RPG ROLEPLAY AMBIENTADO NO UNIVERSO DE NARUTO
Shinobi World
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Lua Sangrenta
Arco 5 - Ano 785
Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.

Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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(Solo B) Os Kyōkan - Parte I Shinobi World :: Cinco Grandes Nações :: Kumogakure no Sato :: Arredores
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(Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Qui Jul 22, 2021 7:03 pm
ATO I

Nada se esconde na escuridão que não possa se esconder também na claridade, cuidado, pois do seu lado pode estar seu inimigo. Ás vezes ele corre lentamente pela sua veia até que um simples movimento o ejeta para fora de si, então ele foge de você, porque o seu próprio sangue passa a detestar a sua existência. O pássaro a beira da morte não pensava isso, mas Aysa sim, enquanto com outro ninja observava uma ninhada inteira morta.

— Que tipo de monstro faria uma coisa dessas? — indagou-se o homem mais alto, ao lado da ninja, que parecia cada vez mais impassível.

— Seja lá quem for não pode estar muito longe.

Aysa movimenta a cabeça de leste a oeste, de maneira que sua visão captasse, pelo menos superficialmente, qualquer coisa de relevante para aquele caso. Mas não viu nada, além dos cinco urubus mortos, a mãe e o pai e seus três filhos. O sangue que escorrera do ultimo, o patriarca, ainda estava quente, e ninguém próximo ao portão viu o que abateu a criatura.

— O pior é que não é a primeira vez que isso nos acontece — aponta para uma direção a leste dos muros — naquela direção ali, tá vendo naquelas rochas? Encontramos uma matilha completamente despedaçada, até disse ao meu assistente se isso não seria obra de um vampiro.

Aquilo deixou Aysa apavorado, enquanto um arrepio amargo corria pelo seu corpo, estava num caso que no mais tardar colocaria ela de cara com um Kyokan.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sex Jul 23, 2021 1:03 pm
ATO I

Ir atrás de testemunhas, coletar provas e etc., nada disso ajudava quando a principal vitima eram animais, porém, a sorte estava prestes a dar uma guinada desfavorável aos humanos, afinal, diferente de tudo mais que vive, nossa vida é realmente importante, era pelo menos isso o que pensavam os pobres civis que se depararam com um evento nojento. Três idosos que residiam na parte exterior da aldeia foram até o quartel general reclamar de uma espécie de agressão em que algumas de suas unhas tinham sido completamente arrancadas, porém, nenhum deles soube dizer pelo que foi, ou melhor, não conseguiram, pois toda vez que iam descrever a aparência do sujeito suas vozes falhavam, de maneira que a maioria caiu num esgotamento mental pouco tempo depois.

— Eles estão sobre efeito de genjutsu? — questionou Aysa a seu superior, que respondeu:

— Não parece ser isso, na verdade, eles passaram por um choque tal que o cérebro simplesmente excluiu as informações de suas cabeças. Agora não faço ideia do que pode produzir esse tipo de efeito numa pessoa.  

Mas Aysa sabia, existia uma única entidade capaz de tornar seres mudos, de ver na morte o inicio, na dor o martírio do justo e no sofrimento a força. Balançou a cabeça tentando afastar aquele pensamento de medo que invadira seu corpo, enquanto suas mãos tremiam e sua pele empalidecia apenas de pensar no aspecto doentio daquelas criaturas.

— Vou passar a noite na parte exterior da vila hoje, se possível na casa de algum aldeão que não tenha sido atacado — relatou ao seu chefe e partiu, estava pronta para o primeiro encontro.

Fome.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sex Jul 23, 2021 3:21 pm
ATO I

Chegou numa pequena cabana próxima ao muro da vila. O local estava envolto de cheiros e temperos saborosos enquanto tudo ao seu redor estava num grau de organização, que ela não conseguiu não se emocionar.

