A viagem ao País do Som fora bem reveladora. Meus passos agora me conduziam para além da fronteira, de volta para o País do Fogo. As palavras do desconhecido ainda queimavam em minha mente, talhadas como arte. Os tempos de fraqueza, de fato, precisavam chegar ao fim. À vista no horizonte jaziam as duas grandes estátuas do conhecido Vale do Fim, onde duas lendas shinobis batalharam, e não planejava me retaradar ali. Segui o trajeto com o ritmo acelerado, mas parei no topo da segunda delas.

Estar aqui, no local onde tudo aquilo acontecera no passado, fazia-me refletir sobre como as coisas mudaram. Como as pessoas enfraqueceram, empobreceram seu espírito. cuspi ao chão, com um sorriso cínico, mas antes de partir, minha atenção se dirigiu a base das estátuas, no pequeno lago na parte inferior. Uma figura jazia sob as águas, olhando para minha direção. Dali não conseguia identificar seu rosto nem suas feições, mas estava claramente me encarando. Saquei uma kunai discretamente, preparado para qualquer coisa, mas permaneci parado ali em cima, sob a cabeça da estátua. A leve garoa continuava a cair, molhando meus cabelos e deixando-os cair sob meu rosto. Foram alguns instantes até que a figura desaparecesse em pleno ar; meus olhos se arregalaram, procurando por ele.

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Sondei o ambiente todo em busca da figura desaparecida, sem sucesso. Devolvi a kunai à bolsa em minha perna destra, cogitando estar alucinando, mas fui pego de surpresa por uma voz atrás de mim. — Olá, Squall.

Intuitivamente, tomei de volta a kunai guardada e saltei para frente me virando no movimento, afastando-me alguns metros. Encarei a figura, que era completamente desconhecida, mas lembrava o homem que morreu durante a missão da qual estava retornando. — Você é um deles também, não é? — Questionei, apontando a lâmina ninja para ele. Sua resposta foi apenas rir desinteressadamente, mantendo uma postura neutra. — Nós, você quis dizer. — Finalmente falou, ao parar de rir. Seus olhos vermelhos me encararam por alguns instantes antes de dar dois passos em minha direção. — Mas pode guardar este brinquedo, garoto. Não vim aqui para lutar. — Estendeu os braços abertos, como se demonstrasse que vinha em paz. — Não, nosso mestre me incubiu de outra missão. Especialmente após o show com nosso último amigo, no País do Som..

— Qual é o problema desse maldito infeliz? O que ele quer tanto comigo? — Apertei firme o caboda kunai, incomodado por aquela perseguição ambiciosa que parecia nunca ter fim. Quem era ele, afinal? — O que importa, é a vonta de nosso mestre. E o que ele quer agora, é lhe dar um presente. Um poder especial. A capacidade de fazer... — Ele sumiu outra vez, reaparecendo atrás de mim. — Isso.

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Meus olhos captaram uma visão que não tinham a muito tempo. O salto para fora do espaço tempo, a transposição instantânea do corpo para outro lugar, o teletransporte, isso tudo era igual à habilidade dele. Não era idiota; sabia que naquela situação, se ele me quisesse morto, eu já estaria. Todas as cartas jogavam À seu favor. Guardei a kunai de volta ao alforge, de costas para ele, observando o fim da leve garoa que caía, dando lugar aos primeiros indícios dos raios de sol.

— Parce que finalmente nos entendemos. — A voz dele quebrou o silêncio. Não confrontei, nem relutei. — O nome é Hiraishin. Uma tétcnica de desdobramento do espaço-tempo. — A descrição era nostálgica, remetia a primeira missão do Time 1. Da bandana que possuia uma marca, guardada até hoje. — Já ouvi falar. — Finalmente respondi. — Você deve ser capaz de gerar uma marca, um pequeno selo, com a palma de sua mão. Tudo que tocar e transferir este selo, terá uma marcação da técnica. Então, poderá usá-la para se transportar até ela.

Aquilo explicava a pequena marca infundida no metal de minha antiga bandana. Explicava a forma como Treze se teleportava de um lugar para outro.

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— Teletransporte baseado em marcações contendo chakra. — Repeti. Ele ergueu sua mão, demosntrando o selo, e explicando sua conjuração. concentrei minha energia espiritual, conectando-a à palma da mão; marcações derivam de selamentos, e essa classe era a especialidade de minha linhagem. Fechei os olhos, permitindo maior concentração, e senti surgir a fórmula sobre minha mão. Toquei o cabo de minha espada, presa à cintura, e observei o pequeno desenho se atrelando à ela.

— Bem, a primeira parte está concluída. — Ele seguiu, sacando a arma de minha cintura e jogando para longe. — Agora, a parte importante. Você deve se concentrar na marcação depositada nela. Na ligação com o seu chakra que há no selo, deve criar um caminho entre vocês, se concentrar nela, e realizar a técnica. Não há selos, nem tipo algum de conjuração; basta acessar o desdobre do espaço-tempo e saltar para lá. — Era o tipo de coisa que parecia mais fácil dita do que feita. Fechei meus olhos por alguns instantes, seguindo o passo à passo explicado por ele. Podia sentir, como usuário hábil da arte de selamentos, a ligação entre meu chakra em sua fonte, e a pequena quantia presente no cabo de arma. Quase conseguia discernir perfeitamente a distância entre nós dois.

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Com a disperção do chakra através do espaço tempo, vi meu corpo ser removido do local onde estava e ser depositado junto da arma que portava o selo da habilidade em seu cabo. — Impressionante. — O desconhecido louvou. — Nosso mestre nos disse que você era talentoso, promissor. — Seu sorriso ganacioso lembrava o último com quem lutei. Não fiz questão de protestar, nem de voltar a disparar questionamentos. Pareciam tão inúteis quanto dar socos no ar. — Não se preocupe, você terá suas respostas. No devido tempo.

Com o fim dos dizeres, ele outra vez desapareceu, sumindo completamente da vista. Seu propósito, de fato, era apenas me ensinar aquela habilidade. Isso era um fato. Mas porquê? Qual é o interesse daquele homem comigo? Por que tanta obsessão? E como Kenshi se encaixa nisso? Droga... minha mão bateu sob a testa, estava cansado. Perguntas, perguntas, mas nenhuma resposta. Voltei os olhos para o caminho à frente, e não tardei em dar continuidade a viagem. Tinha um relatório para fazer, caso quisesse voltar aa ser aceito como um shinobi da Folha. Atravessei o território da região lendária, continuando rumo à Folha. Os portões, no horizonte, já ganhavam forma.

— A chama irá arder... e consumir este mundo.

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