- Senhoras e Senhores! Apresento à vocês a grandeza, a genial, a incrível Shimizu! - Bolas de fogo eram lançadas vangloriando a bela mulher que descia pelas escadas, eu já tinha ouvido falar dela, uma estrela em grande ascenção, um mundo completamente diferente do meu, ela estava em seu auge, já era uma mulher adulta, com toda sua carreira formada e eu apenas um mero ninja recém formado, e entre todos era eu o escolhido para fazer a escolta da mulher. Ela entrou com toda sua elegância dentro da carruagem chique enquanto diversos civis buscavam arrancar alguma palavra dela, que se mantinha em silêncio até finalmente entrar no veículo, onde eu já estava esperando.

- Aaah finalmente um pouco de paz para minha pessoa, algumas vezes eu só queria ser alguém desconhecido! -

- Não diga isso Shimizu! Você está no auge, em breve seremos os mais ricos de nossa terra natal! -

Conversava a mulher com o senhor ao seu lado, sem sequer notarem a minha presença ali. Era curioso as palavras que a mulher dizia, eu jamais poderia imaginar como seria viver tendo tantos seguidores, enfim, precisava me pronunciar para que dessem conta.

- Éeer... Olá, eu sou Kanni Kaguya. -

- Uaaah  quem é você!?!? - A mulher balançava os braços em cima da cabeça descontrolada como se tentava invocar alguma arte marcial desconhecida.

- Se acalme senhorita, esse rapazinho foi contratado para nos ajudar, devido à aquelas ameaças que você vem recebendo. -

Balancei a cabeça positivamente concordando com as informações do senhor, que inicialmente acreditei que fosse o pai da mulher, mas pela forma que se tratava à ela, provavelmente era um empresário ou agenciador, sei lá.

- Esse pitico de gente? vai me proteger? E quem vai proteger ele? - Esnobava. Nesse momento me vi tentado a arrancar o meu fêmur e bater na cabeça dela, mas infelizmente ainda me faltava treinamento para conseguir realizar tal proeza, então apenas olhei para a janela, onde algumas pessoas ainda cercavam a carroça.

- Tsc. - Eram muitos fãs e a possibilidade de alguém naquele meio ser a tal pessoa que esta ameaçando seria realmente grande, alguém como ela pode atrair todo tipo de gente, gananciosos atrás de um dinheiro de resgate, um fã louco e até mesmo alguém que está descontente com a atitude esnobe da atriz, muitas possibilidades e um caminho longo pela frente, esperava que todo o trajeto fosse tranquilo, mas não tinha como ter certeza disso.

- Você tem algum indicio que possa dizer um pouco sobre essa tal ameaça de sequestro? - Perguntei tentando demonstrar um pouco de seriedade e profissionalismo, enquanto vagarosamente os animais começavam a puxar a carruagem para finalmente começarmos a nossa viagem.

- Não sabemos, apenas recebemos uma mensagem do fã clube de Shimizu, não sabemos como eles conseguiram essa informação. - Eu sentia que esse mistério não seria revelado por mim, talvez alguém de patente maior, um investigador, tivesse sido enviado para a sede desse tal fã clube para coletar mais informações, no fim o meu trabalho não era para fazer perguntas e solucionar um mistério, mas só garantir a segurança daquela viagem.

- Entendo, vou garantir que esse sequestro não seja concretizado então! - Exibi minha confiança shinobi, mesmo que a mulher presente ali não desse muito valor para minhas capacidades.

A viagem continuava com o silêncio dominando o lugar, a mulher dormia em poucos minutos após começar o balançar de movimentos do veiculo seguindo caminho, enquanto o senhor lia algumas cartas e assinava outras coisas, quanto a mim apenas ficava observando a rota pela janela, sabia que a viagem não seria muito longa por se tratar de um vilarejo próximo de Iwa.

Minha maior batalha ali parecia ser contra o sono, que querendo ou não começava a me atingir, olhava para a dupla a minha frente e percebia que agora o senhor também havia cedido aos prazeres de um bom cochilo, o balançar da carruagem devia trazer algum tipo de despertar biológico, de quando as mães ninam os bebês, só isso podia explicar o quão cansado eu estava. Retirei de minha bolsa uma caixinha de leite e apreciei o liquido deixando entornar um pouco pelo canto de minha boca e quando estava limpando começava a sentir a carroça diminuindo sua velocidade.

Me haviam algumas escolhas a fazer, aguardar ali, ou verificar qual era o problema, bom, a segundo me soava como uma escolha melhor. enfiei parte de meu corpo pela cortina que separava o sujeito que estava guiando, de nós três, e então perguntei:

- Algum problema, senhor? -

Falei um pouco desconfiado enquanto tentava buscar no fim da estrada algum sinal de problema, mas nada parecia estar por ali, a escuridão dificultava muito a minha busca, o homem poderia ter visto algo se movendo no mato. Foi então que resolvi olhar para o condutor e tive o desprazer de ver pela primeira vez uma pessoa atingida por uma kunai em sua cabeça.

Segurei toda a força que queria sair de meus pulmões em forma de um grito e me joguei para trás com força, o suficiente para bater na parede da carruagem pela parte de dentro, justo no lado onde estava a atriz e o senhor, bem entre eles eu caí com os olhos arregalados. Não parecia uma missão de escolta tão simples assim, tinha matado aquele sujeito, sabia que meu caminho seria repleto de mortes, de pessoas próximas a mim inclusive, mas tinha apenas treze anos e com certeza não era uma cena que eu desejava assistir, meus ossos tremeram dentro de meu corpo, como se minha genética desejasse o combate, a adrenalina tomava conta de meu corpo e todo aquele baque inicial se transformava em motivação.

- O que houve!? - Falava em desespero Shimizu, antes que eu pudesse responder, o senhor ao lado complementou. - Por que estamos parados!? - Certo, duas questões simples de serem respondidas, mas que poderia alarmar e muito eles, eu precisava ser cuidadoso com minhas palavras, evitar que eles entrassem em pânico, precisava botar em prática tudo que tinha aprendido e os tranquilizar de alguma forma, passar alguma confiança.

- Fiquem calmos e abaixados, o condutor foi morto, precisarei sair para encontrar quem fez isso, não saíam daqui, não se mexam. - Deixava toda minha auto confiança sair para que pudesse passar certeza de meu sucesso para a dupla amedrontada.


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Tanto o senhor quanto a atriz me obedeciam, claro, em momento de medo eles não tinham a quem confiar à não ser em mim, e isso era um peso que eu precisava compreender, aceitar que aquela era a vida que eu tinha escolhido.

Agora como eu poderia agir naquela situação de forma que uma kunai também não acabasse enfiando na minha testa? Era difícil... Desci com um pulo da carruagem, tentava não dar tempo para que me atingissem, ainda não tinha certeza de quantos eles eram em números, então precisava sondar um pouco antes.

Me escondi na primeira árvore que vi, pegando uma proteção nela, e tentei primeiro analisar toda a situação, ver se algum mato estava mexendo, ou qualquer coisa do tipo. Por sorte, ou azar, um bandido surgia e caminhava cautelosamente em direção à carruagem, vinha do outro lado, provavelmente não tinha me visto sair, era uma boa oportunidade para atacar.

O grande problema era saber se ele estava sozinho ou não, não podia agir sem zelo e ficar a mercê de um outro comparsa, ou outros. Continuei escondido apenas olhando, buscando se outro iria aparecer ou não, deixar até o último segundo para agir e ter a certeza de ter tomado a decisão certa.

Antes que o sujeito pudesse chegar ainda mais próximo da entrada da carruagem, onde estava Shimizu e o senhor, agi rápido e disparei alguns ossos de meus dedos na direção das pernas do homem, tinha um plano para que tivesse feito isso, os disparos saiam rápidos, quatro projéteis que serviriam apenas para causar algum dano nele e diminuir seus movimentos, a ponta dos ossos de minha mão voam e conseguiam o atingir, ao menos dois ou trâs acertavam o alvo.  Logo em seguida fui em toda a minha velocidade para surpreender o raptor.

- Se você se mexer, vou explodir a sua cabeça! - Falei tentando soar o mais intimidador possível, mesmo que ele fosse mais alto, fiquei próximo o suficiente e deixei minha mão direita apontada para seu crânio.

- Saía de onde estiver, ou vou matar o seu parceiro! - Gritei em alto e bom tom, afim de fazer o segundo, ou mais, bandidos se renderem.

- Com quem você está falando, garoto!? -

A surpresa na voz do homem era clara, via que em sua mão direita ele carregava com si uma kunai, quase como se condenando sobre ter atirado a outra no condutor.  Estava agindo sozinho.

- Acha mesmo que vai conseguir me impedir!? Eu vou tê-la só para mim! -

O homem abandonava a postura defensiva em grande velocidade e vinha tentava uma estocada em minha barriga, se não fosse o dano que eu havia causado em suas pernas não conseguiria me esquivar a tempo, mas não percebia o chute vindo em minha direção, um golpe que me lançava para a lateral.

- O que acha que pode fazer, garoto? - Me ignorando ele avançava para entrar na carruagem, parecia obstinado em realizar aquele sequestro. Seria um grande problema se conseguisse, portanto, ainda caído mirei minhas mãos no homem e agi de uma forma pouco honrosa, atacando pelas costas outra vez. Atirava novamente de minhas mãos sem uma mira perfeita no sujeito, mas dentre os quatro projéteis de ossos que saíam da ponta de meus dedos, um único o acertava... Bem na nuca. - Mer... - A palavra fugia de meu linguajar, minha primeira morte, podia me considerar um assassino agora?

Corri para dentro da carruagem e abri a cortina mostrando a cena para Shimizu e o senhor. [color=gray] - Você estão bem? - [/color[ Perguntei um pouco eufórico com toda aquela situação. Shimizu via o rosto do homem e dizia conhecer o sujeito como um grande fã, a teoria do sequestro por um amor platónico parecia mais real agora, precisaria reportar tudo isso para meus superior em Iwa, mas por hora, precisava terminar de levar a atriz e seu agente para a vila desejada, abandonando os corpos para trás.