Regava aquela flor roxa com todo amor e carinho, ela ainda era uma recém-nascida e estava dando seus primeiros “passos” dentro daquele vaso, analisando bem ela era fácil dizer que quando ela estivesse maior seria facilmente vendida, pois ela tinha uma cor muito cobiçada na estação do verão.

Porém meu cuidado com aquela flor foi interrompido por uma ave que insistia em voar pela volta da floricultura, então com certa pressa sai de dentro da loja e fiquei parado em sua frente esperando para ver do que se tratava.

- Uma missão, isso! - Comemoraria com bastante animação, porém perceberia logo que existiam mais pessoas na rua além de mim e elas haviam me visto naquele momento de empolgação, então com bastante vergonha entrei de volta na floricultura com os olhos visando o chão.

Abrindo o pergaminho que me fora dado, comecei a ler com bastante calma as palavras que lá estavam Uma missão rank C? Parece que estou ficando importante! Ficava muito feliz com aquilo, mesmo que uma missão rank C não fosse nada de mais aos olhos da maioria dos ninjas, porém para mim que era um recém graduado era algo magnifico, ou melhor milagroso.

- Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos – Antes de me dirigir para o hospital, faria essa breve oração para que minha missão corresse da melhor forma possível.

Corri para aquele hospital com toda pressa, estava muito animado com aquela oportunidade, então sem nem mesmo perceber já havia chego no local dito na carta.

– Quarto 87, por favor... – Falaria com certa timidez para a atendente do hospital e esperaria que ela me guiasse até o local.

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Escutando as palavras daquela recepcionista sobre o paciente que seria cuidado por mim, a única coisa que passou em minha cabeça foi Ele deve estar apenas impossibilitado de fazer algumas coisas, não vai ser tão difícil assim Dei um sorriso de canto a canto quando fui reconhecido como ninja por aquela moça, mas logo levaria meus olhos ao chão por conta da timidez.

– Pode.... deixar...  – Aquelas foram as únicas palavras que saíram de minha boca depois de escutar tudo que aquela moça tinha para me falar, aquela parecia uma missão fácil a princípio, então tentaria termina-la o mais rápido possível para finalmente voltar para a loja e cuidar das flores.

Fui praticamente jogado para dentro daquele quarto depois de um “boa sorte”, mas o quê será que teria de tão complexo nesse homem que todos tinham receio de ajudar, porém quando pensei em perguntar percebi que a porta já havia sido fechada com rapidez pela enfermeira.

- Boa... tarde... Eu me chamo Jenzi Yamanaka e sou um garoto!–  Diria com um pouco de irritação, afinal aquele senhor sabia que eu era um homem, mas estava fazendo aquilo apenas para me provocar e provavelmente ver a reação que eu teria.

Depois de minha apresentação fui metralhado por palavras de ódio daquele homem que dizia ter cagado nas calças e ainda sim persistia em me chamar de menina, mesmo que aquilo já não me irritasse mais do que na primeira vez, resolvi vencer minha timidez e jogar algumas verdades na cara dele.

– Sabe senhor.... Vejo aqui que você está sozinho e não tem nem mesmo alguém para cuidar de você... Isso é muito triste, mas o senhor nunca pensou que isso talvez seja por causa do jeito que você lida com as pessoas? Porém não irei julga-lo por isso, todos nós tivemos criações diferentes, talvez você só esteja sendo assim pelo jeito que criaram você, diferente de mim que fui criado com as graças de Deus – Meus olhos seriam levados ao chão novamente, porém diria apenas mais algumas palavras - Acho que terei que chamar uma daquelas enfermeiras para ajudar você, afinal eu não sei se minha missão é limpar coco de velhotes – Iria até a porta e colocaria minha cabeça para fora esperando com que alguma das enfermeiras passassem.

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Cada segundo que se passava enquanto eu esperava alguma enfermeira passar fazia com que eu me sentisse mais envergonhado e culpado por ter dito aquelas coisas para o velhote, não que eu estivesse errado, porém ele parecia estar em uma situação difícil e não precisava escutar mais toda aquelas palavras agressivas que vieram de mim, até porque não era algo que combinava muito com muita personalidade.

Escutava as palavras da enfermeira enquanto ela se aproximava daquele velhote, mas uma coisa fez com que eu perdesse totalmente meu chão, pois quando ela puxou a coberta que cobria o homem, fui surpreendido por conta de ele não ter praticamente nenhum membro em seu corpo Seria um antigo ninja de guerra? Questionava a mim mesmo enquanto ajudava a enfermeira com o que eu podia.

A enfermeira havia finalizado seu trabalho e novamente eu estava sozinho com aquele velhote, sem nem mesmo ter algum lugar para olhar e esconder minha vergonha, porém fui interrompido pelas palavras daquele velho, palavras que entraram de uma forma diferente no meu coração, era notável que aquele homem precisava de uma ajuda.

