O ambiente na floresta do País do Fogo mudava completamente durante a noite. O calor que outrora incomodava a minha pele agora sumia e dava lugar para o frio, como se a floresta tivesse um comportamento semelhante ao de um deserto. Era impossível permanecer caminhando durante a noite, não só pelo clima, mas também pelos diversos perigos que poderiam surgir a qualquer momento. A todo instante, eu revirava os olhos por todos os lugares por quais passava em busca de qualquer estrutura que pudesse nos abrigar, ao menos durante aquela noite.  

Foi então que, para a nossa sorte, notei algumas luzes se mexendo por entre as árvores que se aproximavam. Marin, que estava completamente retraída por conta do frio, se manteve atrás de mim enquanto chegávamos cada vez mais perto das luzes, que se revelaram como tochas assim que estávamos perto o suficiente. Diversas cabanas de madeira enfeitavam a clareira espaçosa, enquanto alguns moradores se movimentavam pelas estruturas do local.

— Parem aí! — a voz ríspida nos ordenou assim que chegamos. — Quem são vocês duas? Se apresentem agora! — Uma figura feminina, pouco mais alta do que eu e carregando uma lança em suas mãos parecia fazer a guarda do pequeno vilarejo, e impediu a nossa entrada por entender que seríamos algum tipo de ameaça para a população que ali morava.

Depois de um pouco de conversa, a mulher que vigiava o vilarejo aceitou a nossa permanência durante a noite — mas somente depois que ofereci uma pequena quantidade de ryous em troca da estadia. Rapidamente, ela providenciou uma cabana para mim e para Marin, com a temperatura aconchegante e com uma lamparina entre as camas em que iríamos dormir em breve.

— Ainda bem que encontramos esse lugar — Marin dizia enquanto se ajeitava na cama em que estava prestes a dormir — fiquei com medo de passar a noite toda com frio, no meio da floresta.

— Amanhã cedo vamos seguir com a viagem. — Afirmei, desligando a lamparina em seguida.

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— Você precisa sair daqui agora, Hana, rápido! — A mãe gritava para a criança em tom de ordem, ambas tomadas por lágrimas. A pequena não entendia o que estava acontecendo, apenas obedeceu a sua mãe e, tomada pelo medo, correu para longe dali, sem olhar para trás. A mãe, em um ato de desespero, viu suas energias espirituais extrapolarem o limite do que era capaz quando atirou tudo o que tinha para todas as direções. Todos ao seu redor foram atingidos por centenas de papéis marcados com chakra, e o resultado do descontrole foi o extermínio das centenas de vidas que rodeavam o Anjo de Papel.


Acordei de repente, com barulhos estranhos vindo do lado de fora da cabana onde dormia. Me levantei rapidamente, ainda com os olhos pesados, chamando Marin em seguida com um toque em seu ombro. Ela remexeu na cama, ainda com os olhos fechados, não acordou.

— Levanta, Marin. Precisamos sair daqui! — ordenei para a menina, balançando seu ombro com movimentos repetitivos até que ela acordasse. Era possível ouvir pessoas gritando pelo vilarejo, e a luz que vinha do lado de fora da janela da cabana indicava que já estava de manhã.

Marin se levantou, ainda com sono, tentava entender o que estava acontecendo. Assim que a vi acordada, saí para o lado de fora da cabana e me deparei com dezenas de homens atacando os moradores do vilarejo. As bandanas riscadas em suas testas indicavam que todos eram ninjas renegados da Vila da Folha, e por um instante me vi na mesma situação que passei anos atrás, quando ainda morava com meus pais.  

— O que vamos fazer? — Marin questionou, assustada, pegando sua mochila e colocando-a nas costas.

— Vamos sair daqui o mais rápido possível. — Não havia o que fazer naquela situação. Os ninjas provavelmente eram mais poderosos do que qualquer um que estivesse ali para se defender, incluindo nós duas. Fugir era a única opção viável caso quiséssemos permanecermos vivas. Marin foi relutante à decisão, como se quisesse fazer algo a respeito dos homens que atacavam as pessoas inocentes, mas não iríamos discutir sobre a minha decisão.

Peguei no braço da garota e, da maneira mais rápida possível, corri com Marin para dentro da floresta, tentando nos distanciar ao máximo daquele vilarejo e dos renegados que estavam atacando. Corremos até o limite das nossas energias, parando somente quando senti que já estávamos em um lugar mais seguro.

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— A gente devia ter ajudado eles... — Marin dizia, ofegante, com o corpo levemente curvado e com as mãos apoiadas em seus joelhos. Corremos muito para nos distanciarmos dos ninjas renegados que atacaram o vilarejo. Ela estava cansada, e eu seguia da mesma forma.

— Não tinha o quer fazer, Marin. — Tentei orientar a menina enquanto buscava recuperar parte do fôlego a cada frase concluída. — Aqueles bandidos não eram como os outros que nos atacaram no meio da floresta. Eles eram ninjas, renegados da Folha que com certeza tinham muito mais força que todos os moradores do vilarejo combinados. A gente estaria morta agora não se tivesse corrido de lá.

A menina silenciou após o meu comentário, provavelmente não porque o aceitou, mas sim porque não tinha muitas energias para discutir com o que eu havia afirmado. Olhei para os lados como se tentasse buscar uma orientação de onde estava, já não havia mais razões para ficar ali agora.

— Vamos seguir com a viagem. — Afirmei para Marin, e quase que no mesmo instante notei uma feição de aborrecimento em seu rosto. Mas antes que pudesse começar a rebater, fomos surpreendidas pelos sons de alguns galhos se partindo pouco atrás de onde estávamos, o que indicava a aproximação de outra criatura no local.

— Correr de nós é inútil... — o homem que havia chegado era mais um daqueles que tinham atacado o vilarejo — Nenhum de vocês está a salvo. — A maneira como ele conversava, ao mesmo tempo em que olhava para nós duas com seus olhos tremendo, ele parecia algum lunático prestes a nos atacar.

Ali, me senti completamente incapaz de me defender mais uma vez. O renegado claramente poderia me vencer em um combate direto, e ele certamente sabia disso. Me senti uma criança de novo, inútil e mais uma vez à mercê da capacidade de pessoas mais competentes do que eu. Mas se meu destino era morrer para aquele renegado no meio da floresta, eu não iria me render a ele tão facilmente como o criminoso imaginava.

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O renegando, então, disparou na nossa direção enquanto segurava uma faca ninja em suas mãos. Seu ataque parecia simples, ao passo que senti a ideia de que ele estava menosprezando minhas capacidades de vencê-lo em uma luta. Não apenas isso, mas também graças a distância que nos separávamos eu tinha um bom intervalo para pensar em uma estratégia de combatê-lo.

No ápice da minha agilidade, retirei uma bomba de fumaça da minha bolsa de armas e atirei-a no chão, pouco à frente dos meus pés, criando uma cortina de fumaça para atrapalhar a visibilidade do renegado. Em seguida, puxei Marin pelo ombro e indiquei a direção para onde a garota deveria correr, indicando para ela uma árvore pouco à minha direita. Ela obedeceu, disparando na direção da árvore, saindo da cortina de fumaça que eu havia criado.

Eu permaneci onde estava, movendo apenas as minhas mãos à frente do meu peito. Alguns selos foram feitos, e então meu cabelo começou a se expandir até que, na forma de diversas agulhas perfurantes, começou a voar por todas as direções. As agulhas passavam pela cortina de fumaça e cravavam em tudo que tocavam, ainda que eu não tivesse completa noção do que acontecia no exterior, uma vez que minha visibilidade ainda estava comprometida. Mas se tudo saísse como o planejado, o renegado havia perseguido Marin assim que ela saiu da fumaça que nos ocultava, e quando ela estivesse propriamente atrás da árvore que eu havia indicado, apenas o renegado iria ser atingido pelas agulhas que criei através do meu cabelo.

Assim que a fumaça lentamente se desfez, tive maior noção da realidade no ambiente ao meu redor. O corpo do renegado, caído no chão e coberto de sangue, completamente sem vida. Marin saiu lentamente de trás da árvore onde havia se escondido, e tudo ao meu redor estava coberto de agulhas que fiz através da minha técnica. Ao lado do corpo do homem, diversos itens que ele havia roubado do vilarejo estavam caídos ao seu lado, o que instigava meu hábito de tomar posse de tudo ainda que sentisse a adrenalina daquele combate em minhas veias.

— Vamos sair logo daqui.  

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Kebari Senbon
Rank: A
Classe: Ofensiva
Requerimento: Versado em Ninjutsu e Grande Controle de Chakra
Descrição: Esta técnica endurece o cabelo na cabeça do usuário e dispara uma infinidade de cabelos no inimigo. Os pontos afiados do cabelo podem transformar todo o corpo do alvo em uma almofada de alfinetes. Além do usuário conseguir endurecer os fios de seus cabelos, é possível diminuir a pressão deixando-o totalmente afiado, tornando seu lançamento mais veloz. Através da capacidade de lançamento dos espinhos, o usuário pode multiplicar a quantidade lançada, se certificando que a técnica venha ser efetuada.