Qual seria o motivo pelo qual Tsurugi gostava tanto de livros? Era para passar o tempo. Assim como várias pessoas encontram nas suas vidas uma válvula de escape, o garoto encontrava neste ato, algo para se aventurar fora daquele mundo. Os livros tinham um teor fictício, era de ação, de fantasia e de outros gêneros, com um certo drama para dar aquela pitada de imaginação. Era só por esse motivo pelo qual o T. Jonnin sempre andava com um livro debaixo do braço ou era visto lendo algum livro também. Como tinha preguiça de ligar para o tempo, ele costumava então andar lendo até o seu destino, uma vez que aquilo ajudava o tempo a passar mais rápido, tal como havia feito quando tinha ido para a casa de Biskka. E assim, isso era quase como um centro de apoio terapêutico, mas não ajudava a curar a preguiça do garoto, mas apenas amenizá-la.

Mesmo não tendo um intelecto tão alto como a maioria das pessoas, o garoto usuário de Taijutsu poderia ser considerado um leitor ávido, por mais incrível que isso fosse parecer. Não eram poucas as vezes quando a chuva estava caindo sobre sua telha, com força, respingando toda a sua fúria contra a Aldeia, o pequeno garoto estava ali na cama, lendo seu livrinho enquanto envolto de uma coberta quente, e um pote de chocolate quente sobre a mesinha ao lado. Os olhos cinzas esverdeados tão brilhantes, atentos para o que seria o conteúdo daquele livro. Mesmo sendo alguém preguiçoso, aquilo o fascinava de uma maneira, seria o seu destino ter um hobby como aquele. No fim, o garoto amava isso, ainda que Biskka tivesse tido um surto de raiva por simplesmente chegar com o livro do bornal em sua casa, mas tudo bem, fazia parte de sua pessoa e de sua personalidade.

Vez ou outra, quando a preguiça estava forte demais, Tsurugi simplesmente se jogava sobre um banco, de modo que não importava a posição em que ficasse, ele apenas se jogava ali e ficava estático, lendo seu livro como ninguém. Era por isso que causava estranheza, mas tudo bem, era parte da sua personalidade, não se pôde julgar os outros pelos seus jeitos e trejeitos, cada pessoa era única, assim como cada cubo de uma molécula atômica é diferente.

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Mas também, poucas pessoas são compreensivas. Muitas delas nao se importam de lhe criticar quando deveriam estar cuidando da própria vida. Preferem ficar comentando sobre a vida alheia, uma fofoca sem fim, tão irritante. Com Tsurugi era diferente, ele era tão preguiçoso, que ficar com raiva era algo trivial, e que de todas as maneiras, ele preferia estar concentrado em sua leitura do que estar ainda morrendo contra o pensamento divergente da sociedade. Mas por que as pessoas eram assim? Ao invés de serem compreensivas uma com as outras, disseminavam o ódio contra os outros, a guerra, e a violência. Não era atoa que o mundo estava assim, conflituoso. Tsurugi acreditava que os crentes da paz absoluta só estavam ali para dizerem que tinha alguém lutando contra isso.

Mas no fim, se olhassem bem, não tinha. Ninguém estava se importando verdadeiramente com isso, o que um pouco problemático, visto que, a verdadeira paz poderia ser alcançada desde que os fatores que atrapalham essa paz fossem eliminados ou suprimidos. Mas a questão é quem um mundo como esse, os fatores sociais e as diretrizes bem como a pobreza, gera marginalidade e consequentemente crimes, violências e afins. É algo um tanto imprevisível que surge como bolhas no mundo todo, é como a proliferação de um rato, um rato para garantir a sobrevivência de sua espécie, consegue se reproduzir em dobro, gerando muitos descendentes. A mesma coisa se aplica ao antro da violência e da margem da sociedade.

Nesse caso, a pobreza também participa e é algo que existe também no mundo, e consequentemente é a gasolina que transforma a sociedade em um antro genocida. Homens matam para garantir a sua sobrevivência, homens matam porque gostam simplesmente de matar e furtar seus pertences, em um ato de soberba e ganância pelo sentimento de pertencer, de apropriação sobre alguma coisa. Depende muito do contexto em que se usa a violência e para que fim, mas sempre, em esses dois casos há o dedo da pobreza. O mundo não pode controlar isso de maneira total, infelizmente, algumas coisas estão fora da alçada. Nem mesmo um Kage ou Lorde Feudal poderia fazer algo sobre.

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Mas ainda assim, existe o tipo de violência. A violência injustificada sobre o ódio dos governantes, duas pessoas que se odeiam, mandam pessoas de sua própria nação que não se odeiam, lutam entre si por interesse destes dois no topo. É algo tão idiota, pessoas inocentes morrem assim, quando poderiam estar com suas famílias, focando em sua vida de ser ninja, um cientista brilhante, um policial honrado, algo assim, mas, se os governantes usam seus soldados, as pessoas de sua própria vila como pões sobre a justificativa de que aquilo é pela sua vila, pelo seu país, isso é nada mais do que passar o pano para a violência injustificada e intencional, nada sobre a paz, somente guerra e mais guerra.

É meio complicado quando se nasce em um país, em uma vila assim. Mas sempre tem aqueles que querem morrer pelo seu país, por um patriotismo cego, que influenciado por outros, pelas outras pessoas e claro, pela influência do dever moral, sem saber, pela sua inocência de fazer o bem, é o que faz com que pessoas controladas por outras sem saber são usadas como meio de propagação descarada da guerra. E aí, é o tipo de violência magna estampada nas TVs, e nos jornais, mas que qualquer outro cidadão consegue achar normal, pelo valor simbólico, pelo valor da moral e do bom costume, o patriotismo e nacionalismo, utilizado como fachada pra isso.

As únicas exceções, são em caso de legítima defesa. Uma proteção a sua própria vida. Quando uma nação prospera com a paz, e Lea é atacada, ela tem o direito de se defender, se render, ou morrer lutando. Mas não é pela violência, muito menos pelo sabor do sangue. Nesse caso, a defesa é usada para proteger a sua vida, a sua casa, e as pessoas que se ama, ali, é o mais puro direito de defender o solo que nasceu. Mas, isso é, vindo de uma sociedade, de um país, de uma vila que almeja sempre a neutralidade, mas nunca de dois países ou governantes que almejam a guerra. A sociedade nunca vai parar com esse ciclo de ódio se tudo continuar assim.

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