Tomie não pensou duas vezes, apenas golpeou seu inimigo que caiu colocando a mão no peito, a face contorcendo de dor.


A tarde começava a partir, preguiçosamente, enquanto o sol dava lugar a cores mais amenas e bem distante do calor anormal para aquele dia em Iwa. A menina estava sentada no parapeito de um prédio de dois andares vendo as pessoas passarem, do lado de dentro, um casal discutia inúmeras coisas, sobre dinheiro e outras bobeiras mundanas demais para que a menina se importasse. Lá de cima, viu repousarem, suspeitos de tudo, três cavalos, um negro, com uma crina longa, densa, quase como se pertencesse a um nobre e dois alazões, tão grandes quanto o primeiro, mas que assumiam uma posição de subserviência em relação ao cavalo preto.

– Muito bem, Tomie, podemos partir – ordenou o homem, saindo de dentro da sala.

A menina desceu com alguma dificuldade, a perna já inundada por cãibras. Lá dentro estavam duas mulheres e um outro homem, calvo, com uma feição terrivelmente preocupada.

– Asato – disse o calvo – eu tenho certeza que vi alguém passando do lado de nós nessa viagem.  

Asato, o homem que outrora foi até Tomie, olhando para ninja, que cansada daquela desconfiança, respondeu:

– Não se preocupem, eu estou aqui pra proteger vocês… – Disse isso, obviamente, da boca pra fora, na sua cabeça não passava nada que envolvesse defender aquela gente, embora soubesse que, para o bem de sua carreira, teria que fazê-lo. Além do quê, encontrar os famosos criminosos que assolavam aquela região era parte de seus objetivos, o que ela escondia perversamente, afinal, que melhor isca para ladrões de mercadores, que os próprios mercadores?

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A viagem seria dividida em quatro partes, seriam três paradas em pequenas aldeias ao redor de Iwa e uma parada numa estalagem, entre a terceira e a quarta viagem, onde passariam a noite. Tomie levava consigo um mapa da rota, cedido pelo líder daquele grupo de mercadores, o respeitado Sr. Asato que, diferente dos demais, parecia ter um profundo conhecimento sobre a região e confiança no trabalho de Kumo.

Além de Asato, a mulher dele Ayako e o Sr. Taichi, faziam parte da empresa, os dois, diferente de Asato, não descansavam enquanto, a cada poucos metros, verificavam de um lado e outra da estrada, apercebendo-se da intencional despreocupação de Tomie em relação a um possível assalto.

Comunicativo durante toda a viagem, Asato questionava coisas de sua vida ninja e ela, esquiva, respondia sem dar muitos detalhes.

– Deve ser muito difícil ser uma ninja nessa idade, não é?

Ela confutou e não escondeu a sua opinião sobre isso, embora estivesse muito mais organizando seus pensamentos do que respondendo a pergunta do homem.

– Ninjas são privilegiados por sua força e poder, temos a chance de fazer coisas maravilhosas, enquanto vocês, civis, nada mais fazem que não coisas sem sentidos.

Todos olharam para a moça surpresa, inclusive Asato, que respondeu com um sorriso:

– Acontece que eu estou vivo e meu filho, um ninja, morto.

O homem disse isso com uma leveza tal, que a morte de seu filho parecia ter há muito ter sido superada.

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Tomie ficou calada depois da resposta do homem, mas seu narcisismo era tal, que o que quer que fosse dizer ao mercador, não amenizaria em nada as palavras do homem. A primeira parte da viagem teria duração de mais ou menos oito horas, variando de acordo com os terrenos pantanosos que vez ou outra tinham que atravessar.

As três carroças eram bem equipadas, embora fossem abertas, de maneira que o grupo conseguia conversar facilmente. Tomie ora ia junto com o líder do grupo, ora ia a pé.

– Estamos chegando na primeira aldeia – disse Asato.

Os outros dois mercadores sorriram um pro outro tamanha felicidade. Tomie olhou para o calvo e disse, em tom zombeteiro:

– E então cadê os bandidos que você tanto jurou que viu?

O homem ficou calado e deu uma pequena risada ríspida, ignorando a ninja. Asato, pelo contrário, começou a reparar nela, ele tinha um olhar estranho, como se tivesse descoberto algo de Tomie e isso a irritou profundamente.

– Você não parece contente Tomie, não me diga que esperava encontrar alguém.

Tomie tirou a franja que caía sobre seu cabelo.

– É claro que não, querido Asato.

O homem, obviamente, não acreditou.

Prosseguiram em viagem até uma colina, onde desceram em direção a um vale, cortado por um suntuoso rio, que tinha as margens ocupadas por umas doze casas da palha.

– Enfim, a primeira aldeia. – disse Asato.

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A descida em direção ao vale demorou uns quarenta e cinco minutos. A declividade do terreno e o fato do solo ser recente e bastante pedregoso, contribuiu para o sofrimento dos animais que com muita dificuldade puxavam as carroças.

– Tomie – disse Asato, assim que se aproximavam da aldeia – e serve para os demais também, essa gente é muito desconfiada, então, por favor, deixem que eu comunique com eles.

Tomie apenas assentiu, afinal, não tinha nenhum interesse em vilões e a vida trivial deles. As crianças não tardaram em correr em direção a comitiva, enquanto as mulheres, moças e adultas, começavam a disputar as iguarias que o grupo vendiam o que incluía: sal, pimentas de todos os tipos e outros temperos de todas as cores e cheiros. Além disso, vendiam mel, que era tão brilhante e exalava um aroma que abria o apetite de qualquer um. Para pagar as pessoas traziam, menos dinheiro e mais objetos que julgavam ter algum valor. Uma mulher entregou uma garrafa com ovos coloridos em conserva e, recebeu, por exemplo, um saquinho pequeno de pimenta-do-reino.

Depois, quem se aproximou foi a matriarca da aldeia, acompanhada de seu esposo. Com empurrões e cochichos, os vilões abriram espaço para que o casal pudesse avaliar o que queriam.  Deram aos vendedores as primeiras moedas do dia, que pareciam ter sido reunidas pelos próprios moradores e compraram quatro garrafas de oito litros de mel, o qual dois mancebos pegaram e levaram em direção ao que parecia um depósito da aldeia.

– Por favor, descansem um pouco – disse o ancião.

Os companheiros de Asato olharam para ele suplicando para que repousassem.

– Além do quê, precisamos falar sobre alguns assaltantes de estrada, que tem assolado todos os vendedores que passam aqui. – disse a velha subitamente.

Tomie sorriu, as coisas começavam a ficar interessantes.

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Caminharam até a casa dos dois anciões, Asato e Tomie, enquanto o restante da comitiva continuou cuidando das vendas. A casa dos dois era a maior da aldeia, ao mesmo tempo que era a mais frequentada por todos e, não obstante, também estavam distribuídas um quarto onde uma curandeira cuidava dos enfermos, uma sala de um herbalista, uma cozinha comunitária e um lugar com estoques com todo tipo de ervas medicinais, sementes e qualquer coisa não perecível.

Os dois foram guiados até uma sala maior, que ficava no segundo, dos três andares da única casa de madeira do vilarejo. A sala era ampla, tinha uma mobília rústica, típica daquele tipo de moradia. Uma mesa grande dividia a sala em dois hemisférios, enquanto espadas e escudos enfeitavam a parede, embora Tomie tivesse certeza que aquelas armas já tivessem sido usadas em batalha.

– Então, Fumiko-sama, Hamura-sama, do que se trata os bandidos que vocês citaram outrora – disse o homem, carregando habilmente no sotaque daquele vilarejo.

– Sentem-se, por favor – disse a anciã – filha, pode por favor trazer um pouco de chá para eles? Aproveite e peça aos outros dois para virem para cá. – Esse era o tratamento que os anciões usavam para todos os moradores da aldeia, eram todos tratados como memtros de uma mesma família, “filhas” e filhos”, “irmãs” e “irmãos”

– E não se esqueça de dar água aos cavalos querida – complementou o ancião – eles sempre esquecem do cavalo.

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A explicação só começou quando os outros dois entraram na sala, o calvo se deliciando com um pão e chá, a esposa de Asato segurando um gato.

– Pelo que sabemos, existem bandidos há uns dois quilômetros daqui, a base deles, pelo que sabemos, encontra-se no sopé do Monte Toshi. – explicou o ancião.

Tomie encarou da janela o monte, que se elevava de tal forma, que no seu cume, estava preenchido de neve.

– Mas isso não é tudo… – agora quem tomou a palavra era a matriarca. – Alguns de nossos habitantes, não sabemos quantos, estão trabalhando com os criminosos.

Tomie encarou a velha, surpresa, e começou a morder a unha de seu dedo polegar esquerdo. Não que estivesse preocupada, mas porque todo o seu plano estava indo por água abaixo.

– E o que eles fazem, Fumiko-sama? – perguntou Asato.

– Além de roubar mercadorias? Nada. – Cortou o velho.

– Exceto em caso de resistência, mataram um mercador na frente do filho um dia desses. – Completou a matriarca.

Asato e os outros três membros da empreitada viraram em direção a Tomie, que apenas sorriu.

– E então, o que faremos? – questionou o calvo.

– Seguiremos pelo caminho normal. – Respondeu Tomie.

Todos na sala baixaram seus olhos da menina que, sem relutar, levantou-se e disse:

– Vamos, como eu disse, estou aqui para garantir a segurança de vocês, sabendo disso, alguém da aldeia já deve ter ido avisar que uma poderosa ninja está garantindo a escolta de vocês.

Tomie nunca tinha dito palavras tão sinceras como aquelas.

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– Essa garota… Ela está louca, Asato! – Gritou o calvo.

– Acalme-se, Hayashi – Tentou segurá-lo a esposa de Asato.

– Droga, me solta, Ona-san…

Tomie riu, não conseguiu se controlar, a risada foi tomando seu corpo e em suas mente as imagens das mil e uma possibilidades de fazer aquele miserável sofrer.

– Está esperando o que pra vir pra cima? – Questionou Tomie, mantendo aquele sorriso prepotente na cara.

O homem parou, Tomie queria tanto que ele fosse até ela, mas covarde que era, parou.

– Muito bem, Ha-ya-shi-san – disse a ninja, variando o tom de voz a cada sílaba, com uma terrível musicalidade. – Eu disse para prosseguirmos, então confiem em mim, afinal, vocês me pagaram para isso, não é mesmo?

Depois virou-se para Ona.

– E você, pelo que ainda me lembro de anatomia, tem todos os sinais que está grávida de uns três meses e está escondendo do Asato-san.

O homem olhou para a mulher.

– Por isso vamos ir mais devagar a partir de agora ou, se preferir, fique aqui e pare de atrasar a viagem.

– Tomie! – Dessa vez quem interveio foi Asato.

Ele deu uma risadinha, enfim tinha conseguido tirar do sério aquele protente que se achava melhor que ela.

– Isso é verdade querida.

– Sim… Eu pretendia te contar assim que…

– Chega dessa ladainha – gritou Tomie, visivelmente irritada, detestava o amor e a preocupação pois nunca tinha sido capaz de sentir nada daquilo – Então, ela vai ou ela fica?

– Ela fic-

– Eu vou – disse a mulher, decidida – vamos.

Tomie riu, a sua provação enfim dera frutos.

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Seguiram viagem em direção ao monte, dessa vez Tomie se mostrou mais preocupada com a estrada, de maneira que permaneceu em silêncio analisando cautelosamente ambos os lados da estrada. Nesse tempo, algumas coisas já passavam pela mente da garota:

Os bandidos possivelmente não sabiam da presença dela como ninja e, por isso, fez bem em se disfarçar como filha de Asato;
Existia um atalho, no qual os vilões, aliados dos bandidos, informavam a ida da comitiva; e
Tudo daria errado.

Ela contava que essas três possibilidades não eram excludentes, muito pelo contrário, já esperava que elas fossem acontecer. Um barulho no arbusto, uma shuriken em alta velocidade passa de raspão na bochecha de Hayashi, que começa a gritar desesperado.

– Socorro, eu fui acertado! – ele cai no chão pondo a mão no rosto, enquanto três figuras saem do arbustos, cobertos por uma capa negra.

– Parados, entreguem, tudo ou irão conhecer a ira dos quatros “nin” ladrões de Iwagakure no Sato!

Tomada por seu narcisismo, Tomie manteve a calma e gritou:

– Em calvo, calado, não está vendo que tem uma mulher grávida do seu lado.

– Quem é você? – Disse uma das figuras, o mais corpulento deles.

Tomie deu uma risadinha.

– Alguém que você teve o desprazer de conhecer.

Os três tiraram sua Kunai, a batalha estava prestes a começar.

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O primeiro movimento foi do inimigo mais alto em direção a Tomie, ela apenas encostou a mão com leveza no peito do homem, que começou a caminhar para trás gemendo, babando e seus olhos revirando. Ele caiu para trás com dificuldade de respirar.

– O que diabos você fez com o Toji, sua bruxa?

Asato e os demais olhavam para a menina, num misto de surpresa e medo.

– Ei, calvo… – disse ela.

– Tomie…

– Eu não disse pra confiar em mim, porra! – gritou.

Correu em direção aos outros dois inimigos, que temendo aquela técnica desconhecida apenas se embrenharam mata adentro, atingidos por golpes nas pernas, caiu um e depois o outro. Eles estavam ofegantes e tremendo de medo.

– Por favor, nós desistimos, nos deixe em paz.

A menina tirou uma kunai da bolsa e começou a cortar um por um os dedos de seus inimigos.

– O que foi, porque estão gritando? – disse ela em tom zombeteiro. – Não me diga que vocês são os grandes sei lá o quê de Iwa? Três moleques impúberes que ousaram se colocar no meu caminho.

A medida que cortava os dedos, os gritos, a súplica e a humilhação dos dois ficava cada vez mais intensa, de maneira que Asato correu para intervir.

– Tomie, por favor, pare, são… são apenas crianças.

– Apenas crianças… Isso deixa tudo ainda mais interessante.

Por fim cortou o pescoço dos dois, caminho até o outro que estava caído no meio da estrada e fez o mesmo.

– Você… – disse Asato.

– é… – cortou Hayashi

– Um demônio! – completou Ona.

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Ona vomitou, depois foi a vez de Hayashi diante da cena que viram. Tomie deu mais uma risada, e disse:

– Ainda não acabou meus caros.

Caminhou até o líder do grupo e num movimento macabro tomou o rosto dele e vestiu-se de seus trajes. Os dois voltaram a vomitar.

– Quem diabos é você? – Perguntou Hayashi.

– Essa garota, isso não é um jutsus de transformação comum, ela tem conhecimentos de técnicas médicas – completou Asato.

– Bingo – disse a menina – agora eu posso me infiltrar e destruir aqueles vermes. Vocês, bem, vamos achar um belo esconderijo, por enquanto só vamos seguir viagem, eles não podem estar muito longe de nós, de toda forma, hajam como se estivessem sido sequestrados.

A natureza com que disse aquilo, mesmo depois de tudo que aconteceu, assustou os três ninjas. Diante daquilo ela não sabia mais quem eram os verdadeiros vilões. Até Asato ficou relutante em prosseguir, sabendo que estava do lado de um demônio.

– Então… A gente só vai seguir normalmente – questionou, relutante, Hayashi.

Tomie revirou os olhos, estava cansada daquele calvo, mas sabia que para cumprir sua missão ele deveria voltar inteiro.

– Sim, já não dei provas o suficiente do meu poder?

Era bizarra a aparência não está em consonância com a voz dela, mas isso era o de menos diante dos corpos espalhados por ali, foi então que a pedido de Asato, ele e Hayashi fizem covas comuns e enterraram os corpos dos três jovens.

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Continuaram a viagem em torno da montanha, até darem de frente para uma caverna cáustica onde dois moleques guardavam a entrada.

– Aoba, você já voltou? Cadê o resto do pessoal? – Perguntou o rapaz mais baixinho, com voz ainda de criança.

– E quem é essa gente toda? – Completou o mais velho, tentando forçar uma voz adulta que era dissonante de seu corpo.

As crianças daquela gangue, muito provavelmente órfãs, eram resultados da miséria que abatia parte das populações que moravam distante dos grandes centros comerciais. Sem ter o que comer e às vezes tendo como companhia apenas a mãe ou irmãos mais novos, muitos desses jovens acabavam buscando amparo na criminalidade. A maioria das pessoas, embora não escondesse o nojo e desprezo por eles, tinha consciência de que o grau de sofrimento a que eles deveriam ser submetidos não envolvia a morte, de maneira que Asato e os demais começaram a se preocupar com a segurança dos rapazes.

Tomie caminhou até a carroça lá no fundo, pegou um saco grande e jogou no chão, no qual rolou a cabeça dos três rapazes que ela havia matado. O menino mais novo se urinou todo, o mais velho pegou ele pelo braço e correu dali, o mais rápido que pôde.

– Viu como eu sou boa? – Riu para a comitiva, que agora temia mais a Tomie que o inimigo – Me esperem escondidos ali – apontou em direção a alguns arbustos – dificilmente alguém verá vocês ali, lá dentro deve estar o líder do grupo e, tudo leva crer, que ele é um ninja.

– Tome cuidado – disse Asato.

– Espero que essas palavras você esteja dirigindo ao inimigo.

E partiu.

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A caverna estava parcamente iluminada, estalactites e estalagmites se distribuíram ao longo de toda a caverna, com poças d'água em todos os cantos e baús escondidos entre fendas que se distribuem por entre as faces sinclinais da caverna. O ambiente tinha um cheiro ocre e quanto mais Tomie ia para seu interior, mais escuro e abafado ficava, era óbvio que algum tipo de reação química, vindo mais do interior, tornava o ambiente inóspito para a maioria das pessoas.

– Que barulho todo foi aquele – disse uma voz rouca, grave, porém feminina. A pessoa que disse essas palavras tinha mais de cinquenta anos, muito provavelmente.

Tomie de um passo e o que viu a assustou, pela primeira vez na vida sentiu medo. A velha estava sentada como num trono de pedra, era extremamente magra, seios fartos e caídos, olhos cinzentos, revelando cegueira, e uma bandana orgulhosamente estava presa a sua testa, com o símbolo de Iwa riscado. O medo foi aos poucos dissipando, estava diante de uma figura decadente, um espírito do tempo, manifestado em sua forma mais vil e doentia, Tomie estava ali para extirpá-la do mundo.

Tomie deu alguns passos em direção a “criatura”.

– Você… Então vocês me encontraram.

Ela começou a com dificuldade fazer alguns selos de mãos mas, antes que pudesse terminá-los, Tomie lançou uma kunai em direção a testa da velha, a queima-roupa, que apenas caiu no chão, tendo tempo de lançar uma pequena bola de chama, no qual Tomie desviou, tendo parte de suas vezes, na altura do peito, chamuscadas.


O restante da viagem foi tranquilo, pararam nos vilarejos, descansaram uma noite, e concluíram a viagem no dia seguinte.

– Então é aqui que nos dividimos, Tomie – disse Asato – da próxima vez eu te conto como meu filho, enfim, como ele era como ninja.

– Tudo bem, Asato, e faça o favor de me contar bem detalhadamente como ele morreu.

A ninja deu de costas e saiu, Asato sorriu, ele conhecia muito bem esse tipo de demônio, seu fllho também fora um, é por isso que ele não conseguia sentir raiva dela, muito pelo contrário.

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