GAIDEN EM DUPLA

Não que eu fosse uma pessoa difícil para se agradar, mas de fato a chuva não era dos acontecimentos meteorológicos o que mais me agradava. “Eu estava tão perto. Bem que poderia esperar eu no mínimo chegar em casa!” Pensava comigo mesmo enquanto já próximo do portão da Vila da Folha era recebido por uma forte e nada calorosa chuva. O motivo de estar ali é que acabara de voltar de uma missão pelas vilas vizinhas, e já estava de certa forma a mais de uma semana longe de casa, mas não que eu me importasse é claro, ou que tivesse saudade, mas sim pelo fato de eu não imaginar o meu progresso, ou que a mudança imposta no mundo que eu vá realizar seja em missões de tratamento médico como essa. Ainda era um estudante do Iryonin, uma técnica da qual eu me interessava, mas por enquanto eu apenas conseguia auxiliar ninjas mais experientes, ou seja, fui enviado para tal por ser um entusiasta, quase como um fã, e não como alguém que realmente seria útil, e sim, eu não fui nada útil.

Aquela chuva caía como um balde de água fria sob minha cabeça ao pensar em como aquela semana fora desperdiçada com trabalho voluntário enquanto eu poderia estar de fato estudando e treinando. De qualquer forma, ficar debaixo daquele temporal não era do meu gosto pessoal, e obviamente por puro desespero, comecei a correr pelas ruas já quase abandonadas da vila por conta da chuva. Por sorte, próximo dali pude encontrar uma pequena loja de Dangos com uma coberta, o que ao menos por hora me livraria do ensopado.

Já encharcado e sem ter muito o que fazer a respeito, procurei um assento já me acenando para a dona e me desculpando por meu estado, mas aparentemente ela não se importou e apenas me deixou a vontade. - Me vê alguns Dangos, por favor. - Já que pelo tempo eu não sairia dali tão cedo, resolvi então me alimentar, estava morrendo de fome depois daquela longa caminhada, e alguns Dangos caíram muito bem. Inusitadamente, notei a presença de um garoto que aparentemente era um shinobi ao meu lado que estava na mesma pobre e triste condição que eu. - Pelo jeito você também foi pego de surpresa por esse chuva. - Comentei já puxando assunto, se nem mesmo saber se o garoto estava afim, então, se ele fosse recíproco com o assunto, me apresentaria com educação. - Seiji, Nara Seiji! Graduação de Tokubetsu Jonin! Prazer em conhecê-lo. - Estenderia minha mão direita para o rapaz.


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Éramos os únicos ali, e ser cordial era algo costumeiro para mim, e por sorte o garoto retribuiu o cumprimento sendo bem agradável. - Haha, que com que o seu melhor lhe trouxe até aqui. - Sorri de forma amigável fechando até mesmo os meus olhos. - É notável o quão forte você é, seu aperto de mão é bem firme! - Disse após ter me apresentado ao rapaz que na mesma hora seu sobrenome me surpreendeu. - Senju? Quem diria, uma raridade. Isso explica toda essa sua energia. - Comentei enquanto a moça se aproximava com os Dangos pedidos anteriormente.

- Oh! Muito obrigado. - O cheiro suave daquele lanche me subia agradável às narinas ao qual me deixava cada vez mais com fome. - Tome, um chá verde como cortesia da casa! - Logo em seguida, a dona me trazia uma pequena xícara, a combinação perfeita com o Dango disposto sob o prato. - Muito obrigado! Os Dangos estão deliciosos e… hum… o chá está muito saboroso. Agradeço pelo seu esforço. - Disse enquanto mastigava aquela massa de mochiko que derretia na minha boca, se misturando com a bebida mais que doce. - Imagina! Vocês se esforçam bastante para manter a nossa vila segura, isso não é nada. - Disse a mulher graciosamente. Na mesma hora juntei as mãos e baixei levemente a cabeça em tom de reverência para com o cuidado da mulher.

Não demorou muito até que Reo puxasse assunto e começasse a me questionar quanto a minha capacidade intelectual. - Gênio? Não, acho que isso é um pouco demais. Eu me viro, mas um gênio, acho que é demais para mim. Talvez se eu tivesse o físico que você tem, talvez eu pudesse me considerar algo próximo disso. - Sim, eu até tinha um QI acima da média, mas não me considerava alguém tão a frente dos outros, pelo menos não no meu estado atual. - Você foi bem longe nessa, hahaha. De fato, parece ser algo de família, mas eu não diria que seja genético, mas sim porque temos um gosto pelo estudo, crescemos dessa forma. Bom, pelo menos na minha casa sempre foi assim. - Comentei lembrando a infância cheia de cobranças por parte de meu pai. - Certo, existe sim um histórico de membros do clã que estiveram no mais alto escalão dentro da vila, mas… não é como se fosse algo natural vindo da gente, acho que apenas… acontece. - Apesar de eu aparentemente querer ser humilde em minhas palavras, era inevitável admitir que a pressão para que sempre estivéssemos em posições de importância na vila não só pelo histórico, mas também pelo respeito que sempre é imposto ao nosso clã, é algo bem forte e intenso.

- Mas me diga você. Um Senju, não!? Seu clã é tão respeitado quanto o nosso, um dos clãs fundadores da vila. Digamos que os gênios de verdade saem da sua família, e eu aposto que você deve ser um deles! Dedicação dá pra ver que você tem e muita. - Comentei enquanto voltava a comer os Dangos enquanto esperava alguma resposta do garoto.

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A chuva parecia não querer dar trégua, e por um bom tempo ela nos manteria ainda presos naquela pequena tenda de Dangos que inclusive estavam deliciosos. Nunca havia comido um Dango com tanto gosto na minha vida, e não posso me esquecer do chá verde também que me aquecia em meio aquele gélido tempo chuvoso.

A conversa entre mim e o Senju continuava a se desenrolar, o garoto por sua vez quebrava a minha cordialidade negando todas as minhas falas que sim, eu apenas falei da boca para fora, não era o grande conhecedor e entusiasta de seu clã, já não bastasse eu ter que lidar com todas as disciplinas, cultura e projeção imposta pelos Nara, quem dirá me amarrar ao conhecimento histórico de outra família. - Bom, de qualquer forma, é uma família bem grande com dezenas de descendentes então. - Comentei sobre a informação passada pelo garoto. - Talvez seja a sua aura, ou o seu olhar… não sei, algo em você me intimida, e se eu me sinto intimidado, logo considero forte. - Respondi a sua humildade.

- Egoísta? Não, eu não o julgaria assim. - Suas palavras pareciam bem intensas, seus olhos refletiam toda a sua determinação, passando grande seriedade no que ele havia acabado de falar. - Conseguir as coisas com o seu próprio mérito, esse sim é o tipo de gênio ideal que vem daquele que sempre busca a superioridade. - Naquele momento eu terminei a minha refeição, estava completamente satisfeito e de certa forma já queria ir embora, mesmo que para isso tivesse que encarar aquela chuva.

Me coloquei de pé já deixando a conta paga para dona da tenda e a agradecendo, em seguida me virei para o garoto Senju e estendi a minha mão para cumprimentá-lo. - Foi um prazer te conhecer, Reo. Espero que possamos trabalhar juntos algum dia, quem sabe. - Me virei e caminhei lentamente até a beirada daquela tenda enquanto encarava a chuva que aos poucos parecia diminuir. - Lembre-se, nunca dependa dos outros, siga o seu próprio caminho, e deixe seu nome marcado na história. Ainda ouvirão falar muito da gente por esse país afora… - Deixei minhas últimas palavras enquanto de costas acenava para o garoto Senju me despedindo dele caminhando pela chuva que insistia em cair.

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Gaiden em dupla aprovado.

@Reonashi & @Toji: 20 EXP.