Minha hospedagem naquela simples taberna não parecia trazer consigo nenhuma promessa de grandes surpresas, mesmo assim, enquanto calmamente comia sozinho em uma mesa mais afastada do público, um homem de aparência suspeita aproximou-se de mim. Falando baixo, o desconhecido disse-me que tinha o toque para reconhecer pessoas envolvidas no submundo e que eu lhe havia chamado a atenção desde que entrara no recinto.

O homem fora pago para disseminar a notícia de um trabalho importante... e arriscado.

Minha atual situação no país do relâmpago não parecia abrir brechas para que casualmente caminhasse até o país do som. Contudo, ao deparar-me com esse pensamento, também dei-me conta de que, pela primeira vez em muito tempo, eu estava livre do controle de Igor. Quando fora a última vez que havia feito algo que eu queria? Do que adiantava finalmente estar livre, mas me prender àquele território?

Nesse raciocínio, cancelei minha estadia no lugar e comecei no mesmo dia minha viagem ao país do som.

Durante o percurso, me perguntava que tipos de surpresas me aguardariam, com que tipo de pessoa estaria colaborando, e o que "importante" poderia significar. À passos largos, completei meu percurso, evitando desviar-me como tão comumente fazia, e, chegando na região, procurei pela cabana descrita.

Encontrando-a, retiraria do bolso de meu sobretudo minha tão icônica máscara e a levaria até o rosto, antes de dirigir-me até a porta e abri-la devagar com a mão direita, deparando-me com a imagem de um homem parado em frente à janela.

- Toc Toc - Chamaria sua atenção. - Foi você quem espalhou os boatos de um trabalho interessante? -

Entraria no recinto, procurando por alguma cadeira para sentar-me e descansar as pernas depois de uma longa viagem.

- Eu vim de muito longe, então é bom que isso seja no mínimo divertido. -

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Após todo o tempo de viagem sozinho, era de certa forma  reconfortante me ver em uma sala acompanhado de outras pessoas. Ao menos tão reconfortante quanto o fato de sermos todos possíveis assassinos e corruptos permitia a situação ser.

Ao som da apresentação desprovida de decoro do homem alto que entrara na cabana por último, mantive o rosto impassivo, focando a visão em um ponto da parede atrás de si, como se ignorasse por completo sua existência.

- Um idiota como você sequer tem capacidade mental pra se introduzir adequadamente, quem dirá matar nós dois... - Diria sem mudar meu olhar ou minha expressão. - Um mordomo? *He he he he * Tente o oposto... Eu não sou escravo de nada nem ninguém... Creio que o mesmo não possa ser dito de você. - Finalizaria, visivelmente encarando o cigarro em sua mão e julgando seu aparente vício.

- Bom!... Vamos ser amigos, certo? Eu com certeza não vim para outro país brigar com um desmiolado. Se eu quisesse fazer isso podia muito bem ter permanecido na minha vila. - Continuaria com um sorriso sarcástico no rosto.

Apoiando os pés no chão e inclinando a cadeira onde me sentava um pouco para trás, desviaria meu olhar para o homem na janela, esperando que ele por fim iniciasse nossa reunião.


- Prazer, Squall. - Interceptaria a fala do homem sem impedi-lo de prosseguir.

E enfim, à menção do motivo que nos havia levado a nos reunir naquele lugar, meu olhar permaneceu congelado por alguns segundos.

- Entendo... * he... He he he... Hahahahahaha * - Minha risada começaria a ecoar incessantemente pelo local por vários segundos, até que um segundo olhar no semblante do homem, repleto de raiva e rancor, me revelara de que estava cem por cento sério em suas ambições. - "Oh Shit"... Isso não foi uma piada?... -

Aquilo era bom demais para ser verdade, não só os Kages estavam, naturalmente, no topo de minha lista de alvos, como também, se aquele plano funcionasse, minha fama como criminoso enfim iria alavancar.

- Estou interessado na sua proposta, mas gostaria que pensássemos bem sobre isso, seria uma pena se vocês me atrapalhassem, sabe... Principalmente o "Capitão Estrelinha" aqui - Lançaria um rápido olhar sobre Tengoku, deixando escapar uma leve risada com minha própria piada. - Então me diga, Squall... Qual sombra iremos matar? -

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Não somente a minha reação era de surpresa, mas a de meu mais novo "companheiro" também parecia seguir a mesma linha. Em resumo, o que realmente importava era que, apesar de não esperarmos aquela proposta, ambos parecíamos dispostos a seguir em frente com o objetivo maluco de Squall, como Tengoku deixara bem claro em mais uma de suas auto afirmações de ter matado muitas pessoas.

- Matar, matar, matar... Você só fala disso... Parece até que tá tentando compensar alguma coisa... *he he he* - Finalizaria, mais uma vez sem conseguir segurar a risada por minha própria piada. - Pensando assim, "Estrelinha" faz ainda mais sentido. - E minha leve risada se tornaria um tanto quanto histérica com a piada em sequência, eliminando qualquer tentativa de se manter a compostura.

Tendo me acalmado e retomado a postura "séria", permaneceria sentado escutando as instruções de Squall, que enfim revelava a vila cujo Kage assassinaríamos, bem como as dificuldades que encontraríamos em meio ao caminho.

Ao ouvi-lo sugerir que meu comportamento frente ao meu novo companheiro de equipe poderia ter sido um tanto quanto infantil, fiz questão de respondê-lo, cruzando as pernas na cadeira e fazendo um leve floreio com a mão direita em sinal de uma superioridade contrastante com o tom jocoso de minha fala:

- Isso é um absurdo! Pra sua informação eu adorei meu novo amigo do pinto pequeno! - Meu olhar mais uma vez se voltaria para Tengoku com um sorriso divertido no rosto, ao mesmo tempo em que permanecia atento para ativar meu Doujutsu caso ele perdesse a compostura, aproveitando-me do fato que já o encarava nos olhos. e caso o fizesse, apagaria suas memórias desde minha ofensa até o uso de minhas habilidades com um Genjutsu: Ketsuryugan, lançando uma piscada para Squall.

- Acredite, é mais divertido quando eles se lembram.

Um parecia ser desmiolado demais, o outro parecia ser sério demais, não conseguia decidir qual dos dois era pior, apesar de que, apesar de que odiasse admitir, ao menos interagir com Tengoku era minimamente divertido.

De todo, permitiria que Squall continuasse sua fala, sem mais interrompê-lo até o momento em que abrisse a oportunidade para que eu e Tengoku nos dirigíssemos a ele.

Tendo escutado tudo que o homem havia para dizer, levantaria-me da cadeira onde estava sentado e encararia Squall parado perto à janela, não para reafirmar minha posição de ajudá-lo a cumprir seu plano impossível, mas para, dessa vez eu um tom sério, questionar quem era aquele homem que se erguia diante de mim. Pois em todos os sentidos da palavra, toda aquela situação tornava impossível não ter a sensação de que acabara de trombar com alguém "interessante".

- Na verdade eu tenho sim uma pergunta pra você, Squall... Você nos oferece dinheiro e "favores"... Em troca de te ajudarmos com seu plano de assassinar um dos ninjas mais poderosos de uma das cinco vilas mais poderosas de todo mundo ninja, cujos guardas... Segundo suas próprias palavras, são mais poderosos do que ele. Bom... Eu acredito que para fazer um pedido desse, ou você tem dinheiro suficiente pra comprar a vila da folha e ordená-los que matem o Hokage eles mesmos, ou... Você deve considerar que seu favor vale pra caralho... Considerando sua fala de antes e o fato de estarmos nos reunindo em uma cabana velha no meio do nada... Eu chutaria que estamos lidando com a segunda hipótese aqui... Então me diga "Squall", quem é você? Qual o seu motivo para querer assassinar o Hokage? E por que eu deveria acreditar que o seu favor valeria de alguma coisa para mim?

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Não tive tempo algum para esboçar qualquer tipo de reação ao me deparar com o Doujutsu do homem. Apesar de ter sido pego de surpresa pela existência de sua habilidade, logo minha mente se ocupava com algo mais importante: O desenrolar de eventos que levavam Squall a traçar o improvável objetivo de assassinar o Hokage.

Encararia-o por alguns segundos com o olhar sério antes de deixar escapar o princípo de uma risada escapar. Levando a mão até o rosto e ajeitando minha máscara, declararia:

- Kages fazendo merda, não estou surpreso. O que me surpreende de verdade são sua habilidades. - Comecei, fazendo um paralelo entre nossos jutsus em minha cabeça. - Se o nome Uchiha Squall deveria significar algo para mim, mil perdões, não captei a mensagem. Mesmo assim... "Uchiha"... Vou manter esse nome em minha mente, afinal de contas, você parece ter um olhar tão interessante quanto o meu. -

Continuaria quieto, deixando que Squall, continuasse sua fala.

- Se se preocupar tanto com traição, não deveria ter pedido ajuda para pessoas que literalmente traíram a própria vila. Bom, dada a natureza do trabalho, acredito que você não tinha outra escolha... Bom. Não precisa se preocupar quanto à isso da minha parte. Lhe garanto que ter algo tão grande quanto à morte de um Kage em minha conta é de meu interesse. Mas não pense que vou deixar que fique com o mérito todo pra você, do contrário você é quem morrerá, a diferença é que você vai perceber e assistir tudo... Perdão pelas ameaças, não as teria feito se você não tivesse trazido o assunto a tona, mas creio que tenha sido importante para demonstrar o quão sério estou sobre isso. -

E então, deixando de lados as suspeitas que tínhamos um sobre os outros, chegávamos à parte que realmente me interessava: O planejamento.

- Espero que no tempo que tenha ficado aí na janela contemplando o horizonte, tenha pensado em algo... E então Squall, tem algum plano? Por mim nós deveríamos dar um jeito de nos infiltrarmos na folha ou atrairmos ele para fora. Sou mais favorável à segunda ideia, já que os patetas da folha poderiam nos atrasar, mas bom, quem está pagando é você. -

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