— O belo resplendor dos raios prateados do luar minguante faziam-me menos solitário em meio à madrugada nefasta. Pouco me mantive ativa nos últimos dias, e enfim havia decidido retomar as minhas atividades como uma kunoichi. Sabia que não poderia me vangloriar enquanto os feitos não fossem ouvidos de uma ponta a outra deste país, e portanto, faria de tudo para que soubessem quem verdadeiramente sou. O meu objetivo naquela madrugada gélida era simples: Tomei meu tempo para caminhar em direção ao gabinete e solicitar uma missão de Nível D, a mais desafiadora que possuíssem em relação àquele nível. Logo entregaram-me o pergaminho que continha um pedido de ajuda advindo de um fazendeiro desesperado pela morte e desaparecimento repentinos de seus animais.

Deixei o local sem ditar uma palavra, apenas tomando o pergaminho para mim enquanto guardava-o na bolsa que carregava junto a mim na altura da cintura, vagando através das ruas solitárias e negras rumo à zona rural próxima aos portões da vila, além de suas muralhas colossais. O rancho do fazendeiro ali citado não era luxuoso e nem dos maiores - Porém, o via ajoelhado em frente ao corpo de uma de suas cabras, que parecia ter sido rasgada por algo muito maior do que um simples cão selvagem, a violência da cena poderia relembrar até mesmo o ataque de um urso pardo, se não fossem pelas marcações dentárias na carne do animal.

— "Oh céus, o que está acontecendo? Por que eu?!" — O Fazendeiro rendeu-se aos prantos, antes de me notar. — "Ah! Finalmente enviaram um ninja! Por favor...Vigie meu rancho! Eu não sei o que está atacando meus animais, mas se continuar assim...Eu vou acabar perdendo tudo! Por favor, me ajude!" — Ele implorava.

— "Estou aqui só pelo dinheiro. Esconda-se em sua casa e espere até que eu dê o sinal." — Fui direta, sem perder a expressão inocente em minha face.

O Homem, mesmo assim, parecia grato pela minha presença. Então, retirou-se de cena rapidamente, entrando em sua casa e apagando as luzes do respectivo local. Enquanto isso, eu saltei sobre o telhado do chiqueiro próximo, para que pudesse observar o perímetro, e assim permaneci. Uma hora passou-se, e mesmo que sentindo que houvessem se passado dias, enfim o indício final ocorrera. Dos matos, uma criatura quadrúpede de pelos negros e olhos felinos saltara por cima das cercas protetivas, rumando em direção a um grupo de cabras filhotes em uma velocidade equivalente a 02 m/s. Sua mandíbula era retorcida e seus membros deformados - Não parecia ser um animal, e sim alguma cria do próprio inferno.

De qualquer forma, logo dei o sinal: Arremessei uma pedra contra a janela do quarto do homem, que imediatamente a abriu, disparando com um arco contra o corpo do agressor animalesco, que mesmo atingido, parecia ter forças para continuar o ataque. E então, armei-me com uma tábua de madeira quebrada que encontrei nas proximidades, avançando contra o opositor para lhe desferir um golpe contra o crânio, o que resultou em uma concussão severa. O animal pareceu rosnar por um instante, mas logo depois, caiu. Estava morto, e ainda sim não conseguia identificar sua espécie. O fazendeiro logo descera, comemorando a vitória.

— "Sim! Sim! Matamos o desgraçado!" — Ele bradou. — "Dê a missão como concluída, acho que está de bom tamanho. Finalmente consegui pegar este maldito. Por sinal, o meu nome é Ridley. Acho que posso contar com você na próxima, não é?" — Ele continuou, alegre.

— "Não." — O Respondi, dando as costas.

Então, retornei para o gabinete, a fim de relatar os acontecimentos e ser recompensada pelos feitos daquela noite. Não havia sido um trabalho difícil, apenas tedioso. Após a análise, sabia que poderia me retirar. E assim, o fiz, ainda em silêncio, para continuar a caminhada em meio às ruas, sem caminho definido. Somente me deixando levar...Talvez, por instinto.

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