Mesmo sendo íngreme e escorregadia a princesa continuava a andar a passos largos para fora da vila. Era alguém atípico, não se importava com vestidos ou roupas caras e preferia mil vezes estar enfurnado em qualquer laboratório e sentir o cheiro de álcool isopropílico e outras substâncias possivelmente cancerígenas. Naquele dia em específico havia “sequestrado” Haru para que ela a guiasse até uma vila proxima onde havia sinais de que uma nova doença estava se espalhando entre os civis, aparentemente apenas uma variante de uma gripe qualquer, mas que deixou a mulher em polvorosa para poder ver a ação de tal doença.

O dia estava claro, uma raridade em kirigakure e a filha do daimaou não esperou por Haru para começar suas andanças, e só parou quando ficou perdida entre o nevoeiro comum do pais da agua.
Quando se deu por si ela estava proxima a um desfiladeiro extremamente alto, quando se virou para a jovem e jogou o mapa.

— Você guia… achei que fosse mais facil andar por aqui… quero chegar logo nessa aldeia… dizem que o virus tem uma ação linda de propagação… — A princesa falava em um tom de completa excitação.

Considerações:

um vírus
ウイルス



　　　Embora houvesse sol e seus raios, naquele dia, banhassem a Névoa com mais abundância do que de costume, a célebre bruma do território da Água era realmente obstinada naquela nação. Acaso, por conta dela, a jovem princesa não fora capaz de conduzir o trajeto, ainda que empunhando o mapa do destino em suas mãos.

　　　Próximas a uma incomum garganta íngreme e rodeadas pela neblina, Haru apanhou o mapa que fora arremessado pela princesa.

　　　A kunoichi meneou a cabeça positivamente, assentindo em silêncio a ordem que veio junto do mapa.

　　　As mãos pálidas de Haru estenderam o pergaminho à frente de si, permitindo que seus olhos cor de violeta esquadrinhassem os caminhos. Ela entendia que, para se guiar com um mapa, é primeiro necessário localizar-se nele. Mas como ela faria isso estando no meio do nada?

　　　Haru analisou a situação, lembrando-se do início daquele dia. Quando ainda estava na vila, a princesa solicitou de modo nada cordial que a Chūnin a escoltasse. Um ponto de encontro foi marcado, logo nos portões da vila. Sendo assim, partiram para a missão. Agora, ela, com a boa memória que dotava sua mente atinada, relembrava-se das direções tomadas a partir daquele ponto inicial.

　　　"Dez metros para o norte, cinco metros para oeste, Haru esforçava-se para traçar o caminho nos seus pensamentos, "mais quinze para o norte, depois dez para oeste..."

　　　Com sucesso em seu raciocínio, a filha da Névoa seria capaz de encontrar o ponto onde se perderam — ou seja, a localização atual — e assim traçar uma nova rota para chegarem ao destino.

Considerações:

A viagem durou cerca de seis horas, o sol já estava se pondo e as nuvens tomavam tons de laranja e vermelho com pequenas partes de pastel, como se fosse as entranhas de um animal que não descobriu que jazia morto.
Mayumi estava ofegante. A muito tempo havia desistido de seus sapatos e agora os trazia entre os dedos finos da mão, mesmo assim, o brilho ainda se mantinha sobre seus olhos.
Ela puxou de sua bolsa dois trajes brancos feitos de um tecido a prova de contaminação além de máscaras, vestiu um e entregou outro para sua guarda costas.

— Vamos vista-se… rapido… temos um monte de virus e bactérias desconhecidas para ver.—

O vilarejo estava decrépito, um verdadeiro cemiterio a céu aberto, os corpos estavam amotinados dentro de um carrinho qualquer, as pessoas doentes eram fechadas em suas casas, muitas delas incendiadas logo em seguida com o intuito de deter a tal praga.

— Vamos recolher amostras, depois disso nos podemos ir embora.— Disse a princesa.— Eu até trouxe dois pergaminhos com os mais diversos itens para pesquisa e cura, mas não estou disposta a gastar material com um patogeno que não deve ser tão perigoso assim.— Murmurou.

Considerações:

um vírus
ウイルス



　　　O crepúsculo do entardecer já tingia o céu com tons alaranjados quando, naquele tempo, a princesa e a kunoichi já estavam quase para chegar ao destino: um vilarejo bastante afastado do território de Kirigakure. Foi então que Haru recebeu outro presente da bem-nascida: vestes brancas que a cobririam dos pés à cabeça. Tratava-se de um traje de contenção, precisamente vedado para impedir a contaminação pelo vírus que assolava o vilarejo.

　　　Uma vez mais, Haru apenas fez que sim com a cabeça, em silêncio. Ela se vestiu apressadamente. E esse foi o primeiro sinal da seriedade da missão que estalou nos pensamentos dela. "Não deve ser um vírus qualquer para tamanha providência", constatou. Talvez por isso que ela conseguiu conter os ânimos quando, finalmente, chegaram ao local...

　　　A vida parecia ter perdido o sentido ali.

　　　Os olhos dela pingavam de um lado para o outro, e haviam perdido o brilho: um tom opaco de violeta, semelhante às pétalas de lavanda prestes a murcharem.

　　　Haru se admirou com o comportamento impassível da princesa. Ela sequer parecia torcer os lábios ou arquear as sobrancelhas diante da atmosfera fúnebre. Até mesmo para a kunoichi, uma garota de comportamento apático, era quase impossível atravessar aquele cenário sem ser amassada pela densidade obscura da morte.

　　　Concentre-se na missão, Haru, ela disse para si mesma, na tentativa de se tranquilizar. E, mediante as falas de Mayumi, enfim respondeu verbalmente:

　　　— Olhando ao redor, Mayumi-sama, posso depreender que o vírus é sim perigoso. — Ela mantinha a voz calma, centrada, ajeitando-se para iniciar a coleta de amostras. — Creio que os materiais que a senhorita trouxe serão de grande ajuda, não só para a sua pesquisa, mas para essas pessoas também.

　　　Haru não iria forçar a princesa a nada. Porém, havia um quê de intenção em suas falas. Ela queria implantar uma semente de incerteza na mente de Mayumi, quem sabe ela comece a enxergar o caos à volta com outros olhos — mais brandos e preocupados.

　　　Sem esperar qualquer resposta, a kunoichi agiu prontamente, caminhando até um dos corpos jazidos mais próximos. Com suas mãos devidamente protegidas e a experiência que o tempo no laboratório a proporcionou, Haru tentaria colher algumas amostras que serviriam para estudar o vírus.

Considerações:

A princesa fechou o cenho e pareceu pensativa por um tempo, de fato os equipamentos que ela trouxe dava uma certa vantagem para análises do virus, talvez até mesmo uma vacina, mas o que aquilo poderia trazer de benefício? Quase nada.

— Você não se parece nem com sua mãe e nem com seu pai, você realmente é filha deles?— Indagou por um momento antes de dar um tapinha na testa de haru.— Talvez tenha puxado sua tia.— Brincou.

Pouco tempo depois ela caminhou para fora da vila a uma distância considerada segura até retirar os trajes e fazer alguns selos de mão para criar um tipo de casa rustica de pedras.

— Você imaginou o quanto isso poderia salvar as pessoas que ficam desabrigadas, as vezes acho que o nosso mundo é completamente errado.— Murmurou.

Fez outro selos de mãos em cima de um pergaminho liberando uma gigantesca quantidade de equipamentos cientificos de ponta.

— Você ainda esta vestida busque algumas amostras de sangue contaminado e comece a pesquisa e desenvolvimento, não irei me meter diretamente, pois vejo que você quer ajudar essas pessoas, mas não acho que havera muito conhecimento novo aqui para mim.— Respondeu.

Considerações:

um vírus
ウイルス



　　　Haru arregalou os olhos com a pergunta da princesa. E, de súbito, a fala de Warui repercutiu em seus pensamentos: "Você é diferente dele e eu diria que esta é mais uma de suas virtudes". Então notou que espontaneamente, ao se lembrar daqueles olhos borgonha, seu fôlego se renovou.

　　　Ela enrubesceu, virando o rosto para esconder a sensação de calor em suas bochechas.

　　　Um calafrio arrepiou sua espinha quando recebeu o tapinha amigável de Mayumi. Haru pareceu tão frágil naquele momento, mas não a fragilidade digna de porcelana que sua pele naturalmente transparecia, era a sensação de que, por um instante, foi despida da máscara frígida que tapava seus verdadeiros sentimentos.

　　　Haru balançou a cabeça para se recobrar e quase se esqueceu de um detalhe: que tia era a que a princesa falava? Mayumi era tão íntima de sua família a ponto de conhecer um parente que nem a própria Watanabi conhecia?

　　　— Tia? — perguntou Haru.

　　　Sentimentos à parte, não havia tempo a se perder ali. A kunoichi logo acompanhou a princesa que foi se afastando do vilarejo. Quando chegaram a um lugar satisfatório, a bem-nascida se despiu do traje protetor e invocou um laboratório de pesquisa — que fez Haru observar aquela técnica com um brilho indescritível no olhar, já pensando em se preparar para fazer o mesmo em outras missões.

　　　— Certo — disse Haru, assentindo as ordens da princesa. Ela se virou e, antes de partir, continuou: — Obrigada pelo voto de confiança, Mayumi-sama.

　　　De volta ao vilarejo, a kunoichi colheria mais algumas amostras. Dessa vez, ela buscaria pelos cadáveres mais frescos, que ainda teriam sangue quente para uma boa coleta. Ela faria uso de alguns equipamentos que apanhara do engenhoso laboratório de Mayumi. Conseguindo algumas ampolas de sangue, ela retornaria à base.

　　　— Consegui algumas, Mayumi-sama — diria Haru, chegando no laboratório. — Com a sua permissão, irei começar as pesquisas.

　　　Haru logo se apoderaria do que lhe fosse permitido para começar os trabalhos a fim de produzir uma vacina ou, quem sabe, até mesmo um antídoto.

Considerações:

Inicialmente a princesa parecia simplesmente entediada com toda a pesquisa de Haru, por vezes ela cochilou na cadeira ao som de vários tubos de ensaios, e por fim cochilou de vez em uma das mesas com a cara colada.
Haru continuou sua pesquisa, apesar de não ter dados frutos concretos ela como uma grande cientista pode entender a base do vírus através de um microscópio especial que ao adicionar chakra permitia uma melhor visualização do que estivesse dentro do seu raio focal.
A criatura em si tinha todas as características padrões de um vírus. Nucleoplasideo, acido nucleico e outras coisas menos interessante, exceto por um detalhe importante quanto mais chakra era adicionado ao equipamento mais vírus surgiam na placa de testes, como se de alguma forma eles estivessem absorvendo o chakra que Haru inserida para poder se multiplicar.
A princesa por sua vez despertou e foi ver o que estava acontecendo, pegou a prancheta de dados e o folheou. Seus olhos se arregalaram por um instante apenas para poder voltar a serem monótonos, revisou os testes e por fim se sentou na cadeira.

— Isso é mal… digo vi um virus semelhante no pais do vento uma vez, ele se alimenta atraves de chakra e usa dessa fonte de energia pra se multiplicar, lembro-me que eles queimaram uma dezena de vilas para deter a praga… —

Considerações:

um vírus
ウイルス



　　　O que Haru enxergava através das lentes de aumento do microscópio era algo amedrontador.

　　　— O vírus — deixou escapar baixinho pelos seus lábios —, está se multiplicando.

　　　Depois de Mayumi por fim acordar e folhear as anotações da kunoichi, finalmente viu-se um nítido semblante de preocupação ser esboçado na face da princesa. O assunto era mais sério do que Haru inicialmente imaginou, de tal forma que até mesmo a impassividade e indiferença de Mayumi foram quebradas.

　　　— Não conseguiram produzir uma cura? — perguntou Haru, mas sabendo que claramente era uma pergunta retórica.

　　　Outra vez, ela recebeu as lembranças do garoto tempestuoso em sua mente: "Mas enquanto ele tentou negociar a vida de uma kunoichi da Névoa, você a ajudou sem pensar duas vezes". E, novamente, ela se revigorou com a imagem de Warui nítida em seus pensamentos. Ele dava forças para ela, fazendo-a desafiar qualquer um, qualquer coisa, como se com ele a seu lado fosse capaz, até mesmo, de enfrentar o poderoso Bison.

　　　À vista disso, Haru não desistiria.

　　　— Farei o possível, Mayumi-sama — disse a kunoichi, com seus olhos refulgindo um violeta intenso.

　　　Haru voltaria a se concentrar nas pesquisas, usando tudo o que sabia para dar cabo da missão. Estava obstinada e fortalecida.

　　　Eu não irei deixá-los, não importa a dificuldade, Warui-san.

Considerações:

— Não é como se eles não tivessem tentado, pediram minha ajuda, mas estava interessada em saber como o vírus reagiria diante de sociedades seminômades, por isso recusei o pedido de ajuda deles— Concluiu com outras folhas.

A mulher retirou de seu bolso um pequeno caderno de anotações, aparentemente não havia sequer cinquenta folhas nele, mas quando aberto ele revelava uma certa propriedade anômala de a tinta ser praticamente viva e se mover sobre a folha criando padrões e escrita à medida que a princesa ia o folheando.

— Aqui estão as minhas anotações, mas no pior dos cenários devemos informar o mizukage para que ele crie uma área de contenção e talvez a obliteração de todos os vilarejos num raio de cinquenta quilômetros…— Ela fez uma pausa com um olhar de desgosto.— Não me entenda mal Haru, tenho um grave defeito, minha curiosidade é insaciável, por exemplo, eu sei como o vírus funciona isso não é novidade, por isso não tenho interesse nele, mas estou curiosa para saber como funciona a sociedade de kirigakure sobre os efeitos anômalos de um virus auto replicante.—

A princesa fez uma breve pausa e voltou seus olhos para a neblina externa. Mordiscou os lábios. Cruzou os dedos das mãos e olhou impaciente para a vila semi destruída e para a fumaça negra que subia.

— Cientistas são acima de tudo seres que são guiados pela curiosidade, não a espaço para sentimentalismos no reino da ciencia, apenas causa e efeito.—

Considerações:

um vírus
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　　　As mãos pálidas tomaram para si o pequeno caderno de anotações da princesa. Pelo visto, anotar descobertas em diários de pesquisa era uma prática comum para os cientista. Sayuri, Hiroshi e, agora, Mayumi, além da própria Haru, tinham esse costume.

　　　Ela já estudou um vírus como esse, a kunoichi pensava, analisando o comportamento fanático da princesa. Mesmo assim não move esforços para ajudar o vilarejo. É dessa maneira que age um cientista? Tudo em prol do conhecimento? Não, não pode ser... a senhorita Sayuri e o senhor Hiroshi não eram assim.

　　　Um suspiro escapou dos lábios rosados.

　　　— Eu posso dizer, Mayumi-sama, que consigo entender o seu modo de pensar — disse Haru, ajustando o foco do microscópio e trocando as bases de amostra. — Mas também sou cientista, compartilho do desejo pela busca de conhecimento e já conheci outros pesquisadores que me ajudaram na minha jornada na ciência... Posso afirmar: sou incapaz de concordar com a senhorita.

　　　Com o ímpeto de suas memórias despontando em seu interior, a kunoichi virou o rosto por um breve momento para a bem-nascida. Vivamente os olhos cor de violeta refletiram a imagem de Mayumi, resplandecendo com o lampejo de sua determinação.

　　　E logo Haru se voltou para a aparelhagem, a fim de produzir o antídoto.

　　　As mãos pálidas, que mais pareciam serem feitas de porcelana dado o seu aspecto frágil, demonstraram tamanha experiência e precisão ao manipularem aqueles aparelhos e amostras. Tubos de ensaio de um lado para outro. Conta gotas que capturavam as composições com a medida exata para realizar misturas. Olhos que perscrutavam os resultados com a obstinação de uma serpente prestes a dar seu bote.

　　　O tempo se passou, o cansaço veio à tona. Quando a visão de Haru já estava embaçando devido à força que fazia para obter a precisão necessária, ela teve sua recompensa: a cura estava ali, num recipiente envidraçado, bem à frente dela.

　　　— Eu... eu acho que consegui — disse Haru.

Considerações:

— Está tudo bem em não concordar, a ciência lhe permite isso tambem.—

A princesa meneou a cabeça e sorriu. Seus olhos se encontraram com os da menina, havia um misto de sentimentos naqueles orbes castanhas.
Deu alguns passos na direção da ninja.

Uma nuvem começou a cobrir a luz da lua, deixando as duas em completa escuridão, o ambiente se tornou mais sombrio e a pequena área construída parecia se apertar claustrofobicamente.

— Mas e se eu te contasse que toda sua vida é apenas um grande experimento, que seu nome, sua idade, você sequer pode ser considerada como humana.— A voz da princesa se tornava um tom mais sombrio.— Que os pesquisadores que você encontrou te enganaram, que só te ensinaram e fizeram tudo o que fizeram porque eles queriam e foram pagos para entender a evolução de uma cobaia de testes criada pela ciência.—

A luz da lua foi aos poucos surgindo iluminando o ambiente, havia um pequeno tom de loucura e franqueza de alguém que olhava com o mesmo brilho no olhar de quando saiu pela manhã atrás do tal vírus.

Esperou que o silêncio tivesse o máximo de efeito, quando sorriu e bateu com a mão nos ombros de Haru.

— Estou brincando com você, fiquei curiosa para saber como reagiria em tal situação, me desculpe.—

Olhou para a solução liquida no frasco nas mãos de Haru e sorriu.

— Acho que conseguiu, qual sera o nome que dara para a cura?—

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um vírus
ウイルス



　　　Um composto líquido, de cor levemente esverdeada, que curiosamente exalava uma fragrância refrescante semelhante à lavanda, mas de gosto amargo. Essa era a cura produzida por Haru, o antídoto que prometia por um fim àquele vírus mortífero.

　　　A jovem cientista respirou fundo. E pensou: Devo espalhar a cura de modo que pegue toda a população do vilarejo o mais rápido possível.

　　　O frasco cheio do milagroso composto estava sobre a mesa, na frente de sua criadora. Ela se preparava para iniciar, imediatamente, o processo de desintoxicação do vilarejo. Para tanto, sacou de sua bolsa de equipamentos um dos pergaminhos que carregava consigo. Ali mesmo, sobre a madeira, desenrolou a ferramenta ninja.

　　　Os dedos franzinos se uniram para formar o selo manual do carneiro espelhado. Em seguida, um breve estouro de fumo branco precedeu o aparecimento de dez senbons outrora seladas no pergaminho.

　　　Haru mergulhou cada uma das agulhas naquele frasco, banhando-as na cura. Então, através do contato, ela infundiu uma certa quantia de chakra na substância que agora embebia os armamentos.

　　　Tudo pronto, constatou. A garota recolheu as senbons preparadas e já foi saindo do laboratório. Contudo, falas sombrias e inesperadas da princesa a fizeram recuar. Haru se colocou a pensar sobre as coisas ditas por ela. Um experimento? Do que a princesa está falando? Primeiro uma tia que desconheço e agora... esse tipo de brincadeira?

　　　Esperta e treinada na arte da percepção, Haru era capaz de captar inconfidências nos trejeitos das pessoas. Seja no timbre da voz, nos gestos do corpo, na cadência da respiração ou nas inconformidades do discurso. E ela não notava um sinal de mentiras ali, não por completo. Então, até que ponto as falas de Mayumi eram verdade? De um jeito ou de outro, Haru não desperdiçaria mais tempo ali.

　　　Depois de receber mais um tapinha da princesa, ela pensou: Não, você não estava brincando. Mas manteve o semblante comportado. E respondeu:

　　　— Um nome? Que tal Lex Aeterna? — Ela pensou rápido. E, já dando as costas para a princesa, continuou: — Um idioma antigo, que quer dizer uma lei que está acima de todas. A lei que prevalece, é a lei que beneficia a todos, Mayumi-sama.

　　　Haru voltou para o vilarejo. Lá, ela usou de seu incrível raciocínio matemático para posicionar estrategicamente as agulhas, de modo que sua ação posterior fosse capaz de abranger todo o lugar. Feito isso, ela foi para o centro dali e, de novo, teceu o selo manual do carneiro espelhado.

　　　O antídoto ganharia os ares, formando uma névoa de cura.

Considerações: