Biblioteca de Kirigakure.

　　O dia amanheceu e Nanami, “madrugadora”, já havia iniciado suas atividades há algumas horas. Havia passado os últimos dias completando várias missões, afinal, precisava trabalhar para sustentar seus gostos extravagantes. A maioria dos trabalhos envolveram esforço físico, que desagradaram a jovem, pois preferia trabalhos que envolvessem mais seu intelecto que seu corpo. Então, naquela manhã dirigiu-se ao centro de distribuição de missões torcendo para que caísse em seu colo uma comissão de seu agrado. E como o universo às vezes acerta, lhe foram atribuídas duas missões relativamente tranquilas: a primeira seria organizar os itens da biblioteca em suas respectivas seções; a segunda missão seria separar os produtos destruídos e, se possível, restaurá-los.

　　Aproximando-se da Biblioteca de Kirigakure, localizada no centro da vila, avistou um grupo de três pessoas conversando na entrada do local. Um dos integrantes vestia uniforme shinobi, de posto superior à Nanami, e estava tomando anotações; os outros pareciam ser funcionários da biblioteca. Apressou os passos até o grupo, apresentando-se quando o diálogo cessou.

　　— Licença. Me chamo Nanami, fui designada para organizar a biblioteca.

　　— Ah, você chegou. — O shinobi fechou seu pequeno caderno de anotações e o guardou no bolso da calça, voltando sua atenção à Genin. — Concluí nas investigações que nenhum item importante ou de grande valor parece ter sido roubado. Imagino que algumas crianças quiseram pregar uma peça e... bom, você vai ver como está.

　　— Tem certeza? — Ela disse, sem reserva.

　　— O que? Está insinuando que não sei fazer o meu trabalho? — O rosto de seu superior, que antes se mantinha sem expressão, fechou numa careta.

　　— Ahm- Quer dizer. Considerando o local que foi vandalizado, não seria sábio ponderar que estavam atrás de algum item específico? — Tentou contornar a situação, com pouco sucesso.

　　— Tsc. De qualquer forma, os bibliotecários irão providenciar um inventário com os milhares itens que já foram catalogados. Depois será seu trabalho conferir se está faltando alguma coisa.

　　Ela acenou com a cabeça, com um sorriso fraco, preferindo não verbalizar nada para não se sabotar ainda mais. O shinobi finalizou a apuração do crime e, com cara feia, deixou Nanami e os três bibliotecários para trás. Logo eles se apresentaram, uma mulher e um homem, e todos adentraram a biblioteca.

　　O local estava extremamente bagunçado, mesas e cadeiras viradas, quase todas as prateleiras vazias e os objetos que as ocupavam estavam jogados no chão. A jovem deixou escapar um suspiro, prevendo seu cansaço ao final do dia. Sem delonga, foi direcionada à sessão de história e geografia, onde vários livros, pergaminhos e mapas estavam expostos no chão, sujos e amassados. Foram horas separando e identificando os objetos para então organizá-los em suas devidas caixas e prateleiras. E, como previsto, Nanami mal conseguia raciocinar terminando sua comissão; estava exausta e esmarrida. Seus contratantes decidiram deixar para o próximo dia a restauração dos itens. Todos encerraram o dia, trancaram a biblioteca e foram para seus respectivos lares.