Neste tópico será postada duas missões de Rank S feita por mim, @Shüra.

Descrição da missão

Unohana foi envenenada para chamarem a atenção de Shüra. O garoto foi ordenado a conseguir o antídoto e também expurgar o grupo responsável, porém o rapaz deverá cumprir uma tarefa de assassinato contra um grupo de pessoas que estão caçando os responsáveis pelo adoecimento da mãe do Shinigami.

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Link do inventário: Inventário Shüra

Quando ainda menino, todos possuem um sonho que almejam alcançar e assim se tornar o que desejam, entretanto muitas vezes esse sonho se torna uma maldição quando este permanece pela eternidade como apenas um sonho. Mas até que ponto é bom quando esse anseio se torna realidade?

Shüra havia recebido uma carta no final daquela tarde diretamente do hospital de Sunagakure. Se tratava de algum assunto sobre Retsu Unohana. Sua mentora, sua mestra e sua mãe. Após retornar do país do ferro, o rapaz não voltou para a casa da mulher - onde residia juntamente dela - ele não sabia exatamente como se sentia atualmente, passava por um grande momento de dualidade e guerra interna e manter-se ao lado de Unohana certamente traria mais dificuldades para as decisões que deveria tomar.

No prédio - que outrora havia sido destruído com a invasão a Sunagakure - Unohana se encontrava isolada em um quarto. Desacordada, seu corpo suava frio enquanto médicos e enfermeiros se desdobravam para tentar fazê-la acordar. O garoto se aproximou da mesma enquanto tomou sua mão entre as suas e se abaixou ao lado da maca. O que houve com ela? O pessoal ali reconheceu o Jonin, conheciam seus feitos e até mesmo uma possível reputação de assassino sangue frio. A médica responsável entrou na sala e pediu para que todos, exceto o Shinigami, se retirassem. Retsu Unohana. Eu imaginava que era impossível alguém como ela ser envenenada. Bom, foi deixada uma carta ao lado dela destinada a você, Shinigami Branco. Enfim, nem mesmos os nossos maiores especialistas conseguiram encontrar um antídoto para esse veneno, entretanto na carta os responsáveis deixaram claro que possuem o mesmo, porém só você deve ir até lá.

A mulher retirou de seu bolso o papel em questão e o entregou ao garoto. A mensagem para que você os ache está criptografada, boa sorte em desvendar.

Se retirou das instalações com pressa, se direcionando para o terraço do hospital. Os fortes ventos quentes acertavam em cheio seu belo e delicado rosto enquanto sua visão era levemente prejudicada pelo balançar de seus cabelos ondulados. Ao abrir a carta, o rapaz se viu com a mensagem clara e direta que isso era a única maneira de que conseguiram entrar em contato com ele. O grupo dizia estar ao lado de Shüra e o apoiavam de todas as formas, mas as constantes tentativas falhas de entrar em contato com o mesmo os fizeram tomar uma atitude drástica como esta.

Shüra se manteve frio o tempo todo em que lia o pequeno papel, entretanto ao se deparar com a seguinte frase que dizia que somente ele conseguiria desvendar a mensagem e chegar até eles para que pudessem se encontrar. Nos labirintos infinitos escondidos, seu sangue já fora derramado. Tomadas pela violação da que fora criada a partir de suas costelas e destinada a seguir a seu lado, as paredes aqui escondem a verdadeira podridão do espectro de sujeira que ronda os ventos que de dia são quentes e de noite gelados. Siga pela entrada que guarda os caminhos do futuro da areia e, então, em linha reta, deve manter-se até encontrar os dragões gêmeos que assim indicaram que deverá dobrar para o bombordo. Ali, movimente-se feito ouro no tabuleiro e assim chegará até o tridente. Escolha sabiamente entre as três pontas mortais, deverá observar atentamente para que possa seguir o caminho do falcão. Somente basta então seguir pelo corredor infinito e então - em nossa porta - basta seu nome falar.

