I'm the bad guy

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A lua já domava os céus da Aldeia Oculta da Folha naquele instante, os ventos estavam mais gelados pela falta do calor solar, a pouca luz presente em algumas áreas do vilarejo tornava os objetivos traçados pelo genin ainda mais suscetíveis ao sucesso. Tais condições eram as procuradas e por isso aquela investigação tinha sido iniciada tarde da noite. Após seu treinamento árduo com Raika-sama, Benimaru perdia suas dúvidas quanto ao caminho ninja que se recusava a tomar, suas ambições cresciam e daquele dia em diante estava certo de que iria se tornar um ninja poderoso assim como o seu pai, e ao mesmo tempo combinar a sutileza de sua mãe e se tornar um dos maiores chefes que já habitou as Cinco Grandes Nações. Previamente preparado com trajes mais escuros, o ruivo vestia um quimono totalmente pensado para aquela noite, aproveitando-se de alguns pontos de sombras para se aproximar. — Benimaru, deixe-me assumir dessa vez... estamos pensando em um possível traidor, não teremos tempo para conversas... — Enkai surgia enquanto o garoto se abaixava em um telhado próximo a região dos hospitais, onde as suspeitas de atividade estranha eram mais frequentes. — Tudo bem... mas qualquer sinal de crueldade eu irei retomar. — Concordava com seu outro lado. Benimaru fechava seus olhos e após abri-los novamente, a coloração avermelhada estava mais intensa, beirando ao escuro do sangue venoso. Os primeiros passos para a missão do Espírito da Gula estavam dados.

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A carta entregue na residência do ruivo era questionável, imaginaria que uma missão que demandasse tamanha cautela e experiência fosse entregue a ninjas com maior reconhecimento dentro da aldeia. Com toda certeza aquilo era obra de Raika, que após o sucesso no banquete aos anciões, recomendou o garoto para missões com maior responsabilidade, afim de erguer sua confiança como ninja. Um verdadeiro mestre que buscava guiar seu aprendiz pelos caminhos que também havia trilhado, de tal forma a transforma-lo na perfeita fusão entre as duas coisas que desejava se tornar. Enkai era o protagonista daquela jornada e trilhava o caminho que havia sido indicado a fazer: utilizar as áreas superiores do vilarejo, como tetos e sacadas, para vigiar a movimentação no hospital. As informações reunidas até aquele momento indicavam que o possível traidor havia se infiltrado dentro da ala hospitalar como um médico, e preparar suas vítimas para ganhar confiança e absorver informações dos feridos, que acabavam vendo aquilo como uma mera gentileza de sua parte. Enkai, assim como Benimaru, dividia do vicio açucarado, e degustava uma bala de caramelo antes de entrar em ação. Suas mãos teciam selos delicados, e com uma cortina sutil de fumaça cinza, seu corpo era transformado em um ser sombras, que conseguia se camuflar perfeitamente em ambientes escuros. Utilizava das sacadas com pouca iluminação, e telhados com apoios para revelar pouco do corpo, observando com atenção a saída dos médicos ou entradas, possuindo em sua mão um desenho da aparência daquele que deveria ser investigado.

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— Enkai, o que acha de entrarmos? Podemos utilizar um disfarce de medico, ou até mesmo entrar como um paciente. O nome do suspeito é Gaiken, correto? Podemos entrar pedindo por ele, com certeza não vão recusar. — Benimaru, que permanecia inerte dentro de sua própria mente, tinha a informação do nome do médico, descrito no pergaminho que lia a pouco tempo e surpreendia seu lado mais ativo com a ideia de adentrar no hospital buscando encontrar com o doutor. Nenhum sinal de hesitação foi demonstrado pelo Espirito da Gula contra aquela ideia, ao contrário do que se esperariam daquele que deveria possuir todos os dons do ruivo na área shinobi. Enkai utilizava a transformação sombria atual para encontrar um beco onde poderia desfazer sua transformação sem levantar muitas suspeitas, e assim o fez quando encontrou o local perfeito. Não demorou para precisar utilizar novamente a transformação do Henge, mas dessa vez assumindo uma aparência adulta, com hematomas na região dos braços, trajando roupas típicas dos Jonins, surradas e rasgadas. Deveria soar natural, por isso cada passo que o genin dava para fora daquele beco era seguido de uma quase queda, mancando para se aproximar das portas do hospital. — So-socorro, por favor! Ch-chamem o Dr. Gaiken, eu imploro! E-eu preciso d-dele! — Estendia a mão para o balcão de atendimento, fingindo uma queda e se mantendo quase em pé somente por segurar na madeira do balcão. — Enfermeiros! Levem esse senhor para um dos consultórios, chamem o Dr. Gaiken, é uma emergência! — Em pouco tempo que havia entrado no local já estava sendo levado para o atendimento emergencial com Gaiken. Primeiros passos concluídos com sucesso.

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Em poucos minutos, Gaiken deixava seu consultório com pressa, indo para a ala emergencial onde apenas ‘’Rimuru’’, a transformação de Enkai, aguardava deitado em uma maca. Gaiken parecia um pouco irritado por ter sido chamado com tanta pressa, deveria estar em algum tipo de trabalho naquele momento e foi interrompido sem nenhum aviso prévio. — Rimuru? O que aconteceu com você? — Gaiken se aproximava do paciente com um olhar de preocupado, sem toca-lo diretamente. — E-eu fui atacado, n-não consegui avisar ninguém. T-temos um invasor dentro do vilarejo... mas eu não consegui ver o rosto dele, doutor. — Naquele momento, a mentira de Enkai parecia atingir o médico, que arregalou seus olhos e se virou de costas, pensativo, olhando para o chão, batendo os pés e apoiando seu queixo na mão direita. — Irei buscar alguns medicamentos para tratar os ferimentos, deixarei que uma das minhas assistentes cuide de você enquanto isso... — Prestes a deixar a sala de emergência, Rimuru o chamou tremulo. — P-por favor, f-faça você mesmo... eu consigo esperar... — Não poderia deixar que outra pessoa atrapalhasse sua investigação, e por isso deveria manter o máximo de proximidade com o doutor. Via o mesmo concordar com um gesto de cabeça, deixando a sala. Esperou apenas alguns segundos para pensar, se levantando da cama e utilizando mais uma vez a técnica básica de transformações, dessa vez imitando toda a vestimenta e aparência de Gaiken. Deixava a sala um minuto depois, passando pela recepção. — Doutor? Já voltou? Eu o vi agora mesmo indo para a ala de recuperação. — Um dos guardas abordava Enkai, mas o mesmo era astuto em desviar da conversa. — Eu esqueci meu crachá. Preciso ir, tenho uma emergência com um recém-chegado! — Tocou o ombro do guarda e seguiu para a ala de recuperação, afinal o mesmo havia entregue o caminho que deveria seguir naquele momento.

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Logo no corredor do hospital havia setas que indicavam onde cada passagem levava, e a ala de recuperação estava sendo indicada por uma linha vermelha, que ia até o fim do corredor e chegava em uma nova recepção, onde apenas os médicos e enfermeiros poderiam acessar para avaliar os pacientes. Enkai seguiu transformado por todo o corredor, virando à direita onde a linha vermelha indicava. Naquele local, havia uma recepção onde os doutores podiam pegar algumas fichas e registrar a chegada e saída de pacientes. Gaiken já estaria ali dentro, então sua presença poderia gerar desconfiança e não seria nada sábio de se fazer. Enkai cuidava para não levantar suspeitas ao se aproximar de um dos balcões, aproveitando que o local estava vazio, provavelmente o responsável havia saído convenientemente para ir ao banheiro. A ficha de um outro médico no plantão estava sobre a mesa, logo ao lado de seu crachá. — Que descuidado... alguem poderia facilmente roubar esse crachá... — Pensou consigo enquanto furtava o objeto. No mesmo instante, sua transformação replicava a aparência do crachá roubado e agora finalmente tinha acesso para a Ala de Recuperação onde o possível traidor Gaiken estava, teria que obter informações claras sobre sua conspiração contra o vilarejo, do contrário estaria agindo por puro impulso e de maneira inadequada dentro das políticas do hospital.

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O Genin rapidamente levou uma de suas balas de caramelo até seus lábios, mordendo-a por inteira até derreter e saciar suas necessidades de açúcar. O acesso que aquele novo crachá e a nova transformação dava era a garantia de que toda aquela investigação e infiltração nas alas do hospital dariam certo. Entrava na ala e logo tinha seu acesso permitido por ser um doutor conhecido no local. Imaginou, com certa apreensão, o que deveria fazer para parecer natural naquele ambiente. Era algo novo, bastante diferente, não tinha nenhuma experiência ou ideia do dia a dia de um médico, e por isso tomou cuidado com cada passo que estava dando. Observava com atenção cada leito da Ala de Recuperação, recolhendo ficha de pacientes, fingindo analisa-las. Enquanto passava pelos leitos, alguns estavam fechados para a privacidade de pacientes, mas um em particular parecia mais agitado, apesar da tentativa falha de tentar manter aquela conversa em sussurros. A voz era reconhecível de longe, de fato Gaiken estava começando a se exaltar, era notável que gradativamente sua raiva aumentava contra aquele paciente. Enkai parou próximo da cortina, ouvindo a conversa de ambos. — Você contou para alguém não foi? Você.... eu achei que estávamos juntos nessa! Iriamos ganhar uma bolada de dinheiro... iriamos vender as informações para outras nações... maldito... agora eu vou precisa te ma... — Gaiken se preparava para executar alguém. Enkai investia contra sua voz pela cortina, cobrindo seu corpo e o puxando para o chão. — Gaiken, você será julgado por traição! — Naquele momento, a transformação de Enkai se desfazia e ao mesmo tempo a segurança chegava pelas atitudes suspeitas que havia feito enquanto transformado. Mas de qualquer forma, a chegada da segurança corroborava com a ação tomada pelo Genin, que capturava o traidor. O chefe da segurança do hospital se aproximava, tocando o ombro do Genin. — Parabens garoto, não posso acreditar que alguém tão jovem conseguiu fazer o que você fez... mesmo se descuidando nos disfarces... de qualquer forma, irei relatar o que você fez e o que foi descoberto. Deixe que assumimos daqui. Missão completa, garoto! — Grato pelo trabalho do Genin, o liberava de suas responsabilidades, para retornar e descansar, afim de receber as recompensas de seu trabalho posteriormente.

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