Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.
Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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[GAIDEN] Um espelho de frente ao túmulo - Postado Sáb Abr 30, 2022 8:03 pm
O espelho de frente ao túmulo
A criança morreu ontem, num acidente que os pais não souberam explicar direito, quem quer que tenha sido o culpado é alguém sem coração, uma pessoa que faz esse tipo de coisa não deveria estar viva.
Eu a salvei. Eu a salvei dela mesma, ela agora está no céu, com os anjos.
Olhe para cima e você verá o sorriso dela, ela não aguentava mais, minha pobre outra parte, destruída, quebrada, eu precisava concertá-la, mas não consegui, eu não consegui salvar a pessoa que eu mais amei nesse mundo.
Mas me disseram que a morte é a salvação.
Pra quem?
Para todos nós, a morte purifica.
O que ela purifica?
A nossa alma!
Alma?
Você não sabe o que é alma?
Eu não, mas tenho certeza que não tenho uma.
Ele riu.
(...)
Tomie estava parada de frente a um grande espelho, escorado numa parede mofada, onde o ar que entrava parecia ficar preso ali, produzindo toda sorte de odores. O corpo da moça projetado no espelho, se contorcia na superfície concava do objeto. Ela sorria, depois fazia cara de choro, depois fazia uma dança ridícula, depois uma careta, tudo para tentar simular alguma coisa, algum sentimento dentro dos setes palmos a qual seu cérebro parecia ter sido subterrado, sendo incapaz de produzir qualquer sensação que não a total indiferença. Mas algo a estava incomodando naquele dia cinzento, um sonho recorrente no qual discutia com alguém sobre alguma coisa. O tema ela sabia, o motivo dela ter matado a própria irmã.
— Não consegue parar de me ver, né Tomie — disse com uma voz melosa. — Tudo bem, estou aqui por você.
— Você é tudo que me sobrou — respondeu Tomie.
Então significa que não sobrou nada. No fundo, bem lá no fundo, escondido por uma série de traumas e violência, alguma coisa parecia querer sair e ela sabia que aquele sonho era a causa disso, talvez não a causa, mas uma peça de um quebra cabeça muito maior, no qual aquela experiencia onírica fora capaz de produzir. Ela continuou de frente ao espelho, dançando sozinha, enquanto a luz sobre sua cabeça piscava a ponto de falhar, até que tudo escureceu.
— Patético, você se esqueceu de pagar a conta de novo? — perguntou a voz, num tom maternal, embora escondendo certa ironia.
Tomie riu, mas não abriu os olhos, continuou dançando sozinha no escuro, enquanto produzia um zunido, cantarolando em sua cabeça uma música de ninar muito antiga, que sua mãe cantava para ela e para Meiko.
— Tomie!
Mais uma vez você está aí parada, com essas margaridas, as preferidas dela, em sua mão direita. É estranho como você sente essas flores, elas parecem machucá-la, mas mesmo assim você as carrega. As lágrimas começam a brotar de sua face e a escorrer de seu rosto como uma cachoeira... não, não é verdade, está apenas chovendo, você é um monstro e não é capaz de chorar. Você se lembrou das vezes que ela colocava vocês duas para dormir, seu coração batia mais rápido e sua pupila dilatava, era o que chamam de amor, certo? Você sentiu o toque dela no seu coração, até que ela se aproximou e lhe deu um beijo na testa, você fechou os olhos e se sentiu a pessoa mais segura do mundo.
A chuva começa a cair, você empurra o cobertor sobre a cabeça e sente como se estivesse de novo dentro do útero, seus olhos se fecham de medo, mas então você lembra dela, ela está lá por você, você se levanta e pensa em correr, mas sua irmã também está acordada, ela não pode se mexer, nasceu assim! Mas ela olha para você desesperada de medo dos trovões como se dissesse — você vai mesmo me deixar aqui?
Óbvio que você jamais faria isso, nunca deixaria sua irmã, por nada nesse mundo. Você se aproxima dela e mesmo tão pequena e magrela, você a põe nas costas, ela olha para você com a face cheia de lágrimas, um misto de tristeza e humilhação, mas ao mesmo tempo de alegria por ter uma irmã como essa — você é demais — ela diria como tantas outras vezes mais, vocês duas entram no quarto onde ela está dormindo, tocam o rosto dela, que abre os olhos suavemente sem se assustar, vendo as duas bonequinhas dela ali, tremendo de medo. Ela pega Meiko e coloca de um lado e você deita do outro, ela não repreendeu vocês, muito pelo contrário, deixou vocês ficarem ali, perto dela, e como ela amava isso, estar ao lado de vocês, enquanto vocês iam até ela por medo, ela deixava vocês ficarem ao lado dela por amor.
— Você fuma, Tomie?
— Não mais.
Ainda assim você, naquela ocasião, de frente aquele espelho de realidade distorcida, deixava com que a fumaça do cigarro preenchesse seu pulmão, isso lhe dava certa tranquilidade, e era assustador, porque você não sabia o motivo de que estar de frente daquele tumulo específico lhe dava aquela sensação, é verdade, lhe dava uma sensação e talvez o que escorria dos seus olhos não fosse a chuva, mas lágrimas.
A ninja voltou para aquele apartamento, naquele prédio horrível numa das piores áreas da aldeia. O homem que cobrava o aluguel estava parado em frente a porta, segurando alguns papeis e os observando, recalculando tudo na mente e até ensaiando como ia abordar aquela moça misteriosa.
— Senhorita Tomie, precisamos falar sobre o pagamento do...
Antes que terminasse, Tomie depositou sobre as mãos do homem inúmeras notas, uma quantidade de dinheiro que não só pagaria tudo o que estava devendo, como também serviria para pagar os alugueis posteriores. Ele levantou o rosto e mediu a garota.
— Não se preocupe, eu sou uma ninja.
Foi tudo o que ela respondeu, entrando dentro do apartamento e trancando a porta, depois, se jogou na cama que produziu um leve estalido.
— Eu vou mata-lo — disse, mas ao dizer não o fez com raiva, ódio ou mesmo felicidade, ela só sabia que iria mata-lo, assim como mataria todos, assim que descobrisse a fórmula da imortalidade e se transformasse na deusa daquele mundo.
Palavras (Google Docs): 1026
Emme
A criança morreu ontem, num acidente que os pais não souberam explicar direito, quem quer que tenha sido o culpado é alguém sem coração, uma pessoa que faz esse tipo de coisa não deveria estar viva.
Eu a salvei. Eu a salvei dela mesma, ela agora está no céu, com os anjos.
Olhe para cima e você verá o sorriso dela, ela não aguentava mais, minha pobre outra parte, destruída, quebrada, eu precisava concertá-la, mas não consegui, eu não consegui salvar a pessoa que eu mais amei nesse mundo.
Mas me disseram que a morte é a salvação.
Pra quem?
Para todos nós, a morte purifica.
O que ela purifica?
A nossa alma!
Alma?
Você não sabe o que é alma?
Eu não, mas tenho certeza que não tenho uma.
Ele riu.
(...)
Tomie estava parada de frente a um grande espelho, escorado numa parede mofada, onde o ar que entrava parecia ficar preso ali, produzindo toda sorte de odores. O corpo da moça projetado no espelho, se contorcia na superfície concava do objeto. Ela sorria, depois fazia cara de choro, depois fazia uma dança ridícula, depois uma careta, tudo para tentar simular alguma coisa, algum sentimento dentro dos setes palmos a qual seu cérebro parecia ter sido subterrado, sendo incapaz de produzir qualquer sensação que não a total indiferença. Mas algo a estava incomodando naquele dia cinzento, um sonho recorrente no qual discutia com alguém sobre alguma coisa. O tema ela sabia, o motivo dela ter matado a própria irmã.
— Não consegue parar de me ver, né Tomie — disse com uma voz melosa. — Tudo bem, estou aqui por você.
— Você é tudo que me sobrou — respondeu Tomie.
Então significa que não sobrou nada. No fundo, bem lá no fundo, escondido por uma série de traumas e violência, alguma coisa parecia querer sair e ela sabia que aquele sonho era a causa disso, talvez não a causa, mas uma peça de um quebra cabeça muito maior, no qual aquela experiencia onírica fora capaz de produzir. Ela continuou de frente ao espelho, dançando sozinha, enquanto a luz sobre sua cabeça piscava a ponto de falhar, até que tudo escureceu.
— Patético, você se esqueceu de pagar a conta de novo? — perguntou a voz, num tom maternal, embora escondendo certa ironia.
Tomie riu, mas não abriu os olhos, continuou dançando sozinha no escuro, enquanto produzia um zunido, cantarolando em sua cabeça uma música de ninar muito antiga, que sua mãe cantava para ela e para Meiko.
Eu tenho duas bonequinhas
Duas bonequinhas lindas
E que agora vão dormir
Durmam minhas bonequinhas
Para o amanhã ressurgir
Duas bonequinhas lindas
E que agora vão dormir
Durmam minhas bonequinhas
Para o amanhã ressurgir
— Tomie!
(...)
Mais uma vez você está aí parada, com essas margaridas, as preferidas dela, em sua mão direita. É estranho como você sente essas flores, elas parecem machucá-la, mas mesmo assim você as carrega. As lágrimas começam a brotar de sua face e a escorrer de seu rosto como uma cachoeira... não, não é verdade, está apenas chovendo, você é um monstro e não é capaz de chorar. Você se lembrou das vezes que ela colocava vocês duas para dormir, seu coração batia mais rápido e sua pupila dilatava, era o que chamam de amor, certo? Você sentiu o toque dela no seu coração, até que ela se aproximou e lhe deu um beijo na testa, você fechou os olhos e se sentiu a pessoa mais segura do mundo.
A chuva começa a cair, você empurra o cobertor sobre a cabeça e sente como se estivesse de novo dentro do útero, seus olhos se fecham de medo, mas então você lembra dela, ela está lá por você, você se levanta e pensa em correr, mas sua irmã também está acordada, ela não pode se mexer, nasceu assim! Mas ela olha para você desesperada de medo dos trovões como se dissesse — você vai mesmo me deixar aqui?
Óbvio que você jamais faria isso, nunca deixaria sua irmã, por nada nesse mundo. Você se aproxima dela e mesmo tão pequena e magrela, você a põe nas costas, ela olha para você com a face cheia de lágrimas, um misto de tristeza e humilhação, mas ao mesmo tempo de alegria por ter uma irmã como essa — você é demais — ela diria como tantas outras vezes mais, vocês duas entram no quarto onde ela está dormindo, tocam o rosto dela, que abre os olhos suavemente sem se assustar, vendo as duas bonequinhas dela ali, tremendo de medo. Ela pega Meiko e coloca de um lado e você deita do outro, ela não repreendeu vocês, muito pelo contrário, deixou vocês ficarem ali, perto dela, e como ela amava isso, estar ao lado de vocês, enquanto vocês iam até ela por medo, ela deixava vocês ficarem ao lado dela por amor.
— Você fuma, Tomie?
— Não mais.
Ainda assim você, naquela ocasião, de frente aquele espelho de realidade distorcida, deixava com que a fumaça do cigarro preenchesse seu pulmão, isso lhe dava certa tranquilidade, e era assustador, porque você não sabia o motivo de que estar de frente daquele tumulo específico lhe dava aquela sensação, é verdade, lhe dava uma sensação e talvez o que escorria dos seus olhos não fosse a chuva, mas lágrimas.
(...)
A ninja voltou para aquele apartamento, naquele prédio horrível numa das piores áreas da aldeia. O homem que cobrava o aluguel estava parado em frente a porta, segurando alguns papeis e os observando, recalculando tudo na mente e até ensaiando como ia abordar aquela moça misteriosa.
— Senhorita Tomie, precisamos falar sobre o pagamento do...
Antes que terminasse, Tomie depositou sobre as mãos do homem inúmeras notas, uma quantidade de dinheiro que não só pagaria tudo o que estava devendo, como também serviria para pagar os alugueis posteriores. Ele levantou o rosto e mediu a garota.
— Não se preocupe, eu sou uma ninja.
Foi tudo o que ela respondeu, entrando dentro do apartamento e trancando a porta, depois, se jogou na cama que produziu um leve estalido.
— Eu vou mata-lo — disse, mas ao dizer não o fez com raiva, ódio ou mesmo felicidade, ela só sabia que iria mata-lo, assim como mataria todos, assim que descobrisse a fórmula da imortalidade e se transformasse na deusa daquele mundo.
Palavras (Google Docs): 1026
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Re: [GAIDEN] Um espelho de frente ao túmulo - Postado Sáb Abr 30, 2022 8:51 pm
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