—— [ MURMÚRIOS ANCESTRAIS ]

Tenzō respirou fundo ao observar o o céu anil.

Há poucos dias, o remanescente — do episódio que seria conhecido posteriormente como A Desolação de Argus, o Demônio dos Mil Flagelos — começou a se estruturar em um pequeno vilarejo.

A Aldeia da Névoa aparentava estar em ascensão. Casas se reuniam aos montes circundando uma construção bem elaborada. Tenzō lembra-se de supor quem seriam os residentes daquela luxuosa mansão e se surpreendeu ao descobrir a identidade de uma mulher corajosa e experiente: Christa Yūrei.

A Comandante decidiu aceitá-lo com a condição de que se dedicasse a proteger a aldeia.

Demorou bastante tempo até que o estrangeiro fossem reconhecido como cidadão mas esse dia chegou alguns meses depois.

Em consternação profunda, devido a morte de seus conterrâneos, o jovem Tenzō se ateve exclusivamente a duas atividades. Parte do dia ele se apresentava a um senhor de sessenta anos para aprender tudo sobre a arte ninja; parte do dia ele isolava a si mesmo em uma pequena ilha e desenvolvia seu corpo.

Ele jamais permitiria que alguém morresse na frente dos seus olhos mais uma vez.

—— Custe o que custar! —— ele disse, com os punhos cerrados e olhos incendiados, a medida que alcançava a ilha de treinamento.

Asura Tenzō: HP [260|260]; CK [260|260]; [12 m/s]; [00|05];

Adendos:

—— [ MURMÚRIOS ANCESTRAIS ]

Isso tornou-se um propósito de vida: Alcançar a força absoluta para superar todas as adversidades.

   —— Mais uma vez! —— o garoto bufou com as têmporas retraídas em um olhar sério. O peito subia e descia em um ritmo desregulado, evidenciando o excesso de esforço, mas ele não demonstrava sinais de que iria parar. Não ainda.

Gotas de suor escorriam por todo o seu rosto como em uma chaleira, umedecendo o chão com a força de vontade apenas.

Depois de um profundo respirar continuou correndo.

Uma pista circular larga o suficiente para conter, ao mesmo tempo, oito pessoas munida de quatrocentos metros de comprimento. A intenção dele era repetir o mesmo método de treinamento usado pelos soldados durante a manhã.

Parecia algo monótono e maçante mas dentro de poucos dias a criança de olhos negros percebeu uma melhora significativa em seu vigor.

Faziam duas semanas desde que ele começara a correr incessantemente.

Quando Tenzō conseguiu completar a décima volta, sentiu seu corpo esmorecer. A vista foi inundada por um breu que não deixou seus olhos por um bom tempo. O resultado de ultrapassar os seus limites por uma longa marca.

Depois de dez minutos, o menino abriu os olhos e respirou fundo observando o céu anil.

   — Hora de ir pra casa… — suspirou, impotente, antes de se levantar e partir.

Asura Tenzō: HP [260|260]; CK [260|260]; [12 m/s]; [01|05];

Adendos:

—— [ MURMÚRIOS ANCESTRAIS ]

Na tarde seguinte, Tenzō se deslocou até o campo de treinamento.

Como esperado, ele estava sozinho.

Ninguém entendia o porquê de uma criança se dedicar tanto as atividades físicas. Ninguém além daqueles que enfrentaram o terror da besta demoníaca.

Antes de começar, Tenzō contorceu o corpo de diversas maneiras, repetindo, de uma forma desajeitada, os métodos de alongamentos observados pela manhã.

Aquele dia, um dos responsáveis pelo treinamento dos soldados sugeriu que ele sempre tentasse superar suas marcas anteriores. No entanto, a cada quatro dias seria necessário realizar menos quatro voltas da sua última marca antes de retomar os esforços máximos. Assim seu corpo otimizaria o processo de recuperação e isso o permitiria alcançar uma destreza que nenhum daqueles homens jamais iria alcançar. Afinal, nenhum deles começou a treinar em tão tenra idade.

O homem não sabia que aquela simples sugestão iria inspirar Tenzō a continuar avançando em seu treinamento.

Enquanto corria, a lembrança da instrução severa mas reconfortante o fez lembrar de seu pai e ele gentilmente pressionou a mão no peito.

Um sentimento que não poderia ser descrito em palavras começou a emergir de dentro dele na forma uma sensação estranha. Um aperto tão forte que mal conseguiu suportar. Algo que nunca havia sentido antes.

Asura Tenzō: HP [260|260]; CK [260|260]; [12 m/s]; [02|05];

Adendos:

—— [ MURMÚRIOS ANCESTRAIS ]

Ele queria chorar mas sentiu que iria perder algo muito importante se o fizesse.

Tenzō tentou desesperadamente manter o controle sobre o seu corpo e começou a correr mais uma vez.

Pouco tempo depois, seu rosto estava encharcado… de longe não era possível distinguir entre o suor e lágrimas.

Sem que percebesse, Tenzō divagou sobre os mais diferentes. Cada passo o levava a um mundo distante de possibilidades infinitas. Havia também ansiedade e medo sobre o que esperar no futuro.

Não demorou muito até que a noite chegou.

Subitamente, o Genin olhou para o céu com os olhos assustados.

—— Por quanto tempo eu corri? —— ele gaguejou, surpreso.

Um homem com uma aparência envelhecida o observava por entre a névoa e as árvores.

Ele carregava um olhar de aprovação e esperança, como se olhasse para uma joia preciosa que precisava de acabamento, ou o aço a ser martelado, para tornar-se uma poderosa arma.

—— Continue avançando até alcançar o futuro que deseja, garoto. —— o homem sussurrou em forma de prece e, por uma coincidência do destino, ambos fizeram um gesto ritualístico idêntico, normalmente usado como forma de agradecimento, mas também para orações.

De repente, o garoto teve sua atenção atraída para um conjunto de árvores mas não encontrou nada além de ervas e folhas, e saiu, levando uma garrafa de água e sua roupa encharcada e o homem que o observava sorriu.

Asura Tenzō: HP [260|260]; CK [260|260]; [12 m/s]; [03|05];

Adendos:

—— [ MURMÚRIOS ANCESTRAIS ]

Na região central do Centro de Treinamento havia um prédio octogonal cercado por paredes de madeira. Um grande grupo de pessoas estava reunido fora deste edifício. Todos eram pessoas mais velhas com capacidades extraordinárias. Julgando pela idade e habilidades, podia-se dizer que todos possuíam status extraordinário dentro da Aldeia.

Contudo, nesse momento, todas essas pessoas mais velhas estavam em pé e olhando aquela residência, com expressões de reverência; tanto que sequer ousavam suspirar.

Dentro do edifício, um homem idoso com cabelo branco estava sentado de pernas cruzadas no centro do prédio, de uma maneira solene.

Uma sensação muito forte estava circulando por esse edifício. Aquele poder parecia ter se fundido com o idoso.

Finalmente, todo o poder foi removido e de forma relaxada esse idoso abriu seus olhos.

Nesse momento, uma luz eufórica apareceu das profundezas do olhar desse homem. Com uma voz baixa, riu. “É realmente a benção dos céus. Nunca teria esperado, em toda minha vida, que encontraria esse indivíduo mais uma vez. Ele realmente sobreviveu."

Eijiro-sama era um ancião da antiga Aldeia Asura. Depois de chegar a Aldeia da Névoa, ele entrou em reclusão para se recuperar da luta contra Argus e, por conta disso, ficou pouco informado sobre os sobreviventes do massacre.

—— A partir de agora, irei treiná-lo, meu jovem. —— o idoso falava, mesmo que não houvesse ninguém na sala com ele. —— Você fez bem nos últimos dias. No entanto, por hoje, um descanso será extremamente necessário, afinal, o verdadeiro tormento começa amanhã.

Eijiro parecia satisfeito com sua linha de raciocínio pois sua gargalhada ecoava alto pelo edifício. Assim, tomado por uma alegria egrégia, ele sentou de pernas cruzadas e voltou a meditar.

Alheio a tudo isso, o Genin permanecia em casa, com dores por todo o corpo devido ao esforço extra do dia anterior.



Asura Tenzō: HP [260|260]; CK [260|260]; [12 m/s]; [00|05];

Adendos: