Caminhado ao lado de um riacho que dividia o trecho em dois, balançava a cabeça de um lado para o outro como se procurasse por alguma coisa. Marin, um pouco atrás de mim, não dizia uma palavra desde o ocorrido com os bandidos que nos atacaram. Eu não sabia se seu desconforto era por causa da situação em si, ou pela maneira com que eu lidei com ela. Era difícil entendê-la, ao passo que também eu não me esforçava nem um pouco para isso.

— Aonde estamos indo? — Ela quebrou o silêncio com a pergunta, mas ainda parecia um pouco distante da realidade. Olhava sempre para o rio ao nosso lado, acompanhando um pouco o movimento suave que a água fazia em direção contrária a que andávamos.

— A qualquer lugar que possa servir como um abrigo. — Respondi, sem olhar diretamente para ela, apenas continuei a procurar algo que se encaixasse na dita descrição. A floresta estava calma, mas a ideia de que qualquer criatura poderia surgir do nada me fazia andar com a atenção dobrada. — A técnica que usei antes me custou uma boa quantidade de chakra. Preciso descansar um pouco.

— Eu entendo...


Não muito à frente de onde estávamos, notei a figura de um senhor já de idade caído próximo ao riacho, apoiado pelos seus dois braços magros e com as pernas esticadas na grama. Marin se manteve atrás de mim enquanto nos aproximávamos do homem, e assim que ele notou a nossa chegada ele deu início ao seu discurso.

— Ah, finalmente, duas moças para ajudar um pobre coitado. — As roupas rasgadas do velho davam a ideia de que ele havia sido atacado por alguma coisa, e quando questionado por Marin — que ainda estava atrás de mim — sobre o que havia acontecido, ele prosseguiu. — Um grupo de delinquentes me atacou enquanto eu estava aqui no rio descansando, e levaram meu dinheiro embora! Por favor, me ajudem a encontrar esses marginais para recuperar as minhas coisas!

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— Muito obrigado, vocês são muito bondosas! — O velho dizia com a sua voz rouca enquanto caminhava ao nosso lado, nos guiando pela floresta na direção em que os supostos delinquentes haviam corrido com suas coisas. — Assim que a gente recuperar minhas coisas eu vou dar uma boa recompensa em dinheiro para vocês duas, não se preocupem.  

Aquela era a única razão plausível que me fez aceitar prestar auxílio ao senhor, eu pouco me importava se ele precisava realmente de ajuda ou não. Naquele momento, eu já estava aceitado ajudar qualquer um em troca de dinheiro, o que fazia eu me questionar se eu não tinha me tornado completamente dependente daquilo psicologicamente. Marin me puxou um pouco para o lado, como se quisesse conversar comigo sem que o senhor pudesse ouvi-la.

— Você acha que isso é uma boa ideia? Você disse que estava cansada da luta de hoje cedo, e esse senhor não me parece muito confiável.

E ela estava certa. Eu ainda sentia a fadiga de ter gastado muito chakra ainda cedo, e o velho não precisou de muita enrolação para me convencer a ajudá-lo. Por um instante, me senti como uma presa caminhando para o abate, mas a minha soberba não me deixava enxergar aquele senhor como qualquer tipo de ameaça para nós duas, o que apenas me fazia seguir adiante.

— Só ficar quieta e não sai de trás de mim.


Não demorou muito até que comecei a ouvir o som de um grupo de crianças conversando por entre as árvores da floresta. Aproximando um pouco mais, nos deparamos com um trio de crianças um pouco menores do que a Marin, todos sentados sobre um tronco de árvores caído no chão ao lado de uma fogueira apagada. Assim que chegamos, o velho correu para próximo do grupo e se manteve atrás do trio, que levantou assim que notou a nossa presença.

— Eu trouxe essas duas idiotas, ataquem agora!

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Como Marin já havia suspeitado, o velho não era nem um pouco confiável. Ela se retraía atrás de mim, enquanto o trio de crianças à nossa frente fazia a cobertura do homem que tinha atraído nós duas para aquela armadilha. Claro que só estamos naquela situação pela minha soberba em conseguir tirar dinheiro fácil do velho, o que não distanciava de mim a responsabilidade de nos tirar daquela situação.  

A criança mais próxima do senhor, um garoto com as roupas amassadas e com a pele coberta de sujeira, começou a fazer uma sequência de selos de mão enquanto as outras duas corriam em nossa direção. Meu único reflexo foi puxar Marin para mais próxima de mim enquanto também fiz algum selos, moldando uma proteção ao nosso redor feita inteiramente com meus cabelos, que cresceram e se solidificaram em seguida. Senti o golpe das crianças se chocando contra a minha defesa, que era mais do que suficiente para conter os ataques. Desfiz a proteção, já com duas estrelas ninja em uma das mãos.

As crianças que haviam avançado contra nós apenas se chocaram contra meus fios de cabelo endurecidos como agulhas e se cortaram, caindo no chão cobertas de ferimentos. Restava somente o último que ainda estava próximo do velho. Atirei as duas armas contra o garoto, que foi atingido nos braços e caindo para trás em seguida.

— Seus incompetentes, eu não posso mais confiar em vocês! — O velho praguejava contra as crianças, correndo em minha direção em seguida, enraivecido. Ele era lento, o que me deu a possibilidade de retirar uma kunai da minha bolsa de armas e esticá-la à frente do meu corpo. Apenas esperei o momento que ele estivesse próximo o suficiente para atingi-lo, desviando do golpe que ele tentou me acertar no rosto e cravando a arma na sua costela em seguida.

O velho caiu no chão, gemendo de dor enquanto eu me ajoelhei ao seu lado e comecei a bater as mãos nos bolsos de sua calça, procurando qualquer coisa de valor. Marin, assustada, apenas me pedia para que fossemos embora o quanto antes, o que fizemos assim que encontrei uma bolsa com algumas notas na calça do homem caído no chão.

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Hari Jizō
Rank: B
Classe: Defensiva
Alcance: 10 metros fixos
Requerimentos: Estudado em Ninjutsu e Bom Controle de Chakra
Descrição: Jiraiya usa chakra para endurecer o cabelo e moldá-lo em pontas, que são tão afiadas quanto armas metálicas. Seu cabelo também cresce o suficiente para envolvê-lo, servindo de armadura. Jiraiya pode usar esta técnica para desencorajar oponentes de atacá-lo, ou ativá-lo em resposta a ataques físicos que eles já começaram, fazendo com que eles se empalem nos espinhos. No anime, o cabelo é resiliente o suficiente para defender Jiraiya das flechas. Embora útil, Needle Jizō não cobre totalmente Jiraiya, deixando áreas de seu corpo vulneráveis a ataques.

O céu escuro tomava conta do lugar ao passo que o brilho da lua se destacava na imensidão escura acima das árvores que nos rodeavam. Marin parecia incomodada, um semblante diferente caiu sobre o seu rosto. Era fato que algo a aborrecia, mas eu não entendia o porquê.

— O que foi com você? — Questionei para a garota enquanto caminhávamos lado a lado, ao passo que analisava a quantidade de dinheiro que estava na bolsa em minhas mãos, a mesma que eu havia arrancado do corpo do velho larápio. — Não me diga que você ficou com pena daquele cara, ou pior, daquelas crianças que nos atacaram.

— Não é isso... — ela seguia olhando para o chão enquanto dizia. — Eu só não imaginava que passaríamos por esse tanto de coisa em tão pouco tempo. — Ela suspirou, cansada, o frio começava a tomar conta da floresta e Marin se recolhia com os braços próximos do seu corpo como se tentasse esquentá-los. — Passamos por tanta coisa em apenas um dia, fico imaginando o que vai acontecer amanhã.

— Nada disso importa agora, Marin. — Meu intuito de longe era confortar a garota, não era como se eu tivesse criado algum tipo de apreço por ela, mas ela agindo daquela forma emotiva poderia dificultar ainda mais a viagem que estávamos longe de concluir. — A gente tá bem, é só isso que importa. Vamos procurar algum lugar para passar a noite e seguir viagem amanhã cedo.

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