— Eu nunca vou conseguir desenhar tão bem quanto você! — Exclamou a menina, com seus olhos marejados pela frustração que encontrava ao tentar traçar linhas em seu pergaminho. Yasuke, portando a figura de irmão mais velho, era ao mesmo tempo o exemplo e também o próprio rival de Midori: uma linha tênue em que ele tinha de se equilibrar para evitar cometer erros talvez irreversíveis para com a relação de ambos. — Bom, eu também acho que você nunca vai desenhar tão bem quanto eu. Você vai desenhar melhor do que eu. — Ele não manteve contato visual com a irmã, mas sua expressão era uma mistura de felicidade com inocência. — Não, não vou! Eu não consigo nem desenhar um maldito pássaro. — Ela arremessou o pincel contra o chão e então cruzou os braços.

— Ei, calma ai. Vamos resolver isso. — O jovem artista saltou da parte superior da beliche e sentou ao lado de sua irmã. Antes de lhe alcançar novamente o pincel, fez questão de acaricia-la suavemente a cabeça, como um gesto carinhoso de encorajamento. — E se a gente fizer um desenho em conjunto, o que acha? — Midori o encarou por alguns segundos, raciocinando a proposta, e então secou as lágrimas que escorriam por suas bochechas, dando lugar a um genuíno sorriso escaldante. — Eu acho uma ótima ideia, Yas! — O shinobi felicitou-se, e então sacou o seu próprio pincel também. — Alguma ideia do que podemos fazer?

— Vamos desenhar um falcão! — Uma ideia no mínimo curiosa, considerando que a poucos segundos atrás ela reclamava que não era capaz de desenhar um mero pássaro. Imagine então um pássaro grande. — Um falcão será, então. — Deixou escapar uma tímida risada de empolgação e então mergulhou a ponta do pincel no seu recipiente de tinta, dando início a mais uma das obras conjuntas dos irmãos Murata. — Os primeiros traçados tem de ser simples. Você não pode sair tentando desenhar as coisas na sua forma mais complexa já no início. — Explicou enquanto presenciava a certa ansiedade de Midori para com a confecção de seus traçados. — Um passo de cada vez, irmãzinha.

E assim o fizeram: em um passo de cada vez. Demorou cerca de uma hora a mais do que o normal, visto que constantemente Yasuke interrompia a feitura da arte para explicar conceitos básicos e avançados para sua irmã — e também pupila —. A tinta já pelo fim participou da pincelada final, compondo finalmente o desenho de um imenso falcão repleto de "tatuagens" de carinhas e expressões variadas: uma cortesia de Midori. — Está lindo, mas acho que ainda podemos dar um toque a mais. Vem comigo. — O ninja recolheu o pergaminho com as mãos e dirigiu-se até o lado de fora da pequena cabana em que viviam. Ao tocar o dedo indicador na superfície de papel e manusear o próprio chakra, concedeu vida à grande ave, que veio ao mundo batendo as asas, como se comemorasse a sua liberdade.

— Todos à bordo! — Exclamou enquanto estendia a mão para Midori no intuito de auxilia-la a subir nas costas do falcão. Yasuke segurou firme em sua irmã para garantir sua total segurança e ordenou que o falcão alçasse voo em direção ao horizonte. — Isso é incrível! — Sua empolgação era tamanha ao ponto de permitir que falasse em voz alta em meio à ventania constante propiciada pela viagem naquela velocidade e altura. Vista de cima, a Aldeia da Névoa retinha em si um ar misterioso, quase fúnebre, mas de alguma forma, o jovem shinobi, em sua mente artística, era capaz de enxergar a lindeza de seu lar, e em como era importante garantir que continuasse daquele jeito sob os olhos de todos.

Considerações:

Técnica aprendida:

Equipamentos:

Yasuke já havia aprendido a arte de moldar os próprios fios de cabelo em afiadas agulhas que lhe proporcionavam uma defesa relativamente poderosa. Faltava-lhe, no entanto, a arte de moldar os próprios fios de cabelo em algum tipo poderoso de ataque: e como criatividade era algo que definitivamente não carecia a ele, por que não transformar as madeixas negras em uma boca de leão com direito até mesmo à presas? Como alguém de memória visual, após as primeiras tentativas falhas de execução da nova técnica, o jovem artista decidiu desenhar em pedaços de papel cada pequeno passo que deveria executar, assim como a forma final que o jutsu tomaria.

O processo de crescimento seria realizado através do fluxo intenso de chakra, assim como o processo de enrijecimento: a única etapa diferente seria em seu molde e flexibilidade. Afim de causar maiores danos — e também acrescentar o próprio toque artístico —, as mechas negras se juntariam para formarem uma enorme boca de leão com dentes afiados em forma de agulha. Sua flexibilidade deveria ser a maior possível para que pudesse ser capaz de seguir os alvos por uma grande área sem maiores problemas. Não sei até que ponto é prudente atacar com os próprios cabelos, mas tenho que jogar com o que tenho em mãos.

Considerações:

Técnica aprendida:

Equipamentos: