— Então você está dizendo que está sendo perseguida? — Questionou Reo, se sentando na cadeira enquanto colocava a palma sobre a mesa. Ali, estava bastante frio, o suficiente para causar um calafrio que atingiu a espinha do garoto por todo o seu sistema nervoso. Falou a mulher, um tanto tímida. Tinha cabelos ruivos deslumbrantes e olhos cinzas. Sua pele era clara, usava roupas exuberantes e era bela, mas Reo estava ali para fazer a sua missão. — Ele começou a me perseguir. Às vezes, quando vou pra casa, ele fica no meio da rua me esperando… Não me sinto segura. O mundo está cheio de problemas… Por isso resolvi contatar vocês, ninjas. — Pediu ela. Assim, com a ponta do dedo onde estava pressionado o dedão, ela empurrou o papel para que o Senju pudesse ver melhor.

A lamparina estava balançando naquele ambiente próprio. Devido a gravidade da situação, foi necessário ir até aquele aposento para torturas que existia dentro de Konoha. Ali naquele papel estava a foto do homem que supostamente perseguia a jovem moça, chamada Miku Arasawa. Percebendo toda a situação, Reo começou a por sua cabeça para trabalhar. Ergueu a mão e tocou parte de seu rosto, entrando em um estado de imersão de pensamento. Sua cabeça borbulhava de ideias, até que seus olhos azuis brilharam e o garoto pareceu ter a iluminação.

— Tenho um plano, mas você deve me dar a devida concessão para fazê-lo, pois vou precisar de você para que isso dê certo, Srta. Miku. — Confessou Reo, a fitando diretamente nos olhos. A garota pareceu hesitar um pouco e até ergueu as mãos, unindo os dedos em formato de oração e depositando os punhos juntos sob o seio. — Se isso for me ajudar a resolver todos os infortúnios que venho tendo por conta desse desconhecido, eu aceito sim! — Falou determinada, fitando os olhos grandes e expressivos, que brilhavam num tom cínzeo por dentro dos óculos, se chocando com o azul mar aclareado que Reo tinha.

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— Garoto, você tem certeza que consegue dar jeito em uma missão Rank B? Não quer deixar para outra pessoa? — Questionou o Jonnin que estava no canto escuro da sala, de braços cruzados. Usava um casaco de couro preto e tinha uma bandana do tipo que cobria toda a sua cabeça como um capacete. Ele olhava os dois com um ar severo, como se já tivesse passado por muita coisa. — Consigo, eu não sou mais um aluno da Academia, e tenho um plano para ajudar essa mulher. Acredito que ela deva ser livre como qualquer pessoa. — Falou Reo, seus olhos azuis brilhavam enquanto falava aquelas palavras, uma força de vontade inabalável.

— Tudo bem. Vá, ajude essa mulher, se você morrer, eu estava certo e deveria ter te impedido antes. — Dando meia volta, o homem saiu andando para fora da sala após abrir a porta. — Então… Me acompanhe, senhorita Miku, eu vou colocar o plano em ação. — O Senju pediu com um sorriso. Ambos começaram a caminhar para fora da sala, a missão só estava começando.

[...]

Tempos depois, Miku Arasawa saiu nas ruas, ela caminhava em passos rápidos, como se quisesse ir o mais rápido possível para casa. Então, logo depois, entre as pessoas que caminhavam por aí, seguindo suas vidas como qualquer outra, num poste próximo, uma figura apareceu, primeiro se esgueirou pelo mesmo e seguiu para o outro lado da rua, como se não quisesse ser visto ou notado. Usava um casaco com uma camisa por baixo, calças shinobis e sandálias, usava um chapéu do tipo protetor ao sol e carregava uma katana na costa. Tinha um bigode ralo e cabelos marrons que cobriam suas bochechas e ombros. Ele seguia Miku Arasawa com um olhar malicioso, como se estivesse finalmente pronto para fazer o que queria. Bom, fazia parte daquele plano, tudo.