– Todos nós temos problemas, alguns mais do que os outros, eu por exemplo tenho muita dificuldade em conversar com outras pessoas... Você não pode ter vergonha do seu problema, afinal você deve ter feito algo muito importante para estar assim hoje em dia e ainda ter forças para viver – comentei com o olhar virado para a janela enquanto escutava o resto das palavras do velhote – Você é um Yamanaka também? Nunca iria adivinhar isso... Falaria meio impressionado para ele e por fim escutaria o desfecho das palavras dele - Deus sempre está de olho em todos nós, de verdade senhor... Porém olha quantas pessoas existem nesse mundo, talvez ele possa demorar um pouco para atender seus pedidos, mas eu lhe garanto que ele está olhando para você e no momento que mais precisar, ele irá te guiar para o melhor caminho. –
As palavras daquele velhote me faziam lacrimejar de leve, afinal quem seria capaz de largar um homem tão sem fé sozinho naquele hospital? Naquele momento eu me arrependia dez vezes mais do que havia dito para ele anteriormente.

– Sabe senhor... Eu queria pedir a permissão para orar por você, você se importaria com isso? Acredito que isso sempre melhora a situação quando estamos perdidos e desacreditados – Olharia desta vez nos olhos e esperaria a resposta dele, provavelmente minhas bochechas estariam coradas por aquele contato direto de olhos.

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Um sorriso surgiu em meu rosto no momento em que aquele senhor autorizou que eu fizesse uma oração para de certa forma tentar reencontrar sua fé. Então com bastante rapidez coloquei-me ao lado dele e juntei minhas mãos para iniciar minhas palavras e tentei escolher a melhor oração possível para aquele momento.

- Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria que nunca se ouviu dizer que algum  daqueles que tenha recorrido à Vossa protecção,  implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso socorro, fosse por Vós desamparado... – Usaria de bastante calma em minhas palavras para que aquelas preses entrassem na cabeça daquele homem e o fizessem entender que ele nunca estaria sozinho, pois Deus sempre está olhando para nós.

No fim de minha oração, aquele velhote resolveu me contar o verdadeiro motivo de estar daquela forma, a história que ele havia me contado era uma das demonstrações de amor mais lindas que eu já havia escutado, afinal quem nesse mundo horrível de hoje se sacrificaria por uma criança indefesa? De fato, aquilo que ele havia feito era um milagre, até maior que o milagre que me concedeu a vida, tinha certeza naquele momento que Deus estava olhando para ele e iria ajuda-lo naquela enorme solidão.

No momento que eu tentava esconder minhas lagrimas depois daquela bela história contada por ele, um pedido havia sido feito por aquele homem, talvez o último pedido que ele faria para alguém antes de sua morte, de certa forma eu não tinha como recusar aquilo, até porque aquele cara era um herói e ele merecia ter sua ultima aventura.

- Tudo bem senhor, eu ficaria honrado em compartilhar meu corpo com alguém tão abençoado quanto você, você tem minha permissão! – Segundos depois de minhas palavras, observei-o e percebi que a técnica já havia sido feita e agora aquele homem estava em minha mente, então questionei-o em meio a muitos pensamentos que iam e vinham de nossas mentes – Senhor me diga aonde vamos agora, seu desejo será uma ordem! – Daria o último desejo daquele homem de fazer o quê ele quisesse, então esperaria sua resposta para seguir com o desejo.

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O milagre não prova o impossível; serve, apenas, como confirmação do que é possível.

A vida é feita de milagre, as vezes eles demoram para acontecer, mas de certa forma eu me sentia como o milagre da vida daquele homem, pois eu tive a oportunidade de realizar seu maior desejo e aquilo fazia com que eu me sentisse de certa forma alguém abençoado.

Vislumbrar o vilarejo do alto daquela colina era algo teoricamente normal para mim, mas de alguma forma eu conseguia sentir as emoções daquele velhote e isso me possibilitava perceber que aquele era um momento muito emocionante e importante para ele É senhor... As coisas estão cada vez mais evoluídas, tenho muita curiosidade em saber como era o vilarejo em sua infância Falei em minha mente no momento em que observávamos aquela vista, meu vilarejo era realmente lindo e na minha opinião aquela colina era o lugar mais próximo do céu, então sabia que de certa forma Deus estava olhando para nós.

Caminhávamos pela rua e víamos as crianças felizes brincando pelas vielas do vilarejo, a temperatura agradável fazia com que aquele momento fosse mais perfeito ainda para aquele senhor, estávamos tendo de fato um dia muito abençoado. Compartilhando a mente com aquele senhor conseguia sentir a satisfação que ele tinha em dar aquele passeio e isso me deixava cada vez mais realizado, talvez muito mais do que ele estava. Brincávamos com um cachorro peludo que insistia em pedir carinho, comemos o picolé azul favorito daquele senhor que pessoalmente havia virado meu favorito naquele momento também Lembrem-me de comer um desses todo dia

Em poucos momentos realmente conseguimos sentir Deus, mas aquele era um desses raros momentos, sabia que Deus estava ao nosso lado fazendo com que nosso passeio fosse o mais belo possível.

Aos poucos que nosso passeio ia se completando, eu de certa forma já conseguia sentir pelos pensamentos do velhote que aquele talvez fosse seu último passeio, mas pelo menos sabia que ele teria seu último desejo realizado.

No último lugar de nosso passeio, sentamos na beirada de um prédio e pude escutar as últimas palavras daquele homem “Obrigado por esse presente, agora tenho que ir.” Um sorriso foi aberto em meu rosto, mas também uma lagrima insistiu em cair, pois sabia que havia feito a coisa certa, então aonde você esteja senhor Garuda, espero que tenha encontrado Deus em seu caminho e esteja ai de cima olhando para mim.

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