caminhada até os portões era seguida de diversos olhares e as vezes até de cumprimentos. Pouco a pouco, meu trabalho como um ninja exemplar no território da vila começava a ser reconhecido entre os habitantes da Folha. Aqueles que me reconheciam de tarefas passadas tinham uma boa imagem sobre mim, como se sentissem segurança na minha presença. Eu nunca fui o tipo de pessoa que enxergava a minha imagem como algum tipo de relevância, mas vez ou outra me perdia imaginando como seria meu reconhecimento no futuro, uma vez que cada vez mais eu procurava realizar missões cada vez mais difíceis.

Mas hoje meu trabalho não estava limitado pelas grandes muralhas da Folha. Na realidade, meu serviço ia muito além da nova casa onde eu morava. Ao chegar no portão de Konoha, um dos guardas questionou o motivo da minha saída. Estiquei o pergaminho que estava na minha mão direita na direção do ninja, ele leu parte do conteúdo e acenou com a cabeça, liberando a minha passagem. Atravessei o portão e segui caminhando por dentro da floresta, na direção que imaginava ser o foco da minha missão.  

Hoje, era meu dever deter a criatura estranha que atentava contra a vida dos moradores da Vila que se distanciavam dos limites dos muros. Imaginar enfrentar uma criatura sem sequer ter ideia de qual era me dava uma certa apreensão, muitas perguntas surgiam na minha mente quando relia o conteúdo do pergaminho. Mas desistir não era meu objetivo. Se era meu dever dar um fim à vida do dito monstro, era apenas uma questão de tempo até que ele fosse concluído.  

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egui andando por entre a floresta que rodeava a maior parte da Vila da Folha, acompanhado apenas do som suave produzido pelo bater do vento contra as folhas das árvores que me cercavam. Estava cada vez mais familiarizado com a vegetação do País do Fogo, que era muito mais atrativa visualmente do que as rochas e pedregulhos na minha vila natal. Ainda assim, meu foco ali não era tirar um tempo para analisar a floresta, mas sim ir atrás da criatura que estava matando os viajantes da vila.  

A cada passo que ficava mais distante da vila, sentia o clima ao meu redor mudar drasticamente. A temperatura descia de uma brisa morna agradável para um frio repentino, ao passo que a claridade acima das árvores diminuía lentamente. O tempo passava depressa e a falta de indícios de qualquer criatura nas proximidades me fazia acreditar que o escurecer iria surgir antes do alvo que eu deveria eliminar. A visibilidade iria cair muito em breve, era melhor apressar o passo e buscar encontrar meu alvo o mais rápido possível.  

Saltei até o galho de uma árvore que estava no caminho e comecei a pular pelos galhos em alta velocidade, para facilitar minhas buscar e agilizar meu serviço. E então, subitamente, o grito de uma mulher vindo da minha esquerda chamou a minha atenção e ecoou pela floresta. Na minha mente, talvez uma vítima da criatura que eu estava procurando. Segui em alta velocidade na direção do grito, pulando de galho em galho.

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cada movimento feito podia ouvir ainda mais os gritos femininos correndo até meus ouvidos. Não tinha certeza da situação, mas unir o fato de uma pessoa provavelmente estar em apuros com o animal terrível que eu deveria eliminar já eram mais do que suficientes para me fazer acreditar que a dita criatura estava próxima de realizar mais um abate. Claro que poderia ser uma armadilha, um truque feito por algum bandido para me enganar, por exemplo, mas a possibilidade me fazia correr o mais rápido que podia para ir atrás do que acreditava.

Do alto de uma árvore, notei a silhueta de uma criatura coberta de pelos se movimentando, então parei a corrida e comecei a me mover mais lentamente para entender a situação. O animal, que parecia alguma espécie de urso, porém um pouco maior que o normal, estava andando lentamente até uma criança que se mantinha encurralada entre o animal e um paredão de rocha, incapaz de fugir por qualquer direção. Não precisei de muito tempo para entender que deveria agir o mais rápido possível antes que fosse tarde demais.

Flexionei os joelhos e os estiquei em seguida, saltando dali de onde estava na direção do urso. Enquanto estava no ar, puxei a minha espada da bainha que a guardava próximo da minha perna esquerda, erguendo o armamento com a mão direita e esticando meu braço à frente do corpo. Foquei meus olhos na figura animalesca, e assim que estava próximo o suficiente, tentei executar um corte vertical na criatura, que rasgaria sua cabeça ao meio caso o atingisse como eu imaginava.  

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eu movimento certamente teria colocado um fim na vida do animal, se por alguma razão ele não tivesse sido capaz de notar a minha presença enquanto me aproximava. O animal, em um puro ato instintivo, virou-se para trás e me acertou com uma de suas patas, com uma força suficiente para me fazer cair para trás e deslizar por alguns metros. O golpe me atingiu na lateral do ombro, e me deixou com um pequeno incômodo na região, mas não o suficiente para me impedir de me levantar e seguir com o combate.

O animal, assim que me levantei, começou a correr em alta velocidade na minha direção. Executei alguns selos de mão e fiz surgir um manto de raios ao meu redor no exato momento em que o urso tentou me atingir com outro golpe. Assim que se chocou com a minha defesa, o animal sofreu uma descarga elétrica e teve parte da sua pata queimada, e o ato o fez voltar alguns passos para trás enquanto bramava, em fúria.

Enxerguei, naquele momento, uma janela para uma investida. Ainda com a espada na mão, estiquei-a mais uma vez no intuito de desferir uma perfuração no peito do animal, usando de toda a força que tinha em meu braço direito. A arma atravessou o corpo do urso com extrema facilidade devida sua afiação, e o animal, com a arma fincada em seu corpo, tentou me atingir com outro golpe usando sua pata, dessa vez mirando meu rosto.

Minha defesa de raios já não existia mais, o que me levou a proteger o ataque usando meus braços, simulando um escudo à frente do meu rosto. Após receber o golpe, o impacto me jogou para trás e senti uma dor tremenda nos braços, como se tivessem sido perfurados por dezenas de pregos.

Ouvi o som do urso se chocando contra o solo. Alguns rugidos saltaram de sua boca, seguidos de poucos grunhidos de dor. O silêncio posterior, porém, indicava que meu golpe com a espada foi o suficiente para eliminar de vez aquela criatura.  

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poiei ambas as mãos sobre o solo e as forcei contra a grama, erguendo meu corpo com uma leve dificuldade. Olhei para o urso abatido no solo, um leve suspiro escapou dos meus lábios. Meus braços doíam devido a última pancada que havia recebido, o mesmo repetia em meu ombro. A força daquele animal superava e muito a minha, não era uma escolha inteligente tentar um combate corpo a corpo quando meu corpo não era nem um pouco treinado para isso. Felizmente, havia superado a força do animal e agora já não restavam mais perigos. Pelo menos era isso que eu imaginava.

De repente, antes que pudesse sentir o gosto da vitória em minha boca, uma voz partiu de algumas árvores à minha esquerda. Uma voz feminina, infantil, diferente da voz da moça que eu havia protegido — ela que ainda estava de costas para o paredão de rocha, sequer havia movido um músculo durante a minha batalha. Uma figura nova surgiu, uma garota usando um vestido vermelho e de cabelos curtos, da mesma cor da roupa que ela usava.

— Não pode ser, você matou o meu bichinho! — ela gritou, em clara indignação, encarando o corpo do animal que eu havia executado. — Você vai pagar por isso!

E então, antes que pudesse raciocinar direito o que estava acontecendo, apenas olhei a formação de uma rajada de fogo surgir da boca da garota e percorrer na minha direção.  

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as, para a minha sorte, a técnica da garota não tinha uma velocidade tão alta a ponto de me impedir de pensar em algum tipo de defesa. Uma nova sequência de selos foi feita, enquanto eu ainda estava de pé ao lado do urso morto. A técnica da garota me atingiria pelo meu lado esquerdo, então era o momento para desenvolver a minha defesa antes que terminasse queimado ao lado do animal que havia acabado de eliminar.

E então, um enorme paredão moldado em pedra se ergueu do solo após eu finalizar os selos de mão, surgindo rápido o suficiente para bloquear a rajada de fogo que percorria em minha direção. O impacto do fogo com a terra fez com que uma pequena cortina de fumaça surgisse sobre o ambiente, o que me dava uma oportunidade para me mover com mais liberdade, sem que a garota notasse. Corri rapidamente até o corpo do urso e puxei a espada que ainda estava fincada no animal, em seguida me esgueirei pela fumaça até a área onde imaginei que a garota estaria. Era o momento ideal para acabar com aquilo.

Assim que vi a silhueta da garota surgir no meio da fumaça, avancei com toda a velocidade que tinha e desferi um golpe horizontal com a minha espada, com a ideia de que seria capaz de atingir a menina de maneira fatal. Somente alguns segundos depois de realizar o golpe que refleti sobre o que havia tentado, não me parecia muito correto tentar matar uma criança daquela maneira. Mas já estava feito.

A fumaça se dissipou e tudo que vi foi a confirmação da minha tentativa, a menina com um longo corte na barriga, expelindo sangue pelo ferimento e pela boca. Era apenas uma questão de tempo até que ela já não estivesse mais viva. Mas eu não carregava nenhum arrependimento das minhas ações. Apenas voltei minha atenção para a mulher que estava sendo atacada pelo urso, questionei-a se ainda era capaz de andar por conta própria e, ao notar sua negação, usei meus braços para erguê-la e carregá-la de volta para a Vila da Folha.

Já não estava mais vivo o animal que estava causando problemas para os moradores da vila, e para mim aquilo era tudo o que importava afinal.

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