Debaixo da neblina gélida, Haru caminhava a passos lentos, cruzando as ruas dos complexos residenciais da Névoa. Munida de seus equipamentos, protegida do frio pela capa branca, onde Shiro fazia de abrigo logo abaixo do colarinho. Levava, também, o pergaminho da missão que traçou seu destino naquele dia.

Ela seguiu até um casarão de madeira. Seus olhos violeta fitaram a residência, até que deu mais alguns passos, chegando à porta. A campainha tilintou assim que o dedo pálido de Haru repousou sobre o botão. Alguns segundos se passaram, então o ranger da madeira se fez presente, dando lugar a um homem.

— Pois não? — Disse ele, olhando para a visitante de cima a baixo.

— Vim pelo seu pedido, — respondeu Haru, erguendo o pergaminho da missão.

O homem levantou as sobrancelhas, parecia surpreso. No entanto, terminou de abrir a porta e disse: — Oh, sim. Não imaginava que mandariam uma garotinha. Pois bem, ela deve ficar mais à vontade assim... Só um momento.

O homem voltou para dentro de casa, enquanto ela permaneceu do lado de fora, esperando. Mas não demorou muito, e ele voltou, dessa vez acompanhado por uma garota menor que Haru e de olhos azuis como o céu sem nuvens.

— Esta é Aoi, minha filha, — disse ele, apresentando a garota que permanecia timidamente encolhida.

— Sou Haru, prazer, — disse Haru, oferecendo um doce sorriso à menina.

— O sonho de Aoi é ter um dia de ninja, — Completou o pai. — Pode proporcionar isso a ela?

— Claro, — respondeu Haru.

— Mas, antes... — O homem sumiu por um instante, voltando com um agasalho nas mãos. — Seu casaco, filha.

Considerações:

Logo o homem deixou sua filha sob a responsabilidade da kunoichi. Então Aoi começou a seguir os passos de Haru, dados rumo ao campo de treinamentos. No meio do caminho, Shiro resolveu aparecer, saltando a cabeça albina dentre o colarinho. Os olhos amarelos da serpente encararam a jovem Aoi, que espantou-se com o animal.

— V-você tem uma cobra?! — Questionou Aoi, boquiaberta.

— Sim, seu nome é Shiro, — respondeu Haru, enquanto continuava caminhando. — Pelo seu silvar, ele gostou de você. Quer carregá-lo?

A menina ainda estava espantada, mas aceitou a oferta. Com cuidado, Haru repousou Shiro sobre os ombros de Aoi, a qual sentiu um leve arrepio ao contato com as escamas frias.

— Ah, que legal! — Disse a menina, parecia feliz.

Enfim elas chegaram ao campo de treinamento. Ali, Haru aproximou-se aos alvos de madeira, usados para praticar a arte do shurikenjutsu. Ela rapidamente sacou algumas agulhas e as disparou contra a marca vermelha de um dos alvos.

— Sua vez, — disse Haru, entregando duas senbons na mão da menina.

Os olhos cerúleos brilharam, então ela pegou as agulhas e tentou acertá-las no alvo. Apesar de imitar os movimentos de Haru, os disparos não tiveram a mesma precisão. O semblante de Aoi esmoreceu.

— Parece que eu não dou conta... — Disse ela.

— Não desanime, Aoi, — disse Haru. — Eu sou como você, está vendo? — Ela balançou a capa branca. — Uso este manto porque não consigo ficar muito tempo no frio sem adoecer... No pedido de seu pai falava que você tem uma doença, certo? Bom, não deixe que isso a impeça de lutar. Não importa o tempo que lhe resta.

Os olhos violeta e os azuis se fitavam. Haru, serenamente, aproximou-se de Aoi e puxou de sua bolsa a sua banda de genin. Sutilmente, ela amarrou a banda na testa da garota, ajeitando os fios de cabelo.

— Vamos, tente de novo.

Então as duas sorriram, antes de continuarem o tiro ao alvo.

Considerações: