O sol da manhã raiava no horizonte. A água vibrava, cheia de vida, com a sua cristalina aparência, refletindo toda a vida daquele ambiente. As Pessoas trabalhavam uma com as outras em porto, carregando caixas, levantando redes de peixes e afins, além de transportarem para os navios existentes de carga. Outros desses mesmos navios atracavam no logradouro. Era um dia pacífico. Um homem de cabelos brancos e olhos verdes se aproximava, ele tinha uma cicatriz pela metade do rosto em formato de linha horizontal até acima do seu nariz.

Usava uma vara de pescar, e pelo visto suas roupas mal cabiam em seu corpo, pareciam socadas, talvez porque sua constituição fosse alta demais, e também sua força parecia inigualável. Algumas pessoas observavam aquele homem, com um chapéu de palha tradicional triangular para se proteger do sol. Ele simplesmente se sentou na beira de uma daquelas pontes de maneira onde pessoas costumavam descer, como ninguém, se foi para o único ambiente onde parecia vazio. Sua pele era alva, mas dava para ver como era marcada pelo uso excessivo da pescaria, e também como seu corpo tinha cicatrizes que lhe faziam ser um homem experiente.

Não era um Shinobi. Não era um Ninja. Era só um homem lutando pra sobreviver. Seus fios brancos eram curvos na ponta e ele parecia um anjo, os fios lisos que se dobravam no fim. — Olha só! É aquele imbecil de novo! Ele tá indo em um lugar onde quase não dá pra pescar! Que burro! — Falou um dos homens em deboche, com os braços cruzados e escorado em uma grande leva de caixas. — Pô, esse cara sempre aparece por aqui, é um esquisito, ele só aparece sozinho, e não tem nenhum outro ofício, não é ninja, ele nem mesmo tem uma bandana! — Falou outro, e ambos riram, contagiando os outros em seguida.

Mas aquele jovem homem parecia alheio à gozação dos outros sobre si mesmo. Ele apenas colocou uma minhoca presa no anzol de sua vara de pescar, moveu os braços e atirou a linha na direção da água. E assim, deixou. Se permaneceu estático ali, sozinho. Era um homem solitário.  

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O tempo passou, cinco, dez minutos. O garoto ainda estava lá. O vento fazia seus fios brancos esvoaçarem para lá e para cá. Os olhos verdes fitavam a água, observando seu próprio reflexo. Então, a corda balançou. Era um chamado de que o peixe havia mordido a isca. Ao tentar puxar, não conseguiu, e a vara começou a se vergar, pelo menos ainda era de aço. Cerrando um pouco os dentes, ocorreu-lhe a possibilidade de que o peixe fosse colossal. Alguns pareciam descrentes com aquela possibilidade, outros, incrédulos. No fim, o jovem acabou sendo puxado para frente em direção a água. Concentrando chakra nas solas dos pés, o garoto começou a deslizar rapidamente pela superfície, em alta velocidade enquanto segurava sua vara de pesca. Aquele peixe deveria ser muito forte para fazer isso.

Isso era o que chamavam de bom achado. — Impossível! Ele não pode ter achado peixes nesse lugar! Não tem condições! É por isso que só utilizamos para atracar navios! — Gritou um, totalmente incrédulo. Os outros permaneciam em silêncio devido a cena. — Se é assim… Eu vou ter que trabalhar um pouco mais… Que problemático. — Falou, baixinho. E erguendo uma das pernas, bateu o pé com tudo sobre a superfície, de modo a causar uma onda na direção oposta pela sua força. A parada abrupta, fez com que a corda ficasse estendida ao extremo, mais voltasse para a sua direção, insinuando que o peixe iria dar a volta para a direção contrária no intuito de vazar daquela armadilha. Para prevenir isso, o garoto saltou bem alto no ar, erguendo os braços e movendo para frente com aquele ganho de velocidade, puxando a corda para si.

A água começou a tremular e se mover violentamente. Foi quando um enorme peixão saiu de dentro do mar, se balançando ferozmente, era marrom, tinha barbatanas e nadadeiras douradas, dentes pontudos e provavelmente era cego, ou não, vai saber. Aquilo era capaz de engolir uma criança inteira sozinha. Com um mísero sorriso, o pescador moveu sua perna e seu braço em um golpe direto, enquanto puxava o pesado animal marinho para si. Com isso, acertou a cabeça do mesmo, provocando um impacto que gerou ondas de choque, fortes o suficiente para reverberar por todo o campo. Todos estavam boquiabertos.

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O peixe girou para baixo violentamente e acertou a água em cheio, abrindo um buraco pelo impacto. Aquilo foi tão forte que causou uma onda além de jogar a água para o alto ao ponto de fazer "chover". Às águas inundaram o cais, molhando as pernas dos trabalhadores que ali estavam. No ar, o punho e o pé do jovem dos fios grisalhos estavam fumegando. Logo, pousou na água, colocando sua mão no seu chapéu triangular para que não pudesse cair. O animal pego novamente borbulhou e voltou para a superfície, já havia sido pescado. Assim, calmamente, com apenas uma mão, ergueu o mesmo acima de si como se fosse feito de papel e saiu andando de volta para o cais. Às pessoas ainda estavam em choque, que diabos havia acontecido ali?

— Impossível! O que você fez, maluco?! Já tentaram fazer pesca por aqui e nunca conseguiram! Como você conseguiu?! — Gritou um dos trabalhadores mercantis com trabalhos marinhos. — Ah? Isso? Bem, eu tenho um método especial. Bem, eu tenho que ir. Bom trabalho pra vocês aí. — Falou, dando de ombros e saiu caminhando outra vez na maior tranquilidade. Uma mão carregando o peixão e a outra a sua vara de pesca.

[...]

— Bem, você fez uma ótima safra hoje, Kawaruhaya-san. — Falou um vendedor. — Não foi nada demais, é sempre bom trabalhar com a venda e a prática da pesca. Quanto deu aí? — Questionou, calmamente em frente ao quiosque, com as mãos sobre o balcão. — Deu 150 KG. Isso significa que eu te devo em torno de 500.000 Ryous. Aqui. — Entregou a quantia na mesa. — Contado na sua frente como sempre. — Falou o vendedor, juntando as mãos e sorrindo. — Valeu, sabe que sempre pode contar comigo. Amanhã eu trago mais, esse peixe aí vale por uma temporada inteira na safra. — Falou, colocando o saco cheio de dinheiro no ombro. — Tenha um bom dia, Kawaruhaya-san! — Agradeceu o vendedor. E o homem se foi, agora era só voltar para Konoha. A viagem era um pouco longa, mas nada que pudesse atrapalhar a tranquilidade. O nome daquele homem? Kawaruhaya Toragiri, um ancestral recente de Kawaruhaya Tsurugi, Shinobi da Vila Oculta da Folha atualmente.

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