O clarão solar que perpassou as cortinas me fizera acordar de súbito naquela manhã. O cansaço físico havia ido embora, mas o mental, ainda permanecia mesmo que por pouco. Repetidos contratos eram algo um tanto quanto exaustivo, mas como dito tantas vezes, necessário. O dinheiro que eu ganhava com estes era útil para ajudar-me a sair do país, então quando o corvo apareceu e grasnou, eu já tinha em mente do que se tratava. Suspirei, mas peguei o pergaminho do mesmo e o abri para ler.

... Tá. Isso vai ser um tanto quanto complicado de se fazer. pensei comigo mesmo enquanto lia o papiro, jogando-o na cama em seguida. Me espreguicei e iniciei as tarefas básicas do dia a dia: tomei banho, escovei os dentes, forrei o estômago com alguns pedaços de bolo e uma xícara de café, trajei as vestes usuais, poli minha lâmina, chequei todo meu arsenal e por fim, saí do estabelecimento qual havia passado a noite após pagar uma boa quantia.

Ao sair do estabelecimento pus a canhota no rosto para impedir a passagem do sol mesmo que por pouco, bocejei e comecei minha caminhada rumo ao sul uma vez que os boatos do animal ter sido visto no mesmo fora escutado por mim ao sair da pousada.

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Considerações:

O caminho feito por mim demorou mais que o previsto, porém, não tinha necessidade alguma de apressá-lo; eu gostaria de aproveitar aquele dia, afinal, poderia ser meu último uma vez que estava enfrentando tigres. Era fato que talvez fosse até mais fácil que o normal pois se tratavam de animais, mas ainda sim, a precaução era tamanha; não poderia esgotar minhas energias antes de combater os animais, então deveria me precaver. Isto é, até a pedra me fazer tropeçar e bater com a cara no chão.

Merda. resmunguei mentalmente, pegando a pedra e arremessando-a o mais longe possível na direção contrária - por onde eu vim. Parei por alguns minutos para respirar, limpar o rosto de quaisquer machucados e beber um longo gole de água pois estava precisando, logo continuei o trajeto, rumo ao objetivo.

Quando cheguei no local, pude reparar que alguns galhos estavam quebrados, havia pegadas de patas de animais no solo fora alguns pelos grudados em algumas folhas assim como nos galhos quebradiços. Segui adiante, com passos leves, sendo furtivo pois não queria ser devorado por um animal no dia de hoje. A furtividade então seria minha aliada, pelo menos até onde desse para ser furtivo; não faria mal algum não encarar o problema de cara dessa vez.

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Considerações:

Conforme o avanço furtivo que eu fazia em busca dos animais, escutei um rugido rugido do que supus ser o tigre que estava caçando. Admito que havia tomado um susto e ficado inerte por alguns segundos, retomando os passos em seguida. Aquilo serviu para me alertar dos perigos que haviam pela frente, e por conta disso, saciei meu vício com um chiclete retirado do bolso esquerdo com a mão esquerda enquanto simultaneamente retirava a pequena lâmina da bainha com a destra.

Continuei por mais alguns passos até que pude deparar-me com uma carcaça de animal, esta por sua vez, possuía um corte feito por alguém hábil com uma lâmina. —— Problemas. —— Murmurei, fitando a carcaça do animal morto. Talvez a missão não tenha sido dada somente a mim e sim a outros caçadores, seria um problema lidar com estes. Suspirei, meio chateado com a situação, mas felizmente estava certo de que eles não seriam um problema caso eu deixasse-os morrer para o tigre, ou eu mesmo os matasse caso estes ousassem ferir o animal.

Após o som dos rugidos e dos animais correndo, ouvi, também, um pequeno choro não tão longe de mim, e prontamente fui atrás deste; não saberia dizer do que se tratava, mas cautelosamente segui adiante, em busca da origem daquele som.



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Considerações:

Era esperado por mim manter a discrição em meio àquele local uma vez que eu estava buscando apenas retornar com o tigre, mas a cena que sucedeu-se à minha frente era algo imoral e baixo até mesmo para os padrões dos caçadores.

O choro de outrora fora feito por um dos filhotes do tigre - um dos porque era mais de um. Os pequeninos tentavam revidar os avanços feito pelo homem com a lâmina, mas sem sucesso, afinal, eram apenas infantos e não sabiam como se proteger. —— Ei, imbecil. —— bradei do local onde estava, pulando para cima do homem com o objeto laminado em mãos.

Em meio a queda, arremessei uma kunai em direção ao antagonista para abrir a guarda do mesmo e assim, num movimento preciso e fatal, perfurar seu peito com a Tantõ que eu carregava comigo, para ceifar-lhe a vida no mesmo instante. Recuaria, porém, cinco metros, independente do êxito em meus atos ou não pois não podia botar a vida dos filhotes em risco, e muito menos feri-los eu mesmo.

—— Por quê ferir animais indefesos? São apenas filhotes. —— disse, pressionando o cabo da lâmina com toda força que possuía. Atos vis de homens vis, eu já sabia a resposta para minha pergunta. Às vezes, simplesmente há maldade demais no mundo.



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Considerações:

Com o êxito nos golpes, o assassino viera ao chão, encontrando seu fim após resmungar palavras ao vento. “Pote de ouro no fim do arco-íris.” pensei comigo mesmo, esboçando um leve riso. Aquilo não era um pote de ouro no fim do arco-íris, eram animais indefesos sendo usados para suprir o ego de uma família tão podre quanto aquele ser que acabara de morrer por minha lâmina.

De toda forma, tive de deixar os pensamentos de lado e ajudar o pequeno animal; retirei faixas da roupa do corpo estirado no chão para estancar o sangue que saía do felino. Após isso, sujei ambas mãos no sangue já derramado do pequeno animal, assim como partes de minha veste e rosto, deixando-os para trás. O que estava machucado, porém, teria de levar comigo até a residência do contratante.

[...]

Após um longo tempo, havia chego nos portões metálicos da casa do senhor. Fiquei a espera do mesmo com o pequeno animal ferido em meus braços, mas ainda vivo. O sangue já não escorria, mas todo o sangue em mim era prova suficiente de que os irmãos do pequeno haviam sido massacrados - ou talvez faria-o pensar nessa possibilidade uma vez que o seu próprio estava ferido.


hp: 115, ck: 120, sanidade: 140, estamina: 1/3, vício: 1/3

Considerações:

Não demorou muito para um dos guardas do homem vir me receber no portão de sua casa, muito menos para me levar até o contratante e entregar-lhe o animal ferido. O mesmo ficou contente por ver seu animal de estimação, e ainda mais por eu supostamente ter dado “cabo” dos outros felinos. Abri um sorriso sutil, mas ainda sim, um sorriso, pois a mentira que eu havia contado tinha sido efetiva. Não restou muito para fazer, meu pagamento já havia sido entregue e eu estava sendo escoltado para fora da residência. O guarda, porém, contou-me os planos do homem para a criatura, o que me fizera ficar um tanto quanto chateado com a situação. Suspirei, dei tchau para o mesmo e esperei o cair da noite.

Retornei a mansão, dessa vez, com uma máscara cobrindo o rosto e com vestes limpas. Estava furtivo, conhecia os locais de entrada e saída do casarão pois quando o visitei mais cedo havia gravado-os em minha memória. A entrada fora fácil, feita por fora e em silêncio, usei e abusei da furtividade que eu possuía para caçar o pequeno, este que àquela altura da noite já havia sido tratado de seus ferimentos.

Um quarto após o outro e enfim, havia achado a criatura, enjaulada, mas bem cuidada. Seus ferimentos já haviam sido tratados como pensei outrora e ele podia ser movido e eu  o fiz. Tirei o animal da jaula após roubar a chave do guarda e saí com ele da casa numa mochila improvisada feita com lençóis que achei. Após ter feito tudo isso, levei-o para onde estávamos mais cedo e o soltei, deixando-o seguir o rastro de seus irmãos. Quanto a mim, desapareci deserto adentro.


hp: 115, ck: 120, sanidade: 140, estamina: 2/3, vício: 2/3

Considerações: