Gostava da forma renegada em que havia me disposto a viver depois de abandonar o vilarejo da nuvem, praticava tarefas um tanto ilegais para qualquer tipo de gente ladrões, senhores de terras ou até mesmo ninjas mais fracos que queriam vingança a qualquer custo por ter tido a mulher roubada por outro homem mais rico. Deveria admitir que me divertia muito nesses casos específicos, até porque isso demonstrava o quão patético o mundo havia se tornado e por conta desses e outros motivos que eu deveria ser o responsável por carregar a herança do deus trovão. Quando mais novo sempre procurei algo que fosse transformar meu futuro completamente, aquele momento chave que todos tem em sua vida que faz com que o seu rumo vire algo imaginável, porém o quê entendi com o tempo é que eu nunca teria esse momento, afinal fui enviado para o mundo com apenas um proposito, um propósito mais importante do que qualquer futuro comum. Eu sou aquele que irá demonstrar toda frustração e raiva daqueles que foram jogados para dentro do buraco existencial do mundo.

Pelos oprimidos, por aqueles que nunca tiveram voz para gritar, estou aqui, eu sou Arashi, o herdeiro do deus trovão!

Ainda me recuperava de meus ferimentos recebidos naquela cômica briga de bar causada por uma de minhas artimanhas para ganhar dinheiro, não me importava tanto com a dor que os machucados ainda me infligiam, afinal a dor passa e os machucados somem. Porém o que mais me marcou fora o reencontro com aquele que gostei de apelidar como "samurai mal-humorado", aquela era uma figura que a muito tempo estava guardada em minha memória, afinal mantinha o mesmo pensamento desde o inicio de minha adolescência de que nossos destinos ainda se cruzariam de alguma forma. Fora também os outros garotos peculiares que me ajudaram naquela pequena confusão — Para não admitir que causei o maior caos — O espadachim que dançava enquanto tirava cada uma daquelas vidas e não demonstrava sequer um ressentimento com certeza foi o mais marcante de toda aquela situação, porém os outros tiveram também seus próprios destaques como o garoto com o boneco nas costas que mostrou uma enorme brutalidade e nenhum ressentimento, o artista marcial com seus movimentos totalmente perfeccionistas e piadas duvidosas e por fim o samurai mal-humorado que demonstrava enorme evolução desde nosso último encontro. Um verdadeiro grupo de degenerados responsáveis pelo fechamento de um bar, talvez isso seja o mais próximo que cheguei de ter amigos. Não ironicamente, nunca mais nos encontramos depois disso.

Outono semprei foi minha estação favorita no ano, afinal os poucos serviços que me eram oferecidos eram acompanhados pela deliciosa brisa das folhas caindo ao chão, geralmente nesta época do ano as tarefas que me eram designadas eram trazidas por homens de terras que queriam sabotar seus concorrentes, o mundo é podre e ganancioso, isso me envergonha mesmo que eu seja um dos que agem para que isso aconteça, porém por mais que eu fosse o herdeiro, eu ainda sim fazia o quê tinha que fazer para sobreviver.

Inverno era uma estação muito amedrontadora, principalmente a anos atrás quando ainda era um sobrevivente, pois se o frio que invade as casas já é totalmente congelante, imagine para alguém que nem mesmo tem um teto sobre sua cabeça ou um chocolate quente preparado por seus familiares? Mas atualmente isso não era um grande problema para mim, porém ainda sim meus pensamentos acompanhavam aqueles com menos oportunidades de crescer da mesma forma que tive. Assisinatos eram as principais tarefas que me ofereciam nessa época do ano, não entendia muito bem o porque, mas imaginava que uma estação fria tornava as pessoas mais frias ainda.

Por fim a primavera, essa sempre foi a estação mais bonita do ano, os jardins eram repletos de flores e o sorriso das pessoas por sua maioria estava sempre estampando em seus semblantes, as oportunidades de trabalho nessa época eram enormes, existia uma grande variedade de serviços que me eram oferecidos, porém nesta estação dava a prioridade a trabalhos que pessoas mais nescessitadas me ofereciam, sentia que de certa forma essa era a contribuição que eu poderia fazer pelo mundo, pelo menos enquanto ainda não tinha a força suficiente para cumprir as ordens do Deus Trovão.
O ano havia sido bom, afinal comemorar mais um aniversário é sinal de sucesso para um sobrevivente, porém acreditava que apenas comemorar um aniversário não era mais o suficiente para mim, eu era o predestinado a revolucionar o futuro do mundo ninja e daqueles que eram deixados de lado, como alguém tão importante poderia continuar apenas comemorando a vida? A vida de nada vale se você não está no caminho de cumprir seus objetivos, por esse mesmo motivo comecei a treinar arduamente todos os dias que ainda me restavam daquele ano, talvez o presente que recebi naquele aniversário fora meu reencontro com Ryugan que com sua presença familiar me fez novamente perceber que meu caminho estava desvirtuado, aquele garoto tinha algo de especial e talvez nossos destinos estivessem traçados a se cruzar novamente.

Você fora uma mensagem enviada diretamente pelo Deus Trovão, afinal você sempre apareceu nos momentos em que mais fugi de minhas verdadeiras responsabilidades

Por esse mesmo motivo sabia que não precisaria procurar aquele garoto, pois se minha teoria estivesse certa nossos destinos se cruzariam novamente de forma natural, o Deus Trovão sabe exatamente o momento e motivos certos, então não iria contra suas vontades procurando algo que não está em meu destino, pois no fim de tudo isso eu era apenas um instrumento de ódio enviado a terra para enviar uma mensagem. A maior e mais destrutiva mensagem já vista no mundo ninja.

O ano que estava a vir seria marcado pelo gigante adormecido em meu corpo que estava prestes a acordar de sua longa hibernação, todo ódio e frustrações do mundo sempre estiveram dentro de mim, porém isso havia sido esquecido, mas agora que havia voltado a meu caminho estava disposto a trocar minha vida por passar essa mensagem, afinal eu sou Arashi, o herdeiro do Deus Trovão.

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