Era minha a primeira missão designada a mim, e eu ainda estava assimilando como tudo funcionava. Precisava entender como esse sistema funcionava, para entender a razão de meu pai sempre ir contra ele e possivelmente, ter sido raptado por ele.
A missão me mandava ter com um floricultor, que havia perdido uma de suas espécies, e meu dever era encontrá-la. Apesar de ser um porre ter que perder tempo a procurar flores, certamente eu deveria subir gradualmente os degraus desse sistema para que consiga entendê-lo melhor desde sua base.

— Eai Senhor! Fui mandado para encontrar tua planta, pode me fornecer algumas informações sobre? Garanto que não demora nada, nada. Falei enquanto apoiava-me numa parede próxima a porta, demonstrando estar bem à vontade no lugar.

— Não ouse chamar minha preciosidade de “planta”. Era um lindo filhote, dos meus amados Antúrios, são raríssimos por aqui, meu maior tesouro!

— Tá, tá! Informações, por favor?

— Já fui atendido por ninjas mais educados que tu garoto, vou ser breve para não perder a paciência contigo. — Suspirou em tom de deboche e prosseguiu — Eu estava a podar meus antúrios como sempre faço, enquanto colhia os brotos para re-plantá-los, quando um forte vendaval lançou vários longe, até consegui encontrar quase todos, porém a mais bela muda acabei por não encontrá-la.

— Só me diz onde fica esse lugar onde as mudas voaram.

O senhor indicou-me o local e, já aborrecido com a história que para mim, era entediante, corri logo em direção para iniciar a investigação que, ao meu ver, não seria de todo tão difícil, ainda estava impressionado com a necessidade de enviar um ninja para tal.

Ao chegar no local, percebi que era uma área com grama alta, o que certamente dificultaria achar a droga da planta, não que eu estivesse extremamente motivado para fazer uma caça à muda, mas esperava que corresse bem, e que acabasse logo.
Era fácil de se notar que naquela região ventava muito, que ideia brilhante daquele maníaco por flores, deixar mudas soltas ao vento para serem carregadas. Aquele vento me deu a solução para o meu problema. De tempos em tempos, com as rajadas, a grama movia-se tanto a ponto de ser possível ver o chão que outrora a mesma cobria então, pulo para uma estante de certa forma alta que estava próxima de mim, ficando a uma certa altura do chão, o que me permitia olhar locais em volta, e pacientemente, aguardava as rajadas de vento para então observar por sinais da muda.

— Espero que essa Muda valha a pena...

Após alguns minutos com o entediante trabalho de aguardar ventos, em umas das rajadas pude observar algo diferente dentre a grama, saltei em direção, e após vasculhar a grama, pude encontrar uma pequena muda em um vaso, havia derramado um pouco de terra mas, eu não era floricultor, esse trabalho eu não assumiria.

Rumei com a maldita planta fugitiva para o senhor, enquanto expliquei o local para o mesmo, que ficou extremamente feliz. Fiquei sem entender como apenas uma planta, era o suficiente para fazer alguém tão feliz, talvez o sistema fosse o culpado de obrigar pessoas a terem objetivos tão pequenos para se sentirem satisfeitos. Apenas mais um escravo do mesmo.

Retornei então para o quartel general para poder reportar a missão e então seguir com meu treinamento para poder pegar missões cada vez mais difíceis. Não podia perder tempo pois, meu pai poderia não ter muito tempo de vida.

Logo após minha ultima missão, estava ainda mais motivado para prosseguir em minha caminhada. Um pouco ansioso talvez pois, minha jornada para encontrar o paradeiro de meu velho não podia esperar. Mas umas das virtudes que ele me ensinou estavam vivas dentro de mim, precisava ser paciênte e expandir meus campo de visão, entender como tudo funcionava. Me direcionei ao quadro de missões, sem falar muito, apenas encarei o shinobi que estava na posição de antendente e o mesmo apenas percebeu que eu não estava para amizade, me entregou a missão e me desejou boa sorte.

— "Agem todos como se tudo estivesse bem. Não pensam nos que estão morrendo agora. Malditos!" Pensei para mim mesmo.

Apertei o passo, fui em direção a tal fazenda na qual estavam sumindo cabras, um trabalho pífio, esse sistema não cansa de me surpreender, eu nem precisaria de escrever muito para informar coisas muito mais importantes a fazer na vila mas, era o meu trabalho no momento.

Ao chegar no local, logo busquei conversar com o velho responsável pela fazenda, apenas pedindo ao mesmo para me informar onde os animais ficavam e, assim fez o velho, sem dar muitos detalhes. Me dirigi ao local rapidamente enquanto tentava encontrar algum sinal do porque dos desaparecimentos repentinos. Ainda restavam algumas cabras, notei que as cercas não estavam danificadas mas, haviam muitos rastros por dentre elas e então, surge a suspeita de que seja algum animal selvagem.

Resolvi então, esperar escurecer, fiquei escondido em uma árvore próxima ao cercado onde ficavam as cabras que restavam e, não demorou nada, logo ao cair da noite, consigo ouvir vários passos vindo de uma máta próxima, grunhidos, e logo para me confirmar a suspeita, surgem 3 lobos esfomeados que avançam logo em direção aos animais indefesos da fazenda, eu precisava agir rápido.

Com uma Kunai em minha mão, pretendia matar os predadores bem rapidamente porém, aquela situação em específico me lembrou a meu pai. Porque tirar a vida daqueles animais assim? Acredito que aos olhos desse sistema de merda, àqueles que cometiam erros, erram brutalmente eliminados dessa forma. O sistema devia proteger sim, as cabras indefesas, mas proteger também os desgarrados de seu bando. Assim que chego entre as cabras e lobos, finco minha Kunai ao chão, meu olhar firme é direcionado para os predadores, minha postura? Imponente, avanço uns passos, e utilizando de minha individualidade que potencializa os ventos, crio uma leve rajada que atinge toda a área. Asusta não só as cabras que se juntam umas as outras de forma a se defender do vento, como os famintos, que param o avanço, e começam a me encarar aos rosnados e grunhidos.

Mantenho minha Postura, avanço mais dois passos em direção aos lobos, que começam a recuar antes de tentar realizar uma investida, afim de me intimidar. Intensifico os ventos no local, impedido-os mais uma vez de avançar que, por fim, batem em retirada percebendo que não conseguiriam alcançar seus objetivos naquele local. Orgulhoso por estar cada vez mais compreendendo a filosofia do meu velho, vou até o dono da fazenda de explico sobre os animais que ali estavam, eles realmente poderiam voltar porém, agora o fazendeiro já conhece o algoz de seus animais indefesos, não seria dificil para o mesmo melhorar a segurança de sua fazenda e consequentemente proteger seus animais. Por fim, já tarde da noite, retorno para a vila para reportar a missão, o que era um saco, mas precisava me manter firme na minha jornada em busca de entender toda essa merda que assola a nossa sociedade.

Caminhando pelas vielas da parte mais pobre de Iwagakure, com a mente em outro lugar, já fazia muito tempo que eu não tinha nem mesmo notícias do meu velho. A cada dia, minha revolta crescia como um tumor, mas precisava me controlar. Fui logo comunicado que havia um novo serviço para mim e, sem demorar, me direcionei para receber as orientações.

Um mercador aparentemente foi atacado e teve sua carroça quebrada. O velho tinha contato constante com mercadores e me falava muito daqueles que o ajudavam, sempre me tratavam muito bem, fornecendo remédios para o meu Pai, e por muitas vezes, ajudando a tirar as vitimas da vila em segurança, tinha muito respeito por eles.

— R-Rik? É você mesmo moleque? — Gritou de longe um velho alto e gordo, que num primeiro instante não o reconheci, mas a medida que o homem se aproximava com os braços abertos, logo a imagem começava a se formar na minha mente.

— TIO BILL! HÁ QUANTO TEMPO!!! — Corri de imediato para um fervoroso abraço, enquanto jogávamos conversa fora de forma descontraída, até que conto sobre meu Pai, e o semblante do mercador instantaneamente se desmonta, o clima pesa, o silêncio reina, Não havia o que falar.

O Velho apenas em poucas palavras pede ajuda para reparar sua carroça pois, não havia tempo a perder, ele precisava agir. Não questionei, apenas perguntei para o mesmo do que ele precisava, ele apenas pediu por madeira pois, seria fácil realizar o reparo.

Em completo silêncio me dirigi para um pequeno conjunto de árvores, e em um movimento único, criei um pequeno tornado de vento na região, derrubando umas 3 árvores de médio porte, e após as mesmas caírem ao chão, criando uma pequena e simples lâmina de vento com os dedos, realizava os cortes para tornar mais fácil o carregamento.

Ao fim do dia, já tinha conseguido levar uma boa quantidade de partes de madeira para o velho Bill, sob silêncio absoluto. Não demorou muito para que o mesmo terminasse os reparos, olhou para mim com uma expressão pesarosa e olhando no fundo dos meus olhos, disse:

— Nós vamos nos ver logo moleque, se cuida, não deixa eles te pegarem.

Apenas acenei com a cabeça concordando, sem dizer uma única palavra, enquanto observara o mesmo ir embora e desaparecer no horizonte antes de retornar para a vila.

Fiquei pensativo após o último encontro mas, precisava manter o foco. Ainda tinha um longo caminho pela frente. No mesmo instante em que entreguei a última missão ao  quartel, imediatamente recebi outra, havia muito serviço a ser feito na vila. Apenas fui pra casa me preparar para o trabalho seguinte, sem demora.

Precisava falar com um ferreiro, aparentemente para testar um equipamento, apenas mais um trabalho inútil num lugar onde muitos precisavam de tanto, apenas poucos eram atendidos, é o sistema. Ao chegar na loja do homem, o ferreiro olhou para mim e logo apontou para o seu trabalho recém feito.

— Vamos garoto, eu não tenho muito tempo.

Olhei de canto enquanto empunhava a espada feita pelo ferreiro, balancei ela de um lado para o outro, dei alguns golpes no ar, olhava com atenção para o objeto, e de relance, encarava o ferreiro, repeti isso por algumas vezes até que deposito a arma de volta a bancada e me virando para o ferreiro digo:

— Isso aqui é um lixo. Tu é um ferreiro novato?

O homem quase cai para trás com o comentário,  bate com força na mesa me encarando com uma expressão de ódio, por um instante pensei que iríamos brigar porém, após alguns segundos me encarando, o homem grisalho com roupa suja claramente por causa de seu ofício, começa a gargalhar enquanto diz:

— É por isso que eu prefiro os ninjas jovens para avaliar meus trabalhos. Sem papas na língua, exigentes e mal educados.

— Estou sendo “pago” para isso, não vejo razão para não te dizer a real, velho estranho. — Desdenhei, enquanto via o mesmo buscar mais alguns equipamentos que tinha guardado, os quais me pediu para testar todos, e minha avaliação foi igual, era tudo muito ruim, pesado, com algumas falhas aparentes, rachaduras, uma vergonha.

— Como pensei... — Refletiu o ferreiro — O material que me forneceram dessa vez é de péssima qualidade, muito obrigado garoto. Agora posso devolver todo esse lixo em uma carroça para o fornecedor exigindo um material que preste.

Por fim o homem me cumprimentou, e se despediu me desejando boa sorte na caminhada. Me dirigi logo para o quartel para reportar a missão, e ir para casa treinar.