Depois de uma longa viagem desde o País das Fontes Termais, Pandora retornava à Iwa. Não se importava com a opinião que o Tsuchikage ou qualquer outra pessoa fosse ter a respeito de sua ausência duradoura. Se estivessem dispostos a confronta-la, poderiam ser preparar para o pior, de toda forma. Ela realmente não ligava para o que pensassem. Sairia do solo em um laboratório que parecia abandonado a muito e muito tempo, dentro de um conjunto de rochas no entorno da vila da Pedra. "Isso aqui pode servir muito bem para meus propósitos... Enterrar na cordilheira de montanhas, só quem o conhecer vai ter acesso e esse meu jutsu dificultará bastante para chegarem até aqui... Único problema é aquela habilidade daquele sujeito..."

Esquecendo-se daquelas questões momentaneamente, a garota levaria a mão à sua bolsa de armas, onde tinha deixado a mão do doutor que tinha matado em sua última missão no País sede do Fogo Eterno. Aproximar-se-ia da mesa próxima à parede e sorriria. "Hora de começar a trabalhar com isso..." Sentando-se à mesa, começaria a analisar o material genético. As possibilidades de utilização daquelas células com linhagem avançada se mostrava quase infinita. Para alguém tão genial quanto a Heinstein a cultura de células primárias, como era o caso daquele tecido biológico, era bastante produtiva.

— Veremos como vocês se comportam no potinho... — Diria para as células, afastando-se da mesa e pegando uma placa para fazer a cultura de células para manter aquele DNA excêntrico pelo maior prazo de tempo possível. Com a cultura do DNA pronta, Pandora guardaria as amostras apropriadamente, antes de deixar o local. Tinha outras coisas a fazer naquela vila.

Pandora surgia lentamente do solo através do seu ninjutsu, enquanto observava em volta. A bolsa com materiais encontrada no Vale do Julgamento estava sobre a mesa central metálica. "Vejamos em que isso aqui pode me servir..." Pensava, abrindo a bolsa e retirando amostras de metais pesados. Aquilo poderia parecer inútil para um ninja sem as habilidades e conhecimentos da Heinstein, ela, entretanto, tinha total percepção sobre o que aqueles materiais poderiam causar no corpo, graças a seus conhecimentos anatômicos e toxicológicos.

Não demorava muito para ela ir até uma prancheta no canto do laboratório, começando a escrever ali alguns detalhes sobre a composição que pensava. "A Triss coletou isso tentando fazer uma cura?! Meu Deus, como ela não tem noção alguma da realidade que a cerca, se aplicasse algum desses materiais no corpo de alguém, causaria danos absurdamente extensos... Acho mesmo que ela devia ter pedido ajuda para a Felícia-sensei..." Alguns esboços escritos e mais pensamentos. Tratar das quantidades e proporções exatas era o que mais dava trabalho. Cálculos diversos eram fundamentais para se estabelecer a combinação mais efetiva dos ingredientes.

Tinham se passado algumas horas, mais do que a jovem pensava que seria necessário para prever as porções exatas para a criação do veneno. — Um veneno composto por metais pesados... E sua cor é linda também... — Falava para si mesma, olhando para o frasco em que a composição química estava.

Parecia fazer muito tempo que a kunoichi tinha visitado seu laboratório pela última vez, embora, em verdade, não tivessem, sequer passado dias. Tinha pouco tempo que a garota tinha obtido a amostra de DNA da ninja que lutou a missão de rank S ao seu lado no País das Fontes Termais. Retirando o pedaço de pele retirado do corpo parcialmente derretido de Cammy. "Acredito que isso possa me ser útil em breve e você, o que acha?... Sabe bem que eu não sou muito ligada a essas partes científicas suas, não é?... Sim, eu sei de todo o seu misticismo e cultos, mas ainda assim, pensei que pudesse dar uma opinião baseada em fatos..." Debochando da entidade em sua cabeça, começaria a trabalhar sobre a amostra de DNA, analisando-a de forma cautelosa.

— E eu que pensei que seus traços genéticos seriam tão melhores, mas não são lá grande coisa. Embora talvez possa haver algo em você que seja útil, se é da mesma linhagem que aquele velhote escroto... — Falaria consigo mesma, fazendo diversos testes com as células em placa de Petri a observar reações diversas pelo microscópio presente no laboratório. Por já ter relativa experiência com aquilo, não demoraria muito para trazer perfis das células contidas na placa e sob análise e sorriria, balançando a cabeça negativamente.

Algumas horas de trabalho no ambiente isolado de distrações e curiosos e tudo estaria concluído. Observar uma cultura de células de DNA poderia parecer bastante monótono, mas a kunoichi, como verdadeira cientista, vislumbraria grandes possibilidade para aquilo, enquanto sorria. Logo deixaria o local para se dirigir ao gabinete do Tsuchikage.

Já com os ingredientes necessários para criar um dos remédios que tinha esboçado em rascunhos e poderia começar a desenvolver o químico que seria responsável, em tese, por recuperar o chakra dela e da sua clone. Com os equipamentos à sua disposição, pegaria o arroz e a raiz de arnica para deixar ambos cozinhando em banho maria, enquanto ela usaria os tubos de ensaio para juntar a taurina e as vitaminas do complexo B. "Parece que esses remédios são bem fáceis de se preparar. O mais complicado parece ter condições de pensar neles..." As concentrações eram basicamente perfeitas e, com toda a experiência e inteligência da kunoichi de cabelos negros como a noite, não eram difíceis de se alcançar.

A parte mais complexa do desenvolvimento de químicos, como era o caso de remédios, era (e sempre seria) encerrar fervuras antes que os nutrientes dos materiais se perdessem ante o calor. Mesmo a monotonia de estar em um local tão sem vida não incomodava Pandora, que até aprovava tudo aquilo. Manter-se-ia, calada por todo o tempo em que os ingredientes eram cozidos e misturados em dois grupos separados. Sua atenção era e permaneceria inteiramente voltada para os equipamentos que detinham as misturas. "Acho que em alguns minutos já estarão prontos..." Ficaria sentada a frente dos equipamentos, de braços cruzados a observar o processo como um todo.

— Você é mais comportada que a minha antiga amiga que lhe cedeu o DNA. Estou supresa... — Diria para a clone que se mantinha quieta no canto. Não demoraria tanto tempo assim para que os preparativos estivessem concluídos. Ao final, bastaria reunir os ingredientes em formas de comprimidos e resfriá-los para obter a forma de pílulas.

Pandora tinha terminado seu treinamento de apresentação da clone com Kaginimaru e seguiu diretamente para seu laboratório, tinha que tratar do DNA obtido em sua última missão. As habilidades de calor do sujeito que matou lhe despertavam grande interesse e dedicaria parte de seu tempo para desvendar os mistérios daquela parte trazida pelo clone de Cammy. "Vamos ver de que é feito esse DNA..." Pensava, já se posicionando em sua cadeira. — Cammy, seja boazinha e entregue o pedaço do cadáver que retirou daquele corpo... Preciso analisá-lo... —

Ao pedido de sua mestre, o clone reagiria tratando de entregar o tecido coletado do morto, antes de se sentar distante dali um pouco. As habilidades de Kanchi da clone seriam úteis para evitar visitas inesperadas ou indesejadas. Pandora, por sua vez, já demonstrava inegável perspicácia e expertise no manejo de células e material genético. A repetição e o treinamento realmente eram capazes de levar à perfeição, algo que ela já tinha percebido depois de anos envolvidas com questões de anatomia e ciências. A forma como as células eram vistas no microscópio dela revelavam grandes possibilidades para utilização daquela sequência de genes em conjunto com sua própria Kekkei Genkai.

Transferências de material celular, mais especificamente do interior do núcleo das células obtidas do invasor de Iwa, eram necessárias e seriam feitas assim que Pandora conseguisse evoluir com aquilo de forma satisfatória. Aplicar os genes daquela linhagem sanguínea poderia reder bons frutos futuros para ela, que manter-se-ia focada em despejar tudo, com auxílio de uma placa de Petri recém preparada com uma mistura gelatinosa apta a receber aquela aplicação de cultura de DNA. "Imagino o que será possível fazer com isso... Quem sabe até mesmo ansiosa para resolver tudo isso logo, Pandora... Não me referia a ele, me referia ao DNA coletado e agora tratado..." Pensava, em comunicação com a entidade que habitava a marca no ombro, já encaminhando para guardar o cultivo em um equipamento próprio para contê-lo, até decidir sobre seu uso.

Ainda eram as primeiras horas do dia e Pandora já se encontrava em seu laboratório para trabalhar nos ingredientes obtidos em missões anteriores. Ela tinha interesse direto em concluir aquela produção de uma de suas pílulas. Em verdade, ela sequer seria usuária daquele composto químico que seria destinado ao líder do vilarejo. Começaria amassando os ingredientes de origem vegetal, a saber: gengibre, alho e matricária com um aparelho próprio, em formato de um pequeno pilão. O objetivo da médica era torná-los uma massa pastosa e homogênea. Não demoraria tanto tempo assim, por já ter certa experiência na produção de químicos. Com aquela etapa concluída, ela iria até o recipiente em que o óleo de peixe estaria sendo aquecido, observando tudo com certa atenção.

— Melhor reduzir a chama... — Dito e feito, ela retornaria até a pasta de vegetais para prosseguir. Com o auxílio do próprio metal que utilizou para esmagar as plantas, despejaria tudo no óleo para cozinhar. Aquela etapa era a mais rápida e logo na sequência, ela já montaria tudo em forma de pílulas, que assumiriam uma tonalidade mais clara, graças à presença do alho e da matricária. Aquela pílula estava pronta para ser utilizada e seria guardada pela morena em seu colete.

Ela havia acabado de produzir um remédio e já dava continuidade ao trabalho. Outra pílula, agora mais importante, tinha objetivos diferentes da anterior e, portanto, demandaria mais tempo para ficar pronta. Isso se dava ao fato de os ingredientes selecionados para aquele tipo de químico eram de aplicação muito mais elaborada que óleo e vegetais. Isolar as vitaminas B1 do hortelã e do extrato de café eram primordiais para manter sua integridade, igualmente, não poderia ferver no óleo mineral, sob pena de perder grande parte dos nutrientes necessários para a fabricação.

Com a vitamina devidamente acondicionada em um recipiente próprio no laboratório, Pandora começaria a ferver em alta temperatura os demais ingredientes. Não seria fácil fazer um óleo mineral ferver a ponto de evaporar no equipamento para deixar apenas essência junto com o hortelã e o extrato de café, sendo até provável que estes últimos sofressem com a ação contínua do calor mais rápido que o óleo. Com aquela situação, a médica coaria a solução, depois de esperar que ela esfriasse bastante. Enquanto o composto primário ficava esperando, ela voltaria a lidar com o pó vitamínico necessário para o medicamento, criando pequenas cápsulas ressecadas de vitamina, antes de aplicar a mistura de extrato de café e hortelã-pimenta condensados em óleo mineral.

Bastaria aguardar algumas horas para que as pílulas de tom azulado ficassem prontas para poder guardá-las. Pandora precisaria apenas aguardar que Felícia e Cammy chegasse para dar início ao próximo passo.

Pandora tinha pego os ingredientes deixados pela filha adotiva que os tinha obtido sob indicação da própria médica. Respirando fundo, a morena começaria os preparativos para a mistura, amassando os ingredientes vegetais, quais sejam: gengibre, alho e matricária. O pequeno pilão, destinado especificamente para aquela finalidade, facilitaria o trabalho de forma extensa. Não tardaria muito para que os ingredientes formassem uma massa pastosa, verdadeiramente homogênea. Levando consigo o recipiente, acenderia um equipamento próprio para ferver o último ingrediente: o óleo de peixe. O cheiro poderia incomodar se tivesse mais alguém com ela, mas nem mesmo Cammy estava ali.

O cozimento da massa de ingredientes vegetais no óleo seria o penúltimo passo na receita do químico. Valendo-se de um colher, mexeria até que tudo se tornasse uma pasta bem condimentada e o óleo praticamente torrasse os demais ingredientes. Aquilo seria o bastante para concluir o processo e a kunoichi médica montar em forma de pílulas. Bastava entregar aquela leva de medicamentos para a filha adotiva poder utilizar quando fosse necessário. Sem delongas, levaria as pílulas consigo para sua casa. "Só espero que ela seja cuidadosa para seguir as orientações clínicas para utilizar esses remédios e não acha que nem doida, como o pai dela..." Suspiraria, lembrando-se da vez que Kaginimaru contou ter comido um cogumelo sem a mínima noção de quais seriam as consequências.