Shüra franziu o cenho enquanto buscava entender o significado disso tudo, entretanto nem tudo fazia sentido em sua cabeça. Porém, enquanto estava no topo de um dos prédios mais altos da vila, pôde observar todo o local enquanto buscava ter algum tipo de luz divina que lhe daria a resposta que tanto buscava e assim veio. Se fosse verdade que ele era a única pessoa que conseguiria encontrar a resposta para esse enigma, significava que já havia vivido ou presenciado coisas ali ditas, mesmo que parecessem estar fora de contexto. É isso… Os labirintos escondidos falam sobre os túneis no subsolo. O que fizeram com Lenore. Isso ficou claro em sua mente, entretanto ainda existia uma névoa que não permitia com que ele enxergasse o restante por agora.

Independente de tudo, o Shinigami sabia que tinha pouco tempo, não tinha noção de quando Unohana não iria mais resistir a toxina, por tanto todo segundo era importante naquele momento.

Uma parte importante do enigma ainda estava sem solução, a que falava sobre a entrada. Siga pela entrada que guarda os caminhos do futuro da areia. Dentre as diversas passagens que davam acesso até o subsolo, quais delas guardariam o futuro de Suna? A resposta para isso estava relativamente clara para o Jonin. Kazekage é quem guarda o futuro de suna. É a entrada do gabinete. Shüra então desceu as escadas às pressas, deu uma última olhada para sua mãe por entre a fresta da porta e seguiu para fora das instalações.

Escondido, o rapaz se esgueirou por todos os cantos do gabinete para não ser notado e então seguiu para a sala do antigo conselheiro Bishop. Logo na porta da mesma, era possível encontrar um aviso sobre o local estar fora de funcionamento, aviso esse que obviamente foi completamente ignorado pelo rapaz que - sem ser visto - se colocou para dentro do cômodo. Pronto. Agora é partir para dentro daquele local. Shüra se lembrava vagamente de qual livro deveria puxar para que a estante de livros se movesse e assim desse passagem para o subterrâneo. Era algo com borboletas ou mariposas… “Como caçar borboletas". Esse era o nome do livro que o belo menino procurava e em poucos minutos o havia encontrado. Como esperado, puxar o mesmo fez com que a estante se deslocasse um pouco, sendo o suficiente para que o Shinigami terminasse o trabalho e assim desse de cara com a entrada. Selada? Em sua aventura anterior no local, o rapaz havia obstruído parte desse caminho com um de seus ataques - agora esquecido - e aparentemente a passagem havia sido completamente selada por parte da Kazekage. O que devo fazer agora?

O fato da entrada ali estar selada preocupava o Shinigami, que não poderia demorar muito tempo para encontrar os responsáveis pelo envenenamento de sua mãe. A possibilidade de ir de entrada por entrada era completamente descartável.

A areia da ampulheta escorria pela mesma e assim a cabeça do jovem mal funcionava direito. Ele se retirou meio frustrado do gabinete e observou o ambiente todo a sua volta tentando mentalizar em qual dos lugares deveria ir. Ele sentiu um pequeno solavanco o atingir pelas costas, virando-se pode ver que se tratava apenas de uma criança que o atingiu e agora estava completamente caída no chão observando o belo rapaz que emanava uma grande aura de raiva. Completamente tomado pela medo, o pequeno garoto se levantou com os olhos cheios de lágrimas e partiu em disparada para qualquer lugar que fosse. Foi aí que - observando o menino que corria - uma faísca acendeu uma chama em seu coração.

O rapaz disparou com uma direção em mente sabia exatamente onde deveria ir. Apressado, sequer parava para dar atenção aos curiosos que o olhava correr e até mesmo esbarrar. Os que guardam o futuro de Suna são as crianças, a entrada correta é a da academia.

Os caminhos do labirinto já não eram tão desconhecidos quanto na primeira vez, essa talvez fosse a terceira ou quarta vez que o hospedeiro do demônio e o prometido a divindade havia adentrado o local.

As coisas a partir de aqui eram relativamente simples, ele deveria seguir o enigma - este que agora já estava praticamente desvendado - e assim se encontrar com quem quer que esteja por trás disso tudo. Parado ele buscou observar o ambiente. Haviam pegadas, mas elas logo acabam sem rumo, sendo totalmente inúteis para Shüra.

Siga pela entrada que guarda os caminhos do futuro da areia e, então, em linha reta, deve manter-se até encontrar os dragões gêmeos que assim indicaram que deverá dobrar para o bombordo. Fez como informado pela carta e ali seguiu em linha reta por alguns minutos. Ali embaixo, naquele quase infinito vazio que percorria todo o subterrâneo de Sunagakure e um pouco mais, o tempo parecia passar mais devagar e isso aumentava cada vez mais a aflição do garoto. Preciso salvar a Unohana!

Não levou muito mais que quinze minutos correndo para que o Shinigami encontrasse um estatua entalhada de madeira onde dois dragões idênticos percorriam emaranhados um grande cetro também esculpido em madeira. Nos olhos de cada um deles era possível enxergar uma leve chama que provavelmente se mantinha acesa por óleo. Os dragões gêmeos. Seguindo as instruções, o rapaz de cabelos brancos dobrou a esquerda assim que avistou a entrada.

Logo que fez sua curva seguindo as orientações do bilhete, o rapaz realizou uma pausa para pensar sobre seus próximos passos. Movimente-se feito ouro no tabuleiro. A sensação de saber a resposta, mas ela estar coberta por um nevoeiro em sua mente era angustiante para o jovem. Ele fechou seus olhos e respirou fundo, buscou esvaziar a mente de pensamentos que escurecessem as possíveis respostas para esta charada e assim manter seu foco para o que realmente importava. Fazer tal coisa não era uma tarefa difícil para o Shinigami, ele possuía uma mente treinada - mesmo que instável. O ouro se movimenta? Foi quando se lembrou subitamente de um jogo que costumeiramente jogava por diversão com sua sensei. O general de ouro do Shogi!

Seguiu pelos caminhos buscando imitar a peça do jogo. A tarefa não era tão simples, vide que a mesma podia se mover de diversas formas, por isso o rapaz buscou se mover entre os corredores seguindo uma casa de cada vez, seguindo o sentido horário. Realizando os movimentos um por vez, Shüra teve sucesso em encontrar uma sala que possuía três lacunas de entrada uma ao lado da outra. O tridente. Deveria aqui escolher o caminho do falcão, mas o problema seria descobrir qual deles é denominado dessa maneira.

O Demônio da Areia estava farto de tantas charadas para encontrar os malditos responsáveis pelo envenenamento de Unohana e talvez até pela possível morte da mesma caso o mesmo não fosse rápido o suficiente para chegar até esses.

Deveria decidir entre qual caminho tomar naquela gruta, o “tridente” estava a sua frente e agora era de sua obrigação escolher de maneira correta. Caminho do falcão… Ele observou as três entradas, se aproximou de cada uma delas por vez a fim de buscar qualquer coisa que lhe fosse útil para seguir. Tudo parecia inútil até então e quanto mais ele demorava para descobrir a resposta, mais próxima da foice da morte sua mãe estava. Já mentalmente e fisicamente exausto, o rapaz ergueu sua cabeça ao teto daquele local, expressando para as rochas o quão decepcionado estava consigo mesmo. Foi neste momento em que ele avistou um puzzle logo acima de sua cabeça. Três figuras estavam na extremidade oposta das entradas em que ele deveria seguir, uma representava um dragão, outra era um tigre e por fim a que era um falcão.

Era algo parecido com jogos infantis onde as crianças devem ligar uma ponta a outra por um emaranhado de caminhos e somente um está correto. Shüra observou bem todas aquelas possibilidades e então avistou o único que levava o falcão a uma daquelas entradas. A da direita. Disparou por aquela porta sem nem pensar duas vezes. Devo seguir agora em linha reta até os encontrar.

Em velocidade máxima, o jovem seguia por aquele corredor praticamente infinito e parecia não chegar ao fim. Levando em conta minha velocidade, essa droga deve ter mais de mil metros. Porém logo ao fim de sua linha de pensamento, o gracioso homem freou bruscamente, parando a cerca de vinte metros de uma porta de ferro que parecia a entrada de um grande calabouço. Seguiu as instruções - tomando todo o cuidado - e se aproximou da mesma, proferindo logo em seguida seu nome. Hohenheim, Hohenheim Shüra. O barulho de diversas trancas se abrindo da porta ecoava pelo vazio corredor, por fim a porta começou a se abrir com um grande rangido.

Um grande clarão vinha de dentro do local enquanto a pesada porta se abria, causando um grande contraste visual com o atual local onde Shüra estava. Na entrada, alguém totalmente coberto por uma grande túnica vermelha presa em algumas partes com cordas velhas e uma máscara feita com a cabeça real de uma vaca morta o recebeu. Sem dizer uma palavra, essa pessoa que aparentava ser um homem de alta estatura se curvou levemente na direção do Shinigami e então, com uma de suas mãos, apontou para onde o mesmo deveria seguir.

O belo jovem atravessou um grande corredor de pessoas vestidas da mesma forma que o anterior, entretanto o animal que vestia na cabeça mudava a cada um. A cada passo que dava nesse “corredor” as pessoas a qual ele chegava a frente se ajoelharam a ele. O que está acontecendo aqui? Apesar de toda essa estranheza e situação perturbadora, o homem não se sentiu intimidado e muito menos ameaçado, não sentindo assim a necessidade de puxar sua espada ou manter-se em guarda. Ao final desse caminho sendo “contemplado” como uma divindade, o Shinigami alcançou uma grande sala redonda onde, ao redor das paredes, havia mais pessoas vestidas exatamente iguais às anteriores e ao centro desse lugar existia duas pessoas utilizando a cor branca em suas vestes ao invés do vermelho. Suas máscaras eram ambas de falcões gigantes. Seja bem vindo, criança da lua. Não era  a primeira vez que o rapaz foi chamado por esse título, anteriormente um dos deuses em seu sonhos havia se referido a ele desta maneira.

O que fizeram com Unohana? Os falcões se olharam e um burburinho entre o restante das pessoas ali se iniciou. Nos acompanhe. Eles partiram por um largo corredor e o Shinigami seguiu a ordem e os seguiu, não havendo a troca de nenhuma palavra durante esse caminho. Foi então que chegaram até uma sala com uma grande pedra no centro. Essa é o que chamamos de pedra da lua. Escrita em uma linguagem quase que totalmente esquecida, essa pedra sagrada guarda uma profecia sobre uma criança nascida da lua. Um filho da lua nascido e crescido na areia, destinado a guiar e libertar a raça humana das correntes impostas por ela mesma. Um pequeno silêncio pairou no ar enquanto mais integrantes da seita se aproximavam do corredor e se curvaram no chão em direção a Shüra. Os líderes fizeram o mesmo na frente do sunense. A criança da lua será aquele que estará destinado a sofrer desde seu nascimento, mas nem mesmo isso será o suficiente para pará-lo, apenas o tornará mais forte e aumentará sua gana de poder e de ascensão. Trará junto a seu corpo um segundo hospedeiro, alguém impuro e hostil, mas que logo sucumbirá às forças do salvador e se aliará a ele, assim o mal andará junto ao bem e o servirá conforme sua vontade. Sua beleza estonteante será a chave para identificá-lo em meio a tanta obscenidade, em seu belo corpo uma grande marca poderá ser vista em seu peito. Um dos líderes abriu brevemente o quimono do jovem para relevar a cicatriz em seu peito que o acompanhou por toda a sua vida. E se nem isso for suficiente, terás a certeza quando a criança tocar a pedra e o poder da Lua o anunciar como herdeiro, fazendo as marés mudarem e a natureza violentamente saberá que o dia do juízo final está próximo, mas não há de temer mal algum, pois o filho da deusa Diana os guardará sob suas asas. Com a permissão do rapaz, um dos servos tomou sua mão e o encaminhou para tocar a pedra, neste momento Shüra sentiu um estalo em sua mente e sentiu como suas sinapses se agitarem. Sentiu como se estivesse recebendo toda a informação mística do universo de uma só vez, sua cabeça doía e seu corpo tremia. Um grande estrondo pôde ser escutado de dentro das grutas, a pedra luminosa passou a vibrar violentamente e acima dos labirintos o céu havia sido tomado por nuvens negras de chuvas. Tudo isso durou menos de um minuto. A marca do estigma no pescoço do Shinigami sangrava sem parar, suas vestes brancas começaram a manchar se iniciando no topo das mesmas. Femto se manifestou, sendo possível ver sua imagem tentando deixar o corpo de seu hospedeiro.

Todas as tochas se apagaram subitamente e Shüra, que anteriormente estava no chão, se levantou. Seus olhos se abriram e eles foram o suficiente para iluminar o local. O brilho deles estava maior do que nunca, mas a cor do mesmo fluía entre o azul do Shinigami e o vermelho do demônio. Algo havia mudado no interior do rapaz, ele não sabia exatamente o que era, mas logo descobriria. Estamos aqui para te servir, Salvador.

Apesar das novas descobertas sobre si mesmo e todo esse espectro místico que o rodeava, o garoto estava ali para salvar a vida de sua mãe, não podia perder o foco de sua missão. Não tenho tempo para isso, preciso saber o que fizeram com Unohana agora e como faço para salvar a vida dela! Apesar das máscaras, os olhos de cada um dos ali presentes ainda eram visíveis por buracos feitos nas carcaças de cada animal, Shüra podia vislumbrar por entre eles certa decepção por parte dos integrantes da seita, principalmente dos líderes. Nós demos a ela um novo tipo de veneno que nós mesmo desenvolvemos, feito de iguarias que não são encontradas no País do Vento. Por conta disso, somente nós conseguimos lhe fornecer o antídoto, entretanto gostaríamos de pedir um favor em troca.

Shüra não tinha como repudiar a ousadia desse grupo, sabia que cada segundo importava e já estava ali muito mais tempo do que gostaria. Qual seria esse favor? Um dos líderes realizou um sinal para que o rapaz o seguisse para uma sala próxima. Abrindo a porta da mesma o cheiro de podridão tomou conta das narinas do Shinigami. Como vê, esse monte de corpos são membros da nossa seita e até mesmo familiares e amigos ligados a nós. Cultuamos a Lua há muito tempo, isso vem de gerações anteriores a nós, mas aparentemente algum grupo de nukenin se aproveita da nossa falta de força pública para nos atacar. Não sabemos exatamente onde acontece tudo isso, mas sabemos que isso ocorre mais ao norte do vilarejo. Já sabe o que queremos, não?

O Shinigami pousou a mão sobre o cabo de sua espada e se virou de costas para ambas as duas figuras que aparentavam ser a liderança dessa seita. Quando voltar, espero que tenha o antídoto em mãos. Não me faça esperar. Eles se ajoelharam a suas costas e tocaram a cabeça levemente ao chão. Não iremos, mas para alguém destinado à grandeza, o senhor está muito ligado a uma única pessoa, mestre.

Os seus seguidores o instruiram de uma passagem mais próxima, facilitando assim a vida do rapaz para ir e vir do esconderijo do culto em seu nome. Saiu das catacumbas e se direcionou para o norte da vila, conforme orientado.

Era noite, os ventos congelantes queimavam a pele frágil do rapaz enquanto as maçãs de seu rosto, juntamente de seu nariz, se tornavam rosadas. Seus pensamentos já muito enevoados não lhe permitiam divagar sobre a situação da Unohana. Em sua mente somente uma coisa estava clara. Encontrar e aniquilar.

A periferia do norte de Suna era talvez a área mais pobre do vilarejo. Muitos diziam ser o local onde os desajustados mais próximos da morte eram alocados pelo governo para que ali caíssem no esquecimento. Shüra acreditava nisso, afinal passou boa parte da sua infância por ali, sabia das condições de vida e da falta de suporte do gabinete.

Essas ruas e vielas eram conhecidas pelo Shinigami, o rapaz se encontrava facilmente na parte pobre da vila. Ele rapidamente pensou em um possível local onde esses nukenins estariam escondidos. Havia uma área não muito grande bem próxima a muralha onde dezenas de casas estavam completamente abandonadas, existia ali também ruínas de construções antigas com boa parte soterrada pela areia. Possivelmente estarão por lá.

O silêncio costumeiro daquele local continuava como sempre. Era possível ouvir alguns passos de crianças pobres correndo e se escondendo nas sombras sempre que alguém novo aparece no local. Batedores de carteiras inofensivos.

Shüra rapidamente subiu pelas instalações até encontrar um prédio de mais ou menos seis andares. Não muito alto, mas o suficiente para que ele pudesse buscar observar de cima o lugar.

Parando um momento para pensar em tudo que estava acontecendo nos últimos tempos, o rapaz se viu totalmente perdido. Seu desejo pelo cargo de Sombra da Areia permanecia, entretanto a realidade não era simples assim. Suas mudanças de perspectivas após conhecer Unohana o fizeram questionar não só a ele mesmo, como o mundo e tudo o que o cerca. Até mesmo sentia que o relacionamento com sua mãe estava em jogo no momento por conta das suas dúvidas. Dúvidas essas que se tornaram muito mais intensas quando voltou de seu treinamento no País do Ferro.

Seu coração vacilava, mas sua mente sabia que não era o momento para uma introspecção. Cerca de quatrocentos metros de onde estava - mais ao norte - era possível enxergar um pequeno e quase invisível clarão de chamas que queimavam em algum latão de metal dentro de uma casa abandonada. O brilho de suas chamas escapavam levemente pelas arestas abertas entre as madeiras colocadas nas janelas para impedir que algum bisbilhoteiro pudesse ver o que acontecia lá dentro.

Não hesitou e partiu em direção àquele local. Em sua mente aquilo se tratava do grupo criminoso que deveria exterminar ou apenas de moradores de ruas se abrigando do frio. As duas opções eram válidas e faziam sentido no momento, mas apostaria suas fichas que a primeira era a correta.

Esgueirou-se para próximo à porta daquela pequena casa enquanto buscava manter-se atento ao que diziam. Eles se reunirão hoje? Por que o rato alado não nos disse nada? Era obrigação dele nos informar sobre os encontros para que pudéssemos atacá-los. Raivoso, esse homem desferiu um chute em algo metálico dentro da casa que Shüra não pôde descobrir exatamente o que era. Será que eles nos traiu? Ele não seri-. Sua fala foi interrompida e o silêncio reinou completamente no interior. Vai ficar quanto tempo escondido aí fora ouvindo nossas conversas seu monte de estrume?

O rapaz havia sido descoberto. Ele tinha noção que não sabia o número de inimigos que encontraria no local e muito menos tinha qualquer outra informação sobre ele. Antes de qualquer coisa, teceu alguns selos de mão enquanto fazia os preparativos para utilizar de sua técnica de ilusão mais poderosa no momento.

Empunhando sua espada com a mão direita, Shüra realizou um forte chute na porta da entrada, fazendo-a abrir bruscamente. Caminhou calmamente para dentro da instalação e se manteve a apenas cinco passos da saída. Em silêncio, observou todo o local, identificando o que fosse necessário para seu embate. Eram dois homens de estatura média, porém ainda mais altos e fisicamente maiores que o rapaz.

Ninguém disse uma palavra sequer. O Shinigami sabia que eles se tratavam de seus alvos e eles tinham conhecimento de que o mesmo veio em nome da seita. Já haviam recebido a informação que alguém viria atrás deles, entretanto decidiram ficar para combater. A lâmina do rapaz recebeu um fluxo de chakra e passou a brilhar, seu alcance também havia aumentado em cerca de três metros com a técnica. Hien.

Antes mesmo de Shüra conseguir realizar qualquer movimento, o maior dos homens disparou em sua direção, seu braço estava levantado na altura de seu ombro. Era um ninja extremamente forte e dotado de grande força física. Com a velocidade atual, o sunense não seria capaz de desviar de seu golpe. O resultado foi um Lariat acertando em cheio próximo a região do pescoço do Shinigami. Seu oponente percorreu cerca de quinze metros com ele preso em seu braço.

O segundo inimigo caia do céu com um grande tornado ao seu redor. No instante que o corpo de Shüra tocou o chão devido ao golpe do primeiro inimigo, o segundo o atingiu em cheio com um Hitori Omote Renge em seu estômago. O rapaz cuspiu uma quantidade absurda de sangue no momento de maior impacto da técnica.

Lado a lado, ambos os irmãos riram de como Shüra estava praticamente incapacitado de lutar e que não resistiria a uma próxima sequência dessa. O rapaz tinha total noção disso e por isso não podia deixar eles vivos tempo o suficiente para que fizessem esse mesmo combo ou até um outro pior. Ele se levantou com dificuldades, limpou singelamente seu manto e - com a boca cheia de sangue - gargalhou. Isso é tudo? Vocês deveriam ter me matado agora, infelizmente não terão outra chance. Seus olhos brilharam em uma transição entre o seu azul celeste e o vermelho escarlate de Femto.

Estava na hora de acabar com isso antes que ele viesse a morrer. Ambos os inimigos estavam a cerca de dez metros dele, a distância perfeita para que ambos fossem pegos em sua técnica que estava pronta para uso.

Rapidamente o rapaz teceu alguns selos de mão enquanto esbarrava um sorriso sarcástico. Seu chakra se expandiu em velocidade máxima, atingindo ambos ao mesmo tempo. Kokuangyo no Jutsu. Tudo ao redor de seus inimigos se tornou preto e a visão deles tomada.

O caos havia se instaurado na mente dos inimigos. Sem seu sentido mais precioso, eles beiram a insanidade enquanto distribuem golpes sem sentido no nada, ocasionalmente até se acertando. Parecem burros demais para se dar conta que poderia utilizar da audição e até mesmo o olfato para tentar minimizar o efeito. Não que isso fosse ajudá-los muito agora.

A lâmina da espada do Shinigami continuava alongada e fortalecida pelo seu chakra. Dois cortes precisos na horizontal foram necessários para decapitar ambos. O trabalho estava feito, era hora de retornar. Balançou sua katana com um movimento vertical forte, retirando o grosso do sangue que sujava a lâmina. Com um lenço branco - macio e suave - Shüra terminou a limpeza da mesma antes de colocá-la de volta na bainha. Sem perder um segundo sequer, o rapaz iniciou a volta para as catacumbas após pegar a cabeça de ambos para levar consigo.

As coisas estavam saindo como o planejado, sem muitos contratempos com a exceção dos fortes danos sofridos em seu combate. Um pequeno preço a se pagar pela vida de sua mãe.

Apesar de sua rápida corrida em seu retorno para os labirintos subterrâneos, tudo parecia passar muito lento ao seu redor. Seus pensamentos o perturbaram enquanto ele permanecia em sua dualidade entre divindade e humanidade. Sua identidade já havia sido quebrada, nem mesmo Shüra sabia neste momento quem ele realmente era e nem mesmo o que realmente queria.

O objetivo de tomar Sunagakure para si continuava de pé, afinal esse era seu sonho, mas decisões e acontecimentos o fizeram deixar isso de lado por um breve momento enquanto buscava alcançar uma estabilidade emocional e também se reencontrar. Sabia que não poderia liderar nem mesmo um pequeno grupo de pessoas enquanto tivesse dúvidas quanto a si mesmo e seus desejos. Deveria primeiro decidir suas prioridades para somente então ter a areia em suas mãos e governá-la como sempre sonhou.

O Shinigami quase não podia acreditar em como as coisas mudaram drasticamente em sua cabeça. Se sentia mais próximo da humanidade enquanto se mantinha ao lado de Unohana, entretanto sentia que isso o afastava cada vez mais de seus sonhos e o deixava razoavelmente fraco em tomar decisões difíceis que ele não teria dificuldades nenhuma em tomar em outro momento.

O vento gelado o carregou sem ele perceber até a entrada que os integrantes da seita o haviam mostrado. Sua entrada era mascarada dentro das ruínas próximas a antiga casa do Shinigami, uma habilidade escondia a entrada à luz do dia. Atravessando uma “parede” que não existia realmente, o rapaz estava novamente dentro dos labirintos. Retornei.

Ele lançou ambas as cabeças decepadas aos pés dos líderes dessa reunião sinistra para ele. Sentia-se sujo por fazer um trabalho pífio para um grupo que se dizia adoradores dele, mas que colocaram a vida da única pessoa importante para Shüra em risco.

Ele foi saudado pelos dois que utilizavam a cabeça de falcão gigante e logo o entregaram o antídoto do veneno utilizado em Unohana. Mestre Shüra, como prometido. O rapaz tomou o frasco e o guardou dentro de seu quimono, protegido de cair ou ser atingido por algo e simplesmente quebrar, levando assim a perda total do seu bem mais precioso no momento.

Todos os membros ali presentes se aproximaram do rapaz, uma grande aglomeração a sua volta o tocando, buscando sentir ali a presença e onipotência de Deus. Não havia uma pessoa sequer que não tentava encostar nem que fosse a ponta do dedo no Shinigami. O rapaz olhou para cima, fechou os olhos e respirou fundo. A decisão estava tomada. Sem que ninguém percebesse, ele pousou sua mão no cabo de sua espada e se concentrou. Após cerca de três segundos, ele fez o rápido movimento de desembainhar a espada, gerando uma onda de choque terrivelmente poderosa, atingindo não só praticamente todos os que estavam à sua volta, mas também gerando um grande deslizamento de pedras do teto da caverna.

Utilizando de cortes rápidos e de sua velocidade para escapar e retirar todos de sua frente, o rapaz alcançou a sala onde a pedra da lua se encontrava. O local estava intacto enquanto os outros locais próximos cediam sobre a cabeça de seus seguidores. São tolos se acreditaram que poderia brincar e utilizar de um deus para seus objetivos fracos.

Com o antídoto em mãos junto ao sangue de quase todos os membros da antiga seita feita em seu nome, o Shinigami correu para o hospital onde sua mãe estava localizada. As dores em seu estômago o incomodavam muito agora, tosses recorrentes de sangue o acompanharam durante todo o caminho até a chegada nas instalações.

Não perdeu tempo com nada, se direcionou até a ala onde Unohana se encontrava e entregou o frasco com o antídoto ao médico responsável pela mulher. Enquanto aplicavam o mesmo em sua mãe, o rapaz buscou ajuda para com os danos sofridos em sua batalha.


Algumas horas se passaram, o rapaz acordou depois de um tempo dormindo após ter sido devidamente cuidado e medicado. Todo o seu tronco se encontrava enfaixado no momento e a dor estava mais forte do que nunca. Mas nem mesmo a forte dor iria impedir de encontrar a mulher.

Com dificuldades, ele entrou novamente na sala onde a mesma se encontrava. Ela já estava acordada e logo abriu um reconfortante sorriso ao ver seu filho entrar. Shüra retribui o mesmo e deixou algumas lágrimas de felicidade escaparem. Ele se aproximou da cama onde sua sensei se encontrava e se ajoelhou ao seu lado, tomando sua mão entre as suas e beijando seu delicado rosto. Que bom que funcionou. Ela o tomou em seus braços e o abraçou fortemente. Obrigada, meu filho.

Shüra se levantou enquanto pousou sua mão sobre a cabeça dela. Ele havia tomado uma decisão após tudo isso e sabia que deveria contar para ela. Deixarei Sunagakure por um tempo, minha mãe. O semblante de Unohana não se alterou, se mantinha orgulhosa do rapaz. Ela sabia - mesmo sem conversar sobre - que o jovem passava por momentos difíceis e delicados em seu atual momento.

Ele beijou sua testa e se retirou, partindo em direção a sua casa para arrumar suas coisas e depois iria ao portão da Vila da Areia. Sabia que esse era talvez seu último ato humano, a última fagulha do que ele já foi anteriormente. Ele havia decidido e a transição tinha se iniciado. Esse era o início do fim para tudo o que ele havia conhecido até então.

Seu destino estava logo ao lado.