Ainda que fosse Verão no País da Água, as primeiras horas da manhã traziam mornos e tímidos raios de Sol que penetravam por entre a névoa espessa típica da Vila Oculta. O clima não impedia o funcionamento da vila e com Biskka não seria diferente. Almejando ter seu reconhecido e se tornar mais forte, ela tinha um novo contrato que fora pego no Quadro de Missões e, como tem sido nos últimos dias, ela tentaria completar mais uma missão para a vila. O tecido leve do seu kimono ficava à mercê do vento que vinha contra o corpo da menina a cada salto que ela executava para ir de encontro ao seu alvo. Ainda que o relojoeiro fosse o contratante não seria prudente simplesmente acreditar na sua palavra simplesmente, principalmente tratando-se de, supostamente, uma apropriação indébita.

Ao que tudo indicava aquela era a casa. Ficava no lado um pouco abastardo da vila, onde residiam as pessoas com condições melhores e mais complicadas de lidar pois acham que o dinheiro fala mais alto. Biskka manteve apática a este pensamento, não iria se intimidar com títulos ou dinheiro ou status social de quem quer que fosse. Bateu na porta educadamente e de lá saia uma mulher não tão jovem, talvez com idade para ser sua mãe. Ela tinha cabelos pretos e estatura média, adornada de joias em seus anéis, brincos e colar.

— Olá? — A mulher tinha uma expressão curiosa e confusa em seu rosto, não esperava que uma kunoichi aparecesse à sua porta tão cedo.
Biskka a olhava um pouco de baixo devido a pequena diferença de altura, porém seu cachecol protegia sua boca, queixo e nariz deixando apenas suas orbes azuis que a encarava.
— Podemos conversar? O seu nome apareceu em um contrato no Quadro de Missões da Névoa. — Disse Biskka simplesmente. A mulher pareceu engolir em seco, não conheci a menina, não sabia que ela era apenas um Genin – e a mesma não se comportava como tal – e ela estivesse lá para matá-la?
— Soube de uma desavença com um relojoeiro e ele diz que a senhora possui uma joia que lhe pertence.

Neste momento, a expressão da mulher mudou de surpresa e confusão para fúria e indignação.

— Ele disse isso?! — Indagou com voz mais exaltada. Ela entrou em passos pesados, Biskka a acompanhava fechando a porta no processo.
— O que está havendo, afinal?
— Essa miserável me vendeu um relógio caríssimo que deu defeito logo em seguida, então eu voltei lá para reclamar e ele deixou a joia comigo como garantia.
A voz da mulher estava um pouco distante, uma vez que estava dentro de um dos quartos enquanto Biskka permanecia na sala. A passos curtos e apressados, ela retornava.
— Aqui, essa é a joia. — O mineral parecia uma gota d’agua que brilhava num azul turquesa hipnotizante. A konuichi tomou a joia para si a fim de olhar mais de perto.
— Se ele deu a joia como garantia do serviço, por que está pedindo de volta agora?
— Eu não sei! Talvez não confie em mim, já faz umas semanas que fiquei de voltar, mas...

A mulher parecia cansada, bufou ao falar como quem quer esconder alguma coisa. Contudo, aquilo não era da conta da kunoichi. Não naquela hora.
— Parece que existe uma grande confusão nessa história que vou investigar melhor. Mas por ora, preciso levar a joia, certo? — Disse simplesmente enquanto guardava a joia em um dos bolsos internos do seu kimono. Arrumou o seu cachecol que esconde parte do seu rosto e foi-se para concluir sua missão.

Considerações: