminho com desenhos de tinta, um potinho de tinta e alguns pergaminhos para ir até casa. A ideia principal era descobrir como aquele maldito ninja conseguia trazer coisas do papel para fora, com aquela tinta que parecia ser imbuída em chakra. Era estranho como ele lutava, e senti um arrepio estranho quando ele pareceu desenhar dois deuses no papel, curiosamente, tomei o cuidado necessário para lhe mantar, antes que se efetivasse a técnica. No entanto, me perguntava se aqueles dois brutamontes viessem a terra, talvez a luta poderia tomar outro rumo?

Não importava, chegando no meu esconderijo, coloquei e estendi aquele pergaminho na minha bancada alimentícia. Tentei absorver o máximo de informação possível com o auxílio do kagura shingan, queria sentir como o chakra se comportava no papel, e qual relação da tinta em interação com aquela técnica ninjutsu.

Kuro:

O chakra se comportava de forma estranha no papel: era como se fosse uma fera, precisava sair, gostaria de sair, e a cada momento pedia por isso. Em algum momento, alguém deve ter dito isso, e provavelmente, esse entendimento havia circulado e retornado aos tempos de agora, sob minha responsabilidade. A arte é viva, ou ao menos deveria ser. Quando o artista morre, sua arte preserva sua essência, ignorando a barreira do tempo, a arte pode ser definida e interpretada de diversas formas, e por isso, pela interpretação da arte, ela é tão importante.

Eu acredito que eu entendi o funcionamento dessa técnica Respondi a mim mesmo, pegando um dos pergaminhos que estavam manchados inclusive de sangue, e havia roubado de um dos guerreiros que tentou me enfrentar - tal como a tinta e o próprio conhecimento daquilo - e começando a praticar os traços. Um pássaro, era minha primeira criação, traços longos molhando o pincel na tinta e passando no papel texturizado do pergaminho, que parecia absorver curiosamente bem aquela mistura, como se houvesse sido feito para aquilo.

Depois de desenhar todos os pontos daquela criaturinha, o que se sucedeu foi: tentar tirar aquilo do papel e dar vida. Comecei, infundindo brevemente chakra no papel, e o expelindo para fora. Como um mestre em controle de chakra, aquilo se fez absurdamente fácil. Tendo tudo isso em mente, meu desenho simplesmente não era liberto, e permanecia em formato 2D, algo estava errado.

Kuro:

É de se esperar, eu não deveria ter matado aquele maldito ninja. Agora tenho que aprender sozinho. Mas, e se o erro estiver na forma que desenhei, e não em retirar a figura? Precisava testar minhas teorias, ver no que estava errando, pra poder melhorar. Peguei o desenho que já estava feito e experimentaria, de diversas formas, tentar tira-lo do papel. Todas as vezes, uma falha diferente, talvez, fosse algo muito difícil para quem estava começando, e também, provavelmente, extrapolaria a quantidade de chakra que conseguia colocar e experimentar em mãos sem que se tornasse um deficit.

Quando convivia nas sombras, com um prêmio por sua cabeça, qualquer recurso podia ser importante. Afinal, quando se estava em mais lençois, coberto por inimigos, há algo que pode despertar, a vontade de viver, a força pra continuar e quebrar as expectativas. Respirei fundo, meus olhos brilhavam num tom de azul safira, puxei a criatura de tinta com ambas as mãos, colocando as mãos pra dentro do pergaminho que parecia desenha-las. Se não vinha por bem, iria vir por força.

Puxei, como se estivesse segurando a mão de um colega de longa data. E puxando, invoquei aquele enorme avatar, que, decorrente da minha inexperiência, se desfez em tinta antes que pudesse receber os primeiros comandos. Ao menos, agora possuo um norte. Respirei aliviado, e continuei desenhando seguidamente, para aprimorar minhas qualidades como pintor, e eventualmente, melhorar a velocidade e qualidade das minhas futuras invocações.

Kuro: