Os grãos da ampulheta denunciavam que o tempo estava passando.

Dia após dia — ou noite, sendo mais específico —, a grandiosa Lua Sangrenta, como foi popularmente entitulada, ostentava sua grandeza nos céus. Seu brilho vermelho intenso pintava os céus de todas as nações do Mundo Shinobi. A reconstrução da Nuvem progredia, ao passo que os planos eram fomentados em escritórios cheios de figurões do alto escalão de todas as lideranças mundiais. Vinganças eram plotadas, e btalhas preparadas. E em cada noite daquelas, a graciosa luz escarlate vilipendiava sob o céu, indiferente aos anseios dos homens abaixo dela.

Sob a beira de uma colina, debaixo do sol poente, Uchiha Shin, novamente mascarado, se assentava, observando o céu. Seu servo fiel, Terumikami, se aproximou, pedindo permissão. Um aceno da Sombra Anciã lhe sinalizou positivamente, e este chegou junto ao lado de seu mestre. Observou que o olhar do Primeiro por trás da porcelana, que costumava ser afiado e destemido, estava diferente. Não era altivo, parecia preocupado.

— Meu senhor, seus planos foram um sucesso. A Verdade foi revelada ao mundo, e o Fim teve seu início. — Terumikami disse, ajeitando seus óculos. — Há muito a ser feito ainda. — A voz grave perfurou a porcelana em resposta, mais calma que o habitual. — As calamidades choverão sobre este mundo, muito em breve. — Mantinha os orbes focados no alto, no hrande globo vermelho-sangue. O astro do céu noturno, a lua, que mostrava comportamentos cada vez mais estranhos, desde o fatídico dia em Kumogakure. Um grande estralo pode ser ouvido por todos os habitantes do planeta e, se olhassem naquele momento simultaneamente para o céu, todos veriam.

— A hora está chegando. — Shin alarmou, fitando a base da Lua. Uma grande fissura apareceu, bem no centro do astro. Cobrindo toda sua extensão, a rachadura se fez visível daquela enorme distância, inexplicavelmente, mas nada mais aconteceu. A Primeira Sombra do Fogo se levantou, limpando suas vestes. — Você sabe o que fazer. — Ordenou ao seu subordinado, o qual se prostrou sob um dos joelhos, em reverência. — Proteja-a, à qualquer custo. Eu cuidarei do resto. — O mascatado se afastou. — Considere feito, meu senhor. — Ao fim de suas palavras, Terukami desapareceu. Seu cenho se fechou, abismado que um homem seu mestre iria tão longe ao ponto de ter o trabalho de enviar alguém para aquela Vila, apenas para garantir a segurança de uma pessoa.

Mais uma vez, como antes, o tempo seria o senhor de todas as coisas. Passado um ano desde a Tragédia da Nuvem, como o fatídico dia foi nomeado por aqueles que espalhavam as novas por aí, o Mundo Shinobi se via aquietado, envolto em tensão, como de praxe. A questão que permanecia, como em todas as eras passadas, era...

... quanto tempo levaria para aquela paz incerta acabar?

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