— Como será ter uma avó... — pensou, deixando sua mente imaginar cenas das mais banais para a maioria das pessoas, enquanto aquela especulação se desfazia ao lembrar que sua avó provavelmente teria sido uma canibal. Encostou-se a cama e fechou os olhos, observando sua sombra projetada na parede ao passo que uma tênue vela tentava inutilmente iluminar todo o lugar. O sono, como era de se esperar, veio como um mensageiro apressado, mais preocupado, por isso não conseguiu se entregar totalmente aquele estado de letargia. Ainda assim, os cheiros, os sons, o vento e a aparência bucólica da passagem, tornava refém qualquer um que quisesse enfrentar naquele lugar o perigo de uma excelente noite de sono. Um, dois, três, fechou os olhos mais uma vez...

— Querida!

Acordou num salto, olhou de um lado ao outro procurando na sua cintura a bolsa de armas, retirou um kunai e se viu apontando para o nada. Ela não esteve ali por algum segundo, deixou sua mente sair do corpo e voar ao entorno de onde estava, especulando as coisas mais bizarras, porém, por fim cedeu, estava sendo paranoica, era capaz de que tudo aquilo não fosse obra de sua família, mas de toda forma, seu coração ainda batia diferente, sua respiração fluía pesada e sua boca ressecava.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sex Jul 23, 2021 5:28 pm
ATO I

Aquela escuridão que de uma hora para outra se tornou o elemento mais opressor do ambiente. Se antes, distante dos eventos, eu disse que o mal se esconde tanto nas quanto na luz, ao acompanhar a aflição de Aysa confirmo que isso pode ser até verdade, mas a facilidade com que a maldade esconde nas trevas é muito mais do que em qualquer outro lugar. Com isso ela respirava com dificuldade, porém decidiu levantar e caminhar para o lado de fora da cabana.

O vento frio cortava pela vila naquela noite, as nuvens escuras escondiam parte da luz do céu, enquanto a lua cheia ornava o céu como uma pedra preciosa. No fundo, as árvores farfalhavam enegrecidas pela noite e, preenchidas por seis ou sete cabanas, as quais distante umas das outras algumas centenas de metros, criavam uma espécie de um escudo macabro contra algo sobrenatural. Enquanto caminhava até uma cabana, notou uma luz escura vinda da parte do fundo dela, refletindo tenuemente pela janela que dava para a entrada do lugar. Quando chegou até a porta notou que ela estava aberta e, ao abri-la, viu a porta ranger como se estivesse gritando, alertando quem estivesse no interior. Mesmo assim prosseguiu, preencheu seu pulmão com aquele ar opressivo e então viu caído no chão um senhor de idade avançada, seus traços escondidos pelo breu, chapéu no chão e com uma respiração pesada.

— Ele deixou a porta aberta sabendo dos casos que estão ocorrendo por aqui? Duvido! — pensou Aysa, correndo a mão nas pontas dos dedos dos pés e mãos, ambas intactas — que alivio! — completou.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sex Jul 23, 2021 7:28 pm
ATO I

Mas o alivio não durou muito tempo, ouviu no fundo da casa, ainda iluminada por aquela luz vermelha, o fluir das notas musicais de um sino, seu ouvido ficou encantado com aquela beleza, seu corpo já não mais obedecia enquanto sua visão enevoada a guiava por entre o vale da sombra e da morte.

Ao chegar até lá viu uma figura pálida, iluminada apenas por um pouco da luz da lua que incidia sobre uma janela lateral. O som parou assim que Aysa se colocou de frente para seja lá o que fosse aquilo, mas que, pela forma, parecia uma moça, não muito diferente em dimensão de Aysa.

— Chegou Aysa, achei que não nos veríamos tão cedo, você cumpre bem com seu dever de ninja, não é?

Aysa permaneceu calada, mas sentiu uma ansiedade imensa tomar seu corpo, queria correr dali o mais rápido possível, pois tinha absoluta certeza que estava ao lado de um Kyokan. Tentou enxergar aquela coisa oculta nas trevas, mas não pôde, afinal, aquele véu de noite não seria retirado antes que tivesse findado a cerimonia nupcial. Dois corpos de frente para o outro, um relutante de medo e outro estático como se o tempo ao redor dela curva-se as suas vontades, mas, vendo de longe, não era exatamente isso que estava acontecendo?

— Ainda não consegue abrir a boca não é mesmo, que pena — reclamou a sombra — quero que faça algo pra mim, urgente.

Deixou cair no chão um papel e quando Aysa pensou em piscar a sombra tinha desaparecido.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sex Jul 23, 2021 9:53 pm
ATO I

— Aquela voz parecia tão familiar... Soava como se... — enquanto era bombardeada pelos mais variados seu corpo ia ao encalço dos ventos do exterior até o papel, ainda temendo qualquer tipo de atentado. O papel estava amassado, suas letras escritas com alguma tinta vermelha reluzente, de maneira que mesmo com a pouca iluminação natural pode ler com facilidade o que estava escrito. Permaneceu incrédula durante toda a leitura, o recado contido no papel era:

“Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite. E ele corresponderá a cada um de vocês a um animal e os eliminará, e extrairá da sua dor o apreço da morte!”

Um enigma, sem sombras de duvidas, mas que já respondia alguma das duvidas de Aysa. O responsável pelo ataque aos animais, quanto aos idosos, tinha uma obsessão pelo número cinco que correspondia, e essa era a principal especulação da ninja, a cada um dos membros de sua família.

— Um pelo patriarca, dois pela matriarca, três por mim, quatro pela Hayami e cinco pelo... Pelo Gen.

Um aperto forte tomou conta de seu coração e espirito e ali, no meio daquele mar de solidão, começou a chorar como uma criancinha. Sabia que aquilo era impropria para um ninja, mas foda-se, pensava, foda-se tudo aquilo, estivera muito provavelmente frente a frente com o cumplice do assassinato de seu irmão e ainda assim não conseguiu se mover, ficou parada no canto como fica uma barata torcendo para não ser notada pelos donos legítimos de uma casa. Aysa, a covarde. A traidora. A fraca. Como poderia enfrentar o que estava por vir se não tinha coragem de enfrentar o próprio medo?

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sáb Jul 24, 2021 7:07 am
ATO I

Quando acordou no dia seguinte, já na sua cabana, notou que alguns dos aldeões observavam a sua janela, como indicasse para que ela corresse até lá fora. Mesmo sem entender o que estava acontecendo ela foi até o lado de fora e, na parede que dava para a
janela do lado onde ficava a cama, dois gatos adultos e três filhotes, a cabeça deles esmagada, os filhotes tinham a orbita ocular a mostra.

— Você não ouviu nada? Não foi para isso que veio? — comentou o homem que se posicionava mais próximo de Aysa, que servia como uma espécie de líder comunitário.

— Eu não ouvi nada senhor, me diga, o senhor que mora naquela casa lá — apontou para a casa onde estava na noite passava — onde ele está?

— Estou aqui senhorita — respondeu o velho — algum problema? — questionou-a, parecendo um tanto preocupado com o motivo da pergunta.

— Não é nada, apenas quero saber se vocês todos estão aqui, se estão bem.

— Mas então porque pergunta especificamente sobre ele? — voltou a falar o líder, ela apenas sorriu e voltou para dentro da cabana, se colocou na cama e ficou por volta de dez minutos olhando a parede. Ela não sabia o que fazer, estava com medo de sair de
dentro daquela cabana, queria gritar por ajuda, chorar, lançar sua bandana contra o vento e desistir de tudo.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sáb Jul 24, 2021 9:09 am
ATO I

Enquanto seus olhos fechados derramavam lágrimas gélidas de medo e sua mente tentava fugir de seu corpo, ouviu uma voz baixa mais doce, quando abriu os olhos viu um rapazinho bem novo parado olhando para ela, preocupado:

— Maninha...

Ela se aproximou dele e, quando foi abraçar seu aspecto reluzente, viu sua mão transpassar como se estivesse perdida num deserto de frente para uma miragem.

— Gen, eu preciso de você, me desculpa, eu tenho muito medo, foi por isso que te perdi e é por isso que não quero mais sair daqui, Gen, me deixe apenas despedir de você, pois sei que quando eu morrer não vou ter a honra de viver no mesmo lugar que você. — Tirou uma kunai de sua bolsa de armas que estava ao pé de sua cama e posicionou-a próximo a veia principal de seu braço direito. Assim que ia fazer o movimento sentiu a pequena e quente mãozinha de Gen tocar a sua, como se tivesse a maior força do mundo, contendo para que ela não chegasse a concluir aquele sinistro.

— Gen...

— Eu já disse que sempre estarei com você maninha, eu também tenho muito medo, quando você sumiu eu chorei por muito tempo, mas não mais maninha, porque vamos sentir esse medo juntos, vamos lutar contra ele juntos.

A imagem sumiu e as lágrimas de Aysa, que caiam uma a uma como se uma espada estivesse sendo cravada em seu peito, se tornaram lágrimas quentes, de uma alegria estranha, mórbida, quase indescritível. Precisava viver, por ela e por Hayami, a quem ela tinha desistido, mas que agora, mais do que nunca, ela iria proteger.

— Aysa, Hayami e Gen para sempre — disse, bem baixinho e viu o rosto dos dois e sua dor foi embora quando lembrou do sorriso inocente de cada um deles.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sáb Jul 24, 2021 11:43 am
ATO I

Saiu da casa, todos os moradores ainda estavam ali e voltaram seus olhares para ela, então ela viu algo que moldou seu medo para algo mais agressivo. As pessoas ali estavam com medo e era seu dever ser o símbolo da força e coragem de sua vila, mais do que isso, era sua obrigação como ser humano preencher aquela lacuna do poder invisível, não ter nada para proteger, é como se nada tivesse sentido!

— Escutem bem, o que vou enfrentar exige que eu fique sozinha, aqueles que puderem deixar essa região, por favor, vão até minha casa, aqueles que não podem, venham logo depois, precisamos conversar — voltou seu olhar para o líder comunitário — quero que você fique, vai ser muito importante para aqueles que ficarem — e voltou para dentro.

Um a um dos chefes de família foram até a cabana de Aysa, informando para onde iam e questionando por quanto tempo deveriam ficar afastados, depois foi a vez dos que ficaram, eram ao todo quatro, contando com o líder da comunidade. Eles se reuniram juntos, diferente dos que saíram.

— Precisamos estabelecer um protocolo de defesa, quero que vocês reduzam o máximo o espaço que ocupam, ou seja, vão dormir dois em cada cabana, vamos estabelecer um sistema de alerta com base em sinos, arrumem o que puderem e coloquem em todos os cômodos da casa onde vão dormir. — Olhou para o líder e continuou — quero que você acompanhe todo esse processo — depois voltou o olhar para os demais — e caso algum de vocês sejam atacados, os que tiverem em segurança, se puderem corram até a mim e levem consigo um sino, eu estarei em alerta durante toda a noite, alguma duvida?

Nenhum dos homens disse qualquer coisa, Aysa estava determinada a lutar.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sáb Jul 24, 2021 1:56 pm
ATO I

Esperou a noite como uma mãe espera o retorno do filho. E quando ela chegou, deixou-se despedir do sol que mergulhava no horizonte. O medo não havia deixado nenhum momento o seu lado, aquele calafrio ansioso que percorre nosso corpo diante de uma dificuldade tinha se transformado num acessório permanente de sua realidade. Ainda assim, algo tinha mudado. Talvez fosse sua determinação, ou melhor, o desejo de finalidade, de proposito, que apoderou-se de seu coração.

Sentou-se na cama com a janela entre aberta, sentindo o terrível frio entrar e envolver o lugar, o corpo um tanto paralisado por conta disso. Fechou os olhos, mais não adormeceu nem sentiu sono, via a sua frente, um lugar muito estranho, como uma escola e do seu lado uma menina de cabelos verdes.

— Tohru...

— Aysa!

As duas se abraçaram e Aysa chorou no ombro de sua amiga e Tohru também, estavam com tantas saudades uma da outra e agora aquilo tinha acabado.

— Onde você esteve esse tempo todo?

— Com você minha amiga, sempre com você.

Então seus olhos se abriram de novo e a escuridão ainda ao seu redor e a solidão também. Tudo num terrível silêncio e as coisas ao seu redor dançavam nesse ritmo, fazendo da estática o movimento mais destrutivo. Se em seu coração habitava o anjo da morte, não sabia, mas por um momento pensou ser ingrata demais pelo que a vida lhe deu e que não deixaria tirarem mais nada dela, em especial a única coisa que tinha sobrado de seu corpo, que era a saudade.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sáb Jul 24, 2021 3:58 pm
ATO I

A carne é matéria, a mente subjetiva, a luta que temos contra nós mesmo funde matéria e subjetividade para criar o conflito, que se retroalimentam. A noite estava em seu auge, o silêncio mais uma vez transmitia aquela ideia de perigo iminente e de paz profundo, de maneira que os olhos de Aysa não tardaram a ficar pesados. Tentou deixar que aquele sono, assim como argila em um rio, seguisse seu rumo, enquanto ela mesma permanecia imóvel, como se as coisas permanecessem iguais, dia e noite, fundidas numa só. Mas aqueles pensamentos, por mais confusos e pretenciosos que fossem, encontrou uma imensa dificuldade. Um soar de sino despertou a menina, que correu em direção a fonte do barulho, a cabana onde o líder da aldeia estava.

Assim que arrombou a porta para que pudesse entrar, encontrou no chão o homem caído e seu companheiro agachado, tremendo de medo. Aysa correu sua cabeça ao redor do lugar e nada viu, a não ser a invariável luz da noite, que pouco deixa ver.

— Você perdeu de novo, seu tempo está acabando — disse o homem em posição fetal, como se estivesse sendo sugestionado por algum tipo de hipnose.

Então era isso, ou tudo estava perdido e ela perderia, ou estava na hora do combate frontal.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Sáb Jul 24, 2021 5:58 pm
ATO II

Verificou as unhas do líder comunitário e apenas uma, no pé direito, havia sido retirada. No final o sistema de alarme funcionou e impediu que quem quer que fosse o agressor continuasse a prosseguir seu objetivo. Mas isso não aliviou a situação para a menina, se tinha uma coisa que ela tinha certeza, era de como a família Kyokan é obstinada. Ela decidiu ficar na cabana do líder.

— Eu já disse, não me lembro de nada! — irritou-se o homem.

— Também não... Mas é assustador que isso tenha ocorrido assim — disse o outro.

Ponto era que independente deles lembrarem ou não o agressor estava prestes a retornar e caso Aysa perdesse a vida daqueles dois homens estava perdido. Ela mesma não queria pensar nisso, deixar aquele tipo de tristeza invadir seu coração, mas era quase impossível esconder a sua preocupação.

— O que foi menina, por que essa cara? No final das contas nada aconteceu e você se saiu bem.

Ela olhou para o rosto do líder, que sorriu, e entendeu o porquê dele estar nessa posição, de alguma forma ele transparecia uma tranquilidade que acalmou não só a ela, como também o amigo dele que estava agitado. Aquilo ela levaria para sempre, principalmente se em algum momento ela estivesse numa posição de comando, numa situação complicada, o mais importante é transparecer tranquilidade, para que os outros possam agir sem o nervosismo daquilo que é iminente.


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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Dom Jul 25, 2021 8:45 am
ATO II

Mas mesmo assim o perigo ainda não tinha passado e podia até estar mais tranquila, mas algo em si tinha movido da posição original de medo para alguma coisa mais perigosa, que era aceitação, um fatalismo de que aquilo que estava para acontecer já estava decidido e nada poderia fazer para mudar.

— Agora que o criminoso nos atacou como você explicou, ele ou ela, deve ir atrás de algum animal, não? – questionou o companheiro do líder.

— Acho improvável — respondeu.

Ela ainda não tinha deixado clara a situação para os dois, a suspeita de que sua família não desistiria fácil de sua presa, que obviamente estava marcada.

— Mais importante que qualquer especulação é avisar os demais do ataque — disse o líder — Atsu, vá e avise os demais. — Antes, porém, ele olhou para a menina, esperando a confirmação de sua ordem, ela então confirmou, meneando a cabeça afirmativamente.

— É bom que eles fiquem em estado de alerta e me avisem caso suspeitam de qualquer coisa, por mais boba que seja, mas peça para que eles permaneçam em suas cabanas e que não venham para cá — ordenou Aysa.

— Mas não é perigoso ele... ela, não sei, me atacar?

Ela deu riso, olhou para a janela, os dois homens fizeram o mesmo e lá fora, escondido pelo manto da noite, uma figura parada, estática, com olhos escarlates brilhando como um demônio. A morte chegou, carregando a sua foice, a hora também tinha chegado.
 

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Dom Jul 25, 2021 10:45 am
ATO II

Aysa ficou parada sem tirar os olhos daquilo que estava lá fora e pediu para que os homens fizessem o mesmo, mas eles não conseguiam se mexer, suas vozes não saiam e Atsuki havia até mesmo urinado nas calças! Aysa tinha mais do que o necessário para confirmar que estavam sendo atacados pelo Kanashibari no Jutsu, apenas isso explicava dois homens perderem a fala assim.

— Então é assim que essa merda tá fodendo com a mente de todo mundo, a diferença de poder entre civis e ninjas, pessoas com alto controle de chakra faz com que a técnica tenha um efeito monstruoso sobre estes. — Encarou o líder, que parecia muito mais próximo a realidade do que o homem ao lado dele e disse:

— Você não precisa ter medo Hagima-san, eu estou aqui com vocês e não vou deixar na acontecer! — ela se levantou, ficando de costas para os dois homens.

— Vo... Você... Vo... — tentou dizer o homem — Você não vai... Vai... Conseguir — completou.

E ela respondeu, sem conseguir tirar aquele sorriso do rosto, sentindo que enfim poderia descontar pelo menos um por cento do que tinha sofrido na mão daqueles desgraçados.

— Hagima-san, você não entendeu, melhor, talvez eu não tenha explicado direito, a verdade é que eu não posso perder!

E o homem caiu no chão respirando com dificuldade mas fora do efeito do Kanashibari, o que era um feito e tanto para um civil.
 
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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Dom Jul 25, 2021 12:45 pm
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A ninja de um passo para frente e a figura permaneceu impassível, lá longe, entre as arvores, como se seus olhos fossem chamas que flutuavam como fogo fátuo espantando toda a criatura vivente. Quando abriu a janela e viu que a figura não se moveu, mais uma vez o medo e a insegurança votaram a tomar conta de sua alma, escurecendo sua visão, tornando sua respiração pesada e o palpitar do seu coração em dolorosas e atonais batidas. Mas aquele medo bobo, quase como de uma criança temendo o castigo dos pais, foi fluindo para fora de sua existência quando sentiu em sua mão direita as mãos de seu irmão Gen. Eles estavam de mãos dadas olhando um para o outro.

— Eu disse que estaria com você certo, então vamos — ordenou.

Começaram a caminhar em passos lentos em direção aquela figura, cada passo dado parecia retumbar diretamente no coração da menina, ainda assim prosseguiu, prosseguiu porque sabia que já não podia retornar, prosseguiu porque para vencer a batalha que se seguiria ela precisava vencer aquela batalha pessoal que ela tinha e pensou nele, visualizou ele com a mente e até mesmo conseguiu tocá-lo, embora não pudesse gritar.

— Eu odeio os Kyokan e tenho medo deles!

E ao dizer isso se colocou frente a frente aquela figura negra que permaneceu estática, ao caminhar para fora da sombra viu um rosto o qual jamais pensou existir.
 
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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Dom Jul 25, 2021 2:45 pm
ATO II

Uma moça de tamanho semelhante ao seu, mas com o rosto coberto por tatuagens de nuvens e com o símbolo de lua nascente na testa. Até mesmo seus olhos tinham sido pintados e eram escuros e profundos como a selva que lhe guarnecia. Seus olhos vermelhos e cabelos loiros indicava que estava numa posição importante na família, havia matado algum irmão ou parente bem próximo, provando seu valor, ou seus pais tinham a escolhido dentre outro filho que eles julgaram ser mais fraco menos promissor.

— Você me achou, prima, quem diria que poderia resistir ao meu Kanashibari — colocou as mãos na boca e sorriu.

— Quem é você? — perguntou Aysa.

— Até parece que você não sabe, sou uma prima, vim te visitar, te dar um presente — disse.

— Um presente? Que tipo de presente?

E ela começou a rir de novo.

— Um que leve a você provar seu valor, vamos, por que não olha para trás!?

— E por que diabos eu faria isso?

— Bem...

E o sino começou a soar novamente, enquanto de suas costas os homens gritavam por ajuda, estava perdida, se virasse para tentar salvá-los, morreria, mas se não se virasse veriam aqueles civis morrerem.

— Agora nos prove seu valor, a sua vida ou a deles, muito simples, me ajude a mata-los, fuja comigo e poderemos fazer uma dupla para nos tornarmos as chefes do clã! — E como resposta, Aysa gargalhou.
 
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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Dom Jul 25, 2021 4:46 pm
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Aysa deu um salto para trás lançando um papel bomba a qual havia prendido numa kunai, acertando o peito daquela figura que explodiu, lançando a ninja de Kumo alguns metros de distância e ferindo levemente a sua pele, depois se virou para a cabana e começou a correr. A cada lufada que tomava do ar, se sentia como uma ladra roubando o mais precioso bem da humanidade, mas continuou, enquanto corria sua visão foi se tornando cada vez mais turva, porém não desistiu, abriu a porta e notou os dois homens caídos e lá estava ela, aquela mesma figura de outrora arrancando a terceira unha do líder com as mãos sujas de sangue. Assim que a viu entrar a Kyokan abriu um sorriso, com dentes com formas estranhas mas com os caninos pontiagudos e dentes amarelados.

— Você se livrou rapidamente do clone que deixei parabéns, mas, e agora? Pretende me matar? Acha que pode me vencer? — zombou a criminosa.

— E você acha que eu não estava esperando por isso esse tempo todo? Mas antes disso preciso te fazer algumas perguntas então, por favor, não morra rápido!

E a Kyokan gargalhou, seu olhar de satisfação enojou Aysa que no momento só se preocupava com o bem estar dos dois homens. Uma luta ali dentro poderia colocar os dois em perigo.

— Muito bem, responderei todas as perguntas que você quiser fazer, depois de me alimentar do seu medo é claro, mas se engana se eu e você somos diferentes, eu sei que ai dentro tem uma fome insaciável, todos nós somos assim!
 
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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Seg Jul 26, 2021 9:40 am
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As duas não fizeram um movimento, ambas analisavam o rosto uma da outra, como se estivessem conversando mentalmente, como duas parentas distantes se encontrando pela primeira vez num evento de família. Aysa levantou o braço e a figura também o fez e então a Kyokan começou a imitar todos os movimentos da ninja de Kumo. Jogos, aquele tipo de coisa que os Kyokan mais amavam. Para foder com a mente de seu adversário era importante coloca-lo em seu lugar de insignificância, de que o poder deles representava mera piada perante aquela família mais que poderosa e por isso podiam se dar ao luxo de zombar de qualquer um que se colocasse contra eles.

Mas a menina não se importou nem um pouco e aproveitou dessa situação para tirar aquela mulher dali, caminhando passos para frente, como um espelho a mulher ia para trás até que ambas estavam na parte exterior daquela cabana, tendo como arena as árvores e o vento gélido da noite. A mulher tornou rir mais uma vez.

— Você estava preocupada demais com as minhas presas, por isso propus esse joguinho, assim você pode se ater ao seu próprio sofrimento que é muito mais gostoso para quem tortura.

— E eu aqui pensando que você tinha mudado de ideia.

Então um sorriso zombeteiro se abriu diante de Aysa e o que aquela mulher disse veio como uma lança enfiada diretamente sobre sua cabeça.

