Barulhos intensos começaram a surgir por todos os lados de sua casa, a garotinha já havia deitado, sua mãe despedido com um beijo de boa noite. Christie não sabia porque não sentia nada, não conseguia explicar isso a mãe, porém sabia o que precisava fazer para ter as coisas que queria. Assim, ao longo de sua infância com aquela mulher, a garotinha sempre ganhava em suas manhãs. E naquela noite não foi diferente, ela tinha pedido para a mãe um doce e os ingredientes tinham que ser colhidos frescos para seu preparo.
Por isso, aquele barulho todo incomodou a menina, ela estava sozinha em casa, seus pais tinham saído com a intensão de pegar os ingredientes, foram em dois para ser mais rápido. Contudo, o casal cruzou com uma caça em andamento, vários cachorros e ninjas estavam perseguindo alguma coisa ou uma pessoa, não tinha como identificar de imediato.
Os pais de Christie cruzou a rota deles, chamando atenção para si. O perseguido foi na direção deles, já quase estavam de volta em sua casa quando um homem estranho caiu por cima do pai da garotinha, o jogando com tudo no chão.
— AAAAH! — a mulher gritou assustada, porém sua voz sumiu com o corte profundo que fez sua garganta ser arrancada.
De olhos arregalados, curiosa pelo barulho, Christie via tudo da janela, o seu quintal foi tingido de sangue, um vermelho assustador, para quem tinha emoções para exibir, já a garotinha não sentia nada ao ver seus pais serem mortos daquela forma, ela somente estranhou por ser daquela forma e algumas dúvidas surgiram na sua cabeça, “eu deveria sentir o quê?”. Logo em seguida o barulho intenso de cães, parecendo mais mil devido ao barulho, porém somente cinco adentraram no quintal e cercaram o homem.
Este não era estúpido para ficar no meio de um monte de cachorros rosnando e prontos para atacar, saltou para cima do telhado, a pequena casa que agora só abrigava a garotinha ruiu, um ataque ocorreu no instante que o homem pousou, ela não percebeu o que era, só viu depois uma mulher e um cachorro que estava segurando o homem com os dentes no pescoço.
Os escombros da pequena casa de madeira caiu tudo sobre Christie, ela acabou desmaiando com uma pancada, mas mesmo que estivesse acordada não conseguiria se mexer e sua voz estaria abafada pela madeira que lhe cobria. O barulho foi embora.
O que a menina nunca ficou sabendo era como foi tirada dali, a história que lhe contaram era que a filhote mais nova da matilha, que estava ali por pura teimosia em seguir sua mãe, acabou por se prostrar em frente uma pilha de madeiras e começar a ganir, latir e uivar. Seus pais e irmãos eram obedientes, então seguiam os comandos de seus donos. Ela permanecia ali, indo até próximo ao grupo que se afastava e voltava fazendo estardalhaço para junto da casa destruída.
A líder do clã Inuzuka voltou tentando sentir o cheiro de algo mais além de todo aquele sangue que estava no local e começou a tirar as tábuas, assim podendo resgatar Christie de uma morte lenta e dolorosa. A filhote lambeu seu rosto choramingando, mas a garota não acordou de imediato, tendo que ser carregada pelo grupo para a vila. Desde então, Blood não saiu do lado da garota de cabelos pretos.
Christie não entendia o comportamento da cachorra, mas também não queria que ela saísse mais de perto de si, era sempre bom ter um animal com capacidades únicas. A garota viveu dentro do clã e começou a desenvolver suas habilidades como se fosse parte dali, porém, quando estava insatisfeita com alguma coisa, a menina buscava um meio de manipular ou mentir para conseguir o que queria, já que nem tudo sobre o clã era lhe passado, já que ela não era uma Inuzuka de sangue.
A persistência da garota a fez conseguir entender como eram as práticas ali no lugar, seja para treinamento de um jutsu, criação, aperfeiçoamento e claramente como deveria ser o convívio com os cachorros. Essa era a única parte que não incomodava Christie, talvez Blood era a única que conhecia tudo que passava em sua mente, já que ela não falava a verdade para as pessoas, sempre escondia sua natureza fria e manipuladora, deixando transparecer uma meiga e gentil criança. Um desses episódios foi como a menina conseguiu evitar ser enviada para academia ninja da aldeia, apesar de viver em treinamentos com membros do clã.
— Christie, você não quer ir para a academia? Lá vai aprender muitas coisas e se tornar shinobi.
— Não. Eles vão ficar implicando por eu ser de fora da vila e também prefiro ficar aqui e aprender a cuidar da saúde dos cachorros com a mana Hana.
A mulher sempre era vencida com o papo que envolvia os animais, a criança sabia disso e sempre se aproveitava quando tinha oportunidade para fazer uso dessa tática. Ir para a academia até seria algo que ela poderia fazer, mas ficar muito tempo tendo que obedecer regras em uma sala fechada, não era muito sua vontade de passar a infância. Estar livre treinando com Blood e também aprendendo sobre os cachorros era bem mais prazeroso e lhe dava mais liberdade.
Blood corria na floresta enquanto Christie ia atrás dela, as duas se divertiam ao ar livre, naquele dia a garota havia arrumado uma desculpa para não limpar os canis e saiu para um passeio, como sempre todos acreditavam no que ela falava e então foi fácil sair. O horário era o mesmo que as crianças eram dispensadas da academia e aquela rota que a garota de longos cabelos pretos fazia também era feita por outras crianças que queriam brincar de ninja pela aldeia.
Foi quando encontrou um grupo disputando, era uma competição de quem corria mais e subia mais alto na árvore. Ela pegou sua cachorra e escondeu-se observando como as crianças interagiam e também pode observar o filho da líder do clã brincando. Blood ficou excitada e acabou se soltando das mãos de Christie e foi até o cachorro do garoto, o cheirou e brincou, a menina ficou parada onde estava, só dessa vez em pé e visível para todos que estavam ali.
— Quer brincar? — o garoto chamou.
As outras crianças olharam para Christe, ela fez uma careta observando todas e virou-se para sair, a menina se achava melhor que todos ali, não queria participar da competição boba.
— Vamos Blood!
A cachorra obedeceu ao comando e as duas voltaram a correr pela floresta, enquanto a imagem das expressões do grupo passavam em sua mente. Talvez seria útil observar as outras crianças, já que poderia copiar o comportamento delas diante de situações adversas.

Considerações:

Companheira Canina:

Jutsus:

Bolsas de Armas: