Meu segundo serviço pra trazer mais perturbações públicas a organização mafiosa que eu estava espionando, dava seguimento, e com isso meus atos vilanescos na qual eu começava a montar uma série de mortes manipuladas, também se iniciava de forma majestosa.

Entretanto, só teria acontecido dois casos, e isso era muito pouco para os investigadores aleatórios verem e reverem o mesmo estereotipo de mortes, e chegarem a uma conclusão que aquela cena de morte onde duas pessoas se espancaram e se esfaquearam até o fim de suas vidas, não era uma mera coincidência, tampouco foi eles o motivo de tudo aquilo ter iniciado, não.

Demoraria identificarem que havia uma peça adicional por trás de todas aquelas mortes, e que em um futuro próximo mais mortes aconteceriam de maneira parecida, e com tantas vítimas de caso semelhantes, os envolvidos na investigação chegariam a um consenso de que haveria uma mente brilhante e diabólica por trás de tudo.

Enquanto esse dia não chega, escolho a dedo novamente quem vai ser a próxima vida a ser ceifada por meu teatro macabro. Deixei que alguns dias se passassem para os criminosos não acharem que algo estava ocorrendo com foco neles, precisava ser meticulosa para não haver problemas.

Enquanto pensava em como decidir minha vítima, acabei sendo solicitada por um dos líderes menores. Precisava de um auxílio de uma pessoa como eu, embora ainda não sei dizer bem que qualidade minha ele precisava. Fui até o solicitado, e me apresentei.

— Hey hey hey!!! Chamaste, dindon?

O cara me olhava com cara de taxo. Parecia do tipo enjoado, ou minhas piadas que eram ruim, mesmo. Acho que é a segunda opção. Hum...

— É quem chamam de Aiko?

— Sou sim, por quê?

— Preciso de mais um par de mãos pra um trabalho. Estou com device de gente, hoje.

Aquilo me pegava de jeito. A curiosidade vinha, e eu não segurava.

— Er... Como assim? Aconteceu algo?

Ele não parecia querer falar a respeito, mas acabou dizendo.

— Um dos meus está sumido a alguns dias. Suspeito que fugiu ou alguém pegou ele de jeito. Vai saber. Como não posso mais esperar, estou pedindo a sua colaboração. Obviamente terá uma recompensa devida.

— Entendo. Acho que posso fazer o precisa. Mas qual a origem do trabalho? Digo, o que tenho que fazer.

— Há um devedor que precisa ser cobrado, nem que ele pague com a vida. Tem que hoje, está livre?

— Claro, me dê o endereço.

O mafioso pegava em uma gaveta da escrivaninha, um pedaço de papel e uma caneta. Rabiscava algumas palavras e traços quaisquer, e me entregava.

— Está aí, garota. Vá agora mesmo e faça seu trabalho. — Dizia rígido.

Olhei o conteúdo do papel, tinha o endereço e referências do local, como uma pequena loja de bonecas na frente da casa do sujeito que eu deveria dar cabo.

— Alguma pretensão para morte dele?

— Nenhuma, faça como achar melhor.

— Tudo bem, vou indo então.

Virei as cotas, saí do recinto e fui caminhando até meu alojamento para pegar meus pertences. Seria com uma flecha bem cravada que eu removeria a vida daquele sujeito. No quarto separei algumas flechas, e verifiquei o arco. Precisava de uma leve calibrada, então ajustei ao meu gosto. Estiquei para sentir a tensão, e parecia bom.

Fui saindo do quarto, e perambulando pela vila em busca do endereço, era um lugar meio difícil de chegar, por ser longe e sem muita sinalização.

— Agora entendo porque ele foi tão detalhista com o papel a ponto de por referência de alguma loja. O lugar é péssimo pra transitar. Qualquer se perderia fácil.

Embora fosse difícil, com a referência pude encontrar e já estava de frente ao local.

Ao encontrar a casa do alvo do contrato, olhei ao redor para ver se havia gente por ali. Tinha duas pessoas caminhando, seguindo seu rumo para outro lugar, nada preocupante.

— Certo, parece sem movimento. Horário de trabalho da maioria das pessoas, o setor habitacional vai estar vazio a essa hora.

Olhei bem confiante para o lugar e avancei sem temor. Havia uma entrada de lado que dava aos fundos da casa, usei a mesma para ter acesso ao ambiente interno. Era meio estreito, mas eu era magra, passei facilmente por ali.

A porta de trás estava aberta, o que indicava que ele estava por ali. Com as pernas flexionadas, invadi o lugar sem fazer barulho. O arco já estava em mãos e a flecha preparada para ser retesada a qualquer momento para um disparo.

O silêncio imperava no local, parecia que...

CREK!

Olhei para o lado e vi um jarro quebrado. Estava na direção da porta frontal.

— MERDA!

O maldito tinha notado e fugiu imediatamente. Comecei a correr atrás dele como pude, desviando das quinquilharias que tinha na casa, até sair pela porta da frente que já estava aberta. Olhei para os lados, e vi que ele já tinha corrido uns 10 metros de mim.

Aquele corno corria rápido, parecia até certas pessoas de um certo local.

— Miserável!

Para minha sorte, eu também não ia mal correndo, tinha me tornado uma corredora razoavelmente veloz. Então me coloquei a correr e sebos nas canelas. O alvo fugia instintivamente de mim, desviando das pessoas, pulando obstáculos e fazendo o possível e o impossível para não se atrapalhar na correria e acabar esbarrando em algo.

Eu por outro lado saltei no alto de uma casa, e comecei a percorrer o trecho pelo telhado das construções em linha reta e sem maiores problemas.

Aos poucos eu ia conseguindo me aproximar, e quando fiquei em uma boa posição para disparo, flexionei as pernas, mirei direito no sujeito, compensando a mira, e soltei a corda retesada que empurrava a seta até o rapaz, atingindo sua coxa direita, o fazendo cair no chão com tudo. A dor era insuportável, mas ele estava com adrenalina a mil, então mesmo daquele jeito e com pessoas ao redor indo ver o que tinha acontecido, ele saiu empurrando o povo e avançava desesperado.

Ainda no alto, eu olhava para um ou outro curioso que me avistou, mas não me importava, estava com a face velada para evitar associações futuras.

Eu não podia permitir ele fugir, ainda mais naquele estado lamentável.

Puxei outra flecha, na verdade duas que ficaram entrelaçada nos dedos e ajeitei no arco. A mira foi um pouco mais difícil, mas o disparo não teve outro resultado, duas setas bem aplicadas nas costas daquele rapaz que voltava a cair no chão. O sangue quente escorria rápido com os novos furos, pois fiz questão de acertar em um ponto mais sensível.

Ninguém podia fazer nada lá de baixo, mas os gritos começaram e a multidão aumentava.

— ASSASSINO!! CORRAM!

O desespero começou, e forças da justiça começavam a aparecer por ali. Fui obrigada a me esconder de trás de uma chaminé para continuar ver o que acontecia. Um homem tentava socorrer a vítima puxando por suas axilas.

— Hoje não, velhote.

Saquei mais uma flecha e atirei dessa vez bem na testa do rapaz que fez seu sangue voar no bom samaritano. Ele deu um grito desesperado, chamando atenção de todos. Aproveitei aquela breve distração e corri para longe dali, pois precisava me afastar o quanto antes, já que agora eu poderia ser perseguida por alguém.

Encontrei uma casa, parecia vazia. Dessa forma eu invadi a mesma e aguardei pacientemente.

Eu precisava respirar um pouco, as coisas tinham saído um pouco de controle e aquilo me irritava bastante por ser uma pescopata que gostava de manter as coisas em ordem, ao menos ao que me envolvia.

— Droga, o que farei agora? O alvo foi eliminado, mas as ruas estão cheias de idiotas me caçando agora. Por hora estou a salvo escondida aqui, mas em alguma hora alguém vai entrar nessa casa e aí terei que matar ou cair fora.

Os pensamentos eram expelidos em palavras a som livre. Meu coração tinha disparado pela confusão e meu cérebro trabalhava em uma forma de concertar aquele resultado catastrófico para um acerto de contas que era para ser sútil.

— Pense, pense...

Nheeek...

— Hã?

Meus pensamentos foram tomado por um barulho de ranger. Sentia que tinha ouvido uma porta se mover e batido em algo. Segui até onde o som teria vindo, e abri a porta. Quando o cômodo se revela, encontro uma garota de uns 9 anos subindo a cômoda dela para fugir pela janela.

Minha faceta era perplexa. Como não tinha visto ela?

— Droga!

Corri até a menina e puxei por seus cabelos com raiva, derrubando violentamente no chão. A garotinha começava a chorar.

Olhava para aquela manhosa chorando e começava a berrar com ela. Minha delicadeza com crianças era peculiar.

— Caralho, sua estúpida. Por que está aqui? Ahhh!!!!

Arrastava ela de qualquer jeito pelos cabelos.

— CALA BOCA PORRA!

Quanto mais eu falava, mais ela chorava. Notoriamente eu não era boa em acalmar ninguém, e tudo que se passava na minha cabeça era em tornar o ambiente silencioso novamente. Meti então a mão na boca dela, e forcei ela parar de berrar. Apontei o dedo na cara dela e ameacei.

— Olha aqui sua putinha, fica calada ou eu vou te bater mais ainda.

As lágrimas da menina molhavam toda minha mão abaixo de seus olhos. Porém, quando eu soltei sua boca ela começou a chorar novamente.

— Ahhh pronto.

Olhei pros lados, puxei ela novamente e arrastei até a cozinha. Sai abrindo gaveta por gaveta do armário até encontrar uma faca grande de cortar carne.

— Se não vai por bem. VAI POR MAL!

Ergui a faca com uma mão, e com a outra tampava novamente sua boca. A lâmina descia rasgando o ar, e penetrando sem pudor na menina que arregalava os olhos e gritava mais forte e mordia minha mão. O movimento se repetia por mais vezes até o corpo da menina ficar mole e não se mexer mais.

O choro também havia parado, e aquilo era bom. Mas minha raiva e adrenalina não estava contida. Meu braço não parava de subir e descer com força, estocando mais e mais o peito da guria que jazia morte no chão. O sangue banhava suas roupas, inclusive a minha por tantos respingos.

Quando meu braço fraco cansava daquilo, eu ia parando de apunhalar a menina. Eu estava em frenezi ainda, e o meu corpo tremia bastante. Fiquei olhando aquela cena e por algum motivo eu me desconhecia. Por que eu estava abalada? Eu não ligava pra vida dela, mas o que acarretou naquele meu descontrole irracional?

Respirei fundo sem sair do lugar, me acalmando e tentando pensar melhor. Olhei para a faca e agora teria de guarda-la comigo.

— Porra, criatura insignificante. Por que estava aqui sozinha? Ahhh merda.

Minha raiva não passava, eu dava um chute no corpo caído e me afastava lentamente, me sentando em uma cadeira da cozinha. A faca caía no chão e minhas mãos iam até meus cabelos, correndo por eles até irem para nuca.

— Tenho de sair logo daqui. Já fiz muita besteira pra quem é tão metódica.

Refleti bem o que faria e comecei a agir.

Peguei de volta a faca e fui até o banheiro, e comecei a lavar ela para guardar em minha bolsa ninja. Meu rosto e minhas mãos que estavam cheias de sangue da garota, então tratei de fazer o mesmo comigo, pois acabaria chamando muita atenção na rua se saísse daquele jeito.

— Certo, não tem o que fazer. Vou deixar o corpo dela largado aí, e que se foda o resto.

Não enrolei em agir, voltei pelo caminho que entrei e parti daquela casa. Ninguém notará minha passagem curta naquele lugar, então acredito que estava fora de perigo de me ligarem a este crime, também.

Saltei em uma esquina sem ninguém, e comecei a andar por ali como se nada tivesse acontecido. Contudo, esqueci de um detalhe. Minhas roupas estavam sujas e eu não as tirei. Um tiozinho de uma venda notou aquilo, e chamou minha atenção.

— Ohh menina. Está toda suja.

Juro que paralisei quando ouvi aquilo. Voltei meus olhos para o homem com seus 64 anos. Não sabia o que fazer, mas estava assustada.

— Por que está pálida menina? Parece que viu um fantasma kukuku. Aliás, derramou suco de morango, foi? Porque está toda vermelha kukuku. Precisa de ajuda?

A voz do velho que chamava minha atenção dando detalhes sobre a sujeira que estava em mim, me trazia novamente para outra realidade. Eu olhava minha roupa e então colocava meus olhos naquele filho da puta.

— Ohh sim, hihi. Parece que me sujei todinha, hum...

A cara descarada que eu fazia e a atuação quase impagável, era de uma tramoia grande e bizarra.

— Escute senhor, você acredita em fantasmas? — Perguntei discretamente enquanto me aproximava dele.

— Fantasmas? Hahaha, claro que não, por que diz isso?

Eu sorri nesse momento, fiz um in com as mãos e prendi o homem com minha sombra. Ele me olhou estranho e assustado.

— O que esta fazendo senhorita? Como consegue me fazer mover sozinho?

— Ah, nem queira saber velhote.

Obriguei ele a ir pra dentro da casa dele, e lá estava sua esposa. A mulher olhou e achou estranho, mas preferiu perguntar.

— Zé, quem é essa aí homi. Ta perturbando as meninas de novo?

— Não mainha, essa daqui ta....

Antes que ele falasse, fazia ele dar um soco na própria mulher. O repentino ataque por trás, fez ela tropeçar e cair de qualquer jeito ali na cozinha onde estávamos agora.

— Mainhaaa! — Ficou berrando o velho indigente.

— Vocês podiam calar a boca, não é mesmo? — Falei já sem mais um pingo de paciência.

A mulher no chão calou a boca e ficou me encarando assustada. O sujeito não se movia e nem tinha como quebrar meu jutsu.

— Quem é essa menina, zé? me explica.

— Não sei mainha, ela tava ali fora e do nada entrou. Meu corpo não se mexe, e quando se mexe, não sou eu.

— Como assim?

— Ahhh, é simples sua anta. Meu jutsu ta prendendo ele e controlando seu corpo. E vai ser ele que vai fazer o seu nunca mais se mover pra parar de ser uma tonta.

E foi com essas palavras horríveis que manipulei o homem a pegar uma cadeira e começar a dar vários e vários golpes na velha que somente tentava se defender inutilmente.

O velhote começava a chorar, e quando eu me cansava de faze-lo bater em sua esposa, eu sacava meu próprio arco e sem precisar fazer uma boa mira, disparava a sangue frio em suas costas direto no coração.

Seus últimos suspiros o levavam a cair por cima da mulher. E por fim, eu removia a flecha dele e guardava. Olhava para o lado, e me retirava dali.