aminhando em direção ao hospital da Vila, abri mais uma vez o pergaminho que descrevia a minha missão e li outra vez o seu conteúdo. Suspirei vagarosamente, tentei entender o que havia acabado de ler. Por alguma razão, sentia que as descrições das minhas missões se tornavam cada vez mais misteriosas, por alguma razão que eu ainda não entendia.  

Ainda era cedo quando cheguei na entrada do hospital. No salão principal do edifício, cheguei até uma mulher que parecia atender no local e questionei sobre a localização do paciente em coma que havia sido atacado, em seguida mostrei o pergaminho que segurava para explicar a minha presença ali. Ela, sem muita enrolação, logo me guiou pelo hospital até a entrada do quarto onde estava aquele que eu deveria vigiar.

Chegando no dito quarto, analisei o lugar rapidamente. Havia apenas uma cama no lugar, onde descansava a vítima do possível ataque, um pequeno sofá encostado na parede, uma janela que possibilitava a vista da vila do alto do edifício e mais uma cama vazia. As camas estavam separadas por uma divisória verde, e alguns equipamentos que eu não sabia quais eram emitiam alguns barulhos e estavam ao lado do homem em coma.

Nunca havia realizado uma tarefa daquele tipo, fazer a vigia de uma testemunha importante. Era como se meu papel na vila estivesse cada vez mais sendo reconhecido entre os meus superiores. Sobre a missão, não havia mais nada a ser feito além de aguardar até que algo acontecesse, e assim eu o fiz. Fechei a porta do quarto, me dirigi ao sofá em seguida. Sentei e aguardei.  

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lgumas horas se passaram sem quaisquer acontecimentos relevantes. O dia se aproximava da metade e, fora algum baixo movimento do outro lado da porta do quarto, nada havia chamado a atenção. Ainda que fosse natural para uma missão de vigia — apenas aguardar até que algo acontecesse — o tédio tomava de conta do meu corpo. Era como se me sentisse cansado sem realizar exercícios físicos.

Decidi, então, levantar do sofá e me aproximar um pouco do corpo da vítima do ataque. Assim que estava próximo o suficiente, tentei entender um pouco sobre seus ferimentos na ideia de conseguir enxergar um pouco do que havia acontecido com ele. Ao lado do corpo, notei diversas marcas escuras espalhadas por toda a pele do paciente, além de muitos cortes e um hematoma em seu pescoço, como se o indivíduo tivesse tentado se enforcar.

Eu de longe era capaz de compreender a ciência por trás dos machucados daquele coitado, biologia de longe era o meu forte. Mas analisar as marcas pretas em sua pele me trouxe o padrão de uma técnica de selamento em mente, como se o alvo tivesse sido marcado por algum Fuinjutsu capaz de produzir aqueles ferimentos mais profundos e a mancha específica em seu pescoço. Eu não tinha certeza do que havia acontecido, mas caso estivesse correto aquilo significava que o que havia atacado o homem em coma era um especialista em técnicas de selamento, uma área em que eu sequer tinha qualquer conhecimento a seu respeito.

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pouco entendimento que eu tinha sobre Fuinjutsu era que as técnicas não eram muito viáveis em combate. Não havia maneiras de sustentar uma batalha fazendo uso apenas de jutsus de selamento, então se o responsável por deixar a vítima naquele estado de quase morte era um especialista em Fuinjutsu, talvez ele não fosse tão hábil em outra vertente de técnicas. O que também explicava o fato dele não ter aparecido no hospital até aquele momento.

Em poucos instantes, fui capaz de reproduzir um cenário que fazia sentido a respeito de tudo que havia acontecido com aquele homem. Claro que, nada me dava a segurança de que eu estava completamente certo, mas partir da minha ideia era melhor do que viver no acaso. Se eu estava correto, o responsável por aquele ataque iria esperar o momento mais seguro para atacar novamente — se é que o faria realmente. Algo como esperar o anoitecer para se esgueirar até o hospital e esperar a melhor janela de oportunidade para realizar outro ataque.  

Decidi, assim, aguardar o anoitecer ali mesmo no hospital, sentando no sofá mais uma vez. Mesmo esperando pelo anoitecer, ainda mantive minha atenção dobrada em caso de estar completamente equivocado sobre as intenções do meu inimigo e ele aparecer a qualquer momento que fosse.

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sol se escondia atrás do horizonte e levava consigo o brilho no céu. A noite surgia, rápida como uma técnica dos raios, e eu seguia ainda no hospital, sentado no sofá do quarto. Nada se ouvia além som repetitivo da máquina ao lado do corpo do homem em coma, reproduzindo a frequência de seus batimentos cardíacos com um apito que já estava comum dentro da minha cabeça. Estava ouvindo o mesmo barulho fazia horas, tempo suficiente para que ele já não me incomodasse mais.  

A noite avançava e não havia sinal algum que levantasse minhas suspeitas. Era possível ver, vez ou outra, pessoas passando do outro lado da porta do quarto, suas sombras se projetavam no piso à frente da porta pela fresta que estava sob ela, mas nada que me chamasse a atenção. A luz do quarto em que estava eu mantive apagada, para que qualquer um que se aproximasse tivesse a ideia de que o rapaz em coma estava sozinho no quarto.  

E então, para a minha surpresa, uma figura surgiu à frente da porta e manteve-se completamente parada, sem realizar quaisquer movimentos por alguns instantes. A figura então começou a mexer na maçaneta da porta, e eu realizei o melhor movimento que havia pensado na hora. Me esgueirei para trás do sofá o mais rápido que pude e fiquei completamente oculto na sombra, mas incapaz de enxergar qualquer coisa dentro do quarto. Ouvi o som da porta se abrindo e se fechando, alguns passos foram dados em seguida.

— Ainda bem que te deixaram sozinho, seu velho inútil. — Uma voz feminina suave ecoou pelo quarto em um tom agressivo. — Isso vai facilitar bastante o meu trabalho.  

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situação era arriscada. Ainda estava atrás do sofá, escondido na sombra que ele criava pela luz que saía da janela, mas não era capaz de ver nada que acontecia no interior do quarto. Ainda era capaz de ouvir a mulher praguejar em direção ao homem em coma, então decidi me esgueirar um pouco para o lado até ser capaz de ver um pouco a situação. Com somente metade do rosto para fora da sombra, olhei para a mulher de pé ao lado da vítima do ataque.

Ela usava um manto preto capaz de cobrir todo o seu corpo, além de um capuz que ela estava abaixando no momento em que me virei. Seu cabelo escuro e longo ainda obstruía um pouco a minha visão do seu rosto, mas já podia ter uma pequena ideia da sua aparência. Ela, então, começou a tatear as marcas negras no corpo da vítima, como se tentasse acariciar o corpo do homem em um ato de pura estranheza.

— Você foi capaz de sobreviver à minha maldição... — ela dava alguns passos enquanto encarava o corpo do homem em coma, mas sem tirar a mão dele — mas isso não vai acontecer de novo.  

A mulher, então, retirou um pergaminho estranho de baixo do manto que utilizava e desenrolou o objeto, revelando um estranho selo desenhado no papel. Ela cobriu o selo com a sua mão direita, e em um piscar de olhos sua mão começou a se cobrir de símbolos que eu não era capaz de identificar. Mas, já com a clara ideia de que a mulher tentaria atacar o homem em coma usando aquela marca estranha, decidi que já era mais do que a hora para começar a agir.  

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etirei uma faca ninja da minha bolsa de armas, sem reproduzir qualquer tipo de ruído. Me estiquei de onde estava, ficando de pé e completamente visível no ambiente, mas a mulher — que estava de costas para mim e completamente vidrada no corpo do homem na maca — não notou a minha presença. Aquilo me dava a oportunidade perfeita para avançar e impedi-la de realizar qualquer ação, e assim o fiz.

Sai de onde estava em alta velocidade partindo na direção da mulher, que estava a poucos metros de distância. Ela, ainda sem notar a minha presença, esticou a mão marcada na direção da vítima, como se quisesse apoiar o palmo sobre seu corpo. Aquilo me parecia uma maneira de utilizar seu Fuinjutsu estranho, então não poderia de maneira alguma deixar aquilo acontecer.

Assim que estava próximo o suficiente, cravei a ponta da minha arma no braço direito da mulher, perfurando-a rapidamente com a kunai. Ela então começou a gritar, em dor, em seguida caiu no chão e rastejou até encostar as costas na parede.  

— Quem é você? O que está fazendo aqui?! — Ela me questionou, claramente enraivecida com a minha presença. Eu retirei outra faca e andei novamente em sua direção, sem responder nenhuma de suas perguntas.  

A mulher ainda tentou me atingir com a sua marca amaldiçoada, esticando o braço pra frente usando o outro como apoio. Apenas com um pulo pude desviar do ataque e cair sobre as costas da mulher, que cedeu com o meu peso. Coloquei um pé sobre seu braço de forma a conter os movimentos da sua mão marcada, e assim a impedi de fazer qualquer coisa que quisesse.

Alguns ninjas chegaram até o local, questionando o motivo dos gritos. Ainda sobre a mulher, expliquei a cena e solicitei que escoltassem a mulher até o quartel general da vila, para que fosse devidamente interrogada sobre suas ações pelas autoridades competentes.  

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