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Seg Jul 26, 2021 11:50 am
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— Quando eu soube que seus pais iriam iniciar o ritual com vocês eu não me contive de excitação. Você e eu temos a mesma idade então eu poderia provar meu valor para a Matriarca. Então observei calmamente como você era lentamente surrada pelo papai que você amava tanto — e gargalhou!

— Cala...

— Foi tão lindo! Tão diferente! Ver seu doce irmãozinho sendo, sendo, bem você sabe muito bem, não... Semelhante ao que fazem com a carne de um coelho, como é mesmo o nome?

— Esfolado, isso mesmo! Que maravilhoso! Que poético! — e seus olhos reviraram em um prazer quase obsceno.

— Cala a boca!

A ninja fez então algumas posições de mão enquanto ouvia mulher e lançou contra ela uma poderosa massa de fogo em forma de dragão a mulher respondeu rapidamente desviando para o lado e depois indo em direção a Aysa que só não foi atingida por um soco porque deu passos apressados para trás, tropeçando e caindo.

— E depois foi a vez da sua irmã, qual era o nome dela mesmo? Haya... Hayumi... Hayami, certo? — continuou a mulher.

— Fica quieta!

— Tadinha, com aquele corpo tão frágil, como ela conseguiu sobreviver a força do seu pai?

Então Aysa desaguou a chorar. Não pode se conter reviver toda aquela noite horrível. Sua morte por ser uma irmã tão fraca, tão inútil deveria ser a pior possível, devia aceitar que seu tempo no mundo tinha acabo, afinal, para que viver com aquela dor se sua perda nunca iria ser compensada? Por que lutar se isso no final de contas não impediria a dor que sofreu Gen e Hayami, nem retornaria os movimentos de Gilga muito menos teria ao seu lado Tohru? Desista Aysa, a morte é uma benção para pessoas amaldiçoadas!  ​

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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Seg Jul 26, 2021 1:53 pm
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— Tadinha, vamos prima, nós nem começamos, eu sabia que você era fraca afinal você sequer conseguiu proteger seus irmãos, mas ainda assim, lute pelo menos um pouco, não desonre a memória deles...

Aysa começou a rir, incontrolavelmente enquanto ainda estava inclinada ao chão, como se estivesse ajoelhada perante a lua, então voltou seu olhar para a mulher com as mãos posicionadas — eu nunca vou desistir de acabar com vocês seus merdas, mesmo que isso custe a minha vida, mesmo que eu morra hoje ou amanha, não importa, eu quero que toda vez que vocês escutem meu nome, que toda vez que vocês lembrarem de qualquer um dos meus irmãos, vocês mijem de medo, entendeu? — e lançou contra a mulher um fogo purificador em formato de dragão, dessa vez Aysa enganou a mulher, mirando exatamente no lugar em que ela iria se deslocar acertando ela em cheio.

Gritos começaram a tomar conta da chama que parecia ser alimentada pela mulher que resistia como um demônio ao fogo.

— Vocês não são humanos — surpreendeu-se Aysa — como pode resistir tanto assim!

— Maldita! — gritava a mulher — Você vai me pagar, amaldiçoada seja! Eu vou te matar! Como ousa, como ousa me ferir!

E quando as chamas cessaram a mulher ainda estava de pé com o corpo completamente carbonizado, não havia mais como diferenciar cabelo, lábios, olhos, ouvido ou nariz, era tudo uma massa de modelar derretida ao sol. Mas ela permaneceu de pé olhando estaticamente para Aysa que caiu no chão tremendo de pavor, aquilo não morreria, mas Aysa se enganou, ela já estava morta e tudo que fez foi apenas cair para trás.

A missão estava cumprida, a pequena comunidade não foi mais atacada nem animais apareceram mortos, como recompensa Aysa ganhou alguns pesadelos tendo como objeto aquele corpo carbonizado e também uma ultima coisa, o desejo de reencontrar sua irmã.

O contra-ataque começou.

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Tsukuyomi
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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado Seg Jul 26, 2021 4:49 pm
Aysa voltou on fire
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Re: (Solo B) Os Kyōkan - Parte I - Postado

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