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Assim, o primeiro beco que a senhorita Miku Arasawa viu, ela foi diretamente para ele na rua, desaparecendo do centro onde tinha muita gente. Aquilo fazia parte do plano acordado, por onde a mulher dos fios ruivos iria diretamente naquele beco sem saída, onde não há como escapar. Assim, o homem perseguidor, como o bom stalker que era e desprovido de inteligência, foi até lá, e adentrou também o beco. Lá ele encontrou a mulher que estava sozinha, de costas para ele. Lambendo os lábios, ele finalmente avançou em uma corrida, indo diretamente para ela. Quando estava próxima de alcançá-la, foi recebido com um potente chute no rosto.

Sangue jorrou de sua boca enquanto o Senju pousava sobre o chão, ficando ali a observar o homem que segurava seu rosto amassado, com sangue vermelho jorrando para fora. Mesmo em uma missão, devido ao fato de que estava protegendo valores de uma pessoa que estava sendo violada, Reo entrou no fluxo, ficando frio e distante, mantendo o funcionamento de sua mente para aplicação lógica e assertiva, isso fazia com que sombras brotassem ao redor de seus olhos, e um brilho sinistro passasse a resguardar o brilho azulado. — Você…Se renda agora, ou eu vou te quebrar por completo, seu lixo, escória humana. — Falava Reo, com um tom que nem parecia ser dele.

— Ela pertence a mim, e somente a mim! Seu Shinobi imundo! — Gritou o stalker, avançando contra Reo e sacando sua katana em sua costa. Assim, Reo fez o saque de uma kunai, enroscando o dedo no anel e trazendo para fora. O impacto foi tão forte que trouxe faíscas ao ar, e ambos começaram a trocar golpes com as armas, tendo Reo dificuldades para defender. Assim, se jogou para o lado e evitou um corte descendente da lâmina do homem, tomando impulso em seguida para fazer um selo, que foi prontamente interrompido pelo chute do homem, jogando Reo contra uma pilha de caixas de madeiras, chocando seu corpo contra a parede e levantando muita fumaça.

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"Acorde, Reo!" "Por favor, acorde!" Era a voz que Reo escutava na escuridão. Ele estava submerso, como se estivesse dormindo como sempre. Mas ele estava lá, semi acordado. Reo se levantou e se sentou,estava tonto e fraco, talvez fosse só momentaneamente. Mas diante dele estava um mini Reo. O Reo criança que era abusado psicologicamente por seus pais. Como isso poderia acontecer? "Acorde, Reo! Lembre-se da promessa que você fez! Que tornaria todos livres! Segure minha mão, vamos mudar essa realidade!" E o garotinho estendeu a mão para que Reo pegasse, e no momento que seus dedos tocaram, tudo mudou.

[...]

Nada mudou. Pelo menos para o mundo externo. Pisando sobre o corpo de Reo, o homem percebeu que ele não se mexia. — Ótimo, acabei com ele com um golpe! Agora só sobra a minha sobremesa! — Passando a língua nos dentes, o homem avançou, segurando Miku pelos ombros e a encostando na parede. — Vamos lá, você é minha… Se aquiete… — Dizia o stalker, intentando contra a integridade física da mulher. — Senhor Reo! Socorro! — Gritou Miku,com lágrimas nos olhos. Um segundo depois, um vulto surgiu atrás do homem. — Mokuton! Sashiki no Jutsu! — Gritou o garoto, tocando a costa do homem. — O quê?! — O mesmo se virou, sendo empalado por diversos galhos que irromperam de dentro dele. Devido ao imenso controle de Chakra de Reo, não foi possível ferir Miku.

[...]

— Então o cara morreu. — Falou o Jonnin de antes. — Sim. Não teve jeito, eu pretendia só capturá-lo, mas não me deixou escolhas. — Falou Reo com um curativo na boca e na bochecha. — Entendo. Pelo menos Miku está bem. — Comentou o superior, cruzando os braços. Miku estava descansando em uma maca colocada pelos médicos de Konoha. Apesar da missão concluída, terminou com uma morte. O corpo do stalker estava encoberto por um lençol onde a área estava sendo interditada

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— Eu sou o Reo, o encarregado de cuidar de você, Namiri. — Se sentou na cadeira do hospital. Várias pessoas estavam ali, inclusive os pais da criança. — Você… Você veio achar uma cura pra mim…? — Questionou a criança, de cama. Ela não estava nem podendo falar direito. — Vim ajudar. — Falou o Senju, calmamente, estendendo a mão para tocar a da garota, que estava fraca. — O… Meu médico não veio… Ele desenvolveu um modo de parar a minha exibição de chakra constante… Meu único desejo é que ele volte… Será que você poderia trazê-lo de volta, Senju Reonashi? — Questionou a jovem enquanto todos fitavam ambos. O Chunnin apertou os dedos ao redor do punho da garota.

— Com certeza, eu irei. Deixe tudo comigo, Namiri. — Reo se levantou, dando meia volta. Foi em direção a porta. — Espere por mim, eu vou te salvar. — Falou com um sorriso enquanto fitava a garota por cima do ombro. Ao deixar a sala do hospital, segurou o pergaminho entre os dedos, fechando o mesmo e guardando no bolso. Seu casaco azul com mangas médias vibrava ao vento assim como seus fios negros. — Assim como muitos nesse mundo, ela está presa por conta de seu chakra, forçada a viver em um estado de calamidade e nunca poder se libertar e viver como alguém normal… Vou mudar essa realidade! — O moreno falou, dando passos pelo corredor.

[...]

"Peguei uma foto do homem e procurei os últimos registros de estadia. Ele não está aqui, mas sim, fora da vila, em um território vizinho. Preciso encontrá-lo, pelo bem dessa garota." Pensava Reo, com um olhar determinado. Enquanto rumava para fora dos portões da vila, um dos guardas perguntou ao seu companheiro: — Aquele garoto não é jovem demais para estar em uma missão Rank B? — Foi a pergunta. — Pois é, tenho minhas dúvidas, ele é tão jovem, por mim faria missões rank baixo, mas são ordens da vila, e eu espero que, como alguém que não vê maldade, que ele volte vivo. — Falou o homem, cheio de pena.  — Veremos daqui a uns dias se ele volta. — Falou o guarda primário.

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Enquanto a viagem ocorria, Reo ia reunindo chakra natural em seu corpo. A sorte era que devido ao seu treinamento, o garoto poderia reunir essa energia enquanto fazia pequenas coisas, distribuindo seu foco sobre isso e afins. Devido a sua capacidade de atenção, o moreno não poderia estar mais apto para fazê-lo. Com isso, o tempo passou enquanto o Chunnin desbravava aquelas terras, seguindo para o Vilarejo onde o médico estava. Apesar de ter escutado o que os guardas haviam dito mais cedo, não iria falecer, iria viver o máximo o suficiente para que pudesse então deixar sua marca no mundo, não era nenhum idiota. O brilho nos seus olhos azuis indicavam isso, estava mais determinado do que nunca. Iria salvar aquela pobre garota.

As nuvens acima de si passavam com certa velocidade, mas as árvores na floresta passavam como um borrão. Reo saltava por entre as folhas, pulando de galho em galho e tomando impulso a cada piso que dava sobre a madeira. O vento fazia com que seus fios negros vibrassem, o vento fazia seu corpo dançar, mas por baixo das madeixasnwfeasestavam olhos azuis brilhantes. Azuis tão determinados e poderosos quanto aqueles que tinham a dita Vontade do Fogo.

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Tendo absorvido uma grande quantia de chakra enquanto se movia, Reo resolveu então pousar sobre uma árvore e se sentar ali, cruzando as pernas e entrando em posição de lótus. Assim, ele poderia reunir mais chakra natural do que de costume devido ao fato de ser o Senjutsu Perfeito. Após um tempo, se levantou e voltou a partir novamente pelas árvores. Pulando, pulando e pulando sobre as árvores, seu campo de Kanchi ativou-se e Reo pôde perceber uma grande quantia de chakra muito próxima da área onde se pretendia chegar, uma grande quantia de assinatura de chakra em muitos campos, aquilo era imensa. O Senju chegou a arregalar os olhos enquanto cerrava os dentes, se fazendo a seguinte pergunta: "O que diabos estava acontecendo?!" Aquilo foi o suficiente para que o garoto pudesse então tomar mais uma forte iniciativa para que pudesse apressar os passos.

Foi então que saiu da floresta, passando por uma ponte e seguiu até o outro lado, que continha também mais floresta. Assim, chegou a uma espécie de vilarejo, e seu portão estava aberto. Tinha muita fumaça no céu e tudo parecia indicar que havia fogo, afinal, quando há fumaça há fogo. Reo derrapou os pés após adentrar o pequeno vilarejo. A cena era caótica, senão a mais caótica possível, onde pessoas lutavam pela sobrevivência. Pelo visto, ladrões haviam invadido o vilarejo onde o médico estava, de modo que estavam tentando saquear os recursos daquele lugar, e aparentemente os moradores foram à luta pela defesa da paz de suas terras, munindo se de armas. Mas aquilo só deixava as coisas piores. Haviam muitos corpos caídos sobre o chão, mortos, crianças, mulheres mortas, mas também havia muitos ladrões mortos. Aquilo era como uma pilha de corpos. Sem pensar duas vezes, o Senju disparou a toda velocidade por ali, de modo que iria ajudar naquilo com certeza.

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Reo correu pelo campo, vários bandidos apareceram e ele precisou usar seu Sashiki no Jutsu outra vez, furando um, e prospectando seus galhos para fora, atingindo vários outros que estavam próximos. Pegando um desses galhos e usando como espada, Reo disparou pelo campo, curando vários bandidos no campo, ao mesmo tempo, sendo acertado por vários golpes, que lhe renderam cortes em todo o corpo, ainda que esses fossem pequenos. Tossindo um pouco de sangue, o Senju continuou. Ele tentava defender crianças e mulheres, usando kunai como meio defensivo ao mesmo tempo que lutava com vários outros bandidos. No fim, Reo acabou exausto e cansado, e aquilo durou horas.

[...]

Exausto, cheio de sangue, Reo caminhou pelos corpos mortos. Graças a ele e aos habitantes, o mundo havia sido salvo, o mundo no que se referia a esse vilarejo. Foi aí que entre as vítimas da morte iminente, Reo encontrou o médico da jovem do anel. — Senhor! Senhor Daitoken! Eu sou Reo! Vim ajudar uma garota chamada Namiri! Eu preciso que o senhor retorne a vila comigo para levarmos o anel que ela precisa! — Falou Reo, tossindo em seguida enquanto segurava o homem no chão, mas de forma gentil. — Oh sim, garoto. — Falou o homem, de uma maneira fraca. — Acho que o meu momento chegou e… Bem, aqui está… Leve pra ela. — Falou o homem, retirando um pequeno envelope entre os dedos sanguinolentos. — Vá salvá-la, quando ela tocar esse anel, ele irá ativar um selo de restrição do seu chakra, salvando sua vida… É uma alma pela outra. — E o homem faleceu ali.

E ali, Reo entendeu que as pessoas vão e vem, morrem, nascem, vivem, e morrem. Um homem gentil teve sua vida ceifada pela maldade humana. No dia em que Namiri recebeu seu anel, ela ganhou o direito de uma vida melhor, mas não era o caso de Daikoten, que faleceu dias antes, uma história de sacrifício. Reo observava enquanto a menina feliz, se recuperava aos poucos. Mas ao mesmo tempo sentia uma tremenda culpa. Se sentando sobre o piso de um prédio, Reo se deixou ser engolfado pela chuva constante que caia naqueles dias. Observando a menina com o dom da vida do lado de fora da janela, relâmpagos preenchiam os céus e a chuva molhava tudo e todos. Ali era o melhor momento para se ver que não estava chorando, pois odiava demonstrar fraqueza. — Droga! Eu fracassei! — Resmungou, cerrando os dentes. — Não pude salvar muitas pessoas… Eu deveria ter salvado todos… — Resmungou sozinho enquanto abraçava suas pernas.

— Pare de se lamentar, você concluiu sua missão. Fez o que pôde. Não fique com esse complexo de herói, não dá pra salvar todo mundo, garoto. Vá, vá pra casa, siga em frente, a flecha do tempo não para, ela não vai te esperar enquanto você se afoga em lágrimas. — Falou o Jonnin, aquele que havia passado missão de Namiri e de Miku Arasawa. — Supere isso, Senju. Parabéns pela sua conclusão. — O homem desapareceu. Reo precisava lidar com aquilo. Reo limpou seus olhos sujos, e então saltou em direção ao chão de Konoha. — Merda… — Resmungou, e então colocou o capuz sobre sua cabeça, começando a caminhar debaixo da chuva.

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