As folhagens estavam amareladas. Era o raiar do sol da manhã, brincando com a natureza de Konoha. O verde se transformava em um dourado deslumbrante como se fosse feito de ouro puro. A grama se movia com a movimentação dos passos de um homem de cabelo brancos cujo os olhos se descravsm em uma cor de verde esmeralda, na verdade, cor de jade. Tinha muitas cicatrizes pelo corpo, dentre elas, uma com um risco que seguia até a metade do seu nariz, passando por debaixo de um dos seus olhos. Ele carregava um grande animal atrás de si que tinha praticamente o dobro ou o triplo de seu tamanho.

Estava mordiscando mais um pedaço de palito entre os dentes enquanto o corpo do javali colossal recém abatido se espalhava pela grama, sendo arrastado como se fosse um pedaço de estrume. Mas as coisas poderiam mudar por ali. Mais na frente, a posição do vento mudou, de modo que os fios brancos do homem se esvoaçaram para trás, o fazendo piscar. Não demorou muito para que o jovem pescador notasse que havia outra presença ali. Vestindo um kimono azul, com bordas brancas, sandálias de pau e uma das mãos sobre o cabo de sua katana, o Uchiha andava calmamente.

Pele clara, cabelos negros assim como seus olhos, o símbolo de leque estampados nos dois lados de seu kimono na direção do peito. Definitivamente, era um membro dos famigerados Uchiha, portadores do Dojutsu mais poderoso: o Sharingan. Os homens se cruzaram, e pareceu haver o choque de duas auras intensas, como se azul estivesse se chocando com o vermelho e assim por diante, mas definitivamente aqueles dois não estavam nos mesmos eixos ou na mesma sincronia. Após uma certa distância, os passos de ambos cessaram, de costas um para o outro. Com um leve virar de cabeça, por cima do ombro,era possível ver no canto do olho, o olhar de ambos, um sobre o outro.

E aí, a posição do vento já havia mudado de uma maneira drástica, sem rumo, como se um emaranhado de redemoinhos tivessem se instalado nesse lugar, causando o dançar de folhas ao ar. O Uchiha segurou o cabo da sua katana com mais força. O Kawaruhaya fechou o punho.

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Os olhos negros do Uchiha focavam os olhos verdes do Kawaruhaya. O vento fazia sua franja negra balançar, da mesma forma, as madeixas brancas acizentadas do pescador também vibravam. Nenhuma palavra era emitida, e aquilo foi o que perdurou: o silêncio. Nenhuma movimentação. Nenhuma palavra. Só a troca de olhares fixos que permaneceram, um de costas para o outro. Duas almas inquietas que não se bicavam, o azul contra o vermelho, a Fênix contra o Dragão, o Ashura contra o Indra. O Sem Clã contra o Uchiha. E então, em um rápido e superior movimento, ambos se deslocaram em alta velocidade ao mesmo tempo.

Acima, mais ao centro daquela distância que permeia a diferença entre os dois, um impacto poderia ser ouvido como se os relâmpagos estivessem sendo batucados em tambores. Os punhos enfaixados de Toragiri seguravam o pulso e o punho que continha a katana do Uchiha ao mesmo tem que este teimava em seu movimentar, sendo eventualmente impedido pelo desconhecido de cabelos brancos. Um leve cerrar de dentes poderia ser observado nos lábios do jovem sem clã, e o entreabrir de lábios, era conjecturado no semblante do moreno. Ninguém nunca havia bloqueado sua investida de forma tão sutil e abrupta sem ser realmente rude.

Com a física entrando em ação e empurrando o espadachim para trás, o garoto lutador tratou de girar seu corpo e mover uma tremenda joelhada que foi bloqueada pelo ombro do usuário de espada, provocando outro impacto, que dessa vez, afastou os dois. Ambos pousaram ao mesmo tempo, mas dessa vez, estavam frente a frente, com o vento passando pela dupla de modo curvo, em meia lua, jogando os fios dos dois, opostos, para o alto. De forma síncrona, ninguém nunca havia bloqueado um golpe de Kawaruhaya Toragiri de forma tão momentânea, como se dançasse com o próprio corpo uma melodia incapaz de ser enxergada. Mas então a transformação ocorreu, e o moreno dos Uchiha começou a mudar seus olhos. Eles se tornaram vermelhos e consequentemente, se tornou pontilhados por três vírgulas rodopiantes. Aquele era o famoso Sharingan deles, o olho caleidoscópio copiador. Mas Kawaruhaya era um homem que não precisava dessas coisas.

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Com isso, em menos de 0,25 segundos, o Uchiha conjurou uma grande esfera de fogo dos próprios lábios. Era óbvio, Uchiha naturalmente tinham como algo inato de si mesmos, a ligação com o fogo. Alguns deles podiam fazer feitos inimagináveis com o dito elemento, que se provava como um elemento potencialmente destrutivo, ainda mais se fosse combinado com o elemento Fuuton, ampliando o seu alcance e capacidade de destruição. A esfera de fogo seguiu, formando em seguida, a égide de um dragão flamejante. Erguendo as sobrancelhas, franzindo a testa em seguida, o sem clã saltou para o alto, buscando o apoio das árvores e de seus troncos, saltando bem alto para que evitasse aquela onda maciça de fogo.

Mas pela fumaça, o Uchiha não sabia onde estava o seu adversário. Em cima? Em baixo? Ao lado? Atrás. Quando percebeu, era tarde demais. Tomado por uma leveza incomum, o corpo do garoto de branco se deslocou como um cometa prateado, atingindo o ponto cego, onde o garoto dos Uchihas não poderia enxergar. Só teve o tempo de arregalar os olhos ao ver o punho fechado se deslocando como um meteoro na direção do seu rosto. Movendo o corpo, o Uchiha tentou a todo custo evitar, mas o soco passou de raspão, o forçando a se defender e saltar para trás, sua bochecha sangrava. Um filete de sangue começou a escorrer de seu corte rubro agora manchado sobre sua bochecha. Por algum motivo, a aura daquele homem de branco era como o voo de uma coruja. Silencioso. Não se era possível prever com exatidão seus movimentos, ainda que fosse um usuário do Sharingan.

Por quê? Eram as perguntas que se perfaziam em sua mente. O Uchiha então soltou o ar pela boca e fechou os olhos. Embainhou sua espada e abriu novamente os globos oculares. Suas pupilas estavam normais, negras. O Sharingan havia desaparecido. Por isso, o homem do kimono azul e branco tornou a andejar, passando ao lado do pescador como se nunca tivesse tido um breve combate. E ele se foi. Toragiri se demorou um tempo ali, observando aquela figura sumir do seu campo de vista. Só segurou o seu javali pelo ombro novamente e voltou a sua caminhada.

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