O sol nasce com sua beleza indescritível no horizonte distante, aquecendo as areias sob os pés de Asura. O vento noturno ainda carregava a frigidez das noites no deserto, e causava calafrios no genin enquanto ele caminhava circundando um dos clássicos prédios abobadados da vila oculta da areia.

Asura carregava em suas mãos um balde de água ainda cristalina, sendo o tamborilar da água na borda do balde um dueto perfeito com seus passos que cortavam o silêncio do amanhecer daquele deserto.

Era sua primeira missão, e Asura tinha decidido começar cedo pois assim poderia evitar as multidões de Sunagakure. Sua tarefa era simples: limpar as manchas de sangue do muro de uma das casas mais afastadas da vila.

Não demora muito para que o ninja alcance seu alvo. A casa era bastante simplória e humilde, não passando do primeiro andar, e pelo tamanho não deveria ter mais que três ou quatro cômodos, feita de alvenaria arenosa comum daquela região, parecia uma casa feliz também, pela sua decoração, se não fosse pelas janelas quebradas e letras garrafais que escreviam em sangue no muro da casa: “Vocês não são bem vindos aqui”.

Em silêncio Asura apoia o balde no chão, cavando uma saliência na areia para apoiá-lo e então mergulha a esponja que segurava com a outra mão, iniciando o trabalho.


Duas ou três horas depois, enfim as manchas tinham se desprendido da parede da casa, Asura suava bastante devido ao esforço e calor escaldante que o sol do deserto proporciona. Sem mais nenhuma palavra o jovem joga a esponja no balde, mergulhando no restante de água, agora escarlate e não mais cristalina, a figura do jovem genin se afasta em silêncio.

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A luz forte do sol sob a terra seca e arenosa de Sunagakure dificultava a visão do prédio a frente, em parte pelo mormaço que subia do solo e pela construção se erguer imponente sob o local, lançando uma longa área de sombras por aqueles que passavam, ainda sim Asura consegui reconhecer a placa que denunciava a natureza do local: Hospital Geral de Sunagakure.

Logo em frente o genin consegue identificar o alvo da sua missão dessa vez, uma carroça se encontra na lateral da estrutura carregada de caixas, sua tarefa hoje era ajudar na descarga dos suprimentos.


Asura leva sua mão ao rosto limpando o suor ali acumulado pelo trabalho exaustivo ao sol, sua camiseta branca mais uma vez pendia amarrada em sua cintura revelando seu corpo marcado pelas cicatrizes que contrastavam fortemente com sua pele bronzeada e pouca idade aparente.

O jovem levava em suas mãos uma caixa de madeira que, pela tensão dos seus músculos ao segurá-las, era bastante pesada. O caixote é apoiado sobre a pilha de outras caixas anteriormente carregadas, trazendo um leve tilintar de frascos de vidro com a ação.

-Muito obrigada Asura. Proclamava uma bela mulher, de longos cabelos vermelho fogo, pela seu porte deveria estar no auge dos seus quarenta anos, mas a idade só tinha realçado sua beleza, foi ela que o tratou quando ele chegou na vila a alguns anos. -Pra você se refrescar. Diz a mulher sorrindo enquanto lhe oferece um copo de água que ela trazia na mão, o genin sente o copo gelado ao toque e o tomo avidamente.

-Diga que eu mandei um “oi” pro Taichi… E você deveria aparecer mais vezes, ainda lembro de quando você era pequenininho… Mas antes que a mulher pudesse continuar seu monólogo, Asura lhe devolve o copo e acena em agradecimento, a encarando questionadoramente. -Ai sim, está tudo prontinho, muito obrigada. Diz a mulher com um sorriso, encarando a figura do jovem que então se vira e parte do local.

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-Atchim! O espirro ressoava pela biblioteca, dado sua altura Asura podia jurar que viu a própria estante a sua frente balançando, ou talvez fosse a sua própria cabeça que estava zunindo. Levando seu dedo indicador ao nariz o genin o coça, sentindo algum alívio passageiro, pois naquele local seria impossível evitar mais e mais espirros.

A sua missão de hoje era, supostamente, simples: Limpar o primeiro andar de arquivos administrativos da vila, e realmente o seria, se a camada descomunal de poeira que tivesse ali acumulada não tornasse um desafio fisiológico até ficar dentro daquela sala. Asura amaldiçoa sua sorte, um elemento fuuton bem empregado ali poderia resolver a situação, mas claro, esse não era sua afinidade elemental.

Sem escolhas Asura adentra o local, sentindo seus olhos arderem pela poeira que entrou neles e seu nariz já voltando a coçar se preparando para um próximo espirro, assim se passariam suas próximas horas, mas o que era antes um tormento se provou divertido quando Asura começou a encontrar alguns relatos de missões antigas da vila, alguns registros de organizações antigas e outros assuntos que, inadvertidamente, alimentavam a curiosidade ingênua e infantil do rapaz a muito enterrada nas areias do deserto.

Sem nem notar Asura termina seu serviço, tinha limpado toda a camada de poeira que era capaz e mal tinha percebido, imerso nas informações que obteve ali, claro, nada de importante, pois qualquer informação sigilosa era criptografa ou mesmo guardada em um local muito mais secreto. Mas ali despertava no recém formado genin uma curiosidade pela história da sua vila, que até então, ele era tão alheio. Um pouco decepcionado Asura fecha a porta do arquivo, levando consigo os materiais de limpeza, desejando que se acumulasse mais poeira logo naquele lugar.

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A tez de Asura se encontrava franzida enquanto seu braço fazia o constante trabalho manual de tecer a tinta do pincel que ele segurava pela parede de material arenoso fosco que compunha um dos diversos prédios de Sunagakure.

Não era a primeira missão que se tratava de apagar os rastros de ódio grifados nas paredes das casas da vila, e provavelmente não seria a última. Aquela em especial tinha lhe cobrado o dia todo, e o clima que antes era de calor abrasivo, já soprava a frigidez árida sobre sua pele quando a última demão era dada.

Ao finalizar o trabalho, o genin deixa as ferramentas fornecidas, pois os materiais pertenciam ao seu contratante. Encarando o entardecer em tons de carmim, laranja e amarelo, podia jogar que não encontraria o escritório de missões aberto, se resignando a reportar o sucesso da missão apenas no dia seguinte Asura decidi retornar em uma rápida corrida para sua casa, aproveitando para aquecer o corpo.

Mas no meio de seu caminho Asura acaba passando por uma loja de comida de rua, curioso com a coragem do vendedor de manter a loja aberta até tal hora e também atraído pelo cheiro convidativo, se depara com espetinhos dispostos numa grelha sendo movidos por um senhor já curvado pelo peso da idade.

Sem dialogar, Asura aponta para um dos espetos, escolhendo o que não tinha pedaços de carne, e entrega o dinheiro anunciado na placa de preços para o velho homem. -Ei garoto. Diz o velho por fim, já encarando a figura de Asura que se preparava para partir. -Tome cuidado. O genin apenas assente, encarando a escuridão da noite que devorava o céu e partindo.

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