Dizem os sábios que se alguém descobrir exatamente qual é o propósito do universo, ele deixará de existir e se tornará algo ainda mais incompreensível. Dizem os mais sábios, que isso já ocorreu diversas vezes.

Guia dos mochileiros das galáxias.



Eu não deveria estar rindo, não quando metade dos gangsters da cidade e a máfia nos procuram. Mas era excitante estar correndo sem rumo pelos becos das ruas ao lado daquele menino de pouco mais de doze ou treze anos, enquanto kunais, facas e pedaços de tijolos eram arremessados contra a gente.

— Você já ouviu falar da piada do menino que levou uma pancada de um tijolo?— Perguntei enquanto me desviava de outra pedra voadora.— E assim… a droga… eu esqueci de como era.— A risada foi entrecortada por uma kunai que quase arrancou minha coluna.

As vielas daquela cidade já haviam se tornado minha amiga, pois, era o local que os donos de bares e me jogavam toda vez que eu estava bêbada demais para pagar a conta, o que mais me incomodava era sem sombra de dúvidas aquele pequeno fio vermelho que se estendia do meu mindinho até o mindinho dele.

— Pare de pensar...Tebane.— Gritei para mim mesma, pensar com certeza me traria rugas, e eu não quero ficar velha.— Tebane para a esquerda...—

Ao longe avistei uma senhora com uma de suas mãos estendidas para que pudéssemos nos esconder, não a conhecia e nem sabia quem era, no entanto, assim que peguei minha moeda em meu bolso e a girei em pleno ar ela deu coroa, e os deuses da sorte sabem o que querem.

— Tebane para a esquerda.— Com meu corpo empurrei o garoto na direção da porta que se fechou imediatamente.— VENCEMOS TEBANE— Gritei antes de ser silenciada pela velha que colocou a mão em minha boca.

— Fique quieta eles vão escutar vocês dois.— Disse a velha retirando a mão de minha boca assim que viu que eu estava mais calma.

Me levantei e arrumei minhas roupas sujas de terra, não sabia quem era a senhora muito menos o que ela queria, mas aparentemente ela estava bem interessada em uma tatuagem que havia surgido em meu braço esquerdo assim que tentei roubar o anel de nosso contratante.

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A velha olhou preocupada para o anel e logo em seguida se aproximou da fogueira em sua casa. O som do lado de fora havia diminuído consideravelmente o que fazia acreditar que estávamos ao menos por pouco tempo livre de problemas.

—Isso era uma técnica dessa vila, antigamente para ter certeza de que alguém cumpriria um acordo ou protegeria uma pessoa ela criava esse elo. se um morresse o outro morria. — Murmurou.

Não posso mentir, senti um frio na espinha com aquelas palavras, não queria morrer presa a um menino de catorze anos de idade que parece ter nojo de mulheres, digo eu não sou bonita mas tenho certeza de que sou melhor que as outras, ou sera que ele curte garotos? Esse mundo esta tão diferente que nem sei dizer.

Bati com as palmas das mãos e sorri na direção do menino.

— Não se preocupe, não é tão ruim quanto parece.— Brinquei enquanto girava o fio que parecia infinito ao dedo.

— Na realidade a morte é lenta e dolorosa.— Retrucou a velha sem qualquer tipo de rodeio.

— Olha eu não queria ficar com um fio vermelho preso ao meu dedo para sempre…. tem como remover?— Perguntei.

A velha coçou o queixo e ficou pensativa por um tempo.

— Talvez sim, dizem que existe um samurai capaz de cortar coisas invisíveis, digo vocês podem ver esse fio, mas eu só vejo o fuiinjutsu que foram marcados…—

Eu dei outros tapinhas nas mãos.

— Viu tebane parece que seremos amigos por um bom tempo… meu nome é Yuyuko Yakumo… mas pode me chamar de Yuyu-chan… Tebane.— Brinquei estendendo a mão para que ele pudesse enfim se levantar.

Na época, mal sabia na enrascada em que estava me metendo, quem era aquela velha ou quanto teríamos que caminhar para poder chegar no tal lendário samurai que corta coisas invisíveis.

As palavras eram sinceras e um pouco estupidas, a grosso modo nunca consegui fechar o cenho para as situações adversas, afinal, a vida era uma grande diversão, cheias de altos e baixos.

— Alias, aonde se encontra esses samurais? — Perguntei para o menino enquanto o erguia do chão.

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Não minto que correr me faria suar, odiava suar tebane… mais ainda fugir, se haviam pessoas para poder ter uma boa briga, porque não participar? Mas naquela situação em si eu não estava sozinha, e não queria causar problemas para o menino do meu lado.

— Conectados de alma.—  Fingi meu ruborizar, pondo uma das mãos nos lábios vermelhos.— Os jovens de hoje em dia conseguem falar….—

Mas antes que pudesse completar minha frase fui empurrada com ele para o  exterior onde o mesmo começou a correr me puxando junto, era engraçado, não vou mentir, principalmente porque ele era um toco de amarrar jegue em comparação a minha altura.

Começamos a correr quando ele demonstrou uma certa maestria em atirar as coisas, mas preferi não pensar na piada pronta que estava em minha mente, principalmente porque ele não parecia ser alguém que gostava de rir quando meia cidade está em sua busca.

Meus olhos se tornaram albinos, as veias saltaram ao redor das orbes brancas. Segurei na cabeça do menino, ele não poderia ver, mas nada escapava de meu byakugan, nem mesmo uma senbon lançada contra as nossas costas.

Puxei meu arco sem olhar, sem virar meu rosto estiquei sua corda e lancei a flecha na direção contrária a nossa acertando um dos homens que estava escondido entre duas frestas de uma pequena cerca de madeira, o coitado não teve tempo de ver o que o atingiu.

Corremos de um lado para o outro, eu rindo e me divertindo, por vezes puxando o menino para outra direção, primeiro porque meu byakugan me permitia a visão de onde eram as melhores rotas, segundo porque minha moeda sagrada nunca falha.

— Para a esquerda… ali do lado tem um cara escondido...—  Murmurei lançando outra flecha.—

Seguimos correndo até um dos barcos que estavam quase saindo e juntos nós dois saltamos na direção da embarcação deixando para tras os nossos caçadores.

— E quem vence em? — Comecei a dançar ainda com a mão sobre a dele.— Tebane… eu sou foda… Tebaneee...—

Na realidade nem sabia para que direção aquele navio iria, ou como pagariamos nossa estadia, o olhar de furia do dono do barco não me parecia uma boa coisa, mas o mais importante era que estavamos vivos.

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